Mistake - Baseado em Lua Nova escrita por Lolo Cristina


Capítulo 5
Volturi


Notas iniciais do capítulo

A intenção inicial era encerrar a história de LUA NOVA na versão de nosso Edward nesse capítulo, mas como ficou grande demais, acabei tendo que dividir em dois... então ainda teremos mais um.


Boa Leitura


*Os diálogos inseridos nesse capítulo foram retirados do livro LUA NOVA de Stephenie Meyer



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A morte poderia ser assim, tão boa?

Mal podia acreditar no que via. Ela estava ali... em meus braços, agindo como um analgésico. Eu não sentia mais a dor que ameaçava destruir meu corpo há pouco.

Não conseguia tirar os meus olhos de seu rosto, enquanto processava o que havia acontecido.

Não sabia onde estava. Não senti nada. Não ouvia nada...

Talvez fosse verdade... talvez eu tenha passado toda a minha existência acreditando...

- Incrível, Carlisle estava certo. – disse, impossibilitado de conter a admiração em minha voz.

Ela estava aqui... comigo.

- Edward, você tem que voltar para a sombra. Você tem que se mover!

Não pude resistir. Seu rosto estava tão próximo... Sua pele quente e corada.

Tão linda.

Seu coração batia em ritmo acelerado... o som mais importante de meu mundo. De todo o mundo.

Tudo era tão estranho. Sabia que era errado sentir-me feliz, mas não conseguia controlar. Nesse momento eu não podia deixar de me sentir assim.

Era fácil respirar... se isso fosse possível.

Não podia ver ou ouvir mais nada. Bella ocupava toda minha mente. Meus dedos continuaram acariciando seu rosto. Sentia o sangue correndo por trás de sua delicada pele, seu cheiro penetrando em meus pulmões.

Tão real. Era real!

Estava tendo dificuldade para organizar meus pensamentos.

Apenas alguns segundos atrás eu estava vivo! E sofrendo. Agora... eu estava morto e completo. Eu estava com ela.

Foi tudo tão rápido.

Não sabia onde estávamos. Os arredores não me importavam.  Mas não podia ser o inferno. Não deveria me sentir assim, se esse fosse o caso.

Fechei os meus olhos e contemplei a idéia de estar no paraíso... de ser capaz de ficar a eternidade com meu amor.

Não entendia – não merecia nada disso, mas também não me importava com a razão de estar ali.

- Mal posso acreditar em como foi rápido. Não senti nada... eles são muito bons. – contemplei em voz alta.

Fechei meus olhos e pressionei meus lábios em seus cabelos.

O perfume era exatamente o mesmo. Doce e potente. Seu corpo era muito macio preso contra o meu.

Exatamente a mesma.

Meus lábios tocaram seus cabelos novamente. Minha garganta queimou.

Até as sensações que ela provocava em mim eram as mesmas...

Algo pertinente aquele momento cruzou minha mente - como um clique, recordei das sábias palavras de Romeo – elas apenas descreviam a verdade.

- A morte, que sugou todo o mel de teu doce hálito, não teve poder nenhum sobre tua beleza... você tem o mesmo perfume de sempre. Então talvez isso seja o inferno. – conclui rapidamente.

Ela não merecia estar aqui, mas eu era egoísta o suficiente para não me importar com isso naquele instante. Se eu estava no inferno, não havia motivos para me preocupar.

- Eu não me importo. Eu aceito.

- Eu não estou morta e você também não! Por favor, Edward, temos que sair daqui, eles não devem estar longe.

Eu não conseguia dar sentido a suas palavras  “eu não estou morta... e você também não”. Por que ela estava falando isso? Por que ela estava lutando em meus braços?

Não conseguia entender.

- O que foi isso? – perguntei a ela.

Ela estava falando. Talvez pudesse responder.

O que ela queria?

- Não estamos mortos. – Bella insistiu exasperadamente e por algum motivo comecei a ouvir meus arredores, podia ouvir a multidão na praça central, podia ouvi-los se aproximar... Foi como se eu tivesse acordado, definitivamente não de um pesadelo, mas de um sonho. – ainda não, mas temos que sair daqui antes que os Volturi...

Quando ela disse o nome, compreensão me inundou.

Automaticamente a coloquei entre a parede e eu, tirando-a da direção das duas “vozes” que reconheci. Um pouco depois, consegui vê-los.

Eu estava desorientado... mal podia acreditar no que estava acontecendo.

Bella não estava morta... e eu teria que fazer muito para mantê-la assim. Mesmo que isso custasse minha vida.

Era fácil identificar o que eles estavam fazendo ali e qual era sua missão.

- Saudações, cavalheiros. Não acho que vou precisar de seus serviços hoje. Agradeceria muito, porém, se transmitissem minha gratidão a seus senhores.

Tentei manter minha voz calma – quando na realidade estava apavorado em tê-los tão perto de Bella.

Eu não conseguia fazer nada certo para ela!

- Não deveríamos ter esta conversa em um lugar mais apropriado? – Felix sugeriu, sem conseguir conter seus pensamentos... mas se algo acontecesse comigo...

Fiquei ainda mais apavorado... podia sentir o calor que emanava da pele de Bella.

Ela deve estar petrificada de medo.

- Não acredito que será necessário. Sei de suas instruções, Felix. Não quebrei nenhuma regra.

Tentei argumentar. Felix estava ansioso, ainda mais quando sentiu o cheiro de Bella.

Ele a queria. Foi difícil manter meus pés no chão e não atacá-lo. Tinha que me manter calmo. Ambos estavam apenas esperando por um motivo qualquer...

- Felix apenas se referia à proximidade do sol. Procuremos um melhor abrigo.

Vi ali, uma pequena oportunidade. Demetri não estava interessado em Bella. Ele não se importava. Suas ordens eram claras - e como não consegui seguir adiante com meu plano original – ele deveria apenas me acompanhar até Aro.

- Estarei bem atrás de você. – o respondi. - Bella, por que não volta para a praça e desfruta do festival? – estava falando com ela, mas atento as reações de Felix e Demetri.

- Não, traga a garota. – ele estava faminto e ansiava por seu sangue.

- Acho que não.

A luta parecia inevitável, mas não podia expor Bella a Aro e as outras dezenas de vampiros que com ele estavam - alguns muito mais perigosos que os dois em minha frente.

Minhas chances eram melhores aqui.

Se eu conseguisse passar pelos dois, ainda seria complicado deixar a cidade...

Talvez não tão complicado assim, com Demetri morto...

Não conseguia deixar de analisar as possíveis conseqüências de um confronto. A idéia de que alguém pudesse machucá-la...

Meu corpo automaticamente mudou de posição. Parecia não haver outra saída.

- Não. – Bella protestou baixinho. A atenção de Felix se voltou momentaneamente a ela e depois retornou a mim.

Ele já estava imaginando o sabor de seu sangue.

Por que ela tinha que cheirar tão bem para todos?

Ele era repugnante.

- Shhhh. – sussurrei para ela. Bella já estava chamando atenção o suficiente.

- Felix. Aqui não. – Demetri o alertou e depois se voltou para mim. – Aro quer apenas falar com você de novo, se afinal decidiu a não nos forçar agir.

- Claro. – não via problemas com essa parte. – mas a menina fica livre.

Em mais uma tentativa desesperada, tentei fazer soar como se ela não tivesse tanta importância para mim. Como se a “menina” não fosse o ser mais precioso desse mundo.

- Temo que isso não seja possível. Temos regras a obedecer.

Tive certeza absoluta que Demetri apenas seguia as ordens de Aro. Ele não estava ansioso para que algo desse errado como Felix, queria apenas agradar seu mestre. Ele sabia o quanto Aro me queria vivo. Bella era irrelevante para ele. Mas não a podia deixar ir.

Agora... eu havia sim, quebrado uma das mais importante regras.

- Então eu temo que seja incapaz de aceitar o convite de Aro, Demetri. – disse.

- Está tudo bem. – Felix grunhiu.

- Aro ficará desapontado. – Demetri disse com um suspiro.

- Tenho certeza que ele sobreviverá à decepção.

Minha resposta os fez decidir qual seria o próximo passo. Eles se separam, tentando fechar o espaço entre nós pelos lados.

Não me movi – ainda mantendo-me a frente de Bella – tentando pensar em uma maneira de protegê-la. Parecia impossível. Estávamos literalmente em terras inimigas.

Escutei os pensamentos de Alice antes que pudesse identificar seu familiar perfume, trago pelo vento. Eles sentiram também.

- Vamos nos comportar, sim? Há damas presentes.

Havia tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo... eu deveria ter suspeitado – no momento em que vi Bella, ou melhor, no momento que percebi que estávamos vivos – que ela estaria aqui.

Senti-me aliviado e Felix e Demetri intimidados. Não seria uma luta justa para eles. Não mais. Não com nossas habilidades combinadas.

Desculpe-me pela demora – ela pensou aliviada por saber que isso não era exatamente verdade. Ela não poderia ter chegado em hora melhor.

- Não estamos sós. – ela os advertiu.

Instantaneamente comecei a vasculhar seus pensamentos, ansioso para saber como essa situação – inicialmente impossível de se contornar – poderia acabar. Não pude ver nada. Nada havia sido determinado ainda.

- Por favor, Edward, sejamos razoáveis – Demetri pediu.

A oportunidade estava ali. Eles não podiam fazer nada agora.

- Sejamos – concordei. – E agora vamos sair discretamente, sem imprudências.

Eu estava mais do que ciente da presença de Bella.  Sua respiração acelerada tocava minha pele, aquecendo-a.

Demetri suspirou, frustrado, sem saber como prosseguir.

- Vamos ao menos discutir isso em particular. – ele insistiu enquanto outros membros da guarda – membros de menor importância – que estavam entre os humanos, nos observavam.

- Não. – cuspi a resposta. Senti o desespero lutando para tomar conta de mim. Não podia deixar isso acontecer. Tenho que pensar claramente. Tenho que tira-las daqui.

Naquele momento, um sorriso petulante apareceu no rosto de Felix. Seus pensamentos podiam ser classificados da mesma forma.

Não, não seria fácil.

Jane se aproximou satisfeita ao ver que eu ainda estava vivo. Satisfeita por ver que as ordens de Aro poderiam ser seguidas.

- Basta. – Jane ordenou sem prestar muita atenção à cena em questão.

O rosto de Bella virou-se em direção ao som agudo da voz de mais um membro – um dos mais poderosos membros - da guarda.

Se antes havia uma remota possibilidade de sairmos com vida em uma batalha contra Felix e Demetri, agora essa chance não existia.

A aparência de Jane não fazia jus a sua capacidade. Ela era pequena, mas incrivelmente poderosa e completamente sem coração, incapaz de sentir compaixão por sua vitimas. Ela sentia prazer em causar dor - e ela era muito boa nisso. Com apenas um olhar, sem sequer precisar se concentrar muito, pequena Jane poderia fazer sua mente projetar dor – uma dor insuportável – e não podia deixar Bella ser exposta a isso. Só a idéia me fazia ver tudo vermelho.

Não havia outra escolha a não ser fazer o que ela ordenar.

Abaixei meus braços em derrota.

Bom garoto. – ela pensou antes de dizer - Acompanhem-me.

Felix gesticulou para que assim o fizéssemos. Alice a seguiu. Passei meu braço protetoramente – e o mais forte possível – pela cintura de Bella e a prendi a mim. Mesmo agora - cercados por inimigos em território hostil - podia sentir meu coração morto ganhar vida. Como se ela agisse como uma dose de adrenalina.

Seguimos pelo beco escuro, no sentido contrário a comemoração humana que acontecia na cidade. Bella me olhou exasperada e eu pude ver centenas de perguntas em seus olhos. Infelizmente aquele não era o momento ideal para conversarmos. Havia tanto a ser dito. Balancei minha cabeça. Ela entendeu de uma vez. Eu por outro lado, não conseguia. O que pode ter acontecido?

Não podia conversar com Bella, mas com Alice era outra história. Mantive minha voz o mais casual possível para que nada que dissemos pudesse chamar qualquer tipo de atenção.

- Bem, Alice, acho que não deveria me surpreender em ver você aqui.

Comecei, ela poderia explicar o que havia acontecido. Silenciosamente.

- O erro foi meu. Era minha obrigação corrigi-lo.

Seu erro? Aquilo me confundiu ainda mais.

- O que aconteceu? – demandei no mesmo tom desinteressado que havia usado há pouco.

- É uma longa história. E eu sinto muito por tudo, Edward. Em resumo, ela pulou sim de um penhasco, mas não estava tentando se matar. Bella anda praticando esportes radicais ultimamente. E pular de penhascos faz parte desse novo lado de Bella. Ela tem andando com um grupinho especial também. Lobisomens. Acredita nisso? O que ironicamente parece ter feito mais bem do que mal. Pelo menos até o presente. Foi um deles que a ajudou a sair da água. Eles também se livraram de Laurent e a protegeram das tentativas de Victória...

Laurent? Victória? ... Lobisomens?

A voz de Alice foi para segundo plano. Suas palavras estavam dando vida a mais um de meus piores pesadelos. Victória esteve lá. Tudo o que fiz nos últimos meses foi completamente em vão.

Tanta coisa aconteceu e não pude fazer nada... porque não conseguir ver! – Alice se lamentou. – De qualquer forma, Victória ainda está por perto e aparentemente decidida a vingar a morte de James. Talvez aqueles lobos consigam ser úteis novamente e resolver esse problema antes de voltarmos.

- Hmmm. – foi só o que conseguir dizer. Tentei manter minha voz causal. Para mim, soou estrangulada.

Minha mente paralisou por alguns segundos, e de repente fui tomado por uma onda de fúria e apenas parte dessa fúria era direcionada a Victória. Mal podia acreditar no tamanho de minha incompetência.

Seguimos em direção a uma pequena abertura no chão. Bella não iria gostar disso. Não que ela estivesse gostando do que estava acontecendo aqui. Depois de tudo que fiz... até mesmo o meu toque deve lhe estar causando repulsa. Ela provavelmente só se mantinha ali, próxima a mim por estar apavorada. Mas eu não era forte o suficiente para manter minhas mãos longe dela.

Eu ainda a conhecia muito bem. Como havia previsto, Bella hesitou ao ver o que teria que fazer.

- Está tudo bem, Bella, Alice vai pegar você. – a assegurei.

Ela olhou para o buraco, ainda incerta e após considerar por um segundo, se agachou, sentando-se na borda.

- Alice? – ela chamou para ter certeza que ela estava lá. Sua voz tremia.

Ela estava assustada.

- Estou bem aqui, Bella.

Alice disse às palavras que eu gostaria de ter falado.

Não que minha presença pudesse confortá-la.

Felix e Demetri estavam impacientes atrás de nós.

Peguei – o mais gentilmente possível – os pulsos de Bella e a abaixei em direção ao buraco.

- Pronta? – perguntei a Alice.

- Largue-a.

E assim o fiz.

Quando tive certeza que Alice a tinha em segurança, desci.

Passei meu braço seguramente por sua cintura, prendendo-a novamente a mim.

Queria tão desesperadamente sair dali, para que minha Bella pudesse estar segura. Queria conversar com ela, ouvir sua voz, tocar sua pele... mas tudo isso era impossível no momento e provavelmente seria impossível de se fazer depois... ela deve me odiar. Mesmo sabendo que merecia seu ódio, seu desprezo, a idéia fez uma pontada familiar de dor atingir meu peito.

Ocorreu-me que mesmo se saíssemos daqui com vida, eu nunca teria outra oportunidade como essa - de estar assim tão próximo a ela.

Estendi minha mão para tocar sua face. Meus dedos acariciaram seus lábios – tão macios e quentes. Seu cheiro era tão concentrado, doce e delicioso.

Minha garganta – que já estava queimando – incendiou-se.

Eu queria sentir essa dor para sempre.

Bella se apertou a mim.

Toquei meus lábios em sua testa, e senti um quase incontrolável desejo de tocar seus lábios também.

O que ela estava pensando agora? O quão assustada ela estava?

Eu não merecia, mas queria tanto saber.

Talvez ela me deixasse explicar...

Mas para isso, teria que me concentrar e descobrir uma forma de sair daqui. Teria que voltar a minha atenção a todos os pensamentos a minha volta para conseguir alguma espécie de vantagem sobre eles.

Era fácil identificar que Felix não possuía nenhum tipo de habilidade extra – apenas força física, como Emmett – e era difícil ouvir seus pensamentos apenas estrategicamente.

O cheiro de Bella o havia atraído demais. Ele já estava imaginando seu sabor...

Eu queria poder acabar com sua vida, apenas por tê-la desejado.

Controlei meu intenso impulso assassino e tentei captar o teor dos pensamentos de Demetri.

Ele não era indiferente ao perfume de Bella, mas sua sede era mais contida. No momento, éramos apenas convidados de Aro. Inclusive a humana. Ele estava pensando em como gostaria de estar caçando. Rastreando.

Ele era um rastreador como James.

As coisas a cada minuto pareciam ficar mais difíceis.

Nunca ouvi falar de habilidade iguais – apenas semelhantes, como Aro e eu - então a essência de sua habilidade deveria ser diferente. E nada a entregava no momento.

Jane por outro lado, raramente parava de pensar em suas vítimas e em como ela havia conseguido agradar seu mestre durante os anos.

Outra fisgada de desespero me atingiu mais uma vez.

Ela era perigosa – talvez a mais perigosa da guarda.

Não sabia exatamente o que poderia fazer para proteger Bella, mas iria morrer tentando.

Pouco notei sobre onde estávamos. Minha mente permaneceu ocupada com os pensamentos ao meu redor e com a garota em meus braços.

Alice estava tentando – sem sucesso – ver nosso futuro. Ainda não havia nada concreto.

Muitas decisões ainda seriam tomadas.

Bella tremeu e logo em seguida seus dentes bateram.

Ela estava com frio. A temperatura era baixa para sua delicada pele, suas roupas estavam molhadas e para piorar estava mantendo-a presa ao lado de meu corpo frio.

A soltei e peguei sua mão. Não podia afastá-la completamente. A idéia era mais do que dolorosa.

- N-n-não. – Bella protestou e se prendeu a mim novamente.

Sim... ela estava apavorada.

Esfreguei seu braço tentando aquecê-la um pouco.

Seguimos por uma porta de madeira – após passarmos por algumas de metal – e meus dentes trincaram automaticamente quando percebi para onde estávamos indo.

Através de mente de Demetri, pude identificar o local onde os Volturi executavam os traidores do segredo, onde os Volturi se alimentavam.

Será que teríamos alguma chance de escapar com vida?

Estava começando a duvidar.

Se ao menos pudesse garantir que Bella fosse poupada.

O ambiente – das obscuras paredes do subsolo de Volterra – tornou-se mais claro ao entrarmos no elevador – e formal ao sairmos.

Meus dentes continuaram trincados. Alice parecia não entender o motivo de minha mais nova onda de tensão.

Não fiquei surpreso ao encontrar mais humanos em meio a essa grande charada.

Hummm... ele novamente. – a mulher por trás da mesa da recepção pensou ao se levantar e cumprimentar Jane.

Do outro lado da grande porta de madeira estava Alec.

- Jane. – ele disse encantado ao avistar o sucesso da pequena missão da irmã.

Eles se amavam intensamente.

- Alec. – ela o abraçou e beijou seu rosto.

Ele analisou meu rosto e o de Bella – ligeiramente surpreso ao perceber nossa proximidade física.

- Mandaram-na pegar um e você voltou com dois... e meio. Bom trabalho. – ele a parabenizou realmente impressionado.

Ela gargalhou e aquele som ecoou ao nosso redor.

- Bem-vindo de volta, Edward. Você parece estar com o humor melhor hoje.

- Um pouco. – concordei em um tom de poucos amigos.

Era um conflito de sentimentos.

De completamente sem esperança e desiludido para o contrário.

Agora que ela estava aqui, em meus braços, não conseguia deixar de sentir meu coração ganhar vida – não literalmente, claro – mas estava ciente que esse sentimento podia durar pouco.

Bella se prendeu a mim enquanto os olhos de Alec a percorreram. Ele mal podia acreditar no que via.

- E essa é a causa de todo o problema?

Apenas sorri. Não precisava explicar nada a ele.

As fantasias de Felix – fantasias que tentava ignorar – ficaram mais explicitas quando ele pensou em dizer as palavras em voz alta.

Paralisei.

- É minha.

Suas palavras estavam cheias de desejo por seu sangue. Um rosnado se formou em meu peito.

Felix estava esperando por minha reação. Ele gesticulou para que eu continuasse.

Vá em frente. Não se contenha. – ele pensou animado.

Ele gostava de lutar por sua presa.

Alice tocou meu braço, restringindo-me

Espere. Se reagir agora colocará tudo a perder. Aro não tem intenção de nos machucar. Não consigo ver isso. As coisas ainda podem terminar bem. Paciência. – ela pensou e reforçou o pedido em voz alta.

- Paciência.

Segurei seu olhar enquanto me atentava a imagem que formava em sua mente.

Ainda... era nada concreto. O que naquele momento era uma coisa boa.

Respirei fundo – tentando me acalmar e voltei minha atenção para Alec. Ele era o porta voz no momento.

- Aro ficará muito satisfeito por vê-lo novamente. – ele comentou.

- Não vamos fazê-lo esperar. – Jane completou, sua impaciência não tocou sua voz.

Assenti. Eles nos guiaram.

A respiração de Bella se acelerou ao meu lado. Ela estava agarrada a mim com quase toda sua força.

Eles estavam lá – Aro e outros membros da guarda – apenas esperando por nós.

- Jane, minha cara, você voltou! – a satisfação estava clara em sua voz.

- Sim, meu senhor. Eu o trouxe de volta vivo, como era de seu desejo.

Minha presença aqui era o motivo de toda a sua satisfação.

- Ah Jane. Você é um grande conforto para mim.

Aro nos olhou em êxtase. Seus olhos absorvendo a presença de Alice. Cobiça enchendo sua mente.

- E também Alice e Bella! Isso sim é uma surpresa feliz! Maravilhoso.

Seu tom amigável era irritante. E fato dele me conhecer tão bem quanto eu mesmo, tornava tudo pior.

Aro estava de fato feliz. Era impossível não identificar isso em seus pensamentos, mas os motivos que o deixavam assim estavam longe de serem sensatos.

- Felix, seja gentil e conte a meus irmãos sobre nossa companhia. Tenho certeza de que não gostariam de perder isso.

- Sim, meu senhor.

Felix não ficou feliz com a ordem. Ele queria estar presente quando...

As intenções de Aro não eram totalmente claras. As visões de Alice começaram a se formar mais claramente, porém nada definitivo.

Droga!

Tentei não deixar a tensão tomar conta de meu corpo. Bella dependia de mim. Ela não poderia saber como estava desesperado. Além de sua vida, sua sanidade também estava em risco.

- Está vendo, Edward? O que eu lhe disse? Não está feliz por não ter lhe dado o que queria ontem?

Respondi honestamente.

- Sim, Aro, estou. – automaticamente apertei Bella contra meu corpo.

Era verdade. Não podia negar. Mesmo agora com tudo a perder.

O medo, pavor e tensão não eram nada comparados a felicidade que sentia por tê-la em meus braços novamente, mesmo diante da situação.

Não existia criatura mais egoísta que eu. Nem mesmo o inimigo que estava parado a minha frente, sorrindo calorosamente.

- Eu adoro finais felizes. – ele disse suspirando. E vi o que já imaginava. Ele esperava que tudo terminasse bem... para ele – São tão raros! Mas eu quero toda a história. Como isso aconteceu? Alice? – ele se voltou a ela. Alice se surpreendeu por ele a conhecer - Seu irmão parecia pensar que você era infalível, mas parece que houve algum equivoco.

Ela manteve sua voz casual – apesar de estar tão tensa quanto eu.

- Ah, estou longe de ser infalível. – ela sorriu para ele, sabendo que ali tudo não passava de fachada. Então manter-se no mesmo nível era necessário.

O que é tudo isso, Edward? – ela perguntou silenciosamente.

A olhei rapidamente. Nos conhecíamos bem para nos comunicarmos sem a necessidade de trocar palavras. Ela entendeu que deveria esperar para entender o que estava acontecendo.

Torcia para que essa espera não precisasse ser muito longa. Suas visões poderiam ganhar forma a qualquer momento. Bastava uma decisão de Aro.

Ele continuou.

- Você é muito modesta. Já vi algumas de suas façanhas mais inacreditáveis e devo admitir que nunca observei nada como seu talento. Maravilhoso!

Alice me olhou novamente – chocada e dessa vez suas dúvidas se estamparam em sua face. Aro percebeu.

Ele estava tão impressionado em conhecê-la que esqueceu as formalidades.

- Lamento. – ele se desculpou. – Ainda não fomos apresentados adequadamente, não é? É que tenho a sensação de que já conheço você e acabo me precipitando. Seu irmão nos apresentou ontem, de maneira peculiar. Veja você, compartilho de alguns dos talentos de seu irmão, mas sou limitado de uma forma que ele não é.

Ele estava diminuindo seu poder, então completei, aproveitando a brecha para explicar melhor o que estava acontecendo a Alice. Ela estava muito confusa.

- E é também exponencialmente mais poderoso. – voltei parte de minha atenção a ela. Seria mais fácil para ela observar o futuro com boa parte das cartas na mesa – Aro precisa de contato físico para ouvir seus pensamentos, mas ele ouve muitos mais do que eu. – meu olhar se tornou mais significativo ao explicar o dom de Aro. – Sabe que posso ouvir o que está se passando em sua cabeça no momento. Aro ouve cada pensamento que sua mente já teve.

Oh! – ela pensou erguendo as sobrancelhas quando compreendeu.

- Mas ser capaz de ouvir a distância... – ele entendeu que estávamos nos comunicando. Aro era muito astuto. – Isso seria muito conveniente.

Bella escutava tudo em silêncio quando os outros dois membros da família se juntaram a nós.

- Marcus, Caius, vejam! Bella está viva afinal, e Alice está aqui com ela! Não é ótimo?

Aro havia repassado aos irmãos tudo que tinha visto em nosso último contato.

Caius não concordava com sua palavra final.

Eu havia sim, cometido um crime e por isso merecia ser punido.

Marcus estava surpreso ao ver como éramos unidos em nossa essência, mas sua expressão não entregava nada. Ele estava paralisado, anestesiado. Ele havia perdido alguém há muitos anos que significava quase tudo para ele.

Nem mesmo assim fui capaz de sentir pena.

- Conte-nos a história. – as palavras de Aro eram voltadas a Marcus. Ele precisava saber se a força de nossa ligação era tão real quanto ele havia sentido em minhas memórias.

Marcus estendeu a mão e Aro a tocou, soltando-a rapidamente. Agora mais incrédulo do que nunca.

Mmmm... Incrível! Como pode ser? – ele pensou. Será mais difícil do que imaginei.

Bufei. Seus planos se tornaram claros.

Ele nos queria.

- Obrigado, Marcus. Isso é muito interessante.

Alice estava frustrada. Seria muito mais conveniente se a comunicação pudesse ser silenciosa de ambos os lados.

- Marcus vê relacionamentos. Ele está surpreso com a intensidade do nosso. – expliquei tanto para Alice quanto para Bella.

De todos meus irmãos, Alice era a que melhor me entendia. O mesmo valia para ela. Tornamos-nos cúmplices desde o início. O amor fraterno que sentia por ela era impossível de ser rompido. Minha ligação com Bella, porém, o surpreendeu ainda mais. Quem era ela? Uma humana frágil e sem importância. Aro estava impressionado além do natural.

- Muito conveniente - ele se referia a Alice e a mim – É preciso muito para surpreender Marcus, posso lhes garantir. É que é tão difícil compreender, mesmo agora. 

Para ele, não fazia sentido algum. Não que eu esperasse que ele entendesse a força de meu amor por Bella.

- Como pode ficar assim, tão perto dela? – ele demandou, observando nosso contato físico.

Mais uma vez, respondi honestamente.

- Não é sem esforço.

Minha garganta estava em chamas, mas esse não era o esforço a que me referia.

Eu queria estar ainda mais perto... mas não podia.

- Mas ainda assim... La tua cantante! Que desperdício!

Não me chocou em nada que ele pensasse assim.

Ri sem o menor traço de humor ao respondê-lo apropriadamente.

- Vejo mais como um preço.

- Um preço muito alto.

- Apropriado.

E então ele gargalhou.

Irritante.

- Se não tivesse sentido o cheiro dela em suas lembranças, não teria acreditado que o apelo do sangue de alguém pudesse ser tão forte. Nunca senti nada parecido. A maioria de nós daria muito por um presente desses e você...

- Desperdiço. – repeti a palavra de sua escolha.

- Ah, como sinto falta de meu amigo Carlisle! Faz-me lembrar dele... só que ele não era tão nervoso.

- Carlisle é melhor do que eu em muitas outras maneiras.

Aro não concordava, ao menos em um aspecto.

- Certamente, entre tudo mais, nunca imaginei ver Carlisle ser suplantado na questão do autocontrole, mas você o supera.

Toda aquela conversa estava me deixando ainda mais agitado. Não havia necessidade de se manter aparências – conhecia suas intenções – mas Aro permaneceu dando voltas.

- Dificilmente.

- Sinto-me recompensado pelo sucesso dele – ele continuou a falar – Suas lembranças de Carlisle são uma dádiva para mim, embora me tenham atormentado de maneira extraordinária. Estou surpreso pelo modo como isso... me agrada, o sucesso dele na vida heterodoxa que escolheu. Esperava que ele se desgastasse que enfraquecesse com o tempo. Ridicularizei seus planos de encontrar outros que compartilhassem sua visão peculiar. E, no entanto, de algum modo, fico feliz por ter me enganado.

Fiquei surpreso com sua honestidade, mas não adicionei nada.

- Mas seu controle! Não sabia que essa força era possível. Habituar-se contra tal canto de sereia, não apenas uma vez, mas repetidamente... Se eu próprio não sentisse, não teria acreditado. Só de me lembrar do apelo que ela tem a você... fico com sede.

Meus músculos se contraíram. Naquele momento ele a desejava.

- Não fique perturbado. Não pretendo causar nenhum dano a ela. Mas estou muito curioso com uma questão em particular. – Aro abaixou seus olhos para Bella e depois os voltou para mim. – Posso? Estou ansioso para saber se o dom espetacular de Bella também é válido para mim.

- Peça para ela.

Não me cabia decidir nada por Bella. Se um dia tive uma pequena parte desse direito, hoje ele não existia mais. Não conseguia ver na mente de Aro o desejo de feri-la. Não que eu pudesse fazer qualquer coisa se ele assim desejasse.

- Claro, que grosseria a minha! – ele se voltou a ela. – Bella, estou fascinado que você seja a única exceção ao talento impressionante de Edward... é tão interessante que aconteça uma coisa dessas! E estava me perguntando, uma vez que nossos talentos são em muitos aspectos similares, se você faria a gentileza de me permitir tentar... ver se você é uma exceção também para mim?

Ele não acreditava nisso, mas sua curiosidade o fazia queimar.

Ela me olhou apavorada. Seus olhos me perguntavam o que fazer.

Era incrível como conseguia identificar confiança no olhar de Bella.

Gesticulei com a cabeça para que ela permitisse o toque de Aro.

Ela virou-se lentamente para ele e estendeu sua delicada – e trêmula – mão. Ele se aproximou e a pegou com ânsia.

Aro tentou, mas nada além de seus próprios pensamentos perpetuavam sua mente. Diversos sentimentos ficaram claros em seu rosto. Aquilo nunca havia acontecido. Ninguém nunca havia sido capaz de bloquear sua habilidade e Bella por algum motivo incompreensível estava fazendo isso.

Ele não estava satisfeito, mas ainda estava curioso.

- Muitíssimo interessante.

Não pude deixar de sentir uma pontada de agrado por sua pequena experiência mal sucedida.

Os olhos de Bella – cheios de perguntas - percorreram minha face.

Como pode ser possível? Por que essa humana? Que tipo de anomalia a torna tão especial? Talvez esse bloqueio seja apenas com um tipo específico de habilidade. Sim... tem que ser isso. – Aro imaginou.

- É um começo. – ele pensou e no mesmo segundo expressou sua mais nova idéia – Pergunto-me se ela é imune a nossos outros talentos... Jane, minha cara?

Fúria tomou conta de meu corpo instantaneamente. Podia sentir o sabor metálico do ódio em minha boca. Tudo se tornou vermelho. Um alto rosnado saiu de meus lábios quando protestei.

- Não!

Eu queria matá-lo, matar a todos, mesmo aqueles que não desejaram seu sangue. Eles iriam morrer por afiliação. Um por um.

O monstro em mim ressurgiu... diferente, e a sede que me dominava era a sede de morte, vingança.

Edward, não! – Alice apertou sua mão em meu braço a fim de me restringir.  Afastei-me de seu contato. Rosnados se formando e saindo de meus pulmões.

A dor que Jane causava e que estava por vim era inumana e se eu tivesse que morrer para impedir que Bella a sentisse, mesmo por um segundo, eu assim o faria.

- Sim, meu senhor?

- Imagino, minha querida, se Bella é imune a você.

Ambos ignoraram o aviso que saia de meus lábios.

Coloquei-me a sua frente em uma tentativa inútil de protegê-la. Minha fúria e meu desejo de ter Bella em segurança não serviam para nada. Não havia o que ser feito. Mesmo sabendo disso, lancei-me em direção a Jane quando ela começou a voltar sua atenção a Bella.

- Não! – Alice gritou.

Ela não. Bella não poderia sofrer mais por minha causa. E eu era a causa. Ela estava ali por mim.

Atingi o chão em menos de um quarto de segundo. Meu corpo parecia estar sendo estilhaçado. Pressionei meus lábios para conter a agonia. Não podia tornar isso pior para ela – para Bella.

Minha dor não era nada. Sua dor era tudo.

Passei horas sendo torturado por uma dor mais intensa. Horas imaginando que tudo o que havia de mais precioso em meu mundo havia partido. Havia morrido. Então... isso não era nada.

Bella estava aqui e ela precisava de mim.

- Pare! – ela gritou desesperada avançando em minha direção.

Não!

Alice atirou seus braços ao redor de Bella, contendo-a.

- Jane. – Aro a chamou.

E então senti meus músculos relaxarem. Pude respirar novamente.

- Ele está bem. – Alice assegurou Bella.

Tentei me colocar de pé, meus músculos protestaram.

Meus olhos dispararam imediatamente entre o Bella e Jane.

Ela estava tentando... apenas tentando.

O rosto de Bella – o rosto mais lindo e importante de meu mundo – estava apenas cheio e preocupação e ansiedade.

Jane estava se concentrando mais do que o usual.

Para ela... isso também era novo.

Ela odiou. Foi fácil identificar a frustração seguida por ira em seu rosto. Seus pensamentos expressavam os mesmos sentimentos.

Coloquei-me ao lado de Bella, acomodando-a em meus braços novamente.

Alívio preenchendo parte de meu ser.

Ela estava bem. Fisicamente.

Aro começou a rir. Ele estava muito mais do que impressionado com toda a demonstração.

- Isso é maravilhoso! – ele exclamou.

Jane preparou-se para atacar.

Isso não iria acontecer. Aro não queria.

- Não fique aborrecida, minha querida. Ela confunde a todos nós.

Desejo preencheu seus pensamentos. Ele não conseguiu controlar.

Esse desejo era diferente do que ele havia sentido antes. Agora a curiosidade reinava. Ele estava imaginando como seria se ela se tornasse imortal.

Não prestei atenção a isso. Contentei-me em segura-la em meus braços.

Aro gargalhou novamente.

- Você é muito corajoso, Edward, para suportar em silêncio. Pedi a Jane que fizesse comigo uma vez... só por curiosidade.

As imagens de suas lembranças eram explícitas.

Repugnante.

- E o que vamos fazer agora? – ele imaginou...

Senti meu corpo se enrijecer. Esse o momento que esperávamos.

A decisão.

Senti-me aliviado ao perceber que ele realmente não queria nosso mal. Não por ser uma boa pessoa, mas sim porque estava interessado...

A imagem de Alice e eu ao seu lado tomou toda sua mente.

Estava aliviado por ele ter deixado Bella de fora, pelo menos no momento.

- Não suponho que haja alguma possibilidade de você ter mudado de idéia? Seu talento seria um excelente incremento para nossa companhia.

Ele sabia minha resposta.

O restante dos Volturi e a guarda não concordavam com sua análise.

Respondi lentamente. Não era hora de afrontá-lo.

Odiava não poder agir como queria.

- Eu... prefiro... não.

- Alice? Estaria talvez interessada em se juntar a nós?

- Não, obrigada. – ela respondeu rápida e educadamente.

- E você, Bella?

Tentei me controlar. Era difícil.

- O que? – Caius perguntou. A compreensão o atingindo.

Aro não tinha a menor intenção de puni-la.

Estamos tão perto de sair daqui. Com vida.

Estava ligado a cada um dos pensamentos de Aro.

- Caius, com certeza você vê o potencial. Não vejo um possível talento tão promissor desde que encontramos Jane e Alec.

Ambos não gostaram da comparação.

O desejo estava ali novamente.

Um rosnado se formou em meu peito e Bella respondeu rapidamente.

- Não, obrigada.

- É lamentável. Um desperdício.

Ele ainda não havia decidido o que fazer.

- Unir-se ou morrer, não é? Desconfiei disso quando fomos trazidos a esta sala. Bem de acordo com suas leis.

Foi necessário dizer isso para forçá-lo a uma decisão. A idéia de nos destruir não o agradava. Tinha que aproveitar a oportunidade.

- É claro que não. Já estávamos reunidos aqui, Edward, esperando pelo retorno de Heidi. Não por você.

Sua honestidade me chocou.

- Aro, a lei os reclama. – Caius sibilou.

- Como assim?

- Ela sabe demais. Você expôs nossos segredos.

- Também há alguns humanos em seu teatro aqui. – afirmei.

- Sim, mas quando não nos forem mais úteis, servirão para nos sustentar. Não é o seu plano para essa. Se ela trair nossos segredos, está preparado para destruí-la? Acho que não.

- Eu não... – Bella começou a dizer, mas o olhar frio e ameaçador de Caius a fez se calar. Humanos não podiam se dirigir a ele.

Patético.

- Também não pretende torná-la uma de nós. Portanto, ela é uma vulnerabilidade. Admitindo que isso seja verdade, nesse caso, só ela perde o direito a vida. Você pode partir se desejar.

- Foi o que imaginei. – ele disse ao ver minha reação contrária.

- A não ser... A não ser que pretenda lhe dar a imortalidade.

Hesitei, tentando ver o que ele queria ouvir.

Alice acompanhava tudo em silêncio.

- E se eu der?

Sim... vi o que ele queria.

Não o agradava nos destruir. Não o agradava chatear Carlisle. Ele o tinha bem.

- Assim estaria livre para ir para casa e levar meus cumprimentos a meu amigo Carlisle. Mas receio que tenha de estar sendo sincero.

Quero provas... claro. – ele pensou.

Poderia eu fazer isso com ela?

Olhei em seus olhos, e não pude ver nada além do que ela já era.

Bella era perfeita em toda a sua fragilidade. Seria um crime mudar isso.

Mas eu queria... tanto.

Exceto que... o que era melhor para ela vinha primeiro.

Eu não conseguiria enganar Aro. Meu ser afastava qualquer futuro que envolvesse mudá-la.

- Seja sincero. – ela implorou.

Ela realmente ainda queria isso? Depois de tudo que passou por minha causa? Ou seria apenas para sair daqui com vida?

Não importava. Eu nunca seria capaz.

Eu resolvo isso. Fique onde está. – Alice ordenou se aproximando de Aro. Ele sorriu para ela, seus olhos cheios de cobiça. Suas mãos se tocaram.

Então... as imagens começaram.

Era como se estivesse acontecendo. Imagens que de certa forma já conhecia - os olhos de Bella eram de um vermelho vivo e ela sorria. Ela parecia... parecia... feliz.

Meus dentes trincaram.

Não. Isso não iria acontecer.

As visões de Alice não se alteraram, o que deixou claro que não seria eu o responsável por tal transformação. Ela seria.

Alice estava determinada. Pelo menos naquele momento.

Novamente... Aro riu.

- Isso foi fascinante!

Alice sorriu para ele.

- Fico feliz que tenha gostado. – ela disse.

- Ver as coisas que você viu... em especial aquelas que ainda não aconteceram!

- Mas acontecerão. – ela estava certa disso.

Tentei controlar minha respiração. O importante era sair daqui. O futuro não era certo. Ele sabia disso, mas estava confiante.

- Sim, sim, está bem determinado. Certamente não há problema.

A visão era clara como água cristalina.

Caius queixou-se.

Aro tentou dividir com o irmão suas expectativas futuras – ele ainda estava encantado com o dom de Alice e com a possibilidade de nos juntarmos a ele, mas o mais importante...  estava determinado a nos deixar partir.

- Então agora estamos livres para partir? – me certifiquei.

- Sim, sim, mas, por favor, volte a nos visitar. Foi absolutamente fascinante.

Sinceridade preenchendo sua voz novamente.

- E nós também os visitaremos, para nos assegurarmos de que sua parte foi cumprida. Em seu lugar, eu não demoraria muito. Não oferecemos uma segunda chance.

Assenti, entendo o que ele dizia.

Felix se mostrou completamente decepcionado.

Queria sorrir para ele. Agora não havia nada a ser feito a respeito de nossa liberdade. A última palavra foi dada por Aro.

- Ah, Felix. Heidi estará aqui a qualquer momento. Paciência.

Ele estava com sede, mas sua impaciência não era devido a isso. Ele não queria qualquer humano.

- Hummm, nesse caso, talvez seja melhor partirmos o quanto antes. – precisava tirar Bella daqui. Ela não precisava ficar ainda mais aterrorizada com o que estava prestes a acontecer.

- Sim. É uma boa idéia. Acidentes acontecem. Mas, por favor, esperem até que escureça, se não se importam.

- Claro. – concordei rapidamente.

Aro me entregou o manto de Felix.

Temos que sair agora, Edward. – Alice pensou, tensa.

- Fica bem em você. – Aro comentou assim que o coloquei.

- Obrigado, Aro. Vamos esperar lá em baixo.

- Adeus, jovens amigos.

- Vamos. – disse a Bella. Heidi estava próxima.

Não saímos a tempo.

Mas uma vez, não pude proteger Bella do horror de meu mundo.



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Notas finais do capítulo

COMENTEM, Ok?

Beijos,
Lolo Cristina



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