If It Was Diferent... escrita por bellafurtado


Capítulo 6
Uma reunião diferente e uma grande coincidência




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/87244/chapter/6

 

Encarei a multidão de seres estranhos e arregalei os olhos. De repente, ouvi cascos vindo na minha direção. Olhei para trás e enxerguei uma mulher morena cujas pernas eram de cavalo. Ela corria na minha direção com a espada erguida. Abaixei-me no exato momento em que a lâmina iria tocar minha cabeça.

-Por que diabos você fez isso? - perguntei com raiva enquanto me levantava.

-Roubastes uma de nossas espadas! Uma pertencente aos reis! - ela gritou me acusando.

-Eu sou uma princesa, por que iria roubar uma espada se posso simplesmente pagar ao melhor telmarino para fazer uma para mim? Ora, francamente...

-Então me diga como a conseguiu, garota.

-Não me amole, está bem? Eu ganhei essa espada. Não pense que terá chance comigo só porque nunca tive uma espada na vida. Sempre seqüestrei as espadas de Caspian para treinar.

-E como foi que a pessoa que lhe entregou essa espada a conseguiu?

-E como é que eu vou saber, senhorita? Isso é uma pergunta que deve ser feita a quem me deu a espada, não acha?

-Ora...

Ela ergueu a espada novamente, ao mesmo tempo em que agarrei a minha. Nossas espadas se chocaram, produzindo um baque metálico um tanto irritante. Ela investia a espada contra meu corpo, mas eu sempre colocava a minha na frente, de forma que ela nunca acertava.

-Isso já está ficando chato – falei, girando a espada dela com a minha e arremessando o grande objeto metálico para longe. - Pronto, venci. O que vai querer fazer agora? Jogar xadrez?

-Ora...!

-Já chega – disse o texugo Caça-Trufas. Me sobressaltei. Ele me olhou com um ar questionador.

-Oh, mil perdões, senhor Caça-Trufas... é que é estranho ver animais falarem,– me voltei para os outros e ergui as mãos, completando: - sem ofensas.

Ele assentiu com um sorrisinho tímido. Eu nunca havia visto um texugo sorrindo, mas era uma imagem... fofa.

-Sem problemas, alteza. - virou-se para os outros e deu um único grito: - SILÊNCIO!

Todos se calaram de imediato. O céu já estava escuro, revelando – por entre as folhas – uma porção de belas estrelas. Sorri com a imagem.

-O fato que nos reuniu aqui esta noite é que este garoto soou a trompa da rainha Susana. E o mais importante é que ele está disposto a nos ajudar. Ela e a garota – ele apontou Caspian e eu – são da realeza telmarina, e ambos estão sendo perseguidos pela mesma. Ou seja, não nos faltam motivos para nos unirmos a ele.

-O quê? - começaram a gritar.

Uma seqüência de gritos se seguiu, gritos como:

-Matem-no!

-Telmarino!

-Mentiroso!

-Assassino!

-Oh, ótimo – murmurei. - Até aqui eles são machistas.

-Essa trompa só prova que eles roubaram outra coisa de nós! - gritou o anão Nikabrick, o que estava conosco há algumas horas atrás.

-Pensei que estivesse do nosso lado! - gritei para ele.

Todos pareceram ignorar, menos os centauros.

-Eu não roubei nada – Caspian se defendeu.

-Já disse que não precisamos roubar – ajudei-o. - Nós ganhamos essas coisas!

-Não roubou nada? - um minotauro feroz gritou. - Precisamos listar as coisas que os telmarinos pegaram?

-Nossas casas! - gritou a centaura que havia me atacado.

-Nossa terra! - gritou um minotauro.

-Nossa liberdade! - gritou um fauno de voz engraçada.

-Nossa vida! - gritou Nikabrick. - Você roubou Nárnia!

Caspian os olhous, tão ultrajado quanto eu.

-Acham que eu sou culpado pelos crimes do meu povo? - ele perguntou.

Nikabrick passou a andar na nossa direção, enquanto dizia:

-Culpado... e passível de punição.

-Há – gritou o rato Ripchip pulando e desembainhando a espada. Ele apontou-a para o anão e continuou a falar: - Isso é irônico vindo de você, anão. Ou esqueceu que seu povo lutou ao lado da Feiticeira Branca?

-Faria de novo com prazer se nos livrasse desses bárbaros – o anão se defendeu.

-Então temos sorte de você não poder trazê-la de volta – disse Caça-Trufas indo atá Nikabrick. - Ou sugere que peçamos ao menino para ficar contra Aslam agora?

Todos deram um urro “Aslam!”.

-Vocês podem ter esquecido, mas nós texugos lembramos bem – Caça-Trufas continuou. - que Nárnia nunca ficou tão bem exceto quando um filho de Adão reinou.

-Ele é um telmarino! - gritou Nikabrick. Se esse anão não parar, vou dar um bom chá de sumiço nele. - Por que iríamos querê-lo como nosso rei?

Todos urraram e Caspian deu seu motivo em meio aos urros:

-Porque eu posso ajudar vocês.

-É uma cilada! - gritou alguém.

-Ao menos o escutem! - o texugo já perdia a paciência.

-Além dessas florestas, eu sou um príncipe – Caspian começou seu discurso, que com toda a certeza demoraria um bocado. Contanto que nos deixasse vivos, não havia problema nisso... mas se eu morresse, pode acreditar que eu o mataria antes. - O trono telmarino é meu por direito! Ajudem-me a recuperá-lo e posso trazer a paz entre nós.

Houve um curto período de silêncio, até que o chefe dos centauros deu alguns passos à frente – ou seriam paradas? - , dizendo:

-É verdade. É o momento certo. Eu observo os céus pois a mim compete vigiar, como compete a você lembrar, texugo. Tarva, o senhor da vitória, e Alambil, a senhora da paz, se reuniram nos salões do firmamento. E agora, aqui, um filho de Adão se apresentou; para nos devolver nossa liberdade.

-Será possível? - uma voz fina disse, vinda do tronco de uma árvore. Olhei para lá e enxerguei um minúsculo esquilo. - Acha mesmo que poderia haver paz? Acha mesmo? De verdade?

-Há dois dias eu não acreditava na existência de animais falantes, ou anões ou centauros. No entanto, aqui estão vocês... em força e número que nós, telmarinos, jamais poderíamos imaginar. Seja esta trompa mágica ou não, ela nos reuniu. E juntos, temos a chance de reaver o que é nosso.

O centauro novamente tomou a palavra:

-Se nos guiar, então meus filhos e eu lhe oferecemos nossas espadas.

Todos os centauros ergueram as espadas na nossa direção. Olhei para aquilo encantada, um imenso sorriso tomando meu rosto. Logo, todas as criaturas ali ergueram as espadas da mesma maneira. Ripchip se adiantou por entre a multidão e disse com uma reverência:

-E nós lhe oferecemos nossas vidas, incondicionalmente.

-O exército de Miraz não deve estar longe, alteza – o texugo disse.

-Se vamos nos preparar, temos que correr para reunir soldados e armas. Estou certo de que logo estarão aqui.

Agarrei Caspian pelos ombros e murmurei:

-Belo discurso, Casp.

Ele sorriu.

-Temos de ir ao Beruna esta manhã – ele disse. - Os carregamentos de armas chegam por lá.

Neguei com a cabeça.

-Não podemos ir ao Beruna durante o dia, Caspian.

-Claro que podemos, Trudy!

-Não a ouça – disse Nikabrick. - é só uma mulher.

-Mulheres tem tanta capacidade quanto os homens, anão – disse o chefe dos centauros. - E, neste caso, ela tem mais capacidade do que todos nós.

-Obrigada, nobre centauro – eu disse com uma rápida reverência. - Como eu estava dizendo, não podemos ir até lá durante o dia. Miraz está com medo das investidas narnianas e juntou suas tropas com soldados da Tarcamânia e da Arquelândia para acelerar a construção da ponte.

-Miraz não sabe dos narnianos, Trudy – Caspian disse sorrindo.

-Acha que sou idiota, Caspian? - perguntei com raiva, tirando sua mão do meu ombro com violência. - Caso tenha se esquecido, saí do castelo depois de você. Acharam um anão e o levaram ao salão para amedrontar os outros membros do conselho. Miraz disse que você foi seqüestrado por narnianos. Tentei dizer que era mentira, mas obviamente ninguém naquela porcaria de conselho acreditou em mim. Ao invés disso, começaram a me perseguir. Mas, como pode ver, não conseguiram nada.

Caspian assentiu.

-O que acha que devemos fazer?

-Devemos ir até o Beruna neste exato momento. Tiramos todas as armas que conseguirmos de lá e as escondemos. Depois podemos descansar.

-E aonde você acha que podemos esconder as armas?

Ouvimos um pigarro e voltamos nosso olhar para a multidão.

-Temos uma fortaleza – disse um grande e majestoso urso pardo. - Podemos esconder as armas lá.

Todos pareceram concordar com a ideia. Sorri vitoriosa e disse.

-Vamos logo.

 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Quando chegamos ao rio Beruna, haviam apenas uns 5 trabalhadores por lá. Quando nos viram, ficaram tão alarmados que nem se preocuparam em pegar suas espadas: saíram correndo. Os minotauros cuidaram deles. Enquanto pegávamos nossas armas, um lindo cavalo branco chegou correndo e parou à minha frente. Dei um imenso sorriso e acariciei sua crina.

-Olá, Liam – disse para o meu cavalo. – Parece que nos achou, não é rapaz?

Ele relinchou. Agarrei a rede que estava segurando e coloquei sobre ele.

-Eu vou a pé pra te poupar do meu peso, está bem? – ele relinchou em protesto. – Tudo bem, acho que vou em cima de você. Estou um pouco cansada, obrigada, rapaz.

Montei em Liam com habilidade e, ao olhar para o horizonte, gritei:

-Vamos embora logo! Temos de chegar à fortaleza antes do sol nascer. Já estamos por volta da 4ª hora da manhã, de forma que temos de ir rápido.

Todos agarraram o máximo de armas possível e fomos correndo para uma grande fortaleza de rochas. Fiquei boquiaberta. Caspian parou ao meu lado, montado em um cavalo, e eu perguntei:

-Como puderam esconder tudo isso por tanto tempo?

Ele deu de ombros.

-Não sei, mas agradeço imensamente por isso.

Assenti. Entramos na fortaleza.

-Onde podemos descansar? – perguntei com os olhos pesados de sono.

-Não temos um lugar próprio para isso, Alteza – disse Ripchip. - Sinto muito. Tudo por aqui é pedra, acho que não vai se sentir confortável.

Assenti.

-Sem problemas.

Deitei-me num canto qualquer, nossos soldados mitológicos se sentaram e alguns até deitaram também.

-Me acorda antes de sairmos? – perguntei para o Casp.

-Claro – ele disse.

Fechei meus olhos. Meu sonho foi maravilhoso... estranho, mas ainda assim foi maravilhoso. Eu estava andando por uma floresta clara, uma floresta muito linda. De repente, materializou-se à minha frente uma silhueta de pétalas cor-de-rosa. Sorri. Mulheres maravilhosamente lindas, meio esverdeadas com cabelos e roupas de folhas, surgiam de todos os lados. Eu encarava tudo aquilo maravilhada. Ouvi uma voz grave chamando um nome que eu conhecia: Lucia. Segui a voz e me escondi atrás de uma árvore qualquer. Para a minha surpresa, o que eu vi foi Lucia, a minha amiga Lucia, falando com um leão. Parece que peguei a conversa do final. Tudo o que eu ouvi, foi o leão falar:

-Nada acontece da mesma maneira mais de uma vez.

Sorte minha que meu sono era leve, já que logo depois eu ouvi os passos de Caspian saindo dali lentamente. Abri meus olhos e me levantei, erguendo um pouco a saia do vestido longo. Me aproximei dele.

-Eu achava que você não ia me chamar, mas no fundo eu esperava uma atitude mais nobre.

-Droga – ele murmurou. – Trudy, você é a única pessoa que me restou da família. Não quero que você vá.

-Tudo bem – murmurei sorrindo.

-Então você não vai? – ele perguntou, os olhos brilhando com a esperança.

-Claro que vou. Quis dizer que não ligo se você quer ou não que eu vá.

Saí dali com a espada na bainha, sem me importar com os protestos de Caspian. Uma centaura loira se aproximou de mim e me entregou uma cesta de madeira.

-Poderia colher algumas frutas, alteza?

Sorri e assenti.

-Com toda a certeza, nobre centaura. Trarei-lhe a cesta cheia.

Ela sorriu e fez uma reverência. Eu, Caspian, alguns centauros, faunos e minotauros passamos a caminhas na floresta, atrás de sei-lá-o-que. Sim, eu não fazia idéia do que fomos fazer ali, por isso me concentrei em colher as frutas para a centaura. Eu colhia todas as frutas que via pela frente, pequenas ou grandes, verdes ou maduras. Caspian e os outros estavam muito à minha frente.

E então, ouvi um grito e um baque metálico que só poderia pertencer a um objeto: uma espada. Coloquei a cesta ao pé da árvore e saí correndo até o lugar de onde vinham os sons de urros e espadas. De repente, tudo cessou. Não, não pode ser... Caspian não pode ter morrido, não, não...! Apressei o passo e vi dois corpos lá: um era o do Caspian e o outro eu não me interessei em olhar.

Corri até Caspian e pulei sobre ele, o abraçando com força.

-Oh, céus, Caspian! – gritei apertando o corpo dele. Eu sentia lágrimas escorrendo pelo meu rosto. – Graças a Deus você está bem!!!

-Por Aslam – ouvi um sussurro.

Olhei para o lado e reconheci o outro corpo que havia visto. Um homem alto e forte, cabelos de um louro-acastanhado irresistível e olhos azuis brilhantes e convidativos... o corpo do garoto que tinha uma mínima chance de eu estar amando.

-Pedro?

 

                                                              <><><><><><><><>

 

N/A: Oooi, galera (: Tudo bem? Então, mais um capítulo, né? A reunião com os seres mágicos de Nárnia é a mesma que se passa no filme no tempo “43:11”.

Pois é, fiquei triste por só ter recebido UMA CAPA! Ela foi da bellaferreira – muito obrigada, flor! – e eu fique muito contente. A capa lá no topo foi feita por mim mesma ^^ Comentem o que acharam do capítulo e das capas, e não se esqueçam de mandar as suas para o próximo capítulo!

 

Nome do capítulo: A chegada dos Pevensie e as explicações à Trudy

Spoiler: como já devem ter percebido, os Pevensie chegaram =D Susana e Lucia contarão tudo o que aconteceu no curto período de tempo em que Trudy saiu da briga e eles vão chegar à fortaleza. Ou seja, capas com os Pevensie e a Trudy. Pode ser só uma montagem com as fotos lado a lado, não importa!

 

beeijos:*

bellafurtado (:


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!