Eu tinha amor. Eu tinha quem me amasse, mas eu nunca imaginei que essa pessoa iria fazer algo tão grande com meus sentimentos...

-Amor, você sabe que eu te amo né? - dizia James com o seu mesmo olhar apaixonado de sempre. Aquilo me fez sorrir. Ele era meu namorado há dois anos. Eu o amava de verdade e eu acreditava que ele sentia o mesmo por mim.
-Claro que sim meu amor e você sabe que eu te amo também não é? - eu disse com a mesma intensidade olhando profundamente em seus olhos tentando achar alguma falsidade lá, mas eu não conseguia. Então nos beijamos calorosamente. 

Havia apenas uma coisa que me incomodava. Uma coisa não, uma pessoa...

-Você é louco Tom! - eu dizia rindo ainda tremendo por estar meio que fugindo de casa. Eu ainda não morava com o James. Morava na casa dos meus pais, pois eu ainda tinha 17 anos. Saí de fininho para ninguém me ouvir e entrei rapidamente no carro de Tom. Sim, ele era o meu amante. Eu me culpava intensamente por isso, porém era inevitável. Eu não conseguia viver bem sem o Tom, assim como eu não conseguiria viver bem sem o James. Pode parecer loucura, mas eu amava os dois.
-Agora me dá um beijo. - ele disse já puxando a minha nuca, me beijando intensamente. Eu me sentia maravilhosamente bem perto dele. Seus lábios eram perfeitos e me faziam delirar todas as vezes que eu os tinha pra mim. 
-Eu te amo Tom. - eu disse parando de beija-lo. Ele me olhou sério, porém nada me respondeu. Como sempre.

Eu sempre dizia para ele que eu o amava e ele nunca me correspondia da mesma maneira em palavras, porém seus atos comigo me faziam acreditar que ele sentia algo por mim.

-Você está linda hoje! - ele sorriu e me puxou para um beijo carinhoso. Uma de suas mãos passeavam sobre o meu cabelo e a outra acariciava minha cintura.
-Eu te amo tanto... - então encostei a cabeça em seu peito e pude sentir uma lágrima teimosa escorrer sobre a minha face. Tom levantou meu rosto e enxugou a lágrima com o polegar e sorriu pra mim. Aquele sorriso tinha o poder de me acalmar.
-Não chore. Não gosto de te ver assim. Eu já disse, por que você não termina com o James?
-Não dá Tom, você sabe que eu o amo também.
-Tanto quanto me ama?
-Sim Tom, eu lamento, mas essa é a realidade.
-Sabia que às vezes isso cansa? - ele disse se afastando um pouco de mim. Eu fiquei surpresa com a sua atitude. Não esperava isso dele, na verdade o meu medo e meu amor por ele não deixava eu ver defeitos no Tom.
-Por que Tom? O que eu fiz? - eu disse voltando a ficar perto dele, porém ele se afastou mais.
-Você acha que é fácil pra mim? Você acha que eu me sinto como sendo a sua segunda opção?
-Você não é a minha segunda opção!
-Se não fosse, você largaria desse cara e assumiria alguma coisa comigo. - ele disse isso com raiva e depois saiu da sala dando passos duros até o seu quarto e fechou a porta com força. 

Tudo isso me machucava profundamente. Só ele que não sabia disso.

-Tom, me deixa eu entrar! - eu dizia batendo na porta do seu quarto.
-Me deixa sozinho! - ele gritou lá de dentro secamente.
-Por favor Tom, vamos conversar direito. - então não ouvi resposta, apenas ouvi a tranca da porta e ele abrir a porta devagar.
-Pode falar. - ele disse indiferente. Vi que em seus olhos tinha frustração. Eu me sentia culpada por isso.
-Eu tentei Tom, mas eu não consigo.
-Tenta outra vez! Essa é a sua última chance! Eu não vou mais pagar de idiota! Você me usa quando você quer. Eu sempre estou disponível quando você precisa, agora quando eu preciso de você, você sempre está com ele. Eu nunca posso te ter por um instante sem ter medo de você ser descoberta! Você acha que eu não temo por você? - vi que seus olhos eram sinceros e tristes.
-Me desculpe Tom... - eu abaixei a cabeça e ele fez o mesmo gesto. A levantou e enxugou a lágrima teimosa, como ele sempre fazia.
-Eu te amo. - nessa hora meus olhos arregalaram. Eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo. Era a primeira vez em um ano que eu ouvia isso dele. Nós éramos amantes há um ano. Ele sempre me fazia feliz, porém nunca falava sobre os seus sentimentos por mim. Senti minha visão ficar embaçada. Lágrimas de emoção estavam chegando. Era perfeito demais para ser verdade.
-Isso é verdade Tom? - eu disse ainda perplexa. Ele nada respondeu. Apenas me abraçou e deixou que eu chorasse.

Depois daquele dia tudo havia mudado. O meu amor pelo Tom só aumentava. Eu não conseguia parar de pensar nele. Ao invés de pensar em James, era só o Tom que me vinha a cabeça. Eu me lembrava dele falando aquelas três palavras. Era tudo pra mim. Quando James dizia aquilo, eu nem me importava mais, era tão comum...

-Annie, eu te amo tanto... - ele disse me abraçando por trás. Eu já não sentia a mesma coisa quando ele me dizia isso. Então eu nada respondi. Apenas dei um sorriso fraco e fechei meus olhos, deixando que a imagem de Tom invadisse a minha mente.

A cada dia que se passava o meu amor pelo Tom só ia aumentando e aquilo que antes eu sentia pelo James ia se apagando. Eu não queria isso, mas era incontrolável.

-Tom, hoje eu vou terminar com o James... - eu disse olhando pra baixo esperando a sua reação.
-Tem certeza que é isso que você quer? - não era bem essa reação que eu esperava.
-Tenho Tom, eu já me decidi.
-Eu não quero te forçar a nada. - ele me abraçou pela cintura, deixando que seu perfume maravilho invadisse minhas narinas.
-Eu te amo Tom, eu já me decidi, quem eu quero é você. - então eu o beijei apaixonadamente. Não tinha como negar que ele que era pra mim.
-Que bom. - ele sorriu e passou a mão em meus cabelos. Ficamos abraçados o resto da tarde...

Eu já havia tomado a minha decisão. Ia terminar com o James. Por mais que eu sabia que ele ia se magoar, eu sabia que algum dia um de nós três irá sair magoado, então eu prefiro que eu termine com ele e seja livre para amar o Tom do que um dia o James descubra e fique pior ainda...

-O que aconteceu meu amor? - disse James se sentando ao meu lado. Eu já estava preparada para falar da minha decisão pra ele.
-Nós precisamos conversar. Tem uma coisa que eu quero muito te falar.
-Pode falar.
-Olha, eu gosto muito de você e não quero te magoar, mas não dá mais.
-O que não dá mais? - ele tinha uma expressão confusa.
-O nosso namoro... - me deu um aperto no meu coração essa hora, mas eu tinha que falar.
-Como? 
-Me desculpe James, mas eu preciso de um tempo. Eu não quero te magoar. - já podia sentir as lágrimas escorrendo pela minha face.
-Mas por quê?
-Não tenho como te explicar... é comigo. Você é maravilhoso, um ótimo namorado, te agradeço por todos os momentos que passamos juntos, mas não dá mais James, me desculpe. - ele ainda estava perplexo com isso.
-Mas o que eu fiz? - ele disse passando as mãos em seus cabelos desesperado.
-Nada James, você não fez nada, fui eu! Eu que estive errada, me desculpe! Por favor, quero continuar sua amiga!
-Nossa... - então ele se levantou e ficou olhando pro vazio. -Eu preciso pensar um pouco e organizar as minhas ideias, amanhã a gente conversa ok? - então eu saí de lá arrasada por magoa-lo, porém eu estava feliz pois eu finalmente estava livre para amar Tom.

Eu ainda não acreditava no que tinha feito...

-Tom, eu tenho que te contar uma coisa. - então nos eijamos rapidamente e ele ficou me observando. -Eu terminei com ele. - eu pude ver um sorriso formar em seu rosto.
-Sério?
-Aham. 
-E o que ele achou disso?
-Ele ficou um pouco surpreso e disse que amanhã a gente conversa melhor. Mas acho que ele aceitou.
-Ah, isso é ótimo! Finalmente eu terei você só pra mim! - ele me carregou no colo e me levou até o sofá. Nos beijamos calorosamente, como se aquele fosse o último.
-Eu te amo tanto Tom... - eu olhei fundo em seus olhos, esperando ele dizer o mesmo pra mim, mas eu infelizmente não tive o que eu queria como resposta. Ele apenas sorriu e acariciou meus cabelos. 

Tom sempre fazia o mesmo. Sempre quando eu falava que eu o amava, ele ficava em silêncio. Nem sequer retribuía o sentimento. Eu já estava acostumada com isso...

-Olha, eu ainda estou muito chateado por nós... mas eu quero te ver feliz e se você não é feliz ao meu lado, que seja ao lado de outra pessoa, mas que essa pessoa te faça feliz, se não eu nunca vou me perdoar por ter te deixado ir. - ele disse com um sorriso fraco em seu rosto. No fundo eu sentia muito por deixa-lo assim, mas graças a Deus ele aceitou. Talvez seja por isso que eu goste tanto dele também.
-Você é maravilhoso James. Eu vou torcer muito pra que você encontre alguém que te ame como você merece! - eu dei um sorriso sincero pra ele, que me retribuiu com um beijo carinhoso na testa.
-Amigos? - ele estendeu a mão pra mim.
-Amigos. - eu sorri e ele também. Acho que finalmente fiz a coisa certa.

Agora eu podia me sentir finalmente feliz e sem culpa. Resolvi não apresentar Tom logo de cara, para não ficar chato, mas eu mal podia esperar por poder sair com ele por aí, sem ter medo de ser pega.

-Quando você vai me assumir hein? - ele disse enquanto me beijava pausadamente.
-Logo, logo meu amor.
-É, eu acho bom mesmo, já to cansado de ficar namorando você às escondidas. - eu soltei uma risada baixa.
-Eu te amo tanto Tom, mas eu sempre espero que você diga o mesmo e isso nunca acontece... por quê? - agora eu olhava profundamente em seus olhos.
-Você sabe que eu sinto o mesmo. - ele tentava desviar o olhar.
-Então por que você não olha em meus olhos e diz isso? - segurei o seu rosto e vi que em seus olhos haviam insegurança, talvez até medo.
-Me desculpe... é difícil pra mim. Eu nunca me envolvi tanto com alguém como eu estou me envolvendo com você!
-Você me ama? - eu fiquei esperando que ele me dissesse pela segunda vez aquilo, mas ele ficou em silêncio. Aquilo acabava comigo. -Tom, chega, não dá mais. - então eu me levantei e peguei a minha bolsa. Vi que ele ficou perplexo e sem ação. Quando eu ia sair pela porta, ele me chamou:
-Annie! Espera! 
-O que foi Tom? - eu disse impaciente.
-Eu...
-Você? - eu disse tentando incentiva-lo.
-Eu... eu... te amo... - ele disse abaixando a cabeça parecendo estar com vergonha. Senti meus lábios formarem um sorriso de alegria. Então fechei a porta novamente e fui devagar ao encontro dele. Ele levantou a cabeça devagar.
-Tom, eu te amo demais! - então o abracei. Senti suas mãos me envolverem naquele abraço. Eu me sentia protegida com ele.
-Eu fui um idiota, me desculpe... eu posso ter sido um insensível, mas o que eu te disse agora é a mais pura verdade! - ele disse olhando em meus olhos. Eu não conseguia desconfiar dele. Eu só conseguia ver sinceridade em sua expressão, no seu olhar.
-Eu sei Tom, eu vejo isso em seus olhos. Eu confio em você, eu te amo mais que tudo!
-Eu também te amo! Me desculpa por ser tão cruel com você! - eu vi uma lágrima escorrer em sua face. Era a primeira vez que eu o via chorar. Aquilo me emocionou.
-Não se culpe Tom. Agora a gente está aqui, juntos e nada pode estragar esse momento maravilhoso. - então eu entrelacei meus dedos com o dele e nos beijamos.

O Tom realmente foi insensível por não falar que me amava antes, mesmo sabendo que eu daria a minha vida por ele, mas mesmo assim, ele conseguiu mostrar pra mim que me amava e era isso que me completava e mais importava agora...