- Anne, eu tenho que te dizer, garota... Sua fé é cega. Quase tanto quanto você.
Ela apenas sorriu, apalpando a poltrona e encontrando apoio ao lado da irmã mais velha.
- Não, Bree. Você não percebe, mas a voz dele treme quando fala, a respiração é pesada e cansada... Isso é dor, minha irmã, não existe maldade. Apenas ressentimento.
- Como você pode ter tanta certeza?
Anne manteve o sorriso.
- Sabe o que eu aprendi com esse meu “dom”? Os olhos cegam a alma e confundem o coração. Com os olhos fechados pode-se ver muito mais, se você tentar.
A irmã mais velha soltou um suspiro de deboche, fitando os olhos desfocados de Anne.
- Essa é a coisa mais brega que já ouvi, sabia disso?
Anne assentiu, rindo de si mesma.
- A verdade é brega. Por isso as pessoas mentem.
Anne Sue Williams. Uma garota cega que aprendeu a viver sem as cores, as formas, ou qualquer evidência de vida que não fosse cheiros, toques e sons. Carregando um velho guarda-chuva vermelho no lugar de uma bengala-guia, ela descobre amigos em caminhos tortos, trilhando passos perdidos, mas com um coração que sabe exatamente para onde vai.