Não Pare a Chuva escrita por sheisbia


Capítulo 7
Capítulo 7 - Paisagens


Notas iniciais do capítulo

And here it comes again, Matthew.



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    Aquilo estava se tornando um péssimo hábito, eu quase nunca me atrasava para a aula mas dessa vez tinha uma ótima justificativa. Eu não suportava mais nossas brigas, era como se tudo estivesse desmoronando em nosso relacionamento, como se faltasse algo... como se meu pai fosse o único que pudesse juntar os pedaços e refazer nossa paz.
    — Você se machucou? Eu não acredito nisso! — ela disse como se fosse o fim do mundo.
    — Mãe, eu disse que me machuquei, não que estou grávida.
    — E você bebeu?
    — Não — ela esperava mesmo que eu contasse?
    — Eu realmente... Eu te falei pra ficar longe dessas pessoas, Nicole...
    — Como é? — eu me levantei, brava. — Tá falando de quem? Da Olívia? Da Penny? De quem? Mãe, eu passei a festa inteira longe delas e elas nunca, nunca fizeram algo que pudesse me afetar, entendeu?
    — Vai ficar contra a sua mãe agora?
    — Não, não estou contra ninguém, por favor! Eu tô defendendo os meus amigos porque é injusto você acusar eles tanto, mãe. Você mal os conhece! — gritei.
    — Não grita comigo! — ela levantou-se também. — Você está de castigo — ela manteve o tom de voz sereno.
    — Por quê? Me diz, me dá um único motivo — eu disse sem gritar também.
    — Porque eu estou mandando.
    — Qual é o seu problema? — eu sussurrei. — Eu sinto falta do meu pai nessa casa, eu não aguento mais.

    E então, como uma doce brisa os meus pensamentos voaram para muito longe, algo mais importante chamado "prova surpresa" necessitava de minha atenção. A sirene tocou e eu havia respondido tudo, todas estavam certas e minha nota seria alta, era algo que me despreocupava.
    — E então, como tá a sua perna? — Julie virou-se para mim e sorriu, preocupada.
    — Bem melhor, obrigada.
    — Me desculpa, eu não vi que você tinha se machucado na festa, se não eu teria ajudado e...
    — Julie, tá tudo bem, foi só um arranhão. Mas me conta, o que aconteceu entre você e o Bill? Com detalhes, por favor — eu sorri, deixando-a sem graça.
    — Ah, para! Não aconteceu nada, nós conversamos. Passamos um bom tempo falando de você, já que parecia a única coisa que tínhamos em comum pra começar uma conversa — ela riu.
    — Sério? E o que vocês falaram de mim?    
    — Falei que te odeio e montamos um plano pra te sequestrar — ela ficou séria por cerca de três segundos e soltou uma gargalhada.
    — Fala sério, vocês dois me amam, né? E tem mais, se eu for embora, quem é que vai dar uma de cupida? — rimos.
    — Tudo bem, ele disse que você é bem complicada, mas que é uma pessoa importante demais pra ele... E eu disse que estava adorando te conhecer e que você era uma pessoa diferente.
    — Obrigada.
    — Depois falamos sobre música, eu contei que toco piano desde os sete anos, que adoro Green Day e também escrever letras.
    — Impressionante — eu sorri. — E vocês vão se encontrar?
    — NIKKY!

    Eu comecei a rir, ela era bem discreta no assunto relacionamento, mas eu queria ajudá-la pois seu interesse nele era evidente.
    — Mas não foge do assunto, eu sei que você passou a noite toda conversando com o irmão dele. O Bill me contou um pouco sobre vocês.
    — Sobre nós? — caí na risada. — Não existe "nós", somos amigos. O que ele te disse?
    — Nada de importante, por que você mesma não me conta?
    — Não tem o que contar, eles dois eram meus amigos. O Tom viajou, voltou essa semana, simples. Aliás, ele deve ir embora logo.
    — Então você não sente nada por ele? — era uma pergunta séria.
    — Não, acho que até nossa amizade não é a mesma depois de cinco anos  — disse baixo.
    — Então tudo bem. Você nunca teve uma história de amor e tal?
    — Não. Eu gostei de um menino, mas não foi nada romântico.
    — Me conta!
    — O nome dele é Matt... — Eu fechei os olhos.

    Matthew, para ser mais clara. O garoto do cabelo bagunçado, sorriso perfeito e olhos azuis encantadores. Nós nos conhecemos no meio da rua quando ele, acidentalmente, jogou água em mim. Foi um péssimo começo, mas tudo tomou rumo quando descobrimos que éramos da mesma escola. Nós ficamos juntos por dois meses, mas ele nunca me pediu em namoro.
    Novamente a aula acabou, desta vez seguia o intervalo. Eu saí da classe acompanhada por Olívia e Julie, nós ficamos sentadas, conversando por um longo tempo até que percebi as inúmeras vezes que Julie encarava Bill. Aliás, eu ainda não havia o visto àquela manhã. Sugeri que fossemos falar com ele e Georg, mas no caminho até lá o meu celular tocou, pedi que fossem sozinhas.
    — Nós brigamos, acho que foi sério — ela disse assim que atendi.
    — Quando?
    — Ontem — Era Penny, reconheci sua voz de imediato, ela não havia ido à aula.
    — E por quê?
    — Ele é muito desconfiado, Nikky. Esse ciúme excessivo tá me matando.
    — Vocês ainda vão voltar, fica calma. Olha, eu preciso desligar agora, posso falar com você depois?
    — Você não se importa, não é? — Penny disse seca. — Eu queria confiar em você e poder dizer tudo que acontece comigo, mas você parece tão fria...
    — Não é isso — sorri. — Penny, se eu não me importasse com você eu não estaria ao seu lado, certo? Você é minha amiga. Eu só não sei como ajudar, você sabe, eu não entendo nada sobre isso.
    — Tudo bem.
    — Eu já vou, fica bem.

    Eu desliguei o celular, estava com pressa. Eu me importava com Penny, mas não podia dizer o que realmente achava, que ela estava errada e que o namoro deles era algo que acabaria deixando um dos dois de coração partido. Enfim, andei até Georg e lhe perguntei algo em particular, isso claro, depois de cumprimentá-los. Saí de perto de todos e avistei um garoto perto daquela tal árvore, estava sozinho.
    — Apreciando a paisagem? — eu me aproximei e pude ver um sorriso estendendo-se em seu rosto.
    — Apenas observando, fica mais interessante quando você faz parte — ele sorriu de canto.
    — Bobo — senti meu rosto corar.
    — Você tá melhor?
    — Sim, não foi nada, lembra? — era difícil formular palavras na frente dele. — Eu só vim agradecer.
    — Tá tudo bem. Doeu muito?
    — Que tal eu enfiar uma faca no seu corpo? Aí você me diz — sorri cínica.
    — Não foi uma faca — ele abaixou a cabeça sorrindo.
    — A faca era mais fácil de achar — eu apertei os lábios e sorri em seguida.

    Eu queria poder resgatar o passado. Pena.


                                   "Eu continuo me esquecendo de esquecer você".
                                    JoJo, Keep forgetting

 


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Notas finais do capítulo

Bom, isso é tudo por enquanto, eu fiz com pressa por tanto me avisem se algo estiver errado. Eu sei que vocês estão ansiosos por um beijo HAHAH, mas esperem ok? E deixem reviews sempre pf ♥, Bj.



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