Por Favor, escutem: Love is Here - Sonohra

Por Edward Cullen

- Bella. Por favor, respire. 

Eu não iria desistir. Não permitiria que ela desistisse. 

- Bella!

Minhas mãos continuavam a trabalhar, fazendo a massagem cardíaca. Trabalhando, para que assim, acontecesse o mais precioso dos milagres. Eu daria minha vida para que ele acontecesse – eu não a queria sem ela. Era desnecessário viver, se o coração dela não batesse.

- Por favor...

 “É um dia chuvoso e eu dei todo o brilho do sol

Tudo é cinza, mas eu te vejo na minha mente

Eu posso acender uma luz e eu sei que vou ficar bem" 

Passei minhas mãos sobre o seu rosto molhado, jogando a água nele para longe. Desejando imensuravelmente que aquela mesma corrente que dera-me a vida novamente, passasse agora para ela. Desse a vida à ela. Nem que para isso, eu tivesse que deixar de existir novamente. Eu não me importaria.

Mas parecia não estar funcionando. Ela continuava a jazir inerte nos meus braços agora sólidos e fortes – porém não o suficiente para trazê-la de volta. Eu a abracei e beijei seu cabelo molhado com força. Podia sentir o calor emanar do seu corpo, porém era fraco de mais e a cada segundo parecia diminuir.

- Não Bella. Não! Não! – gritei, embora soubesse que no meu grito não havia voz. 

"Eu coloquei uma outra foto sua perto da minha cama

Eu escuto o vento soprar.

É alto dentro da minha cabeça

Eu não quero pensar na distância que nos separa"

Deitei-a novamente na areia grossa de First Beach, La Push . Eu sabia que estava seriamente encrencado; afinal havia quebrado o tratado, invadido o território deles. Mas aquele era o menor dos meus problemas no momento. Eu tinha que salvar uma vida. A minha vida. E ter algumas centenas de dentes de lobo fincados em mim, não seria nada; eu os aceitaria de bom grado se minha Bella sobrevivesse. Ou se eu a perdesse. Eu não viveria num mundo sem ela, e parecia realmente inaceitável nós existirmos num mesmo lugar. 

"Voce está sempre aqui, o amor mantem você próxima"

Passei minhas mãos sobre seu peito pequenino. Eu mal podia sentir a vibração dos seus batimentos cardíacos... O silêncio, era quase completo. Desesperador. Muito vagarosamente, encostei meu ouvido sobre o seu peito. Sim, ele estava ali. O meu] coração ainda batia. Demasiadamente fraco e baixo, mas ainda estava ali. 

- Bella... – eu gemi, tão baixo quanto à voz do seu coração.

"Sete dias na estrada você é sempre o destino da minha alma

Cada passo no caminho parece estar tomando

o meu amor de volta para você

Yeah yeah

E o tempo passa...

E se torna tão claro

Você não está sozinho, o amor está aqui dentro"

Meus lábios então, decidiram por usufruir da nova vida que possuíam. Percorreram, ansiosos, toda a trilha que me levaria até seus lábios, beijando seu colo, sua clavícula, seus ombros, sua nuca, seu queixo, suas bochechas. A gravidade do planeta, parecia concentrar-se ali, tamanha era a força atrativa com que aqueles lábios quentes atraiam os meus até cola-los de uma vez. Fora a confirmação que eu precisava para saber que estava vivo. 

Então nós não desistiríamos.

"Eu escuto o som de uma musica triste

Eu sei que vou te ver amanha

Você e o que me motiva a encarar todo o dia"

Soprei-lhe a vida. Entreguei-me a ela. Naquele beijo, consumia-se o fogo e o gelo juntos, numa explosão divina. Eu estava entregando a minha existência, para a permanência da dela. 

A corrente elétrica que passara por todo o meu corpo quando eu saltei do penhasco atrás dela, voltara a mim. Mas agora, no sentido contrário. Ao invez de trazer-me à vida, a levava embora. Eu podia sentir o mármore desmanchar-se aos poucos, e, como se fosse possível eu ter vasos sanguíneos, eu sentia a vida escorrer por eles. Sentia-me como a minha presa natural: um humano, tendo seu sangue – a sua vida - sugado aos poucos, deixando aquelas mesmas veias impossíveis, saltadas e escuras sobre a minha pele branca e translúcida. Embora pareça absolutamente cruel, não causava dor. Apenas me deixava fraco, como eu nunca tinha me sentido antes.

"Está sempre aqui, amo você mantém próximo

Sete dias na estrada você sempre será o destino da alma

Cada passo no caminho parece estar tomando

o meu amor de volta para você

Yeah yeah"

Desgrudei meus lábios da boca de Bella e parti novamente para a massagem cardíaca. 

Um. Dois. Três. 

Eu fazia os mesmos movimentos há tanto tempo, que eles já haviam se tornado automáticos. 

- Respire! Vamos, amor...

"Você está sempre aqui, o amor mantem você próxima

Sete dias na estrada você é sempre o destino da minha alma

Cada passo no caminho parece estar tomando o meu amor de   volta para você

Yeah yeah

E o tempo passa ...

E se torna tão claro

Você não está sozinho, o amor está aqui dentro

yeah yeah

O amor esta aqui"

   Um. Dois. Três.

Um ligeiro tremor agitara minhas mãos, seguido do som que eu mais ansiei escutar. Eu estava presenciando um milagre. O segundo do dia.

Obrigado, Senhor.

Levei uma de minhas mãos até o rosto de minha Bella, deixando um pequeno sorriso tímido escapar entre meus lábios. Por um momento – insignificante de mais – assustei-me com o contraste de nossas peles. A dela, branca e macia, em contraposto com a minha, rija e escura, com as aquelas veias impossíveis saltadas em relevo sob a pele translúcida e azeitonada. Era um pouco assustador – na verdade eu estava apavorado por não saber exatamente o que aquilo era – mas fez-me sorrir ainda mais. Afinal, eu tinha conseguido. Minha vida fora salva.

Ainda sorrindo, levei meus lábios ao encontro dos seus verdadeiros donos, beijei Bella, soprando-lhe um pouco mais de ar. Em reflexo imediato, ela se mexera em meu colo, tossindo um pouco. Naquele momento, eu senti o meu coração congelado derreter-se e juntar-se a sinfonia cantada pelo coração dela. Ambos cantavam juntos, numa sintonia perfeita – nem os céus desta vez, poderiam calá-los. 

"As nuvens estão sumindo, voaram de distância

O sol esta brilhando e o ceu esta ficando azul"

Olhei para o rosto de minha Bella, fascinado. Eu sentia meus olhos queimando, como se pudessem derramar lágrimas a qualquer momento. Parecia que todas as emoções possíveis, estavam trancadas em meu peito e, num movimento inesperado, iriam rasgar-me, apenas para mostrar ao mundo o quão feliz estava. O quão completo estava. Alma e corpo, finalmente unidos. Desci uma de minhas mãos até o seu peito, e deixei-a ali, sentindo seu coração bater, enquanto a outra continuava pousada em seu rosto, desenhando cada traço perfeito que o compunha.  

"Sete dias na estrada você é sempre o destino da minha alma

Cada passo no caminho parece estar tomando

o meu amor de volta para você

Yeah yeah

E o tempo passa ...

E se torna tão claro

Você não está sozinho"

Eu estava enganado o tempo todo. Eu não estava inteiramente feliz ainda. E eu só fui perceber isso, quando me vi completamente perdido na imensidão chocolate de seus olhos hipnotizantes. 

Agora eu estava onde deveria estar. Onde sempre seria o destino da minha alma, independente do tempo que levasse para chegar. Eu esperaria por séculos. Por mais noventa anos. Ou então apenas sete dias. O tempo não importava; o destino era certo, já estava gravado nas páginas da minha vida e tatuado em cada milímetro do meu ser. Não existiam obstáculos... Apenas ela. Bella.

"O amor está aqui."