Que Dure mais do que Um Inverno. escrita por Juliana_Caceres


Capítulo 23
Restam quatro dias.




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Mais uma vez meu despertador passa a ser meu pior inimigo.

Ai, que dor de cabeça.

Ei, espera aí. De novo não. Esse não é o meu quarto.

Dejá vu.

Ah, lembrei. Ah não, preferia não ter lembrado.

E começa mais um flashback barato sobre depois de Lenn dizer que eu não iria sensibilizá-lo então era melhor eu desistir.

Então, eu peguei um taxi e fui até a casa de Angelys, onde agora me encontro no quarto de hóspedes conversando sozinha como uma idiota como sempre. Ah, coisas idiotas, que se eu não estivesse vivendo, diria: "Quem se importa?" E meu coração responderia: "Você, sua idiota."

Ok, fiz tudo o que deveria ser feito numa manhã quando se acorda e desci. Fui até a cozinha e Angel não estava lá. Então, voltei a sala e a vi descendo as escadas.

- Bom dia! Ou pelo menos, espero. Está melhor?

- Ah, fala sério, você deve estar me achando uma vadia, não é?

- Não, por que? Deveria? - Disse ela, e fomos até a cozinha.

- Fico pulando de galho em galho. E os galhos são as casas das pessoas.

- Affs, bobeira.

Tentei acreditar.

- Angel, sem querer abusar mais ainda mais, tem algum comprimido pra dor de cabeça?

- Do lado da janela, á direita.

- Thank you! - E em baixo da janela tinha uma pia, olhei e vi duas garrafas de vinho. - Ops.

Angel percebeu.

- Eram pra uma ocasião especial, mas as desastrosas também servem.

Sorri meio sem graça.

- Restam quatro dias.

- Infelizmente. Tem certeza que tem que ir?

- Inevitável. O visto...

- Ah, sim. O visto. - E fez um bico de triste.

- Que horas são? - perguntei.

- Duas e cinquenta e seis, PM.

- Cedo! - Falamos juntas e rimos.

- Sabe, acho muita besteira brigarem por isso, foram só fotos.

- A essa altura também acho. Mas diz isso pra ele. Humphf.

Ouvimos a campainha tocar.

Olhei para a caixa de comprimidos que ainda estava em minha mão, peguei um, tomei um copo de água rápido e fui atender, já que a Angel esperava o chocolate quente esquentar.

A campainha toca de novo.

- Já vou!

Olhei pelo vidro na porta. Era Jim.

- Entra.

- Oi, Anne. Ué, voltou pra cá?

- Entra logo, Jim. Fala como se o Lenn já não tivesse te contado.

Ele entrou.

- Pra falar a verdade, contou sim. Ah, e você não se importa de eu ter trazido uma pessoa não é? Bom... Já que eu não fazia ideia de que você estaria aqui. E... Hum... Acho melhor trocar essa camisola.

- Camis... Ah! - Senti meu rosto ferver de vergonha.

Desculpa, eu não tinha percebido. Só um minuto.

Subi correndo. Peguei uma jeans e blusa qualquer, vesti, e voltei correndo.

- Ah, Matt, oi.

- Se eu soubesse que estaria aqui e de camisola teria vindo mais rápido.

Corei.

Idiota.

Tudo bem, eu posso xingá-lo de tudo quanto é nome, mas só por pensamento. Porque quando fico de frente mesmo, é como se eu me transformasse em um filhotinho de chihuahua doce e indefeso. Droga.

- Jim está na cozinha com Ang. Parece que vão se acertar. Eu espero.

- Que bom, tomara. - Ia sentar na poltrona da sala, mas ele me  interrompeu.

- Ahn, vamos no jardim? Queria conversar um pouco com você.

- Tudo bem.

Abrimos a porta e fomos até uma mesa de pedra branca que tinha do lado de fora, na frente da casa. Ficamos de pé. E eu esperei ele dizer alguma coisa.

- Então como está Lenn? Milagre não estar com você, hoje, agora.

- Ahn... - baixei a cabeça.

- Ah, tudo bem, hã, eu... A gente... Não tá mais se falando muito bem desde aquele dia em que nos vimos.

- Humm...Entendo. - Fomos caminhando, e aquele jardim parecia não acabar mais. Até voltarmos à frente da casa.

- Sabe, Anne, sinto muito a sua falta desde que você se foi. - Pegou a minha mão, e paramos de caminhar. - E quando soube que estava aqui, me enchi de novas esperanças, mas aí vi Lenn e... Bom, mudou tudo. Mas agora que estão separados...

- Matt, eu...

- Shh, não. Não fala nada.

Ah, não. Tarde demais. Ele me beijou e eu... A burra fraca demais acabei cedendo. Aquele cretino.

- Eu sabia.

Me afastei.

- Sabia...? - Perai. Esse som não saiu da boca de Matt, até porque ela estava ocupada e... Corei. Ah, não. Eu só faço merda mesmo.

- O que suas lágrimas nas fotos não provaram, foi esclarecido nesse instante.

Merda.

- Lenn, eu... Não foi eu... Porque...

- Chega Anne, não precisa tentar me explicar nada, eu venho até aqui e ... Não, já chega.

Virou e abriu a porta do carro.

- Não, não Lenn! - Me livrei dos braços de Matt, que antes me seguravam e fui em direção a ele.

- Por favor. Você precisa me escutar.

- Tá tudo bem, Anne. Mesmo. Pode fazer o que você quiser da sua vida. Você está livre.

- Eu não quero liberdade alguma em que não exista você. - Argh, esse clichê ficou horrível. Já está parecendo até uma novela.

- Matt, Anne, eu e o Jim, a gente... Lenn! O que está acontecendo? Vocês voltaram? - Angelys parou.

- Pelo contrário Angel, mais separados do que nunca.

Entrou no carro e saiu.

Fiquei olhando ele virar a rua. Rosto encharcado.

Me virei e olhei para Matt. Ele estava rindo.

- Isso tudo... Ah, você! VOCÊ!

- Você já tinha visto ele chegar não é?! - Porcaria de motor silencioso - Seu... Seu... Ordinário! Você me paga! Você ! - Eu gritava, e quase avancei nele, mas Jim me segurou. - Jim! Me solta! Foi ele! Ele!

E toda aquela raiva se transformou em lágrimas, e eu ajoelhei na grama, vencida, e sentei chorando como uma criança.

Jim me pegou e me levou para dentro.

Preferi não espalhar minha desgraça, então fui ao quarto reservado para mim e fiquei lá, sim, por dois dias.


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Notas finais do capítulo

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