Sophia - a Filha do Presidente escrita por Camila_santos


Capítulo 12
Eu não sou mimada!




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O que eles teriam colocado naquele jornal para fazer-la pensar isso?

 

-Ei Lucy, posso falar?

-Seu pai tem mesmo razão. Toda razão alias. –Murmurou brava, e saiu.

-Lile, se arrume e eu já volto! –Falei, e sai atrás de Lucy. Era agora que resolveríamos as questões.

-Lucy, espere! Você não pode simplesmente fugir de mim. –Eu praticamente corria atrás dela pelo corredor.

-Ae Sophia? Eu simplesmente faço tudo para te defender e você o que faz? –Ela continuou andando brava.

-Me defender? De que Lucy?

-Esqueça! Um dia você entendera. Mas pode já ser tarde. –Ela descia as escadas correndo. E pela sua voz estava chorando.

-Caramba! Que coisa! –Me controlei para evitar os palavrões. –É sempre assim, a bonequinha, não pode saber de nada! Ninguém entende? Eu tenho dezessete anos, quase dezoito. Sou uma mulher! Sei ser responsável! E o que minha adorável família faz por mim? O que? O que? –Sentei na ponta da escada, estava tremendo. Chorei, chorei. E Lucy me olhou com dó. E com sinceridade, odeio que tenham dó de mim. Mas eu não agüentei mais reprimi o choro.

Eu estava desistindo de tudo aquilo. Desistindo de continuar com aquela discussão. Eu só ia me magoar mais.

Até que uma mão amiga encostou em meus ombros e me abraçou.

 

-Sophia, eu não quero lhe ver assim. –Lucy sussurrou.

-Lucy. Eu sei de tudo e ao mesmo tempo de nada. Minha mente está confusa. E o que todos fazem? Eles olham para mim fazem aquela cara de “Você é novinha, o bebezinho da família” e me ignoram! Será que minha opinião não conta é? –Realmente, quase ninguém conta com a opinião de adolescente.

-Sophia, as coisas não são assim!

-Então me diga como são?

 

Ela me encarou e parou para pensar. Ela sentou ao meu lado na escada. E segurou minhas mãos.

 

-Olha, vou tentar te explicar! Prometa ser madura o suficiente.

-Tentarei.

-Não me interrompa ok?                                           

-Tá bem. Mas fala logo. –Eu estou mortinha de curiosidade. É agora que eu vou saber os porquês.

-Olha, quando você nasceu... –Ela tossiu, como que para adiando o assunto. –Bem, sua mãe pediu para olhar você. Ela era atarefada demais e precisava de ajuda. Eu vim, porque além de amiga de sua mãe, eu amei você como filha desde que te vi pela primeira vez. Nós tivemos aquela ligação mãe e filha. Eu praticamente abandonei meus planos futuros para estar com vocês. Eu pensava em viajar com Tadeu conhecer vários lugares. Éramos recém casados. Quando eu vim, ele veio. Depois de uns anos surgiu àquela proposta de trabalho para ele em Chicago, eu poderia ter ido com ele, mas você tinha acho que uns quatro anos, e eu estava grávida, pensei que com isso você acharia que eu amava mais o bebê que você. E, além disso, eu não suportaria ficar longe de você.

 

Ela falava serena, singela, enfim falava como mãe. Aquela que ama. E como não bastasse o rio de lágrimas anteriores, eu chorava feito criança.

 

-Ao longo do tempo as coisas ficavam mais difíceis. Seu pai ia subindo de cargo, sua mãe mais atarefada e você mais sozinha. E quando eu viajava por uma ou duas semanas para ver Tadeu, eu quase dava um ‘treco’ de saudades de você. Eu percebi que não consegui viver longe de você. Mas conforme você crescia você se tornava mimada.

 

Epa! Epa! Eu não sou mimada! Segurei para não interromper.

 

-E de uns tempos para cá, você simplesmente quis deixar, toda essa vida. E ser simplesmente livre não é isso que queria?

-Mais ou menos. Toda essa vida não. Queria deixar a prisão.

-Seu pai não entendeu isso, ele achou que era mimo. Mimo em excesso. Seu pai é duro na queda. E como ele mesmo avisou, assim que vim morar aqui: “Espero que fique bastante tempo. Sophia ama você. Mas um dia ela caminhará sozinha e nesse dia, por favor, não a impeça. Acertaremos as contas, e arrumarei tudo que for necessário a você.”

-Nossa! –Falei baixinho. Meu pai disse isso. Que ruim ele!

-Eu sempre achava que esse dia não chegaria! Mas ele chegou. E eu sinto muito.

-Mas Lucy! Ei você me ama como filha não é? –Eu estava nervosa, ansiosa, sei lá com medo. –Você não pode me deixar. O que serei sem você?

-Seu pai já tinha falado para que eu fosse, quando você completou 15 anos, consegui estender até agora. Mas agora Sophia não dá mais.

-Ele esta fazendo isso por que estou sendo má filha? Se for isso, eu melhoro. Eu juro.

-Não sei Sophia. Mas ele me disse a um tempo atrás que era para eu lhe deixar. E eu tenho prazo para isso!

-De quanto é o prazo? E você não viajaria comigo? E quais foram às palavras dele?

-Acalme! Lembre-se de ser madura.

-Desculpe, mas agora não dá. Não mesmo.

-Ele falou exatamente assim “Viaje com Sophia, como que por despedida, e depois de uns dias que vocês voltarem, você e Kelvin vão! Acertaremos tudo. E não é ruindade minha, é pelo bem dela. Você concorda?”

-E o que você disse? Concordou?

-Concordei.

-Lucy, francamente. Tenha dó né. -:/

-Sophia, eu sentirei muito. Mas você realmente precisa caminhar só.

-Então por que meu pai não me livra dos seguranças?

-Eles são SEGURANÇAS sua segurança. Entenda.

-Por isso que você estava estranha esses dias?

-Sim. Desculpe. Mas eu tenho de acostumar ficar longe de você.

-Lucy, obrigado por me dizer. Ao menos você é honesta desse meio.

-Eu não deveria. Vou contar aos seus pais que lhe disse. Prefiro levar bronca a lhe ver como estava. Estava bem preocupada com essa sua mãe aqui né? –Ela puxou minhas bochechas, delicadamente.

-Não sabe o quanto. E fique tranqüila, não vou dar chilique. Mas as coisas não vão ficar assim.

-Sophia! Cuidado! Não faça eu me arrepender de lhe contar.

-Eu já suspeitava de tudo. Só não era concreto. Não se culpe. –Dei um beijo nela e subi rumo meu quarto (como sempre).

-Ei espere! Olha o que faz em!

-Não se preocupe. Tudo ficará bem. Agora eu preciso resolver outra questão. Lile.

-Depois quero conversar com você sobre essa menina; ainda não entendi nada!

-Explicarei tudo depois. Mas retire que eu sou REBELDE. –Eu ri.

-Você não é.

-Você tem aula! Não se atrase! Ou melhor, você já está atrasada sete e quinze!

-Não vou à aula!

-Por que não?

-Sofri emoções fortes.

Ela riu.

-Só você mesmo menina! Não tem provas hoje?

-Não. Um dia só não me fará diferença.

-Vou confiar em você!

 

Aquilo tudo fazia redemoinho na minha cabeça. Eu memorizava o “SEJA MADURA”, mas se ser madura era agüentar tudo isso com um sorriso na cara. Eu não sou madura! FATO.

 

-Desculpe a demora, resolvendo questões familiares. Está com fome?–Falei enquanto entrava correndo feito doida no quarto. Ela estava arrumada. E estava lindíssima. Nem parecia a menina da noite anterior. Ela tentava distrair olhando na janela, minha janela tinha uma ótima vista.

-Não esquenta! Desculpe-me tudo isso é por minha causa. Não estou com fome não!

-Que isso! Isso não tem nada a ver com você. Aliás, graças a você consegui resolver essa questão. Graças primeiramente a Deus que colocou você aqui. –Eu sorri triste. Mas como dizem melhor um sorriso triste do que a tristeza de não saber sorrir.

-Não estou entendendo nadinha!

-Senta ai.

 

Contei a historia toda de Lucy. E chorei mais uns litrinhos.

 

-Nossa! Que triste ela ir embora, em?

-Nem fala.

Ficamos pensativas por um tempo e eu evitando o silêncio para não pensar em tudo isso, disse:

-Sabe, todo mundo quer ser rico, quer ser milionário. Eles falam isso porque não conhecem realmente essa situação.

-Mas dinheiro faz falta!

-Que faz, faz! Mas ele não é tudo. E tantas pessoas colocam o dinheiro na frente de tudo. Exemplo quem rouba. Eles desrespeitam a vida de pessoas semelhantes a eles por ganância. Isso é muito horrível!

-Concordo. Eu sou pobre, mas nunca roubei. Melhor pobre e digna. A rica e ladra.

-Sabe aquelas mensagens bonitas que vemos e achamos que é só mensagem que na vida real não existe?

-Sei, já cansei de pensar isso.

-Pois então. Tem uma que fala mais ou menos assim: Dinheiro traz a cama, mas não o sono. A comida, mas não o apetite. A casa, mas não o lar... E por ai vai.

-Já ouvi mesmo.                  

-Pois então, é verdadeirissima essa mensagem. Eu tenho casa, mas lar mesmo é muito raro eu ter.

-Raro?

-É sim. Minha casa parece mais um comício, e uma agencia de empregados do que um lar.

-Sophia, eu achava sua vida perfeita!

-Olha, nada é perfeito. Mas as coisas são bem melhores quando o principal é o amor. Eu amo meus pais, eles me amam, mas eles nunca colocam isso em primeiro lugar entende?

-Entendo.

-E sabe aquela historia que dinheiro não compra amigos? Pois não compra mesmo. Desde que meu pai virou presidente, as pessoas querem estar próximas de mim, me tratam como sei lá A SUPERIOR, com devoção, não como amiga. Amigo é aquele que discorda de você quando está errada. Não é aquele que fica igual largatixa (balançando a cabeça pra tudo que você fala).

-As pessoas já foram falsas com você?

-Muito. Tinha gente que eu podia falar, por exemplo, que eu tenho os cabelos até o pé e a pessoa concordar com aquilo “Já que você diz que tem, você tem!”. Já teve vez de mães do pessoal da minha escola mandar os filhos conversar comigo, e pedirem para eu pedir coisas para meu pai. E por ai vai.

-Que chato!

-Uma vez entrei para líder de torcida, eu era a pior de lá. Mas como eu sou a filha do presidente, fui colocada no centro, e mesmo eu errando tudo, ainda diziam: “Que linda! E como é boa nisso!” Como eu tenho senso sai de lá, se dependesse do povo eu ia arruinar a dança e ninguém me tirava.

-Sophia, realmente eles foram falsos. –Ela disse rindo. E me fez rir também.

 

Eu e Lile ficamos conversando muito tempo. Contei varias coisas bárbaras da minha infância. E ela me contou a situação dela. Eu prometi ajudar de alguma forma. E eu vou cumprir.

A vida da Natalie não era fácil. Não era mesmo.

Comecei a pensar condições sociais, que coisa mais idiota! Se tanto pobre quanto rico sofre. Seria bom se houvesse igualdade. Vou falar isso com o presidente, quem sabe?

Eu e o Senhor Presidente, temos muito que resolver. Mas eu vou aos poucos.

 

Eu e Lile tínhamos conhecido há pouco tempo, mas éramos como amigas de infância. Eu gostava de contar as coisas a ela, e ela parecia me tratar como uma pessoa normal. Além de tudo ela era simples, me fazia sentir simples também. Ela era bem diferente das outras pessoas que diziam minha amiga.

 

Nós fomos para a mesa do café da manha depois de mais de duas horas que Lucy tinha nos chamado. E ela se assustou com a mesa enorme e cheia de coisas. Lucy nós esperou, coitada devia estar faminta assim como eu. Ela se sentou conosco, eu fazia questão da presença dela a mesa conosco desde quando eu era novinha. Ela sentava comigo todos os dias, mas quando eu estava com meus pais ela e Kelvin preferia deixar nós três a sós. Mas isso era raro, meus pais dificilmente estavam lá.

 

E eu contei tudo, Lucy me pediu desculpas pelo REBELDE. Expliquei tudo sobre Lile, e ela se emocionou, por sorte na hora que as lágrimas iaô cair com força Kelvin chegou com um sorriso estampado quando viu Lile.

Eu e Lucy percebemos, e rimos muito, atrapalhando os planos das lágrimas. Lile não entendeu e se entendeu fingiu não entender.

 

-Não vai à aula Kelvin? –Perguntei.

-Não. Já que você não vai, eu também não vou! –Ele disse se sentando, encarado em Lile.

-É menino fica faltando de aula pra ver. As notas vão ficar baixíssimas.

-Olha quem fala! –Retrucou Kelvin. -Eu tenho motivos.

-Eu também.

-Não, não tem.

-Tenho sim.

-Qual então?

-Minha preguiça, resolveu sair da toca hoje!

-Senhor Preguiça!

-Senhora Maria Polemica!

-Chega meninos! Parem a discussãozinha.

-Ah estava legal mãe. –Ele falou dengoso.

-Vocês parecem irmãos. –Falou Lile, e Kelvin arregalou os olhos ao ouvir a voz dela. Depois suspirou.

-Somos sim. De consideração. Amo ele. –Falei mandando beijinho.

-Que fofo!

-É, é sim. Meus filhos. –Lucy, cheia de orgulho.

-Kelvin você disse Maria Polemica?

-É por quê?

-Oh céus, eu preciso dos jornais urgente! –Falei preocupada.

-Precisa ver mesmo! Mas coma senão perde o apetite! –Lucy franziu a testa, chateada.

-Tão serio assim? –Perguntei triste.

-Sim.

-Oh não! Eu preciso ler agora. Não agüento deixar nada para depois. Soraia? –Gritei chamando uma das empregadas.

-Sim? –Ela veio a jato.

-Por gentileza traga todos os jornais, que falem de mim, de nós.

-Todos que estão aqui? Ou todos da banca?

-São tantos assim? –Perguntei desanimada.

-Sinto muito.

-Todos daqui, de lá. Todos eles.

-Breve terá em mãos.

-Obrigado. –Sorri para ela e me virei para Lile. –Oh céus vou passar o dia todo lendo jornal, tudo a meu respeito!

-Já são quantas horas? –Lile perguntou. Eu apontei para o relógio de parede da sala de jantar.

-Meu Deus! São nove e meia. É tarde preciso ir. Se eu não vender hoje estou frita!

-Calma! Não está não. Confie em mim, tenho tudo sobre controle.

-Tem mesmo Sophy? –Lucy me encarou.

-Sim. Tanto para o problema dela, quanto o nosso.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler...
Obrigado a Reeh pela indicação. Ameii.
Obrigado pelos reviews.
Coloquei fotos no capitulo 10. Desculpe por ter colocado depois.
Comentem? Sugestões caem muito bem tambem!
Bjo.