Blackwhite escrita por carol_teles


Capítulo 22
Familia


Notas iniciais do capítulo

oi gente! Aqui está um capitulo novíssimo para vocês! E nem demorou tanto assim! ^^ Esse ficou mais longo que o passado, acho, então vocês vão ter com o que se entreter por pelo menos 10 minutos.
Bem, vou ver se consigo postar o próximo capitulo daqui duas semanas. Vou começar um curso hoje e ocupa toda a minha tarde e depois dele tenho que ir para as aulas de autoescola. Isso ai, vou dirigir!
Bem, curtam o capitulo! Ate a proxima.



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…:Normal POV:…

– Mesmo? – Kei pergunta com seriedade, sentado na cama e olhando para a garota em pé a sua frente.

– Sim. – Amu responde pela milionésima vez, revirando os olhos com a insistência do garoto.

Era noite já e Kei havia passado na casa da garota para visita-la. Mas agora ele estava pensando em mudar seus planos. Talvez dormisse ali para ter certeza de que a garota ficaria bem sozinha. Sinceramente, ele temia por ela. Mesmo que não fosse mais namorada de um dos líderes das gangues maiores, ainda sim havia sido um dia, além de continuar sua amiga (ou pelo menos era o que falavam) e ser amiga de dois lideres. Amu estava, querendo ou não, no meio da linha de fogo, e Kei, como seu irmão mais velho e responsável por ela (autodeterminado) ele tinha que protege-la.

– Eu não sei não… Você anda muito estranha esses dias. E da outra vez que te vi na rua, só faltou me matar de susto tentando me bater.

– Você queria o que?! – a garota bufa, olhando para ele com irritação – Você chegou por detrás de mim, todo quietinho como se fosse um psicopata! Eu achei que ia me atacar ou algo assim!

– Amu, mesmo que eu fosse um psicopata, ninguém reagiria assim. A maioria das pessoas correria ou então gritaria por ajuda.

– Me desculpe por não ser como a maioria das pessoas. – Amu fala sarcasticamente.

– Não é esse o ponto. O que quero saber é se você não está escondendo nada de mim.

– E eu já disse que não!

– Você tem certeza? Amu, por favor, eu não vou brigar com você. Só quero protege-la. Se tiver alguém seguindo você, eu quero que me conte.

– Por que você insiste que tem alguém me seguindo?

– Por causa da sua reação naquele dia e pelo fato de não estar negando agora mesmo. – o garoto estica os braços, segurando as mãos da garota nas suas e trazendo-a para perto – Amu, isso é sério. Você sabe como funcionam as gangues. Mas nós não estamos fazendo parte de uma luta qualquer por território entre gangues. A coisa tá séria e o Akira está fazendo movimentos que… bem, que me faz temer pela sua segurança.

– Kei, por favor. – Amu sorri, pegando o rosto do garoto entre suas mãos – Eu sei que você só quer me proteger. Mas eu já sou grandinha. Posso me proteger. Vocês me ensinaram tudo que eu tinha que saber. Além disso, por que ele viria atrás de mim?

– Você já namorou o Ikuto-kun. E você humilhou ele na frente da sua escola inteira e dos homens dele. Foi uma baita de uma primeira impressão.

– Foi ele quem ficou no meu caminho. – ela ri, fazendo o rapaz sorrir – Além disso, se essa luta é tão importante, por que ele viria atrás de mim? Não iria ganhar nada.

– Eu disse que você e o Ikuto-kun…

– Não estamos mais juntos. – ela interrompe – E mesmo que estivéssemos, o que ele vai fazer? Me sequestrar? Me ameaçar com o ursinho de pelúcia dele?

O garoto solta uma gargalhada ao ouvir suas palavras. Nunca havia pensado que alguém falaria uma coisa sobre alguém como Akira. Ou sobre qualquer um que fizesse parte de uma gangue.

– Só você, Amu-chan, para deixar essa confusão engraçada.

– Sou demais não é? – ela sorri, estufando o peito, toda orgulhosa de si e Kei ri mais uma vez.

– É, você é. – ele se levanta, pegando o casaco que estava em cima da cama e vestindo. – Já que você está dizendo que está tudo bem, vou embora. Mas vou vir aqui de novo no final de semana. Talvez a Lulu venha comigo.

Ela franze as sobrancelhas, como se lembrando de algo desagradável e o garoto a encara, curioso e ao mesmo tempo desconfiado. Não que ele não confiasse nela, mas a garota era simplesmente muito independente para seu próprio bem. Se ela tivesse em alguma situação que significasse perigo para alguém próximo de si, ela mentiria até a morte sobre estar em perigo. E ele realmente não gostava disso. Quando será que ela havia adquirido esse hábito de colocar a segurança dos outros acima da sua? E de não querer a ajuda de ninguém com medo de ser um problema?

– Eu acho que vou estar no colégio esse final de semana.

– Hã? Por que? Você tem aula?

– O festival de verão começa na próxima semana. Minha sala vai se reunir para ajeitar tudo.

– Hm… Então eu vejo você nesse festival. Eu posso ir, não é?

– Claro que sim! – a garota sorri, abraçando-o – Vou adorar ver você lá!

– Okay. – ele passa os braços ao redor dela, apertando forte e então soltando. – Acho que está na hora de você ir para a cama.

– Você tinha que falar isso não é? – ela cruza os braços, fazendo um biquinho de criança. – Não sou mais um bebê.

– É a minha bebezinha. – ele passa a mão no cabelo dela, bagunçando-o.

– Hey! Vai embora! – a garota grita, empurrando ele em direção a porta de seu apartamento enquanto ele ria.

– Okay, okay. Já estou indo. – ele sai, ainda rindo.

– Não sei como a Lulu aguenta você!

– Por favor! Ela tem sorte de ter um irmão tão bonito quanto eu. – ele responde, apenas para ter a porta fechada na sua cara e um grito de resposta.

– Idiota!

Amu fica encostada na porta, sorrindo. Ela tinha mesmo muita sorte de ter um amigo como Kei se preocupando com ela. Ajeitando seus cabelos, andou até a janela para ver se o garoto já havia ido embora e sentiu seu corpo ficar completamente gelado ao ver a sombra de uma pessoa do outro lado da rua. Sem desviar seus olhos, a garota ficou ali, quieta, esperando. Depois de alguns segundos, ela viu um rapaz sair das sombras e olhar diretamente para sua janela, seus olhos se encontrando.

Abaixando-se rapidamente, a garota prendeu a respiração, rezando para que ele não decidisse ir até ali. Então ela estava certa! Realmente havia alguém seguindo ela! Mas por que? Será que era algum fã? Ou era algum louco? Ela realmente não queria lidar com um psicopata assassino. Mas… será que Kei estava certo? Será que havia alguém de alguma gangue observando ela? Mas por que? Todo mundo sabia que Ikuto havia terminado tudo com ela. E se eles realmente estivessem querendo sequestrar alguém próximo dele para chantageá-lo, por que não Utau? Ela irmã dele! Alguém muito mais próximo do que a ex-namorada. Se bem que ela havia humilhado aquele tal de Akira.

A garota soltou uma risada. A cara dele quando fora jogado no chão na frente de todo mundo fora hilária. Então ela lembrou porquê havia se escondido e colocou as mãos na boca. Será que ele ainda estava ali?

Levantando-se lentamente, a garota segurou a cortina, empurrando-a lentamente para o lado e abrindo espaço para seus olhos. Suspirou aliviada ao ver que não havia mais ninguém ali, mas por precaução observou a rua por alguns minutos. Vai que ele havia se escondido em outro lugar. Ela não queria correr o risco. Mesmo que ela pudesse se proteger caso alguém decidisse invadir seu apartamento, ela ainda não queria criar confusão. Vai que algum repórter descobria.

Sentindo seu corpo relaxar aos poucos, a garota foi até a porta, trancando-a e colocando uma cadeira embaixo do trinco, apenas por precaução. Fechando as luzes, olhou mais uma vez pela janela e quase gritou ao ver que o homem estava lá novamente, dessa vez no muro de seu condomínio. Ele provavelmente pensou que o muro o escondia. E era verdade, mas o poste de luz ali perto revelava sua sombra e sua posição para qualquer um. Ela assistiu quando o rapaz saiu de seu esconderijo, seus olhos nunca desviando da direção de seu apartamento, e colocou o celular no ouvido, falando alguma coisa com alguém. Amu desejou ter uma audição biônica para escutar o que ele estava falando. Então o rapaz desligou e olhou estranhamente para o celular, para então sorrir como se soubesse de algum segredo engraçado, virar as costas e andar para longe dali, indo embora.

~Próximo Dia~

Ikuto sorriu após derrubar Nagihiko pela 4ª vez.

– Ah, cala a boca Ikuto! – o garoto no chão reclamou, irritado por ter perdido seguidas vezes.

– Não estou falando nada.

– Mas está pensando! – ele se levanta, batendo em suas roupas para limpá-las – Já chega para mim. Tenho um orgulho também, apesar de ele estar em pedaços agora.

Ikuto solta uma risada e vai até o frigobar, pegando duas garrafas de água e jogando uma para Nagihiko, que sorri em agradecimento.

– Ikuto! – Kukkai chama, finalmente falando desde que chegara ali – Me ajuda!

– Eu já disse Kukkai. Qualquer pai trata o namorado da filha daquele jeito.

– Mas ele não gosta de mim! Ele vai mandar a Utau terminar comigo! – o garoto fala, quase com lágrimas nos olhos.

– Ah, por favor! E você acha que a minha irmãzinha, do jeito que ela é, vai obedecer?

– Talvez ela obedeça!

– Ela não vai. Então da para relaxar?

– Não, não dá para relaxar! Com você se sentiria se os pais da Hinamori não gostassem de você?!

O silêncio que veio a seguir era repressivo, com ninguém sabendo como reagir. Nagihiko e Tadase trocaram um olhar, imaginando como Kukkai se livraria dessa ou como Ikuto responderia a isso.

– Desculpa, mas o que os meus pais tem a ver com o que vocês estão falando? – a doce voz da garota preenche o silêncio e os quatro se viram, dois deles amaldiçoando não poderem escutar a resposta do chefe, um deles agradecendo aos céus a interrupção e o outro… simplesmente encarando a garota.

– O que está fazendo aqui Amu-chan? – Tadase pergunta, sorrindo e afastando para a garota sentar.

– Eu vou me encontrar com a Utau daqui a pouco e pensei que poderia passar o tempo aqui. – ela sorri, sentando, então olhando para Ikuto – Está tudo bem, não é?

– Você pergunta como se fosse me obedecer se eu mandasse dar o fora daqui. – ele revira os olhos, mas sorri mesmo assim.

– Que bom que me conhece tão bem! – a garota ri – Mas sério, o que meus pais tem a ver na discussão de vocês?

– Não é nada Amu-chan. – Nagihiko fala, sorrindo – é só o Kukkai falando as besteiras dele.

– Ahh, Utau me falou sobre o encontro de vocês ontem. – a garota riu – Eu queria muito ter estado lá. Ela disse que nunca havia segurado tanto o riso.

– Que bom que meu sofrimento é causa de alegria para ela. – Kukkai resmunga sarcasticamente.

– Kukkai, por favor, Aruto-san estava apenas brincando com você. Ele não faria nada que fosse magoar a Utau. Ou o Ikuto.

– Eu…

– Não de propósito. – Amu termina, interrompendo o garoto antes que ele começasse a discutir o ódio pelo pai.

– Então ele gostou de mim? – Kukkai pergunta, criando esperanças, mas sentindo elas serem destruídas ao ouvir a gargalhada da garota.

– Você está de brincadeira?! Qual o pai que gostaria do namorado da filha, que vai leva-la para a cama e casar com ela, levando-a para longe dele?

– Hinamori! – todos riem ao ouvir o desespero na voz de Kukkai.

– O que? É verdade. – a garota dá de ombros, ainda sorrindo.

– Mas ele gostava de você quando vocês namoravam! – Kukkai fala, apontado para Amu e Ikuto.

– Por favor. Era eu quem estava em perigo de ser deflorada, não o contrário. Além disso, quem resiste a uma garota fofa como eu? – Amu sorri, piscando os olhos e fazendo uma pose inocente.

– Ela está certa. – Nagihiko concorda, sorrindo.

– Ah é! Ikuto, seu pai pediu para eu dar isso para você. Parabéns! Eu não sabia que você era o presidente da cadeia de hotéis. – ela sorri, entregando a ele papeis tirados de sua bolsa.

– Valeu. – o garoto pega os papeis.

– Bem, é melhor eu ir indo se não quiser chegar atrasada. Tchau pessoal. – a garota sorri – Vou falar com o Aruto-san para você, Kukkai.

– Eu amo você hinamori! – o garoto sorri, abraçando-a com força, fazendo-a rir.

– Droga. – Ikuto resmunga – Eu tenho que ir em casa resolver isso. Falo com vocês depois. – o garoto se levanta, pegando o celular e o casaco – Quer uma carona Amu?

– Hm? Não, obrigada. É ali na esquina. Depois vamos para os shopping.

– Não tem medo de ser reconhecida? – ele pergunta, enquanto sobem as escadas.

– …Droga. – a garota bufa, fazendo-o sorrir.

– Bem, falo com você depois. – ele sobe em sua moto, dando a partida, lançando-a mais um sorriso e indo embora.

– Espero que você não fique muito zangado…

~Algumas horas depois~

Ikuto olhou para o relógio, suspirando. Aquele problema tinha demorado para resolver mais do que ele previra. Espreguiçando-se contra a cadeira, o garoto bocejou. Já estava anoitecendo. Ele virou a cadeira, olhando para seu quarto e sorriu ao perceber o que era a primeira coisa que seus olhos haviam se fixado. Levantando-se, ele andou ate o móvel ao lado de sua cama e pegou o porta retrato em suas mãos, sorrindo suavemente ao olhar para a foto.

Passando os dedos suavemente em cima da foto, ele desejou estar de volta àquele tempo. Ele nunca havia sido tão feliz quanto naqueles momentos. Ela sempre o fazia rir, sempre o fazia feliz. Mesmo quando ela brigava com ele porque ele tinha feito algo de errado, depois ela iria beijá-lo na testa, passar as mãos em seus cabelos (ela amava seus cabelos. Sempre dizia que eram como pelo de gato) e perdoá-lo.

Tirado de seus devaneios pelo toque de seu celular, ele suspirou, colocando o porta retrato em seu local, bem ao lado de sua cama, para que a primeira coisa que visse quando acordasse fosse ela; ele tirou o celular do bolso, já imaginando qual problema eles queriam que ele resolvesse agora.

– Alo? – ele falou monótono, sem se importar de olhar o identificador de chamadas.

– Ikuto! – ele escutou o grito e imediatamente ficou alerta.

– Amu?! O que foi?

– Ikuto! – a garota repete e ele escuta seus soluços – Ikuto!

– Amu? O que aconteceu? Você está bem? – ele se levanta, já pegando a chave de sua moto, pronto para ir até a garota.

– Utau… A Utau! Eu sinto muito! Eu não consegui… Ele veio do nada e ela…

– Amu, o que aconteceu? Onde está minha irmã?!

– O carro… Ela… - a garota não parava de soluçar e ele imaginou seu rosto imerso em lágrimas.

– Amu, por favor, acalme-se. O que aconteceu com a Utau?

– O carro, Ikuto! Ela estava atravessando a rua… e o carro… E-eu chamei a ambulância… M-mas… Ikuto! – ela soluçou novamente e o garoto sentiu a dor atravessar seu coração. Sua irmãzinha havia sido atropelada – …tanto sangue! Tinha sangue em toda parte e ela não me respondia não importava o que eu falasse!

– Amu, me diga agora onde você está! Estou indo para ai agora! – o garoto fala urgentemente, já descendo as escadas em direção a porta.

– E-eu… eu estou no hospital da rua XXX. Eu sinto tanto Ikuto! Foi tudo culpa minha! Eu não devia ter chamado ela para sair e…

– Amu! Não é culpa sua, ok? Eu já estou indo. Não saia dai. – após ele escutar um gemido em resposta, desligou, ligando a moto e disparando pelo portão de entrada em direção a rua.

Se sua irmã morresse… ele não sabia como reagir. Nunca em sua vida havia imaginado algo assim ocorrendo. Não com Utau, que estava sempre gritando com ele para ele tomar mais cuidado quando dirigindo. Ele não poderia imaginar como Amu estava se sentindo no momento. Ele sabia que ela havia presenciado mais mortes do que uma pessoa normal deveria e ele realmente não queria que ela presenciasse mais uma. Mesmo que sua relação agora fosse… indefinida, ele não desejava isso para ela.

Acelerando, o garoto provavelmente bateu recorde de tempo. Ele largou a moto na entrada do hospital, jogando seu capacete em cima dela e, ignorando os gritos de um dos seguranças para que ele tirasse a moto dali, ele correu para dentro do hospital, já sabendo o andar para o qual vitimas de acidentes iam. Batendo o pe contra o chão, ele xingou a lerdeza do elevador e assim que ouvir o aviso de que havia chegado em seu andar, já estava fora dele antes das portas abrirem completamente. Ele percorreu o corredor, não vendo Amu em lugar algum e pegou o celular pronto para ligar para ela, quando sentiu braços ao redor de seu corpo e grunhiu com o peso.

– Ikuto! – uma voz grossa falou atrás de si e ele franziu os olhos. Com certeza não era Amu que estava abraçando-o agora. Ele se virou, tentando ver quem estava atrás de si e quase caiu para trás ao sentir os braços que estavam ao seu redor empurrarem-no para longe – Você está bem? Amu-chan me disse que você havia sofrido um acidente de moto e eu corri para cá o mais rápido que pude!

Ikuto observou seu pai apalpando seu corpo, seu rosto uma mistura de medo, aflição e alivio. Ele nunca havia visto ele daquele jeito. Nunca.

–Ah meu Deus, estou tão feliz que esteja bem! Não sei o que faria se você também me deixasse, filho! – Aruto abraçou o garoto mais uma vez, assegurando a si mesmo de que ele estava ali, bem e a salvo.

– Do que você está falando? – Ikuto finalmente fala, tirando os braços do homem de si e afastando-o.

– Você sofreu um acidente! Amu-chan me disse que vocês iam se encontrar hoje, mas que um carro bateu na sua moto e que você estava muito mal… - o homem parou de falar, sua testa franzindo – Você não parece mal.

– Como eu disse, do que você está falando? A Amu me ligou dizendo que a Utau tinha sofrido um acidente de carro.

– O que?! Mas ela me disse que foi você…

– Aww, eu amo assistir esses encontros emocionantes de pai e filho. – ambos se viram ao escutar uma voz feminina e encaram chocados a garota – Você não adora também, Yashimoto-sensei?

– Bem… Sim, eu acho.

Ikuto olha o homem ao lado de Amu, sem reconhece-lo ou sequer entender o que estava acontecendo.

– Yashimoto-sensei? – Aruto olha para o homem, surpreso em vê-lo – Eu pensei que havia se aposentado depois que… Souko morreu.

– Oh, eu me aposentei, Aruto. Mas essa garotinha veio atrás de mim com uma emergência e eu não pude deixar de atender.

– Onde está Utau? – Ikuto pergunta, olhando para Amu.

– Provavelmente com a Rima.

– Então por que diabos você me ligou chorando e dizendo que ela havia sofrido um acidente?! – ele grita, frustrado com a situação.

– Shh! – Amu faz um sinal de silêncio – Você está no hospital Ikuto! Utau está bem. Eu tinha que atrair você para cá, não é?

– Mentindo?!

– Bem, se eu mandasse você vir para porque eu queria que você e seu pai fizessem as pazes, você não teria vindo, não é? – ela sorri.

– O que… Do que diabos você ta falando? E como você conseguiu fingir um choro daqueles!?

– Eu sou uma atriz Ikuto. Aquilo é coisa de criança para mim. – ela explica sorrindo, orgulhosa de si.

– Me desculpem, mas eu não estou entendendo. O que nós estamos fazendo aqui mesmo? – Aruto pergunta, completamente confuso.

– Bem, Aruto-san, você e o Ikuto não se dão bem. Ikuto odeia você por causa da mãe dele. E você simplesmente fica quieto na sua porque você acha que merece o ódio dele, apesar de isso não ser verdade. Então eu decidi ajudar.

– O que? Amu, o que eu sinto por ele não vai sumir em segundos só porque você quer. – Ikuto fala, irritado com tudo aquilo.

– Talvez não, mas com a verdade sendo dita, talvez.

– Que verdade? A que ele abandonou minha mãe quando ela mais precisou dele? Que ele se recusou a vê-la mesmo quando ela estava morrendo?!

– Ikuto, cala a boca. – Amu fala calmamente, chocando o garoto. – Yashimoto-san, por favor. - Amu olha para o homem ao seu lado que sorri.

– Hmm, deixe-me ver. Eu me lembro muito bem quando Souko-chan chegou ao hospital pela primeira vez. Ela estava numa situação bem avançada de câncer e seu pai me implorou para salvá-la. Eu nunca havia visto um homem tão desesperado quanto naquele dia. Normalmente, eu enfrento aquele desespero dos meus pacientes, mas parecia que era ele quem estava morrendo.

– Yashimoto-sensei, por favor… - Aruto pede, sua voz não mais que um sussurro.

– Ignore-o. – Amu fala – Ikuto merece saber o que aconteceu. E você precisa parar de se afogar em culpa, Aruto-san.

– Bem… Ela passou meses aqui, recebendo tratamentos de todos os tipos e ela estava melhorando. Seu pai vinha visita-la todos os dias, assim como você, Ikuto-kun e sua irmãzinha vinham vê-la.

– Visita-la? Ele vinha? Eu nunca o vi do lado dela!

– Só porque ele não estava aqui no mesmo tempo que você, não significa que ele não tenha vindo. Enquanto vocês vinham no período da tarde, seu pai passava a noite aqui e só deixava o quarto de sua mãe quando ela acordava. Eu lembro de minhas enfermeiras dizendo que era como estar vivendo no quarto de um casal, com eles dormindo juntos e acordando um para o outro. – o homem olhou para o lado, como se lembrando de algo e sorriu.

– E dai? Mesmo que ele tenha vindo visitar ela, ele não veio no dia em que ela morreu! Eu fui até ele, eu chamei por ele, implorei para ele vir e o que ele disse?! ‘ Estou trabalhando, filho’!

– Infelizmente, isso eu não posso explicar. Mas posso lhe dizer que no momento em que sua mãe piorou, seu pai passou o resto dos dias me perguntando sobre tratamentos alternativos, me ligando no meio da noite para perguntar sobre tratamentos e curas. Irritante, devo dizer, mas compreensível visto que ele estava sendo obrigado a assistir sua mulher morrendo aos poucos.

– Pare… Por favor, pare. Eu não quero escutar mais nada.

– Claro que você não quer escutar mais nada! Porque você sabe que é culpado!

– Sim! Eu sou culpado!!! Era isso que você queria ouvir, Ikuto?! Está ai! A culpa é minha! Toda minha que Souko morreu! Porque eu não conseguir achar nenhum tratamento para ela que fizesse efeito! Ela me falou que estava morrendo e eu não pude fazer nada! Nada! Que tipo de marido eu sou que não consegue fazer nada quando a mulher fala isso?! Eu tentei de tudo! Passei semanas ligando para hospitais de todo o mundo, procurando, perguntando e nenhum podia ajudar! – as lágrimas caiam por seu rosto livremente, a dor e o sofrimentos expostos em sua face – Eu… eu lembro de todas as noites aqui, de como ela sorria para mim como se tudo estivesse bem… Mas não estava! Ela estava morrendo! E eu não podia fazer nada! Todas as noites eu a observava ir dormir, com medo de que ela não acordasse mais… E foi isso que aconteceu. Tabata havia me ligado naquela noite, dizendo que um dos hospitais havia ligado e que talvez pudessem ajudar. Eu me lembro do sorriso que ela me deu, me dizendo que eu era o melhor marido que ela poderia desejar, mas… ela disse que não daria tempo. Que ela não tinha mais tempo. Eu pensei que ela estava sendo pessimista. Então eu ignorei. Eu estava tão feliz que havia encontrado um jeito… Eu não podia aceitar. Eu nunca aceitaria ela partir. Então eu a beijei e a acalmei, apesar de que, pensando nisso agora, era eu quem provavelmente estava sendo acalmado. Eu lembro das últimas palavras dela… ‘Eu amo você Aruto. Cuide de nossos filhos.’ –o homem se virou, dando as costas a todos, mas eles podiam perceber o quão duro era para ele falar sobre aquilo. Seus ombros tremiam, assim como todo o seu corpo.

– Aruto-san…

– Assim que ela voltou a dormir fui para casa. Eu lembro de estar falando com o diretor do hospital inglês quando o Ikuto entrou no nosso quarto. Ele me chamou para ir ver Souko, mas eu não...

– Você não veio. – Ikuto completou.

– Sim. Eu acho que… quando você me chamou, eu já sabia que ela estava… que ela já havia partido. Ela nunca havia errado nos seus pressentimentos. Mas eu não podia aceitar. – ele balançou a cabeça – Eu não queria aceitar. Então eu fiquei, achando que se eu não fosse, de algum modo, a morte dela não se tornaria verdade. – ele sorriu amargurado – Obviamente não funcionou. E eu ainda consegui o ódio de um dos meus filhos. – ele se virou, olhando para Ikuto como o rosto repleto de lágrimas, que caiam sem impedimento, levando com elas toda a dor que o homem guardara em seu coração por todos aqueles anos – Eu sinto muito Ikuto. Eu fui egoísta. Estava pensando apenas em mim quando deveria saber que você amava sua mãe tanto quanto eu. Eu deveria ter estado lá por você. Pela Utau.

– Mas você não estava. Eu tive que assistir a Utau chorando quando eles nos falaram. Eu tive que abraça-la enquanto eles levavam a mamãe.

– Ikuto! – Amu grita, horrorizada com a insensibilidade do garoto. Ali estava o pai dele, colocando seu coração para fora e se desculpando e o garoto falando aquilo.

– Mas você está aqui agora. – Ikuto continua, surpreendendo a todos - Você está aqui agora. Você pode fazer todas as coisas que… pais fazem por seus filhos. Utau precisa do pai.

– Mas você não? – o homem o olha, sentindo seu coração partindo mais uma vez.

– Já sou bem grandinho. Acho que posso cuidar de mim mesmo. – o garoto responde e após alguns segundos sorri – Apesar de que de vez quando… não faz mal ter alguém cuidando de mim.

– Ikuto… - o homem sorri, as palavras escapando enquanto a felicidade preenchia todos os buracos de seu corpo e alma.

– Sabe, nos drama que eu assisto, sempre tem um abraço no final. – Amu sorri, fazendo o homem ao seu lado rir.

– Não força a barra Amu. – Ikuto resmunga, como se estivesse irritado, mas a garota sabia que ele estava apenas embaraçado. Não era do tipo emocional.

– Eu posso? – Aruto pergunta, dando dois passos em direção ao garoto e parando a sua frente – Vai ser rápido, eu prometo. – ele tenta convencê-lo.

– Ta bom. – ele resmunga, sabendo que não se livraria daquilo até dizer sim – Mas ráp… - Aruto o interrompe antes de terminar a frase com um grande abraço, apertando-o com firmeza contra seu corpo.

– Eu amo você, filho. – ele sussurra e Ikuto arregala os olhos, para então sorrir gentilmente.

– Eu sei, pai. Eu sei.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

– Então… Como você se sente agora que sabe de toda a verdade? – Amu pergunta sorrindo para o garoto sentado ao seu lado.

Aruto e Yashimoto haviam ido embora minutos antes, conversando ao longo do caminho, enquanto Ikuto e Amu haviam ficado para trás.

– Para ser sincero, aliviado. Acho que você estava certa sobre odiar alguém não ser saudável. – ele sorri ao escutar a risada da garota.

– Bem, estou feliz por você.

– Mas Amu, por que fez isso? – ele a olha com seriedade e confusão – Depois do que eu fiz para você… eu esperava que você me odiasse.

– Sabe, no começo eu realmente queria odiar você. Eu até mesmo rabisquei fotos suas com bigodes e cabelos saindo do seu nariz e coloquei vestidos em você. – o garoto ri e Amu sorri – Mas eu não consegui. Então eu tentei ir em frente, esquecer você. Quase aceitei a confissão do Kazuma-kun, mas alguma coisa dentro de mim não deixou.

– Então… Você ainda gosta de mim?

– Como um amigo? Sim. Eu me diverti muito quando estávamos juntos, Ikuto. E ainda me divirto. Então eu acho que esse é o meu adeus.

– Adeus?

– Sim. Adeus a parte do meu coração que insiste em gostar de você como mais do que um amigo. – ela se levanta e se vira, ficando frente a frente com ele. Lentamente ela se abaixa e beija sua testa suavemente, fazendo o garoto prender a respiração – Eu me diverti muito com você, Ikuto. Obrigada por ser meu namorado. – ela afastou seu rosto e sorriu.

O garoto a observou por um segundo, então esticou o braço, seus dedos tocaram sua bochecha e ele os usou para expulsar a lágrima solitária que havia caído por seu rosto. Lentamente, ele aproximou seu rosto do dela, seus lábios pairando a centímetros dos dela e quando ela pensou que ele a beijaria, ele desviou o rosto, depositando um beijo suave em sua bochecha.

– Amigos? – ele sorriu para ela, segurando sua mão.

– Amigos. – a garota sorriu.

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Amu sorriu ao olhar para o céu e ver tantas estrelas. Era raro ver estrelas no céu de tokyo por causa de toda a poluição, mas parece que hoje o céu estava limpo. Ela olhou para uma das estrelas que brilhava mais intensamente do que as outras, parou e sorriu.

– Espero que esteja feliz, Souko-san.

Tudo aconteceu rápido. Ela sentiu algo batendo contra suas costas e caiu de joelhos no chão, sentindo o ar deixar seus pulmões. Então alguém colocou um pano contra seu rosto, impedindo-a de respirar. Ela tentou bater na pessoa atrás de si, mas havia outra pessoa segurando seus braços. Lentamente ela foi perdendo sua consciência e a última coisa que viu antes da escuridão tomar conta de seus sentidos foi o céu sendo tomado por nuvens que encobriram as estrelas.


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Notas finais do capítulo

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