Noiva por Herança escrita por Juffss


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora meus amores, mas aqui está mais um cap, espero que gostem...
Mereço recomendações por NH?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/85503/chapter/8

Empresa McCarty

23 de dezembro de 2005

23h01min

Devo confessar que tentava ficar mais tempo do que meu simples expediente todos os dias. Demorava mais para ler um contrato, ou até mesmo redigi-lo. Tudo isso para ficar perto de Emmett. Aquele musculoso de covinhas não era como todos os outros... Ele tinha um coração e pra mim esse coração parecia crescer mais e mais a cada segundo que passava com ele.

Desde incontroláveis sorrisos sem motivos a abraços que precisávamos a nossa relação chefe-funcionaria havia se transformado em algo mais. Tudo bem que não chegava perto do que eu sonhava de noite, mas pra mim uma amizade com ele já estava de bom tamanho, até mais que simplesmente ótima.

Mas acima de tudo eu acho que deveria confessar que a aproximação da data me deixava ansiosa. O filho de Emmett logo estaria vindo ao mundo e então ela teria uma peça a mais, e essa era uma peça que eu nunca teria... Mesmo tendo me aproximado dela para poder curtir a gravidez de um bebê ela ainda me reprimia, e me ameaçava todos os dias. Acredito, porém, que as ameaças se devem ao fato de fazê-la comer bem.

- Rose... Vamos pra casa – ele choramingou trazendo minha cabeça ao planeta Terra novamente. – É quase véspera de natal.

- Eu tenho que terminar – olhei para ele como se pedisse aquilo.

- Você pode terminar semana que vem... Do jeito que tá parece não querer viver o natal!

- E eu não quero – soltei.

- Como assim não? O natal é uma época importante...

- Já foi... Não é mais pra mim...

E aquilo era a verdade. O Natal nunca foi o mesmo desde que minha mãe se foi... Depois daquela data o papai Noel nunca me deixou um presente debaixo da árvore... Só meu pai, e olhe lá. Acreditei por um tempo ter sido uma menina má, até Vera me contar que papai Noel não existia. Acho que me contentei com isso. Natal era pra se passar com a família, e como eu não tinha mais nenhuma... Vera havia me ligado dois ou três dias atrás e perguntado se não queria passar o Natal com ela, me neguei, pois estava “cheia de trabalho”. Sentia-me mal de mentir para ela, mas não queria comemorar o natal.

- Onde vai passar o Natal? – ele soltou.

- Na minha cama. – respondi como se não me importasse, e de fato não me importava.

- Cadê a alegria de Natal, Rosalie?

- Pra mim morreu há muito tempo!- disse fria – Não gosto de falar disso!

- Bem, gostando ou não... Você vai passar na minha casa! – disse autoritário – É uma ordem. Você está sendo muito boa pra mim e não quero te deixar sozinha nessa data! Passo na sua casa amanhã as 10, mas faça uma mini mala, você dormirá lá para a ceia do dia seguinte.

- Emmett eu nã...

- E nem começa com “Emmett eu não quero”- ele me cortou e ainda por cima me imitou. Senti meu nervo subir, mas minha única reação foi rir. – é uma ordem e ponto!

- Não precisa!

- Claro que precisa – ele disse tirando uma folha da minha mão delicadamente e a depositou em cima da mesa pegando na minha mão e me puxando pra cima.

Eu me levantei e ele me fitava do outro lado da mesa Aquele olhar que havia reparado há algum tempo que me tirava o ar. O desejo me consumia quando ele me olhava assim. Mas não podia fazer nada. Contornei a mesa e ele não soltou minha mão enquanto fazia isso. Poderia fantasiar mil coisas com ele. Meus olhos se fecharam involuntariamente enquanto andava em sua direção e ele soltou minha mão, logo depois o senti envolver meu pescoço com o braço.

- Vamos pra casa... – ele murmurou perto da minha orelha.

A empresa já estava vazia há horas. Metade dos funcionários saiu mais cedo para comprar os presentes de natal para a sua família. A outra metade saiu uma hora depois para a mesma função. Só estávamos nós dois havia umas quatro ou cinco horas e havia exatamente o mesmo tempo que ele estava sentado a minha frente esperando que eu terminasse. A vontade de soltar uma cantada ridícula me veio à garganta mais engoli as palavras “na sua ou na minha?” com muito custo. Apenas abri os olhos e o encarei. Que homem... Suspirei pesado.

- Eu vou te levar – ele falou enquanto me conduzia para fora do escritório.

- Posso pegar um taxi... Já fará o suficiente amanhã! – o encarei e bufei. Ele riu.

- Não vou te deixar tentar a sorte na rua uma hora dessas... – suspirou.

Ele me levou até o elevador enquanto apagava a luz e acionava o alarme de segurança que só ele sabia a senha. Descemos, ele falou alguma coisa com os seguranças e depois me levou até o carro. Aquilo parecia mais um filme de terror, um estacionamento incrivelmente deserto. Eu estava esperando um daqueles vilões extremamente horríveis começar a correr atrás de nós dois segurando algum instrumento fatal. Emmett gargalhou pelo jeito que olhava o estacionamento.

- Cuidado – ele disse com uma voz sussurrada como se quisesse me colocar medo. Virei a mão em seu peito – AI! – ele soltou e continuou rindo – Sua medrosa!

- Para! – mandei.

- Não tem bicho papão aqui – ele riu – Ou talvez tenha! – ele sugeriu.

- Haha – rir sem vontade maneando a cabeça e franzindo meus olhos – engraçadinho!

- Vem... – ele abriu a porta pra mim sorrindo – Ninguém vai te pegar!

Entrei em seu carro e deixei-o fechar a porta e me conduzi até em casa. O caminho foi calado. Às vezes nos olhávamos e tentávamos iniciar uma conversa, mas não passávamos de bocas abertas procurando algo pra falar e ruídos de quem tentava em vão.

- Então... Chegamos – ele falou afrouxando a gravata. Minha vontade de descer era zero.

- Chegamos – repeti e o encarei. Tinha que sair dali de algum jeito. Coloquei minha mão para abrir o carro e ele se inclinou pra cima de mim a tirando de lá. Ele puxou minha mão em sua direção e eu o encarei mais uma vez, nossos rostos estavam quase colados. Devo ter corado um pouco. Podia sentir sua respiração doce. Meu coração se descompassou um pouco, ele pareceu perceber.

- Ér... – ele raspou a garganta – Você não pode sair...

- Por que não posso? – o olhava nos olhos enquanto falava, tentava prender meu olhar ali sem deixa-lo descer.

- Bem... – ele desvia o olhar do meu como se procurasse alguma coisa para falar. – Está frio lá fora...

- Eu trouxe meu casaco...

- Ele é fino... – ele disse tirando o dele – Toma... – estendeu pra mim

- Não precisa... É rápido...

- Eu insisto – ele falou quase o colocando em mim.

- Obrigada – falei vestindo o casaco. O cheiro dele estava forte ali. Inalei o mais forte que pude.

- Amanhã as 10... – ele lembrou. Abri a porta do carro e quando ia sair ele me puxou para trás e me deu um beijo demorado e apertado na bochecha murmurando uma “boa noite”.

- Pra você também... – sorri me virando para ele e dei um beijo em sua bochecha. Sai do carro apressada para não fazer aquele momento passar daquilo e fechei a porta do carro e mordi minha boca longe de sua visão. Caminhei apressada para dentro do flatotel e Will logo me viu e brincou sobre ter chegado e saído durante vários dias em um carrão. – Ele não é meu namorado – falei pra ele.

- Mas é quase isso não é senhorita? – ele riu

- Não, seu bobo! Ele é meu chefe e está sendo legal... – eu ri

- Muito legal – ele apontou meu casaco

- Boa noite Will, boa noite – falei entrando no elevador e rindo.

- Boa noite senhorita Hale – ele se despediu.

Corri para meu quarto e tomei um banho quente e relaxante. Emmett não saia da minha cabeça e assim que me vesti meu corpo me conduziu até seu casaco e o vestiu. Seu cheiro estava ali e me sentei no sofá me abraçando. Como desejava aqueles braços grossos ao meu redor para me aquecer do frio. Sorri me jogando no sofá. Liguei a televisão e comecei a assistir um filme de natal qualquer. Acabei pegando no sono e acordei na manha seguinte com o telefone tocando sem parar. Atendi com voz de quem acabara de sonhar. O porteiro anunciou que Emmett já me esperava. Olhei o relógio e contatei ser 10h10min. Murmurei um “deixe-o subir” e comecei a correr contra o tempo para escovar os dentes e pentear o cabelo, tirar o casaco dele e a minha camisola e vestir uma roupa rapidamente. Ele já batia a porta enquanto enfiava uma cacharréu bege no meu corpo corri para abrir a porta enquanto tirava meu cabelo de dentro da blusa e fiz a melhor cara que poderia fazer. Sorri.

- Bom dia... – murmurei

- Te acordei? – ele perguntou.

- Não... Imagina... – dei passagem para ele entrar, ele me olhava insistentemente.

- Rose... – chamou – está pronta?

- Bem... – passei a mão na gola da minha blusa – na verdade não. – fui honesta e ele riu me olhando – Eu vou arrumar minha roupa... Mas não sei o que devo levar...

- Posso? – ele perguntou apontando meu armário, não pareceu se constranger. Dei de ombro – vamos ver o que você tem... – ele abriu meu armário e olhou as peças penduradas pegou algumas roupas e jogou em cima da cama. – Escolhe algo desse tipo se não tiver gostado das minhas sugestões.

- Entende muito de roupa pro meu gosto...

- Vejo muitas mulheres tirá-las e colocá-las todas às vezes... – revirei os olhos – se quiser experimenta e eu te falo o que eu acho. – ele sugeriu.

Peguei o vestido vermelho e fui para o banheiro

- Onde prende me levar? – perguntei de lá

- A casa dos meus pais... Vamos almoçar lá... Depois te levarei para meu apartamento... Você vai dormir lá e de manha vamos pra casa dos meus pais novamente.

Enquanto ele falava eu ia me sentindo desconfortável com os planos dele. O que ele pensava que iria fazer? Meu coração já estava disparado. Foi nesse exato momento que eu escutei seu celular tocar. Terminei de colocar o vestido e fui procura-lo. Ele encarava a janela como se olhasse a paisagem, me aproximei e toquei seu braço.

- Está na hora... – ele murmurou segurando minha mão sobre seu braço. Senti-a suar frio.

Estava na hora, mas na hora de que? Meu coração parou e meu corpo gelou ao imaginar o pior. Eu estava com medo e não era um medo comum. Meu coração doía à medida que ele preparava as coisas para que saíssemos. Ele parou de se importar com a beleza colocando qualquer peça dentro da minha mala. Eu continuei estática na janela olhando o vácuo que se formava na minha frente. Como odiei sentir aquilo.

Foi então que ele segurou minha mão. Aqueles dedos que deslizaram pelos meus como se me conduzisse até o céu. Mas ao contrario de minha barriga que sentia que estivesse voando, meu coração estava apertado como se estivesse queimando no fogo mais quente do inferno. Porém ele tremia. Estava em estado de choque.

Sem pensar duas vezes eu o abracei e ele repousou a testa no meu pescoço em um momento rápido de ternura. Meu corpo se arrepiou com a sua respiração no meu pescoço, mas permaneci tentando passar somente amizade. Ele se levantou e segurou minhas mãos e olhou nos meus olhos. O medo estava claro, mas a curiosidade também se via. Involuntariamente sorri e ele me abraçou novamente. Dessa vez passava um pouco mais de felicidade. Ele pegou nossas coisas e saiu me puxando do apartamento como se fossemos duas crianças procurando um esconderijo na brincadeira do esconde-esconde. Emmett era apenas uma criança crescida, e eu repetiria isso muitas vezes.

Quando entrei no carro senti minhas pernas amolecerem. Não tinha volta. Já estava feito e concreto, havia chegado a hora. A hora do que eu temia. Olhei para a janela e pude avistar Royce se arrumando para entrar no flatotel. Ele espirrava alguma solução em sua boca e carregava flores, como se fosse fazê-lo ficar mais atraente. Abaixei-me tentando me esconder de seu olhar.

- O que é isso? – Emmett perguntou curioso

- Apenas arrumando a fivela do meu sapato – menti fingindo fazer isso. Só queria que Emmett ligasse logo o carro e saísse dali para que fugisse do meu tormento.

Teria, oh céus, como ficar pior?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Noiva por Herança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.