Noiva por Herança escrita por Juffss


Capítulo 6
Capítulo 6




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Empresa McCarty

26 de agosto de 2005

13h54min

Já fazia pouco mais de três meses que estava na empresa e nunca pensei que seria tão difícil manter um emprego como esse. O fato de Emmett às vezes passar um olhar grosso me segurou não só uma, mas várias vezes no meu cargo. A dúvida se ele estava agindo assim por dó me deixava nervosa, mas a quantia que precisava me fazia segurar o orgulho bem forte pra ele não sair alto de minha boca. Eu não achava que era merecedora de dó, apesar de precisar de compaixão, eu só queria que ele me tratasse como todas as outras.

Pude me distrair mais uma vez com a comida a minha frente e me peguei remexendo-a enquanto meu tempo de almoço acabava. Droga, repeti para mim mesma diversas vezes enquanto abria minha carteira para pegar o dinheiro e pagar o almoço. Chamei o garçom e pedi para embrulhar minha comida que estava atrasada. Ele já estava acostumado comigo agindo assim, viajar na batatinha e perder o horário. Levantei da cadeira e fui esperá-lo na porta do restaurante, não demorou dois minutos para que ele voltasse com um embrulho de alumínio e me entregasse.

- Obrigada Steve – gritei me afastando pelas ruas movimentadas tentando desviar meu corpo das pessoas enquanto olhava pra ele, assim que virei para frente o ouvir gritar algo parecido como “Cuidado senhorita Hale”, mas não consegui parar antes bater com tudo em um poste. – Obrigada – gritei segurando a dor que tomava meu rosto por inteiro e passei a mão no meu nariz sem tempo para parar para olhar e constatar que estava sangrando. Continuei correndo sem me importar com o que poderia estar acontecendo.

Por todo o caminho pessoas se viravam olhando para mim e eu sabia que havia algo errado, mas minha vida dependia de horários e não podia deixar algo fútil me prender. Entrei no prédio correndo e passei meu crachá na catraca, o porteiro me gritou pra avisar sobre o nariz que a esse ponto já sabia que estava sangrando, pois senti um gosto de ferrugem nos meus lábios.

- Já sei, já sei! – gritei em resposta – Mas estou atrasada. – entrei no primeiro elevador que encontrei e ai sim pude respirar e abrir a bolsa para pegar um lencinho e limpar meu nariz. Passei-o delicadamente por debaixo das narinas e em segundos o senti umedecer com o sangue. – Merda!

Ouvi meu celular tocar e vi de longe que era Royce, peguei ele tremendo e desliguei meu aparelho. Estava ocupada de mais para suportá-lo. Continuei tentando estacar o sangue que insistia em cair. Meu nariz ardia. Sai do elevador correndo e olhei meu relógio e sorri vendo que ainda tinha 3 minutos para jogar a cabeça pra trás e esperar passar.

Joguei-me na minha cadeira e passei meu cabelo pra trás do encosto. Cheguei meu quadril pra frente e puxei o ar pela boca, fechei meus olhos. Coloquei lencinhos estocados no nariz para não deixar o aquele liquido estúpido escorrer pelo meu rosto.

- A loira do banheiro baixou aqui? – ele disse assim que relaxei. Pulei em um susto gigantesco me colocando de pé. – Nossa mãe! Você está horrível.

- Obrigada pela honestidade – respondi sincera e um pouco nervosa.

- O que aconteceu? – ele perguntou querendo rir.

- Bati em um poste! – revirei os olhos. Ele gargalhou.

- Desajeito mandou lembranças!

- Ah, que ótimas lembranças! – passei a mão no meu buço para tirar o rosado sanguíneo dele.

- Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary... – Ele repetia rindo da minha cara.

- Eu realmente espero que esteja falando da bebida, porque não estou tão mal assim! – balbuciei.

- Você é uma comédia – ele ria enquanto caminhava para seu escritório. – Cobra o relatório do Mark pra mim!

Levantei da minha mesa pronta para sair e ir até o departamento de materiais pedir o relatório.

- O que você tá fazendo? – ele berrou

- Vou pedir o relatório!

- Não, você vai esperar ele ir ao banheiro antes! Ai vai assustá-lo – ele pensava divertido

- Emmett, eu estou trabalhando, não brincando – o lembrei!

- Você não tem graça nenhuma – ele resmungou – Então vai!

Caminhei um pouco zonza até o andar do Mark e parei em sua porta, ele continha um cubo mágico nas mãos e o girava misturando as cores tentando conseguir resolvê-lo. Sempre quis ter um desses, mas sei que se tivesse o quebraria em pedacinhos menores que seus quadradinhos coloridos.

- O que você esta fazendo? – perguntei olhando para ele.

- Estou relaxando Rosalie, deveria fazer o mesmo, já está tão estressada a ponto de soltar sangue pelo nariz. Admira-me ainda não estar careca!

- Pois não acho tão estressante assim!

- Então é verdade?

- O que é verdade?

- Você está dormindo com ele! – ele bateu na mesa e ficou de pé – É por isso que você ainda está aqui, está na cara!

- Eu não estou dormindo com ninguém, e, por favor, Mark, ficar calado é ótimo! Ainda mais quando só se fala besteira como você.

A idéia de Mark me fez ficar na defensiva, dormir com meu chefe? Era isso que todos aquelas pessoa de ternos que circulavam pela empresa pensavam sobre mim? Eles não achavam que eu estava ali porque merecia? Não que dormir com ele nunca tenha passado em minha cabeça, mas, por favor, nunca daria tão na cara assim.

- Preciso dos relatórios de gastos com materiais. – disse ríspida. Afinal a melhor defesa ainda era o ataque.

- Não terminei! – ele disse calmo, desde que Mark começara seu tratamento contra estresse indiano ele estava assim.

- Então trate de terminá-lo – avancei na mão dele e roubei o cubo delas. O taquei para trás acertando sua lixeira. – Vou terminar de ler um contrato, e quando voltar quero vê-lo pronto.

Subi novamente para a sala de Emmett, sentei a minha mesa e olhei as folhas novas que estavam ali. Minha vista já estava ficando cansada de tantas letras em Times New Roman 12, abri bem os olhos e tirei os rolinhos de papel do nariz, puxei o ar com força e forcei meus olhos para se fecharem. Minha cabeça deu uma pontada, não sentia como culpa do emprego a má alimentação que estava tendo. Ainda podia ouvir balbucios de uma conversa que Emmett estava tendo em sua sala, olhei quase involuntariamente na direção da mesma e o vi de costas com o celular pendurado entre a orelha e o ombro, ele trazia uma expressão cansada no rosto. Sua voz foi diminuindo aos poucos enquanto ele abaixava a cabeça. O senti distante dele mesmo. Sua irmã estava no hospital, ela havia acabado de ganhar um bebê. Há algumas semanas eu vi um gigante musculoso pulando em seu escritório. Era uma menina, seu nome eu não sabia. Pensei que talvez houvesse um problema com a bebezinha, meu coração doeu. Tão nova, não merecia isso.

Emmett desligou o telefone e me chamou. Entrei com um pé atrás, medindo minhas palavras. Ele perguntou do relatório enquanto tentava arrumar seu cabelo que sofreu com os minutos aflitos no telefone.

- Ele não o terminou – fui clara – ele estava mais preocupado com boatos.

- Qual dessa vez? – ele perguntou tentando sorrir, eu acho.

- Que estamos tendo um caso.

- Ah, esse é velho! – ele resmungou, achei que seria algo novo!

Velho? O encarei com uma feição séria, ele sabia disso e não havia me contado?

- É velho... Mas não dou importância para boatos mentirosos... Rosalie, faça-me um favor? – ele me olhou sugestivamente – O que sabe sobre gravidez?

- Pouca coisa senhor...

- Me faça uma pesquisa detalhada?

- Sim senhor, me permite perguntar o motivo?

- Sim, eu serei pai... – ele suspirou atrapalhando o cabelo que custara a arrumar.

- Parabéns senhor...

- Obrigado... – ele olhou pra baixo – A partir do quarto mês, por favor.

- Sim senhor, só isso?

- E os relatórios...

- Sim senhor... – falei saindo de sua sala e me posicionei na minha, liguei meu computador e li o resto de um parágrafo do documento que estava devendo enquanto não me pedia a senha.

Pesquisei tudo que podia sobre bebês, em todas as línguas que falava. Traduzi diversos textos e entreguei um livro de bordo para ele. Grifei algumas coisas interessantes e dicas e isso levou o dia inteiro. Soltei em sua mesa algumas 500 páginas formatadas do jeito que ele gostava sobre o assunto e ele sorriu quando soltei em cima o relatório de Mark.

- Mil vezes obrigado – ele olhou o relógio de seu escritório – É sexta e já passou bastante do seu horário – ele se lembrou.

- Não tinha nada para fazer – respondi.

- Ainda não tem nada para fazer? – ele soltou – Você já leu tudo, e eu ainda nada, queria que fosse encontrar a mãe dele comigo e explicasse algumas coisas... Ela está... Relutante com a idéia – ele informou triste

- Quando fala isso o senhor quer dizer que...

- Ela tenta abortar, quer dizer exatamente isso. Mas ela está tentando fazer isso por debaixo das cobertas... Pra que eu não descubra e pense que foi acidental.

- Por que uma mãe faria isso? – ele apenas suspirou e se levantou

- Você ainda está no flatotel?

- Sim... – fechei meus olhos

- Se não quiser ir, por mim tudo bem...

- Eu quero ir... – respondi.

- Então pode ir pra lá, toma um banho troca de roupa... Daqui à 1 hora eu vou até lá e te pego... Rosalie, mais uma vez obrigado.

Sorri para ele como se falasse que não tinha nada haver. Peguei os contratos que era pra ler naquela sexta e interrompi o trabalho para fazer o livro de bordo sobre a paternidade de Emmett.

Ele era pontual, e em uma hora certinha o telefone tocou e ele anunciou estar me esperando na porta. Penteei meu cabelo rápido e desci apressada, ele carregava uma garrafa envolta com um saco de papel e dava goladas nela.

- Emmett você está bebendo e dirigindo?

- Sim... Mas estou sóbrio – ele disse normal, como se falasse a verdade, mas não confiaria nele mesmo se tivesse bebido apenas um copo.

- Me da à chave – pedi estendendo a mão.

- Que? Não!

- Emmett, vamos cair na real? Você está com álcool no sangue e não é seguro dirigir, aqui você não é meu chefe e eu não sou obrigada a obedecer a suas ordens e arriscar nossas vidas, e por ultimo, você agora tem alguém pra se preocupar que não é você! – disse nervosa e o vi pegar a chaves em seu bolso e colocá-la em minha mão – Obrigada!

- Tá vendo o porquê de eu ainda te manter na empresa? – ele perguntou entrando no carro, o segui e sentei no bando de motorista, tive que o ajustar para mim. Consegui sentir o cheiro de álcool naquele carro.

- Por quê? – perguntei e ele jogou a cabeça para trás, o banco onde ele estava se moveu e ele esticou os pés ficando mais confortável.

- Você não pede, manda... E isso é bom para horários...

- Quantas você já bebeu? – me referir ao cheiro. Ele me olhou com dúvida e tirou a garrafa do saco bege.

- ¼ da garrafa, por quê? Aceita?

- Esse cheiro...

- Quando abri a primeira eu a deixei escorregar e molhou algumas coisas... Enxuguei mal secado porque já estava atrasado.

- Droga Emmett, esse cheiro é desprezível! – falei abrindo as janelas para ver se o ar retirava as impurezas de perto de mim – Me dá essa bebida!

- Ai você já quer medir forças... Nem vem que não tem! Hoje é sexta e esse é meu Happy hour.

- Porque não faz um Happy hour sem beber e com a mãe do seu filho...

Foi então que minha fixa caiu. Emmett teria um filho, com outra mulher. Aquelas palavras me doeram mais do que deveria. Senti meu peito arder e minha respiração cortar. Então seria isso... Minha boca se abriu contra minha vontade e arranquei o carro olhando fixamente pra rua. Senti meu olho arder e se encher de água. Por que eu estava me sentindo assim? Em ruínas?

Emmett nunca foi nada além de meu chefe, e agora estaria prestes a subir ao altar com uma mulher qualquer. Ele seguraria sua mão e colocaria uma aliança sorrindo. Depois de alguns anos eles seriam um casal perfeito que se amariam e amariam ainda mais o filho ou filha, quem sabe estariam esperando mais um. Emmett dividiria a cama com outra mulher durante a noite.

Continuei seguindo as indicações dele entre virar à esquerda ou à direita e seguir reto, mas minha cabeça estava distante. Meu corpo respondia a seus comando enquanto minha mente vagava palavras distantes de pensamentos que iam me machucando, sem que eu soubesse o motivo. Não chorei enquanto via o meu futuro frio e solitário comparado ao dele. Mas me feriam os pensamentos. Os pensamentos dele com outra mulher.


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal e Prospero ano novo para TODAS vocês
Amo muito ♥!
Juuh



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