Lives escrita por Rella


Capítulo 29
Capítulo 28




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Capítulo 28

Ela estava péssima. Não sabia se permanecia ao lado da cama de Terapia Intensiva ou se rumava para casa.
Coma. Sarah deixou uma gota rolar ao ver Jackson mantido por aparelhos. Sentiu uma mão lhe tocar o ombro. Limpou depressa a lágrima.

- Soube o que aconteceu. – Comentou Dr. Willian ao voltar o olhar para a palidez mórbida de Michael abaixo do lençol.

Sarah se virou. E secando as lágrimas que aos poucos subiam aos olhos caminhou até a saída.

- Recolhi meus pertences no armário e já estou indo.

- Vamos a minha sala.


- Sente-se.

Ela sentou. Os olhos vermelhos. As mãos trêmulas.

- Você não vai a lugar algum, Sarah. Quero que fique.

Olhou-o.

- Tomei providências contra o Dr. Rodner. Já era tempo.

E quanto!

Ele ajeitou uma papelada milimétricamente sobre a mesa. Fitou-a.

- Sei o quanto é competente e não seria capaz de cometer um erro bruto feito aquele. Você tem o dom como o sei pai, Joseph.

- Obrigada.

Foi um agradecimento frouxo, feito um murmúrio.

- Mas não são todos que pensam como eu.

Sarah ergueu os olhos para Willian que se punha em pé em sua direção. Sentiu as mãos dele massagearem seus ombros tensos, agora.

- A imprensa inteira está lá fora e já escrevem matérias acusando-a de causar a overdose em Michael Jackson.

Choque.

- Quê?

Ela não acreditou.

- Por que não me avisou que trabalhava para Jackson? – Inquiriu Willian.

- E-eu não achei necessário.

- Você não é uma neurologista para cuidar da insônia crônica de Michael Jackson, você é uma cardiologista! – Ele por pouco não gritou. – Lhe acusam de falso posto médico! E eles estão certos, Sarah! Mas o que você tem na cabeça?

- Ele me pediu ajuda.

- Recusasse!

- Michael insistiu! Ele precisava de mim!

- Não! Ele precisava de um especialista no caso dele! – Retrucou Willian, impaciente.

- O encaminhei ao Dr. Arnold e apenas o auxiliei no processo. Não receitei nada. Fui apenas uma enfermeira!


Willian juntou as mãos de Sarah nas suas. Fitou-a, e falou suavemente:

- Sarah, eu não duvido de você.

Ela não soube o que dizer.

- Quero apenas te ajudar, te ver fora dessa... E acredito que já saiba sobre o “caso” da enfermeira Louren. Acham que você é culpada junto com Kinsey e Honey. Sarah, só preciso que seja muito sincera comigo.

Sarah refletiu.

- Não se importa com a imagem do UCLA?

Willian abaixou os olhos e tornou a olhá-la.

- Que vá para o inferno esse hospital!

Deixou um sorrisinho de canto escapar. Peterson o abraçou.

- Muito obrigada.


- Oh, Dowall, que bom que conseguiu vir! Está impossível de se sair de casa com aquele bando de sanguessugas me perseguindo. Há manchetes minhas em todos os locais. Estou exausta!

Dowall se jogou nos braços de Peterson, chorosa.

- Santo Deus, Sarah! Como está o Sr. Jackson?

- Ele... – Era difícil de se lembrar daquela imagem mirrada na Unidade de Terapia Intensiva. – Ele ainda não responde. Encontra-se estável.

Sarah queria dizer o quanto temia pelo pior. Mas sentiu-se na obrigação de se restringir a isso.

- Por favor, sente-se. – E esperou que ela se acomodasse. – Eu... e-eu preciso saber o que houve naquela noite. Estou... estou... eu sei que a família Jackson está me acusando de negligência médica, mas juro que sou inocente.

Ela estava em pânico. Dowall encheu o peito de ar.

- Murray. – Murmurou. – Eu tenho certeza.

- Conrad Murray? Murray estava lá naquela noite?

- Eu apenas o vi de passagem junto ao Sr. Jackson... não sei o que houve depois.


O telefone chamou na residência dos Burtons. A empregada atendeu e logo passou a patroa, Sra. Burton.

- Sra. Burton. – Identificou-se.

- Preciso de um advogado.

- Shelton?

- Vejo que já sabe da novidade.

- Arrume um advogado público. Não pagará nada!

- São um bando de inúteis. Quero o melhor advogado da cidade. Quero que me tire daqui.

- Está louca? Acho que a ração que te dão aí está subindo para o seu cérebro. Por acaso pensa que sou o quê? – Berrou.

- Sabe que eu posso fazer com que você venha parar aqui também.

- Você não seria capaz.

- Tente.

- Chantagista!

- A escolha é sua.

- Mãe, fala com quem?

Sra. Burton se apressou em bater o telefone e virar-se para Matthew, bem vestido: paletó, calça caqui e mocassins lustrosos nos pés. Tinha uma mala em cada mão e uma mochila na diagonal atravessando o peito.

- Pensei que você só fosse amanhã!

Ela pareceu surpresa.

- Sabe que não posso ficar aqui. A empresa me transferiu para Los Angeles. Só vim ver a senhora! – Beijou-a no rosto, tenazmente. – Não é todo dia que recebemos uma promoção, não é mesmo?

- E Denise?

Matthew suspirou.

- Quantas vezes é preciso falar que não estou mais com ela?
Acabou!

- Denise está grávida.

- Mãe, eu serei pai, só não mais casado.

Burton o viu atravessar a porta.

- Matthew! – Chamou, apreensiva.

- Sim, mãe.

- Me prometa que não procurará Sarah.

- Tchau, mãe.

- Matthew, por favor. Faça isso pelo seu bem.

- Ela deve estar precisando de ajuda. Andou lendo os jornais?

Fitaram-se, mudos. Matthew sacudiu a cabeça.

- Às vezes eu tenho a ligeira impressão que a senhora me esconde algo.

Saiu.


Eram quase sete da noite, e Susie terminou seu expediente no seu novo emprego. Saía da faculdade e ia direto ao restaurante servir mesas. Foi o melhor que conseguiu encontrar.

- Até amanhã! Tchau, tchau!

Ajeitou a mochila nas costas e livros nas mãos. Correu para o ponto à espera do ônibus. Estacou. Não pode ser! Olhou mais atentamente o outro lado da rua e...

- Sam!

Ele estava agachado na porta de um botequim, mal vestido, sujo, com barba a fazer. Susie chegou a hesitar a correr até ele, mas terminou por atravessar a rua.

- Sam?

Não houve qualquer resposta por um breve momento. Sam levantou os olhos e enfim respondeu:

- Oh, Susie!

Susie se agachou e ergueu o rosto da figura deformada. Ele se revelou com leves lesões na face.

- Deus... – Susie o agarrou fazendo o maior esforço para levantá-lo. – Sam, mas o que te aconteceu?


Susie chegou tarde naquela noite, e Sarah antes de dormir, sentiu enjôos e vomitou três vezes.


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