Capítulo 27: Fogo e Ouro

Elizabeth sentiu o mundo girar à sua volta enquanto o seu coração acelerava.

- THOMAS! – Gritou quando viu este caído e com uma seta espetada no peito.

- Temos de sair daqui. – James rastejou até Elizabeth e puxou Thomas.

Várias setas foram disparadas de pequenos orifícios nas paredes, assim que Elizabeth accionou o mecanismo sem querer. Thomas acabara sendo atingido ao protegê-la.

- Thomas. – Elizabeth agarrou neste, vendo-o contorcer-se de dores.

- Tira-me… isto. – Pediu ofegante.

- Não. – James impediu que Elizabeth tirasse a seta.

- Como não? A seta pode ter perfurado um pulmão. Não a vou deixar aí! – Elizabeth olhou James horrorizada.

- Se a tirar sem mais nem menos, o mais certo é ele se esvair em sangue. – James avisou. – Temos de sair deste labirinto o mais rapidamente possível se quiser que o seu namorado viva.

Elizabeth engoliu em seco. – Mas… e os outros?

- Jack Sparrow é rato. Saberá se safar. – James levantou Thomas passando o braço deste pelo seu ombro e sendo ajudado por Raguetti.

Elizabeth secou as lágrimas. Já vira ferimentos piores. Com certeza, mal chegassem ao Pearl, Thomas iria recuperar. Inevitavelmente não conseguiu deixar de pensar na repetição do mesmo cenário há anos atrás, quando Will Turner fora ferido de morte por Davy Jones. "Não. Thomas vai recuperar. Só precisamos sair daqui", pensou.

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Mary olhou fascinada para a grande sala onde acabara de entrar. Era rectangular e ao longo das paredes tinha várias entradas. O chão era pintado em cores vivas. Parou quando viu que uma delas era um enorme tigre. Olhou em frente. Ao fundo, rodeado por quatro tochas estava um tigre. Aproximou-se mais quando viu que este era em pedra. Receou que este acordasse como o gigante, mas era apenas e só pedra. A boca estava aberta mostrando os enormes dentes talhados e algo lá dentro chamou a sua atenção. Um globo dourado repousava protegido na enorme boca.

- Se fosse a ti não fazia isso. – A voz de uma rapariga soou no momento em que Mary ia pegar no globo.

- Quem és tu? – Mary voltou-se de repente com um misto de susto e curiosidade. Uma rapariga do seu tamanho mirava-a. Não devia ser mais velha que ela e Mary reparou que esta era muito bonita. O cabelo cor de fogo contrastava com os olhos verdes escuros profundos.

- Circe. – A menina disse. Vestia uma túnica dourada até aos joelhos, deixando a pela clara dos braços a descoberto.

- Também ficaste presa aqui? – Mary perguntou, mantendo distância.

- Não. Eu moro aqui. – Circe aproximou-se do tigre de pedra com um passo bastante leve, quase como se flutuasse. – E tu, como te chamas?

- Mary. Perdi-me dos meus pais. Onde estão os teus?

- Eu não tenho pais. – Circe disse. – Queres brincar? Eu nunca tenho ninguém com quem brincar.

- Brincar a quê? – Mary arqueou uma sobrancelha. Se havia coisa que tinha aprendido era sempre desconfiar das boas intenções.

- Não sei. Tu sabes algum jogo? – Circe sorriu e Mary pensou um bocado, sorrindo depois.

- Sei!

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- Todos os caminhos vão dar a Roma? – Jack perguntou olhando Lara de lado. – Pois.

- Jack, não penses que não estou preocupada. Apenas acho que a solução estará mais à frente. – Lara disse.

- A Mary deve estar sozinha. Rodeada sabe-se lá do quê! – Alicia arregalou os olhos e engoliu em seco quando Lara e Jack a fulminaram com o olhar.

- Há qualquer coisa aqui à frente. – Barbossa fez sinal e apontou para uma alavanca numa das paredes.

- Eu não disse! – Lara exclamou colocando a mão na alavanca.

- Não. – Darius travou Lara. – Nem tudo o que parece é. Essa alavanca pode ter outra função.

- Ah por Calipso. – Jack agarrou a alavanca. – Quase de certeza que é igual à que havia lá atrás.

- Jack… - Barbossa tentou falar, mas Jack puxou a alavanca.

- Daqui a nada a Mary vai aparecer e… - Jack foi interrompido por Alicia.

- Que barulho foi este? – Alicia perguntou e todos afinaram os ouvidos.

- Parece algo a rolar pelo caminho. – Gibbs coçou a cabeça.

- CORRAM! – Barbossa berrou e todos olharam horrorizados para o caminho que haviam feito. Uma bola de pedra enorme rolava em direcção aos piratas, fazendo-os correr pela vida.

- AQUILO VAI-NOS ESMAGAR! – Alicia berrou, tentando correr o mais que podia.

Lara sentiu alguém puxá-la e viu a grande pedra rolar à sua frente.

- Há nichos nas paredes. – Jack observou ofegante. Lara viu que estavam num e quando a pedra passou espreitou.

- Os outros? – Lara sentiu um balão de pânico quando viu a pedra desaparecer e nenhum sinal dos restantes. Viu Gibbs sair de um nicho mais à frente assim como Bootstrap e Barbossa.

- Eu fico por aqui, Jack. – Gibbs disse quando foi acometido por um ataque de tosse.

- A Alicia? – Lara arregalou os olhos e o seu sangue gelou quando ouviu o grito da amiga vindo de um nicho mais atrás.

- Não. – Jack agarrou Lara quando esta quase caiu ao chegar ao nicho. O horror completo estampou-se na sua face quando olhou o precipício abaixo de si.

- ALICIA! – Berrou ajoelhando-se na beira e espreitando.

- Aqui! – a voz de Darius fez-se ouvir. Estava pendurado com uma mão agarrando uma pedra da parede e outra segurando Alicia.

- Oh Meu Deus! – Lara exclamou levando as mãos à cabeça.

- Alguém tem uma corda? – Jack perguntou, mas todos abanaram a cabeça.

- Vocês têm de salvar a Alicia. – Darius disse.

- Eu desço pela parede. – Bootstrap disse.

- Como? Não há corda e a parede é extremamente escorregadia. – Barbossa disse.

- Eu não quero morrer. – Alicia começou a chorar.

- Ninguém vai morrer aqui. – Jack disse. – Vocês os três segurem-me.

- Como? – Lara perguntou. A resposta surgiu depois.

- Bill agarra-me nas pernas. Você irá balançar a Alicia para que eu a possa agarrar. – Jack disse e Darius acenou com a cabeça.

- Oh não. – Alicia arregalou os olhos.

- É a única chance. – Darius disse balançando Alicia. – Aos três.

- Não! Eu não quero voar… AHHH – Alicia berrou quando se sentiu jogada no ar. Num impulso agarrou os braços de Jack.

- Puxem! – Bootstrap pediu enquanto Gibbs e Barbossa o ajudavam.

- Irra, você é pesada! – Jack exclamou quando Alicia pisou terra firme.

- Pesada é a tua tia! – Alicia exclamou mas abraçando Jack depois. – Obrigada.

- Dê-me a mão. – Lara esticou a mão para Darius.

- Não. – Darius disse olhando-a nos olhos.

- O quê? – Lara sentiu o seu coração perder uma batida.

- Alguém tem de ir salvar a Mary. – Darius sorriu. – Desculpe-me.

- Não. – Lara ficou hirta quando viu Darius se soltar e cair na escuridão.

- Ele…? – Barbossa perguntou e Lara sentiu tamanha angústia que começou a andar em círculos.

- Lara acalma-te. – Alicia agarrou os braços da amiga.

- Eu preciso de ar. – Lara disse aos soluços. – Não sei o que se passa e…

- Já passou. – Alicia abraçou-a forte e Lara acalmou. – Ele foi um herói.

- É melhor irmos. – Bootstrap pediu. – Não queremos perder mais ninguém e não sabemos onde a pequena foi parar.

Caminharam em silêncio durante um bom bocado. Lara não sabia como explicar o que sentia. Foi como sentisse algo que acontecera há muito tempo e agora a atingia. Alicia não largou o seu braço, fosse para confortá-la ou para se confortar a si própria.

- Sinto-me mal. – Alicia disse.

- Agora estás segura. – Lara disse. – Até vermos.

- Não é por mim. Claro que apanhei um susto dos valentes mas… - Alicia suspirou. - … passei a vida a dizer mal do Darius e no final ele salvou-me e ainda…

- Não havia nada a fazer. – Lara disse concluindo a conversa.

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Mary olhava a sua adversária enquanto esperava a sua vez de jogar. Pensou o quanto esta devia ser infeliz estando sozinha.

- É a tua vez. – Circe disse depois de jogar à macaca. – O que é que tu fazes lá fora?

- Sou pirata. – Mary disse.

- O que é isso?

- Sou alguém que anda de barco e que rouba tesouros.

- Tu vais roubar o tesouro daqui? – Circe perguntou e Mary parou de jogar.

- Um tesouro aqui? – Mary arregalou os olhos.

- Sim. Ele. – Circe apontou para o tigre.

- Mas é apenas um tigre de pedra e um ovo dourado. – Mary disse fixando a estátua.

- É muito mais do que isso. – Circe começou a rondar Mary. – É o caminho para um tesouro ainda maior.

- Como é que sabes? – Mary perguntou de costas para Circe.

- Porque eu, minha querida… - Circe falou ao seu ouvido e Mary notou que a voz desta amadurecera. -… sou a guardiã deste tesouro!

Mary sentiu uma onda de medo invadir o seu corpo. Percebeu que Circe não era uma amiga mas sim uma ameaça.

- Deixa-a. – a voz familiar soou aos ouvidos de Mary, mas quando se virou Circe agarrou-a. A outrora criança misteriosa era agora uma esbelta mulher com o mesmo cabelo cor de fogo e o mesmo vestido dourado, com excepção do pouco tecido que este continha.

- Oh… - Circe arregalou os olhos e sorriu deliciada. - … mas que surpresa! Porque é que eu haveria de largar a miúda… Darius?

- Porque ela não tem nada a ver com isto. E tu não precisas de nenhuma criança aqui. – Darius falou em tom sério.

- Nossa, da maneira que falas até pareces pai da criança! – Circe sorriu ainda mais. Depois olhou nos olhos de Mary. – Não. Ela não tem nenhuma parecença contigo. Se bem que… ela me faz lembrar alguém.

- Circe, ela não é minha filha. Aliás, ela veio cá ter por acidente. – Darius implorou. – Deixa-a ir.

- Porquê? Nós divertimo-nos tanto, não foi querida? – Circe ajeitou os cabelos de Mary e esta afastou-se.

- Eu fico no lugar dela. – Darius engoliu em seco.

- Pensei que te tinhas cansado de mim. – Circe fixou Darius e caminhou até ficar bastante próxima. – Dez anos de solidão, sem ninguém para me fazer companhia… - Circe rondou Darius e acariciou os cabelos deste. – Já sei. Porque é que não ficas tu e a pequena Mary? Uma verdadeira família!

- Você não é a minha família. – Mary disse e tentou fugir, mas Circe agarrou-a.

- Não me gostarias de ter como mãe? – Circe perguntou. – Dar-te-ia tudo o que quisesses.

- Eu já tenho mãe. – Mary estreitou o olhar.

- Ai sim? E quem é ela? – Circe perguntou sorrindo.

- Eu sou a mãe dela. – Lara disse em voz firme. Circe perdeu o sorriso e viu mais cinco pessoas entrarem por uma das portas laterais.

- Tu estavas morto! – Jack exclamou vendo Darius na frente.

- Parece que enganaste o grupinho aqui, Darius! – Circe exclamou, não tirando os olhos de Lara. – E sempre tinha razão ao dizer que a miúda me fazia lembrar alguém.

- Deixa-os ir Circe. – Darius agarrou num braço de Circe e esta riu.

- Circe? – Lara passou Mary a Jack. – Tu conheces essa mulher?

- Claro que o Darius me conhece. Há milhares e milhares de anos. – Circe sorriu e pode notar o espanto na cara dos presentes. – Mas afinal quem são vocês? Oh, já sei! Os piratas que vieram roubar o Olho-de-Tigre. Acertei?

- Como é que…? – Jack interrogou-se.

- Essa miniatura tem uma língua grande. – Circe disse.

- Veja lá como fala da nossa filha. – Jack ameaçou e Circe fixou-o, fazendo Darius se inquietar.

- Agora percebo a razão da beleza exótica da miúda. – Circe aproximou-se de Jack. – E porque é que vocês têm tanta certeza que irão ter esse artefacto?

- Porque com uma bruxa como você pela frente não vai ser difícil. – Alicia disse. – Você é daquelas que dá vontade de correr à chapada.

- Azar. – Circe abanou a cabeça. – Subestimas uma deusa, mas infelizmente eu não posso fazer nada contra mulheres prenhas e crianças. No entanto, já não posso dizer o mesmo dos outros.

Com um único gesto, Circe fez os piratas voarem em direcção à parede, caindo no chão bastante queixosos. Os bons reflexos da deusa captaram a intenção de Darius, que se atirava para si com uma faca.

- Pensavas que me podias matar tão simplesmente? – Circe perguntou atirando Darius e fazendo este contorcer-se de dores. – Foi para isso que voltaste?

- Eu vim para fazer o que não tive coragem quando fugi. – Darius disse.

- Ah, sabes… - Circe ajoelhou-se na frente de Darius pegando-lhe no rosto. - … eu podia transformá-los simplesmente num bando de animais, mas iria ser fácil demais. – Circe fez um ar emburrado. – Que tal vocês mostrarem o que valem?

- O que queres dizer? – Darius olhou-a em pânico.

- Apresento-lhes a minha guarda. – Circe abriu os braços e Alicia agarrou Mary, colocando-se num canto em completo pânico. Quatro enormes tigres apareceram, rosnando contra os presentes.

- Houve uma altura em que só tinha lobos e leões. – Circe explicou. – Mas com o tempo notei que os lobos se tornavam amigáveis e os leões preguiçosos. Por isso… - Circe acariciou um dos felinos. - … desde que aqui estou, optei pelos tigres. Não há animal mais belo e feroz que eles.

- Bonitos eles são… - Jack observou. - … o mesmo não se diz do tamanho e do número de dentes!

- Pois bem, se vos agrada… FAÇA-SE LUZ! – Circe ergueu ainda mais os braços e a sala encheu-se de fogo. As cabeças de tigre espalhadas pelas paredes cuspiram fogo e um corredor estreito de fogo lambia ambas as paredes laterais.

- Leva a Mary daqui! – Lara exclamou para Alicia desembainhando a espada.

- Nanana. – Circe negou com o dedo e todas as entradas se encheram de fogo. – Daqui ninguém sai.

- São quatro, precisamos de pelo menos duas pessoas para cada. – Barbossa disse, enquanto se reuniam em círculo, de costas voltadas e com as espadas e pistolas apontadas aos felinos que se aproximavam.

- A Alicia não vai lutar. – Lara disse. – Alguém precisa ficar com a Mary.

- Nem sequer equacionei essa hipótese Lara. – Barbossa disse.

- Eu posso ajudar. – Darius colocou-se ao lado deles, mas todos o olharam de lado.

- Você? Pensei que fosse braço direito daquela doida! – Lara exclamou.

- Agora não interessa nada. – Barbossa disse. – SEPAREM-SE!

Os tigres fixaram alvos e tal como Barbossa previra, cada tigre ocupou-se de dois piratas. Só Alicia e Mary pareciam ter sido ignoradas pelos grandes felinos.

Jack e Lara ficaram com aquele que parecia ser o maior de todos. O tigre não os atacava, mas rondava-os ameaçadoramente, sempre mostrando os dentes aguçados.

- Ele vai escolher um de nós. – Jack disse.

- O que queres dizer? – Lara olhou o marido de lado.

- Que aquele que for atacado terá de contar com a ajuda do outro. Tem atenção às garras. Uma simples patada pode matar instantaneamente.

- Obrigada pela visão tão optimista. Não dizias que matar um tigre era fácil?

- Sim, mas não me lembrava do tamanho real deles. Além do mais existem outros três. – Jack apontou para o tigre que estava sentado, olhando os outros. – Quase de certeza que se um for atingido, aquele investirá.

Lara engoliu em seco e viu um dos tigres voar na direcção de Bootstrap. Barbossa disparou mas embora ferido, o animal tentou derrubar o capitão com uma das patas. Bootstrap lançou-se em cima deste, mas o tigre empinou derrubando-o. Ao fugir dos dentes aguçados que tentavam arrancar um das suas pernas, Barbossa disparou na direcção da cabeça do tigre. A satisfação por ter morto um deles durou pouco. Barbossa sentiu um peso enorme nas suas costas e caiu no chão. Virou-se e ficou frente a frente com outro dos felinos.

- Arranca-me a cabeça se tens coragem, seu monte de pelo! – Barbossa exclamou e o tigre emitiu um rugido, quando o capitão mais velho cravou a espada no coração do animal. – Se nem o diabo me quis no inferno, não vão ser uns gatos que me vão mandar para lá!

- Ah! – Gibbs berrou quando um dos tigres agarrou a sua perna. As dores eram horríveis. Um segundo depois, naquilo que lhe parecia horas, a dor afrouxou mas continuava a sentir os dentes cravados na sua carne. Viu que Darius tinha cravado a espada na cabeça do tigre e tentava agora retirar a perna da boca do animal.

- Faça força para que não se desprenda. – Darius disse rasgando um bocado da camisa e colocando como torniquete, estancando o sangue que jorrava.

- Obrigado rapaz. – Gibbs disse.

- Vai a algum lado? – Circe apareceu na frente de Alicia quando esta tentou ajudar Gibbs.

- Só ajudar um dos meus. Mas você não sabe o que é isso, pois não? – Alicia perguntou. – Deusas têm sempre o rei na barriga, mas não passam de um bando de pegas! – Alicia tapou os ouvidos de Mary.

Circe sorriu como se não estivesse ofendida, mas sem o fazer prever pregou uma bofetada em Alicia que a fez cair no chão.

- Numa coisa você acertou. Eu tenho sempre o rei na barriga porque estou sempre acima de vocês. – Circe disse.

- Você disse que não podia fazer nada a mulheres grávidas! – Alicia exclamou, sentindo vontade matar aquela mulher.

- Não posso matá-las. De resto, posso fazer tudo o que quiser. – Circe sorriu.

- Sua… - Alicia olhou para Mary. – FOGE MARY!

Circe virou-se para Mary mas antes de ter tempo para fazer algo à criança, Lara voou para cima desta.

- Você acha-se muito valente com tigres defendendo-a, mas não faz a mínima ideia de como se porta uma leoa quando as suas crias são ameaçadas! – Lara colocou-se em cima de Circe e esbofeteou-a. – Seja a última vez que tenta fazer algo contra a minha filha, sua vadia!

- Ahhh! – Circe berrou, quando Lara lhe pregou outro estalo e num impulso empurrou Lara. A morena não teve tempo de se recompor, quando viu Circe se transformar num enorme tigre e voar para cima de ti.

- PARE! – A exigência de Mary foi ouvida captando a atenção de Circe. – PARE OU JOGO ISTO NO CHÃO!

Circe retornou à sua forma humana e ficou horrorizada quando viu que Mary tinha o globo dourado nas mãos.

- Larga isso, sua peste! – Circe exclamou, com um olhar felino capaz de fulminar alguém.

- Não! – Mary exclamou e preparou-se para jogar o globo no chão. No mesmo instante, este emitiu uma luz dourada forte e uma mancha dourada apareceu a seu lado, como se fosse um buraco para outro mundo.

- Mas que raio é aquilo? – Lara perguntou.

- AH! – Mary berrou quando se sentiu sugada. Largou o globo e não conseguiu lutar contra a força do buraco que se formava.

- MARY! – Lara e Jack berraram ao mesmo tempo. O globo ficou como suspenso no ar e quando se precipitou para o solo, Jack e Barbossa lançaram-se ao mesmo tempo. No mesmo instante em que o tocaram foram sugados pelo buraco, levando o globo com eles.

- NÃOOO! – Lara lançou-se para o buraco mas Alicia e Darius agarraram-na.

- Oops! – Circe arregalou os olhos. – Isto é mau. Muito mau. Bem, fiquei à vontade. Parece que vou ter de me ausentar. – Circe caminhou para o buraco. – Sabe, faça bom proveito do Darius. Foi muito tempo com ele. Agora é hora de novos horizontes. E convenhamos… o seu marido é delicioso!

- SUA CABRA! – Lara tentou agarrar Circe mas esta acenou sorrindo e entrou no buraco. No mesmo instante, este desapareceu, deixando a sala num autêntico silêncio sepulcral.

- NÃOOO! – Lara berrou e a sua dor era tão grande que arrepiou os restantes.

- Lara… - Alicia agarrou a amiga, mas Lara não conseguia parar de chorar e gritar.

- A MINHA FILHA… -Lara sentiu-se sufocada. - … EU QUERO A MINHA FILHA. EU QUERO O JACK!

Lara desabou chorando copiosamente e Alicia acompanhou-a, abraçando-a o mais forte que pode.

- Lara… o melhor agora é… - Darius colocou a mão sobre o seu ombro, mas Lara afastou-se bruscamente.

- NÃO ME TOQUE, SEU MONSTRO! – O choro tinha dado lugar a um ataque de fúria. – Você sabia o que nos esperava. Sabia o que guardava esse maldito artefacto e não foi capaz de dizer NADA!

- Eu sei que não tenho perdão, mas…

- CALE-SE! – Lara berrou. – Eu nunca mais o quero ver à minha frente. NUNCA MAIS!

Lara encaminhou-se a passos largos para a porta mas estancou quando viu Norrington entrar, arrastando um Thomas bastante maltratado.

- O que é que aconteceu? – Alicia perguntou, correndo até Elizabeth e olhando horrorizada para Thomas.

- Ele foi atingido numa armadilha. – Elizabeth disse.

- Precisa urgentemente de um médico. – James depositou Thomas no chão e este emitiu um esgar de dor.

- Eu vou ver o que posso fazer. – Bootstrap ofereceu-se.

Lara levou as mãos à cabeça e puxou os longos cabelos com toda a força. Mary e Jack tinham sido arrastados sabe-se lá para onde, com Barbossa junto. Thomas estava bastante ferido e Darius tinha-se revelado um autêntico traidor. O seu coração batia aceleradamente e a sua cabeça estava a mil. Deixou-se cair na frente do grande tigre de pedra e quis gritar e chorar até ficar inconsciente. As lágrimas invadiram os seus olhos, mas mesmo sem querer, estes captaram o estranho hieróglifo gravado entre as patas do tigre.

Continua…