Olhos Felinos escrita por Jodivise


Capítulo 15
Capítulo 14 Encontros e desencontros


Notas iniciais do capítulo

Mary não emenda mesmo! Será que vão conseguir achar essa menina a tempo?



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Capítulo 14: Encontros e desencontros

Mary corria por uma das ruas movimentadas de Singapura. Começava a ter medo de ter fugido. Aquela cidade estava cheia de gente esquisita que a olhavam com curiosidade. Umas mulheres tentaram agarrá-la mas esta foi mais rápida. Não queria chorar. Queria ser corajosa como o seu pai e a sua mãe. Como todos dentro do Pearl. Foi ter a uma rua escura, onde não se via viva alma, tendo apenas a iluminação de candeeiros de papel vermelho. Escondeu-se atrás de uns caixotes. Talvez se espera-se, alguém da tripulação a acha-se. Era como jogar às escondidas. Ouviu barulho. Encolheu-se ainda mais começando a tremer.

Viu uma sombra negra no chão e sentiu os seus olhos marejarem. O caixote que a escondia foi levantado e Mary deixou escapar um grito, surpreendendo o homem rude que pegara na caixa. Mary não percebeu o que este queria dizer. Falava numa língua esquisita e de repente falou mais alto. Uma mulher aproximou-se olhando Mary de perto. Era horrorosa. Pequena, com o cabelo grisalho em desalinho e quase sem dentes nenhuns. Falou qualquer coisa com o homem e sorriu diabólicamente. Mary só queria a sua mãe ali.

Tentou fugir mas o homem agarrou-a pelo ombro, erguendo o corpo franzino.

- Largue-me! – Mary tentou bater em vão, choramingando cada vez mais alto. A mulher agarrou na sua face e analisou-a como se fosse um simples objecto.

Numa distração do homem, Mary mordeu a mão deste sentindo-se livre. Correu em direcção ao final da rua, enquanto a mulher se punha aos gritos e o homem a perseguia. Quando chegou a um local movimentado pegou uma das maçãs que estavam numa banca e atirou-a contra o homem, para desespero do vendedor.

O sujeito acabou se irritando e sacou de uma faca para horror de Mary. Olhou as pessoas na rua e o vendedor. Todos se afastaram. Era impossível que ninguém a ajuda-se. No entanto, numa fracção de segundos, Mary viu algo a voar na direcção do homem mau, acertando-lhe no pescoço e fazendo este se estatelar no chão. Horrorizada recuou um passo começando a soluçar violentamente.

Sentiu que alguém a tinha agarrado pela cintura e elevado do chão. Ao afastar-se, viu a multidão aglomerar-se junto ao homem. Alguém a levava. Mary sorriu ao pensar que se tratava de alguém conhecido, mas deparou-se com um homem jovem que nunca vira na vida. O medo apoderou-se de si. Ele ia raptá-la.

- Solte-me! – Mary estrebuchou.

- Calma, agora você está segura! – o homem falou.

Mary tentou se soltar mas o homem era forte e bastante alto.

- A minha mãe diz para eu não falar com desconhecidos. – Mary disse. O homem parou subitamente, posando-a no chão. Agachou-se ficando cara a cara com o desconhecido.

- A sua mãe era aquela mulher que estava aos gritos? – o homem perguntou.

- Não. A minha mãe é a mulher mais linda do mundo. – Mary disse. – E muito valente.

- Acredito. – o homem sorriu. Tinha um sorriso simpático, o que relachou Mary. – Mas uma menina assim tão pequena não deve andar por estas ruas sozinha.

- Eu sei me cuidar. – Mary disse.

- Também acredito. – o homem sorriu ainda mais. – Mas agora deves ir para casa. Onde moras?

- Num navio. – Mary disse com naturalidade, fazendo o homem franzir o sobrolho.

- A sério? Então deve estar no porto. O meu navio também está lá. – o homem disse. – Vou levar-te até à tua mãe.

- Não me vai raptar? – Mary perguntou desconfiada.

- Claro que não. Ao contrário do homem que corria atrás de ti. – avisou. – Já agora, a princesinha tem nome?

Mary ficou calada. Não sabia se era seguro dizer o seu nome verdadeiro. Essa era uma das primeiras lições de pirataria que se aprendia.

- Mary... – disse a medo.

- Bonito nome! – o homem esticou a mão. – Chamo-me Thomas e estou ao serviço de sua senhoria. – disse em jeito de brincadeira arrancando um sorriso tímido a Mary.


- ASSIM NÃO DÁ! – Alicia berrou. Andavam à mais de meia hora pelas mesmas ruas tentando encontrar Mary. Cada um puxava à sua sardinha. Uns diziam que tinha ido para a direita, outros para a esquerda. – O melhor é organizar dois grupos. Será mais fácil achar a Mary.

- A Alicia tem razão. Singapura é uma autêntica bifurcação de ruas e portas abertas. – Barbossa disse.

- Sendo assim eu, o Barbossa, o Cotton e VOCÊ... – Alicia puxou Norrington pelo casaco quando este se esquivava. - ... vamos percorrer a zona periférica.

- Eu? Mas eu não tive nada a ver com o assunto! – Norrington exclamou. – A pirralha sumiu porque quis!

- Volte a chamar a minha filha disso, seu camelo da Marinha Rea... – Jack quase avançou para cima do ex-Comodoro, se Lara não o tivesse segurado.

- Com estas confusões não vamos a lado nenhum e a Mary pode estar correndo perigo. – Darius disse.

- Tem razão. – Lara apoiou. – Eu, o Jack, o Darius e o Gibbs vamos pelo interior.

- Ele? – Jack perguntou esticando o dedo na direcção de Darius com olhar escandalizado.

- Jack não é hora para birras. A nossa filha fugiu e ele já foi muito útil, lembras-te? – Lara cerrou os dentes, deixando Jack amuado. – O primeiro que a achar vai ter ao Pearl.

Os grupos separaram-se, desaparecendo facilmente nas ruas agitadas.

- Que falta faz aqui o Will! – Alicia lamentou-se entre dentes.

- Nunca vi marido mais ausente.- Norrington falou com ar importante.

- Ouça lá seu banana, você está dizendo mal do meu marido maravilhoso? – Alicia perguntou bufando.

- Não. Apenas digo que ele é bastante ausente. Não sei como aguenta. – James disse. - E seja a última vez que me chame banana.

- O meu marido é ausente porque carrega um fardo que não recomendo a ninguém. E você é um banana sim. Afinal deixou escapar a noiva por entre os dedos. – Alicia disse.

- Como? – James parou subitamente olhando para Alicia com ar incrédulo.

- O quê? – esta perguntou sem perceber.

- Você disse que eu tinha uma noiva. – James disse.

- Eu... não... ah eu não disse que tinha uma noiva. Quis dizer que com esse seu jeito, uma noiva fugiria de si a sete pés. – Alicia andou rapidamente até alcançar Barbossa.

- Você é insuportável e irritante! – James exclamou.

- O mesmo de si. – Alicia disse. – Seu desmemoriado! – exclamou baixo e sorrindo disfarçadamente.


Mary sentiu uma ansiedade crescente quando chegou à zona do porto. Ao colo de Thomas rodou a cabeça em todas as direcções tentando achar o Black Pearl.

- Consegues ver o navio em que viajas? – Thomas perguntou.

- O navio é meu. – Mary disse.

- Oh como queira capitã Mary! – Thomas exclamou.

- Quem é essa garota? – a pergunta fez Mary olhar para uma mulher que se tinha colocado ao lado de Thomas.

- Eu salvei-a de ser raptada por essa máfia de malfeitores que aí anda. – Thomas explicou. – Chama-se Mary e diz que mora com a mãe num navio.

- Será alguma viajante? – a mulher perguntou. Os cabelos loiros desta contrastavam com a pele tostada do sol. Era uma mulher bastante bonita. – Olá querida! Em qual navio tu e a tua mãe viajam?

- No navio do meu pai. – Mary respondeu.

- Oh, o teu pai é capitão? – a mulher perguntou.

- Sim. Ele e o vô emprestado. – Mary disse.

- Avô emprestado? – a mulher franziu o sobrolho. – Podes chegar aqui, Thomas?

Thomas deixou Mary sentada encima de um dos pilares do cais.

- Donde apareceu essa miúda? – a mulher questionou.

- Eu sei lá! Ela estava a ser perseguida, salvei-a e prometi que iria levá-la à mãe. – Thomas explicou. – Porque é que está desconfiada?

- Não sei. Ela não me é estranha. Parece que já vi aqueles olhos em qualquer sítio. – a mulher disse, olhando Mary de soslaio.

- Agora que falas, tens razão. Ela disse que a mãe era muito bonita. – Thomas disse.

- Todas as mães são bonitas, Thomas! – a mulher exclamou. – Eu olho para ela e faz-me lembrar alguém.

- Espero que não aches que é minha filha! – Thomas brincou.

- Ai de ti! – a mulher deu um murro no ombro deste.

- Sabes que só tenho olhos para ti, Elizabeth. – Thomas acariciou os cabelos desta.

- MARY! – o berro fez com que o casal virasse as cabeças repentinamente. Uma mulher veio de braços a correr, abraçando a menina.

- Parece que a mãe andava louca à procura dela! – Thomas exclamou. – A sua filha andava perdida por aí. Trouxe-a para aqui porque corria perigo.

- Obrigado, mas ela não é minha... – Alicia colocou Mary no chão ao mesmo tempo que ficava em choque dando de trombas com... -... Thomas?

- Alicia? – Thomas arregalou os olhos ao ver a velha conhecida à sua frente. – Alicia Grant?

- Errado! Alicia Grant Turner! – Alicia sorriu abertamente. – Quem diria. Thomas Cole em Singapura com... – Alicia desviou os olhos para Elizabeth. - ... Lizzie!

- Olá Alicia. – Elizabeth sorriu meio encabulada. – Já vi que tens uma filha! Tu e o... Will. – uma nuvem negra passou pelos olhos desta.

- Oh não. A Mary Rose não é minha filha. Eu e o Will ainda não conseguimos... – Alicia sentiu uma ansiedade no peito. - ... deixa para lá. A Mary é filha da Lara e do Jack.

- Lara? A Lara Stevens? – Thomas perguntou.

- O Jack Sparrow? – Elizabeth abriu a boca.

- Mas vocês ficaram parvos? Só há uma Lara e um Jack. – Alicia sorriu. – E já se esqueceram que a Lara estava grávida?

- Não. Mas é que é tão estranho ver uma filha do Jack. - Elizabeth olhou Mary que tinha corrido até Cotton. – Vendo bem ela é a cara do Jack.

- Não exageres. Agora compreendo o porquê de dizer que a mãe era linda. – Thomas disse e quase foi fulminado por Lizzie.

- Ainda não me disseram o que fazem aqui em Singapura. Mudaram-se para cá? – Alicia perguntou.

- Não. Estamos de passagem. – Elizabeth disse.

- Compramos um navio há um ano. Arrumamos uma tripulação pequena e a Lizzie é a capitã. – Thomas sorriu.

- Nossa, depois de rainha passas-te a capitã! – Alicia exclamou, até que um assombro de curiosidade passou por si. – E vocês? Já casaram?

Thomas e Elizabeth engasgaram-se e começaram-se a rir.

- Nós estamos juntos mas gostamos de ser livres como pássaros. – Elizabeth passou o braço por cima do ombro de Thomas enquanto este envolvia a sua cintura. – E quem é vivo sempre aparece! – Elizabeth exclamou ao ver Barbossa se aproximar. – Como vai Capitão Barbossa?

- Miss Swann. – Barbossa fez uma vénia.

- E quem é o homem que está com vocês além do Cotton? Não o conheço. – Elizabeth disse, olhando o homem que se encontrava de costas.

- Um tótó que entrou dentro do navio! – Mary exclamou, botando a língua de fora para este.

- Olhe aqui sua diaba... – Norrington virou-se mas antes de poder fazer algo os seus olhos prenderam-se em Elizabeth.

Elizabeth fixou Norrington e ficou branca como a cal. Sentiu-se desfalecer, sendo amparada por Thomas.

- James? – disse entre lágrimas.

Este aproximou-se de Lizzie tocando o rosto desta com a mão e deixando Thomas sem perceber nada.

- Eli...zabeth? – perguntou, sentindo um turbilhão de memórias assolar a sua mente.

- James... – Elizabeth abraçou este com toda a força. - ... estás vivo!


Jack, Lara, Gibbs e Darius andavam às voltas pelas ruas estreitas.

- Começo a ficar preocupada, Jack. – Lara disse. – Isto é enorme, cheio de recantos e de gente duvidosa. O que é que deu na cabeça daquela rapariga?

- Love, há sempre uma fase em que cometemos loucuras. – Jack disse.

- Pois, mas não é aos cinco anos. – Lara disse, cruzando os braços e sentindo uma aflição cada vez maior.

- Passa-se algo ali à frente, Jack. – Gibbs apontou para o amontoado de gente que rodeava algo.

- É melhor ver o que é. – Jack disse, dando um passo em frente, mas rodando em seguida travando o passo de Lara. – É melhor ficares aqui. Eu e o Gibbs vamos lá ver.

- Jack, mas pode ser algo relaccionado com a minha filha! – Lara exclamou.

- Nossa filha, love. Por isso mesmo. – Jack disse colocando as mãos em sinal de compreensão. Lara encostou-se a uma das casas. - Estou de olho. – Jack sussurrou para Darius, fazendo Lara revirar os olhos. Quando é que ele iria aprender que ela só tinha um único amor no coração: Jack Sparrow e mais ninguém.

Quando Lara viu Jack e Gibbs desaparecerem na multidão, suspirou e encostou a cabeça à parede, olhando o céu.

- Tem filhos? – Lara perguntou a Darius.

- Não. – Este baixou a cabeça.

- Porque não quer ou porque nunca se importou em saber se tinha por aí algum espalhado?

- Por nenhuma das duas. – Darius disse, olhando para si.

- Homens do mar têm sempre amores por aí espalhados. É normal que tenha algum descendente e nem sequer saiba. – Lara disse, olhando para este.

- Eu não sou desses. Para mim só o amor de uma mulher importa. – Darius disse, olhando Lara com tal intensidade que esta desviou os olhos.

- E nunca pensou ter filhos com a mulher que ama?

- Ela morreu antes de haver tempo para qualquer coisa. – Darius voltou a baixar a cabeça.

- Oh desculpe. Eu não sabia. – Lara tentou se desculpar. – Melhor mudarmos de assunto.

Lara ficou um tempo sem falar, fechando os olhos e tentando pensar no que fazer para encontrar a sua filha. Sentiu algo passar pelos seus pés e abriu os olhos. Uma ratazana enorme estava mesmo encima da sua bota. Lara não tinha medo de ratos, mas o mesmo não se passava em relação a ratazanas gordas e raivosas. Saltou com tamanha pressa que acabou nos braços de Darius.

- O que foi? – Darius perguntou.

- Uma ratazana... – Lara disse mas os seus olhos captaram os de Darius.

Foi como se a sua mente se ausentasse dando lugar a outra pessoa. Estavam tão próximos que mais um passo ligaria as suas bocas. Lara acabou por suster a respiração e tudo ficou turbo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que os fãs do Jack não me matei por causa da última parte... Mas relax, que eu também sou 100% Jack!!!

Obrigada pelas reviews CamilaVargas e JaneR!

Espero que gostem!!! Saudações Piratas!!!

JODIVISE