- O que você disse? – Kyoko pergunta com um sorriso brilhante.

- Você e Fuwa-san vão fazer um CD juntos. – Sawara repete pela 10ª vez.

- Sério?! – Kyoko olha incrédula para ele, sem acreditar. Não que ela não quisesse fazer isso, ela não tinha mais ódio de Shou. Lógico, seu coração sempre se lembraria da ferida, mas Kyoko estava superando bem.

- Sim. Você vai fazer as gravações do seu drama apenas pela manhã, e de tarde, vai para um encontro com Fuwa Shou, hoje. Lá, vocês irão marcar o horário dos encontros e eu vou informar ao diretor Date. – Sawara olhava para a garota, ainda esperando a reação que ela tinha antes. Normalmente, ela sempre reagia estranhamente quando escutava o nome de Shou.

- Entendo.

- Ótimo. Aqui está o endereço. – Kyoko pega o papel e se despede, saindo da LME e pegando um táxi, indo para o estúdio. Lá chegando, percebe o silêncio no set. Estavam gravando uma cena. Kyoko vê suas amigas e vai até elas.

- Bom dia, Julie, Kate-san, Momose-san.

- Ah, Kyoko-chan. Oi.

- Que cena é essa? – Kyoko pergunta, olhando para Ren e Kuu, que estava conversando no set.

- É quando eles conversam sobre Yumiko e Takumi nega ter qualquer sentimento por ela.

- Hum.

- Kyoko-chan, acho melhor você ir se trocar.

- Tem razão. – Kyoko vai para o vestuário e se troca, vestindo sua roupa do clube de tênis. Ela ficou se olhando no espelho, estranhando o cumprimento da saia. Quando ela corresse para a bola, a saia subiria e todos veriam sua calcinha. Ela foi maquiada e colocou sua peruca, saindo do vestuário, indo falar com o diretor.

- Bom dia Diretor Date.

- Ah, Kyoko-chan, você já está pronta. Que bom. Ren, está pronto? – Ren se aproxima, com uma calça jeans e uma jaqueta azul-marinho.

- Sim. Bom dia, Kyoko. – Ren sorriu para ela.

- Bom dia, Ren. – ela se curva.

- Okay, vamos para lá. – Date, Ren e Kyoko vão para outra seção do estúdio, onde tinha uma imitação idêntica de uma quadra de tênis.

- Kyoko-chan, você sabe jogar tênis, não é? – Date pergunta esperançoso.

- É o mesmo que squash? – ela pergunta, inocente.

- Parecido. Só que nesse você tenta jogar a bola depois da rede.

- Hum, acho que posso tentar.

- Ok, vamos lá. Câmeras? Ação!

- Yumiko-chan! Yumiko-chan! – Kazuya gritava, torcendo por ela do outro lado da grade.

- O que você está fazendo, Kazuya? – Akatsuki pergunta, olhando para o amigo como se ele fosse uma aberração.

- Estou torcendo. O que parece?

- É a torcida do amor, né? – Sui pergunta.

- Isso, isso. EI! – Kazuya percebe com o que tinha concordado.

- Ahahahahaha, admitiu!

- Calem a boca!

Enquanto isso, Yumiko falava com seu sempai.

- Yumiko-chan, você conhece eles?

- Não. – ela mente.

- Mas eles estão te chamando.

- Eu não sei quem são, Haruka-sempai. – ela sorri gentilmente e o garoto fica vermelho, desistindo de perguntar.

- Hã, Yumiko-chan, eu estava pensando...

- Sim?

- Você quer sair comigo depois das atividades do clube? Não sei, a gente podia ver um filme ou comer juntos.

- Sério?

- Sim.

- Nós podemos ir ao cinema, mesmo?

- Sim. – ele sorriu para a animação da garota. Ela estava parecendo uma criança.

- Eu vou! Eu com certeza vou!

- Que ótimo. Então, eu vou te esperar na porta do colégio.

- Sim. Vamos jogar?

- Hai! – eles vão um para cada lado da quadra e Haruka saca com força. Yumiko corre para onde a bola estava indo e rebate.

- Vai Yumiko-chan! – Sui grita, sorrindo.

- Depois fala de mim.

- Ah, mas olha pra ela. Presta atenção. Ela está tão fofa. – Sui diz, olhando para a irmã do amigo.

- Ei, onde está o Takumi?

- Deve ta por ai se pegando com alguma garota.

- Sério?

- É. Ele chegou irritado, e quando isso acontece, ele pega tudo quanto é garota na frente dele.

- Fato. – eles concordam.

- Corta! Okay pessoal! Vamos mudar a cena!

Eles voltam para o outro estúdio.

- Ren, é sua vez!

- Hai!

- Ação!

Takumi estava sentado em uma mesa, entre suas pernas estava uma das garotas mais populares do colégio. Eles estavam sozinhos na sala, sem nenhuma luz. A garota se insinuava a ele igual uma prostituta, beijando ele e passando a mão pelo corpo dele. Takumi só estava ali para esquecer sua raiva de Yumiko. Eles tinham brigado de manhã, por que Takumi tinha usado o dinheiro das compras para comprar lanches e agora eles estavam sem comida para o jantar. Takumi tinha ficado muito irritado. Era só uns lanches. Nada demais. Não precisava gritar com ele.

A garota se aproximou mais dele, apertando as coxas de Takumi, tentando chamar a atenção dele. Ela odiava ser ignorada, ela era mimada e tinha se acostumado com todos os homens aos seus pés. Mas Takumi não ligava pra ela. Isso a irritava. Takumi colocou uma mão dentro da blusa dela, subindo, e a garota pegou a outra mão dele, colocando-a em seu seio. Takumi se afastou dela, respirando calmamente, enquanto a garota estava nervosa, a respiração desregulada.

- Ei, o que pensa que está fazendo?

- Takumi-kun, eu sei que você me quer... – ela começa a beijar o pescoço dele – e eu também te quero. – ela diz no ouvido dele, fazendo uma voz que para ela era definida de sedutora. Takumi não ligava pra garota. Só queria alguém para extravasar sua raiva e frustação com Yumiko. Aquela garota apareceu, então ele a usou.

- Vamos nos divertir mais, Takumi-kun. – ela sorri, colocando as mãos na blusa dele, desabotoando-a. Takumi fica olhando para ela, sem expressão no rosto. Ele não estava excitado. Não. Mas sentia nojo daquele tipo de garota. Elas eram imundas e se jogavam ao primeiro homem bonito que vissem. Takumi simplesmente assistiu ela tirar sua blusa e jogá-la no chão.

Por um momento ele pensou em Yumiko. Imaginou ela ali, no lugar daquela mulher. Imaginou ela beijando-o. Eles trocando carícias. Ela gemendo seu nome no seu ouvido, excitada com o que Takumi fazia. Ele perdeu a consciência por alguns segundos, e quando percebeu, a garota estava na sua frente, apenas com seu sutiã rosa, e já estava se preparando para tirar a saia.

Takumi se levantou de repente, pegando os braços dela, e a jogando na mesa. Ele subiu por cima dela, se apoiando pelos joelhos e usando um braço para prender os pulsos dela em cima de sua cabeça.

- Você quer se divertir, não é? – Takumi diz com um sorriso malicioso, acariciando a barriga da garota com a mão livre – O problema é que eu não estou excitado.

- Eu posso cuidar disso. – a garota diz, meio sorrindo e em êxtase, sentindo a mão de Takumi alisando suas pernas.

- Não, você não pode. Você não passa de uma garota mimada que acha que pode conseguir tudo com dinheiro. Você me dá nojo. – ele diz, beijando ela forçadamente na boca.

- Você tem um corpo bom, mas não é o suficiente para mim. – ele sai de cima dela, pegando sua blusa no chão e saindo da sala sem olhar para trás.

-Corta! Beleza, pessoal! – Date aprova a cena. A garota na mesa, se levanta, vestindo a blusa, e saindo dali.

Ren sai do set ainda sem blusa e todas as mulheres o acompanham com o olhar, admirando a beleza do corpo dele. Ren fala com o diretor e depois chama Kaito, Mathew e Kei.

- Sim?

- É a vez de vocês.

- Ok.

- Kyoko-chan! Vem aqui! – Kyoko corre até eles e para o mais longe possível de Ren, que ainda estava sem blusa.

- S-sim?

- É a sua vez.

- Sim. – Kyoko dá a volta, passando longe de Ren e vai para o set.

- Eu fiz alguma coisa? – Ren pergunta, sem entender.

- Com esse corpão exalando feromônios, qualquer garota se assusta. – Kaito diz, sorrindo.

- Eh? – Ren olha para Kyoko, que tinha o rosto vermelho e murmurava alguma coisa para si mesma.

- Não ache que vai conquistar ela só porque tem um corpão sarado. – Kei diz, andando para Kyoko.

- É tão chamativo assim? – Ren pergunta, olhando para si mesmo.

- Sim. – Mathew e Kaito respondem, indo para o set. Ren os segue.

- Ok, Câmeras? Ação!

- Takumi! Takumi! – Kazuya chamava, abrindo as portas das salas e olhando dentro. – Takumi, cadê você?!

- O que é? – Takumi aparece do seu lado, segurando sua blusa no ombro.

- Onde você estava? – Akatsuki pergunta – e por que está sem blusa?

- Ah, uma garota tirou. – ele olha para a blusa e olha para Sui. – o que?

- Enquanto você estava fazendo coisas indecentes com uma garota desconhecida, Yumiko-chan marcou um encontro com o Haruka-sempai.

A expressão de Takumi muda, primeira para surpresa, depois para desinteresse.

- E daí?

- Você não vai impedi-la?

- Por que eu deveria? É bom que ela finalmente arranje um homem e cresça. – ele diz, andando para a saída da faculdade.

- Então você não se importa da sua irmãzinha sair com um cara e talvez passar a noite fora?

- Não.

- Então ta. Ela ta vindo ai. – Sui diz, olhando para Yumiko que se aproximava correndo.

- Taku-nii! – ela pula em cima dele, abraçando-o – hã? Por que está sem blusa?

- Nenhum motivo. O que você quer?

- Olha, aqui está um dinheiro pra você compra o jantar pro papai e pro Shouta. Não compre lanches, ta escutando?! – ela coloca o dedo na cara dele.

- Hai, hai. – ele pega o dinheiro.

- Não me espere acordado. Talvez eu passe a noite fora. – então ela sai correndo, rindo para si mesma.

- Ah! Ela vai passar a noite fora! – Kazuya acusa, dando um ataque. – Faz alguma coisa Takumi!

Takumi olha para ele, dando um olhar mandando-o se calar e continua andado.

- Essa noite Yumiko-chan vai perder a inocência. – Sui diz, sorrindo maliciosamente. Takumi continua andando, sem olhar para trás.

-Corta! Okay! Próxima cena! – eles vão para o outro set.

- Ren, pronto?

- Sim.

- Ação!

Takumi estava na sala de sua casa, assistindo TV e comendo o resto dos lanches. Shouta estava do seu lado, sentando quase dormindo.

- Ei pivete, se ta com sono, vai dormir. – Takumi olha pro irmão.

- Não! Vou esperar a onee-chan. – ele diz, bocejando.

- Ela disse que vai passar a noite fora.

- Eu não acredito em você! – Shouta grita.

- Tanto faz. – Takumi continua assistindo a Tv e em poucos minutos, sente Shouta caindo em seu colo, dormindo. – Fala sério.

Takumi olha para o irmãozinho, pegando-o no colo, e o leva para seu quarto, deitando-o na cama e cobrindo ele com o lençol.

- Boa noite, pirralho. – Takumi sorri, passando a mãos nos cabelos dele e saindo do quarto. Ele senta na frente do sofá de novo, e continua assistindo a Tv. De 10 em dez minutos ele olhava para a porta, murmurando alguma coisa e voltando a prestar atenção na Tv. Ele se levanta, vai à cozinha, remexe nas coisas e volta para o sofá, se levantando de novo, indo lá dentro e voltando. Ele abre a porta da casa, olhando para fora, como se procurando alguém. Ele sai e fecha a porta. Depois de alguns segundos ele volta para dentro, sentando de novo no sofá, olhando para a Tv.

- Corta! Ok, maquiagem! Amanheceu! - uma mulher corre até Ren, fazendo duas olheiras nele e saindo do set. – Ação!

Takumi estava na mesma posição, sentado, olhando para a Tv agora desligada. Em volta de seus olhos tinha duas olheiras profundas. Sua expressão estava um misto de cansaço e raiva. Yumiko não tinha voltado para casa. Ela havia passado a noite fora. Toda. Com outro homem. Takumi começou a pensar no pior, e se levantou, puto da vida, entrando no seu quarto e batendo a porta com toda a força.

-Corta! Ren, vá se trocar!

- Sim! – Ren corre para fora do set, indo pro vestuário. Ele volta vestido com uma calça e uma blusa verde, de tênis. Seus cabelos mais bagunçados do que nunca.

- Todos prontos?

- Sim!

- Ação!

- Takumi, o que diabos aconteceu com você? – Akatsuki pergunta, olhando para o amigo, que estava usando a mesa como travesseiro para a cabeça. Ele tinha olheiras e a cara fechada.

- Cala a boca. – Takumi diz, fechando os olhos.

- Bom dia! – Kazuya chega sorrindo, sendo bem vindo com um olhar assassino de Takumi, se assustando. – O que eu fiz?

- Ele só ta mal humorado.

- Takumi. A Yumiko-chan voltou para casa ontem de noite? – Sui pergunta. Takumi se levanta, socando a mesa, com raiva. – Foi o que eu pensei.

- Ela não voltou?! – Kazuya começa a sentir uma raiva lhe tomar. – Vou falar com ela. – ele sai correndo porta afora. Takumi se senta de volta, fechando os punhos com força.

- Toma. – Akatsuki pega dá uma latinha de refrigerante para ele e Takumi esmaga-a em sua mão, fazendo o refrigerante escorrer por seus dedos.

- Ela.Vai.Morrer.Hoje. – Takumi se levanta, pisando duro para fora da sala.

- Vamos ver. – Akatsuki diz, sorrindo para Sui e os dois seguem o chefe.

- Corta! Garotas, é a vez de vocês!

- Sim!

- Câmeras? Ação!

- Ahh, foi tão divertido ontem com o Haruka-sempai. Olha só essa pulseira! – Yumiko mostra o pulso.

- Ei, onde você comprou? É linda! – Rika diz.

- Haruka-sempai comprou pra mim... – ela diz, fazendo inveja as amigas.

- Ah, você tem sorte. – Midori diz – Queria que um sempai bonito desse prestasse atenção em mim.

- Ahahaha, achei que gostasse do Akatsuki, Midori. – Yumiko diz, sorrindo maliciosamente e a garota fica vermelha.

- N-n-não é v-v-verdade!

- Ohh, gaguejou! – Hikari entra na brincadeira.

- P-p-parem! – Midori pede.

- Mas você gosta dele, não é?

- Eu... não...

- Midori, somos suas amigas. Não vamos contar pra ninguém.

- E-eu... – ela abaixa o rosto – Eu gosto dele.

- Ahá! Eu sabia! – Yumiko diz, rindo – Vou te ajudar a ficar com ele!

- Y-yumiko-chan!

- Ah, Yumiko, você esqueceu isso lá na minha casa, ontem de noite. – Hikari diz, entregando um brinco.

- Ah, obrigada.

- Eh? Você não tinha passado a noite com o Haruka-sempai?

- Não.

- YUMIKO-CHAN!!! – a voz de Kazuya ecoa na sala e todos se viram, olhando para ele. Ele corre até a mesa dela.

- Você passou a noite fora?! Por que?! – Kazuya pergunta, com raiva.

- Eh? D-do que está falando?

- O que você fez com o Haruka?! Vocês passaram a noite juntos?!

- Kazuya-kun, para de gritar. – Yumiko pede – Se acalme.

- Vocês estão namorando?!

- Eh? – o rosto de Yumiko fica vermelho.

- Yumiko! – Takumi aparece, indo até ela, com uma expressão que estava assustando a todos, inclusive à garota. – Por que não voltou pra casa ontem a noite?!

- Taku-nii? Eu disse ontem pra você. Aconteceu alguma coisa?

- Você passou a noite com aquele imbecil do clube de tênis?!

- N-não fale mal do Haruka-sempai! – Yumiko diz, se levantando.

- Ah, não posso falar mal dele? Por que? Ele é seu namorado?

- E se ele for?! – Yumiko enfrenta o irmão.

- Ele é?! – a aura ao redor de Takumi escurece em puro ódio – Vocês passaram a noite juntos?

- Não é da sua conta! Eu te disse que iria sair! Não é como se você tivesse me esperado a noite toda! – ela grita e Takumi vira o rosto. Então ela percebe as olheiras. Não pode ser...

- Você passou a noite fora, deixando seu irmão de 6 anos em casa. Tudo por causa de uma cara?!

- Cala a boca, Takumi! – ela grita – Você estava lá, não estava?! Eu também posso me divertir um pouco! Eu não reclamo quando você passa a noite fora, se agarrando com um monte de garotas!

- Então você estava mesmo transando com ele. Que ridículo. – Takumi diz asperamente. Então escuta o “plack” e sente um calor em sua bochecha. Yumiko tinha a mão levantada, o rosto vermelho de raiva, e as lágrimas caiam por suas bochechas.

- Você é o pior, Taku-nii. Eu... te odeio. – ela passa por ele, chorando, e corre para fora da sala. Todos ficam em silêncio, olhando para o caminho que Yumiko fez. Takumi fica lá parado, sem expressão.

- Corta! Okay pessoal! Bom trabalho! – Date grita.

- Ai. Não está doendo, Tsuruga-san? – Mathew pergunta, olhando para a bochecha vermelha de Ren.

- Não sei. Perdi a sensibilidade há alguns segundos. – Ren diz, sorrindo sem graça.

- Ahhh, Ren! – Kyoko corre para ele – Me desculpe! Eu bati com força! Me desculpe! Sinto muito! Muito mesmo! – ela se curva, desesperada.

- Tudo bem, Kyoko. Já já passa. – Ren sorri para ela.

- Mas ta vermelho. – Kyoko coloca a mão no rosto de Ren – Dói muito?

- Não, já está melhor. – Ren sorri.

- Tem certeza? – Kyoko passa os dedos pela bochecha dele e Ren sente um arrepio pelo corpo.

- Sim...

- Kyoko-chan, Ren, vamos comer!

- Ah, sim! – Ren responde, seguindo os outros. – Não vem?

- Não. Tenho outro trabalho agora. Vejo vocês amanhã. Tchau. – Kyoko faz uma reverência e vai para o vestuário, se trocando e deixando o estúdio. Yashiro percebe.

- Para onde a Kyoko-chan está indo?

- Ela tem outro trabalho. – Ren diz.

- Hum, sabe sobre o que é, Ren?

- Não. – ele continua a comer, sem perceber o sorriso se formando no rosto do empresário.

- Com licença, eu vim para um encontro com o Fuwa Shou. – Kyoko diz na recepção do prédio.

- Sim, Kyoko-san. Eles estão lhe esperando. É na sala 3, no segundo andar.

- Obrigada. – Kyoko sobe de elevador e vai para a sala, abrindo a porta e encontrando Shou, deitado no sofá e Asami e Shouko, sentadas na mesa, conversando.

- Ah, Kyoko-chan, você chegou.

- Boa tarde, Asami-san, Shouko-san. – Kyoko se curva – Oi Shou.

- E ai? – ele acena com a cabeça, sorrindo e se levantando.

- Sentem aqui. – Kyoko senta ao lado de Shouko e Shou senta ao lado dela. Asami olhava eles de frente.

- Bem como vocês já devem saber nós estamos aqui para falar da possibilidade de fazer um Cd só juntando a cantora Mogami Kyoko e Fuwa Shou.

- Por que?

- Bom, ninguém nunca fez isso antes e nós queríamos aumentar a popularidade do Shou na América. Usando seu nome daria uma boa propaganda.

- Entendo. – Kyoko olha para Shou, avaliando ele. – Então querem me usar pra ele ter mais fama?

- Não! Espera, não é assim! – Shou diz. – Isso vai ser bom pra você também!

- Shou. Eu não estou irritada. É o que são os negócios. Você vai me usar e eu vou te usar. É assim que é o show bussiness.

- Kyoko...

- Isso Shou. – Asami concorda – Apesar do termo “usar” não ser o melhor. Bom, a idéia geral era fazer um Cd com 24 músicas. Poderíamos fazer o PV de algumas delas. Vocês irão fazer novas músicas. Ah, e tem um detalhe. Queremos que uma das músicas seja um dueto entre vocês. Nós vamos fazer um PV dela.

- Hum, é uma idéia muito boa. – Kyoko sorri – Me conte os detalhes.

- Sim, sim.

As horas passam e Asami explica todo o projeto para ela. Kyoko se divertia, falando com Shou, Shouko e Asami. Ela estava se sentindo como se tivesse voltado á infância, onde Shou e ela estavam sempre juntos, brincando e rindo.

- Então, o que me diz? – Asami pergunta, séria.

- Por favor, Kyoko? – Shou da um sorriso torto.

- É, eu topo.

- Isso! – Shou faz um movimento com a mão de quem diz “Yes” e sorri pra ela.

- Que bom Kyoko-chan! Bom, você está gravando um drama agora, não é? – Shouko pergunta, sorrindo para a animação de Shou.

- Sim, então não vou ter o dia livre para isso.

- Não, não estamos querendo isso. Bom, o que me diz de fazer suas gravações pela manhã até duas da tarde, e depois você e Shou se reúnem no estúdio, para trabalhar no projeto.

- Parece uma boa. Sim.

- Quando começamos? – Shou pergunta para Shouko.

- Em um mês.

- Beleza! – Shou diz, se espreguiçando na cadeira, feliz por ter menos trabalho durante um tempo. E conseguir passar mais tempo com Kyoko.

- Hum, se já acabamos, eu tenho que ir. – Kyoko se levanta, curvando-se – Muito obrigada por tudo e cuidem de mim daqui para frente!

- Contamos com você, né Kyoko-chan? – as mulheres sorriem.

- Até mais, Kyoko. – Shou dá um sorriso malicioso, esperando alguma reação de Kyoko. Ela olha para ele e se aproxima, dando um beijo na bochecha dele.

- Até, Shou. – ela sai com um sorriso maroto no rosto.

Shou fica sentado na cadeira, olhando bobamente para a porta, com as bochechas um pouco vermelhas e Asami e Souko se entreolham.

- Ele vai ficar bem? – Asami pergunta, preocupada.

- É o Shou. Vai dar um jeito. – Shouko suspira.

Kyoko andava pala rua, de cabeça baixa. Tinha esquecido de pegar seu disfarce. Incrivelmente, agora, quando ela andava pelas ruas, era reconhecida e os fãs corriam atrás dela. Ela olhou o relógio. 10:51. Estava tarde. Muito tarde. Ela apressou o passo, batendo no ombro de uma garota sem querer.

- M-me desculpe. – Kyoko diz, fazendo uma rápida reverencia e voltando a andar.

- T-tudo... Ei, você é Mogami Kyoko?

- Eh? – Kyoko apressa o passo.

- É ela! Mogami Kyoko! – a garota grita, apontando para Kyoko. As pessoas ao redor escutam e olham para ela. Uma multidão começa a se formar, sussurrando e olhando para ela. Kyoko começa a correr rapidamente, e as pessoas correm atrás dela.

- Ahhh, por favor não me sigam! – Kyoko grita, correndo, tentando de alguma maneira despistar a multidão que corria atrás dela. Ela olhou para trás e percebeu o número de pessoas aumentando. Os garotos estavam em maior número e aumentavam rapidamente, correndo, gritando o nome dela e tentando alcançá-la. Kyoko pula uma cerca rapidamente, passando por um beco escuro, correndo feito um coelho fugindo do predador. Ela dá a volta na rua e vê um estacionamento. Lá ninguém pensaria em procurá-la. Ela corre pelos carros, se agachando ao lado de um prateado, ficando de cócaras, em silêncio, prendendo sua respiração, como se seus fãs pudessem ouvi-la e descobrir onde ela estava.

Kyoko relaxa após cinco minutos ali, mas de repente escutas passos, como se várias pessoas estivessem correndo e se encolhe ainda mais. Ela deita no chão, olhando por debaixo do carro, vendo se alguém estava por perto. Então sente uma mão nas suas costas,

- Kyaaa!!! – ela se encolhe contra o carro, balançando a cabeça em negação – Não! Por favor! Parem com isso!

- Kyoko! Kyoko! – uma voz grossa lhe chamava, balançando seus ombros. – Kyoko, sou eu, Ren. – ela abre os olhos, dando de cara com Ren que a olhava preocupado.

- Ren! – Kyoko pula em cima dele, abraçando-o. Ren se assusta, preocupado com ela e se perguntado o que tinha acontecido. – Ren! Ren! Ren!

- Kyoko, está tudo bem agora. Tudo bem. – Ren a abraça, acariciando seus cabelos. – Tudo bem agora.

- Ahh, eu pensei que eles iam me matar! – o corpo de Ren fica rígido ao ouvir isso. Alguém tinha ameaçado Kyoko? Ela estava machucada? Fizeram algo contra ela?

- Kyoko, calma. Eu estou aqui e vou te proteger. Está tudo bem. – Ren a abraça mais forte.

- Hum... – Kyoko relaxa nos braços dele e depois de se acalmar totalmente, se afasta. – Me desculpe.

- Está melhor?

- Sim, desculpe.

- O que aconteceu com você?

- Eu fui perseguida.

- Por quem? Eles te fizeram alguma coisa? Você está machucada? – Ren passa as mãos pelo corpo dela, conferindo se ela estava bem.

- Os fãs me perseguiram Ren. Eles me descobriram há 5 quarteirões daqui. Eu corri por beco escuro, pulei muros... Ahh, foi horrível! – Kyoko diz, tremendo.

- Fãs? Só fãs? – Ren pergunta, se sentando no chão pelo alivio.

- Ren? Tudo bem?

- Eu pensei que tinha acontecido algo ruim com você. Foram só fãs... – Ren suspira, colocando as mãos na cabeça.

- M-me desculpe. Eu não queria te preocupar. Me desculpe. – Kyoko fica de joelhos, olhando para ele arrependida.

- Não, tudo bem. O que importa é que você está bem. – Ren sorri.

- Me desculpe. – Kyoko se levanta e ajuda Ren a se levantar. Ela olha para os lados, só por precaução.

- Vamos, eu te dou uma carona. – Ren diz, avançando para Kyoko, que se encolhe contra o carro, assustada pelo movimento de Ren.

- R-ren? O-o q-que está f-fazendo?

- O que parece? – Ren pergunta sorrindo se aproximando mais. Ele estica a mão e Kyoko se encolhe, então sente um back em suas costas. – Se você não sair daí eu não vou poder entrar. – Ren ri.

- Ah, ah, s-sim. – Kyoko dá a volta no carro e entra no lugar do passageiro.

- Então? – Ren sai do estacionamento e logo eles estão nas ruas, que agora estavam vazias.

- O que?

- O que você estava fazendo ás 11 da noite, sozinha na rua?

- Eu estava voltando pra casa.

- E por que só agora? Está muito tarde e é perigoso para uma garota andar sozinha, principalmente você, que é uma celebridade.

- M-mas eu estava trabalhando. – Kyoko diz.

- Desde àquela hora? Achei que era só uma reunião.

- É um projeto novo. Demorou para explicar tudo.

- Entendo. E por que não chamou um táxi ou pegou um ônibus?

- E-eu e-e-esqueci minha carteira. – Kyoko admite, vermelha. Ren olha para ela, incrédulo.

“Você é uma criança, por acaso?”

Mas Ren não deixa de sorri, pensando como ela ficava fofa quando estava com as bochechas vermelhas.

- Ah, Ren, é ali! – Kyoko aponta para um prédio de 2 andares. Ren olha pelo vidro do carro.

- Você vai morar comigo. – ele declara, desligando o carro.

- Eh? – Kyoko olha para ele surpresa.

- Aqui fica longe da LME e do estúdio. Além disso, você é uma estrela, precisa de um lugar mais... digamos, bem estruturado. E você é uma garota. Não vou deixar você vir andando de noite, sozinha para cá.

- R-ren, e-está t-tudo bem. Não é problema. Bem, obrigada pela carona e boa noite. – Kyoko coloca a mão na alavanca para abrir a porta e Ren trava todas as portas.

- Não pense que eu estou obrigando você a vir morar comigo. – Kyoko vira para Ren, tremendo e olhando aquele sorriso brilhante. – Apenas estou preocupado. Você está procurando apartamentos, certo?

- S-s-sim.

- Você pode morar comigo até achar um. Além disso, eu quero saber se esse apartamento é adequado pra você. Então, até lá, apenas fique na minha casa.

- M-mas e-e-eu seria um p-problema...

- Não seria, Kyoko. Vamos resolver seu problema e você vai poder me vigiar e garantir que eu faça minhas refeições. É como matar dois pássaros com uma pedra.

- Ah! Isso me lembra! Você comeu hoje, Ren!? – Kyoko olha ameaçadoramente para ele.

- Vou lhe responder quando estivermos na minha casa. – Ren sorri.

- Você é uma pessoa muito má, Ren. – Kyoko diz – Se aproveitando assim dos outros.

- Não estou me aproveitando. – Ren se defende, ainda sorrindo – Agora vá lá e pegue suas coisas. Eu vou fechar a conta e pagar.

- Não! – ela grita – Você não pode pagar! J-já está me d-deixando ficar na sua casa e isso já é muito!

- Está tudo bem. Afinal, você vai estar cozinhando para mim.

- Não Ren! Se você fizer isso, eu nunca mais falo com você! – ela diz, com lágrimas nos olhos.

- Eh? – Ren olha para ela, surpreso.

- Se você pagar eu não falo com você! – Kyoko olha para Ren, fazendo um biquinho de raiva e Ren acaba rindo – É sério, Ren! P-para de r-rir!

- Ahahahaha, d-desculpe... ahaha... É só... que você ficou tão fofa fazendo esse biquinho... Não pude resistir... – Ren ainda ria e Kyoko cruzou os braços, com vergonha. – ok, ok, parei. Pode ir. Vou te esperar aqui.

- Se comporte. – Kyoko diz, lançando um olhar para ele e saindo do carro, correndo para dentro da pousada.

Ren se encostou ao banco, sorrindo. Kyoko era tão fofa quando ficava bravinha. E Ren adorava mexer com ela, só para ver as bochechas dela se avermelhando. Era mesmo muito bom. Agora ele iria morar junto com ela. Iriam se ver todos os dias. Ela iria cozinhar para ele de noite e de manhã, passariam o dia juntos no set e depois, quando ele voltasse para casa, ela estaria lá, com um sorriso, dizendo ‘bem vindo de volta’. Mas tinha um pequeno problema nessa vida perfeita. Um único e pequeno problema. Ren não sabia se poderia controlar seus sentimentos estando sob o mesmo teto da garota que gostava, sabendo que ela dormia no quarto ao lado do seu. Era muita tentação...

Uma hora depois, eles estavam na casa de Ren. Kyoko estava brigando com Ren por ele estar carregando sua mala.

- Eu já disse que eu levo! Está pesada!

- Por isso mesmo que eu devo levar. Você é uma garota. – Ren diz, abrindo a porta do apartamento – Pronto. Chegamos. Você vai ficar no quarto de hospedes, mas já sabe onde é certo?

- Sim, muito obrigada por me deixar ficar aqui Ren.

- Não é problema algum. – Ren sorri e leva a mala dela para o quarto. – bem, eu vou deixar você dormir agora. Está tarde. Se precisar de alguma coisa, é só pegar. Boa noite.

- Boa noite. – Kyoko vê Ren desaparecer pela porta e suspira. Essa gentileza dele estava matando ela.