"Everybody, put your hands up say ‘I don\'t wanna be in love\', ‘I don\'t wanna be in love\'..."

Domingo. 4 da tarde. Uma garota de cabelos róseos movia-se ao som contagiante de sua musica favorita. Ela unia o útil ao agradável, pois tornava a tarefa de limpar seu apartamento muito mais conveniente. Aquela era a ultima tarde livre antes de voltar para o colégio interno, mas isso não a preocupava no momento. Não agora.

"Feeling good now, don\'t be afraid to get down say ‘I don\'t wanna be in love\', ‘I don\'t wanna be in love\'..."

Era isso mesmo, ela não ia mais se apaixonar. Tinha decidido. A garota não se importava de estar incomodando os vizinhos do lado com a musica alta, pois nada se comparava à emoção de sentir-se liberta ao passar o aspirador de pó na sala-de-estar, este a acompanhá-la no ritmo de seu corpo.

Haruno Sakura era uma daquelas garotas de 16 anos, que moravam sozinhas e achavam o mundo realista demais para criar fantasias de um príncipe em um cavalo branco. Isto é, era assim agora. Agora que "quebrara a cara" já que antes, ela tinha de admitir, pertencia ao rol de garotas com castelinhos cor-de-rosa.

Bem, agora não adiantava mais chorar sobre o saquê derramado... (que piadinha infame...)

Em poucos minutos ela terminou sua tarefa. Ao olhar tudo tão arrumado, Sakura espreguiçou-se, mas então seus orbes muito verdes desviaram-se para a porta, onde estava algo que não pertencia ao lugar. Na verdade, alguém.

- Sakura-chan! - exclamou um vulto, de cabelos loiros berrantes e olhos muito azuis, estendendo seus braços para ela.

De imediato e tomada pelo susto ela não o reconheceu.

- AHHHHHHH! - a garota começou a atirar vários livros em direção à porta.

- Sakur... Ai! - o loiro, na tentativa de se desviar de todos os livros, acabou sendo acertado por um deles bem no rosto - Sakura-chan, sou eu!

- Naruto? - Sakura ergueu mais um livro, mas abaixou-o em seguida - Naruto! O que você tá fazendo aqui?

- Dattebayo! - exclamou Uzumaki Naruto, ainda gemendo de dor - Eu vim te buscar!

- Hã? E há quanto tempo você já tá aí?

Ele riu nervoso.

- Desde o fim da musica... - e explodiu em risadas.

A garota corou e sentiu-se momentaneamente tentada a jogar mais um livro na cara do loiro. Mas ele era seu amigo, então ela se segurou.

- E aí, ‘cê já se arrumou? - perguntou Naruto, encostando-se no portal - Eu não tenho o dia todo... E as meninas tão te esperando lá fora.

- Sério?

- Dã, se esqueceu que vocês me fizeram de motoristas nessas férias? - murmurou ele, descontente - Mas, dattebayo, sua mala tá pronta pelo menos?

- Já, já! Não precisa se estressar! - a garota correu para seu quarto, onde uma mala e uma mochila estavam encostadas na parede. Ela abriu o armário que estava no outro lado do aposento e tirou um casaco preto; vestiu-o e, calçando um tênis qualquer e voltou pra sala.

Encontrou Naruto mexendo em seus Cds e isso a deixou irritada.

- Pensei que você tava com pressa - disse sarcasticamente, jogando sua mochila nos braços do loiro. Ele segurou-a por pouco, mas quase deixou três Cds caírem no chão.

- Se quebrar, paga - avisou a garota, cruzando os braços.

- Sakura-chan, você não tem um cd que preste?

Sakura mostrou-lhe o punho fechado.

- Mas uma palavra e eu te quebro e não pago! - disse a garota ameaçadoramente.

- Ora, ora, senhorita Testuda, já está se estressando a essas horas da manhã? - ironizou uma garota de longos cabelos loiros, alta e esguia, parada na porta.

- Ino-porca, pensei que tivessem te dado educação suficiente pra bater na porta dos outros - murmurou Sakura para a garota.

Naruto ficou paradão ouvindo a patética discussão entre as duas, que apesar de serem amigas certas horas, xingavam-se mutuamente de vez em quando.

- Ei, ei, ‘tebayo, vamo logo! - disse o garoto, querendo acabar com aquilo.

Sakura e Ino, que nesse momento fulminavam-se com os olhos, pararam instantaneamente, dando as costas uma pra outra.

- Bem, Naruto-kun, nisso você tem razão - disse a loira, saindo pela porta.

- Detesto ser motorista...

- Ah, chega disso, Naruto - reclamou Sakura, indo até a estante e pegando todos os cds que haviam lá e jogando-os na mochila - Vamo nessa, senão a gente chega atrasado pro discurso da Tsunade-sama...

- Nossa, Sakura-chan, você venera mesmo a vovó, hein? - e voltou a rir escandalosamente.

- Baka, cala a boca! - e arrastou Naruto pela porta, trancando-a por fim.

Quando Sakura se virou, foi pra ouvir um barulho alto de buzina de carro. Um olhar mais atento revelou que quem fazia isso era Yamanaka Ino.

- Ô, Senhorita Testuda, dá pra ser ou tá difícil?

No banco de trás do carro, uma garota de cabelos longos e azulados e olhos branco-perolados a encarava, sorrindo.

- E aí, você já se acertou com a Hina-chan? - perguntou Sakura para Naruto enquanto os dois desciam uma pequena escadaria até chegar ao carro.

- Não sei do que você tá falando... - respondeu o loiro, desentendido. Realmente cérebro não era o forte de Uzumaki Naruto.

- Esquece, esquece - suspirou a garota.

Ele abriu a porta do carro, ironicamente e fazendo uma reverencia.

- Cuide das malas, Alfred. - disse ela, fazendo coro à situação.

- Ino-chan - pediu Naruto "educadamente" - Vá pro banco de trás senão te arrebento.

- Seu mal-educado!

- Quem foi que entrou na casa dos outros sem bater?

- Você, Naruto!

- Ô Povinho, vamos parar com a discussão - disse Hyuuga Hinata inesperadamente - A gente ainda tem que passar na casa da Tenten-chan!

- Finalmente alguém falou algo que preste - concordou Sakura, acomodando-se no banco de trás com as outras garotas - Meus parabéns, Hina-chan...

- Detesto ser motorista... - murmurou Naruto novamente, ligando o carro - Dattebayo, eu podia tá roubando, matando, mas tô aqui...

- Não reclama, Baka - disseram em coro Sakura e Ino.

- Que droga... - reclamou o loiro - De vocês, só a Hinata-chan se salva.

Ele não percebeu, mas a garota corou violentamente com esse comentário. As outras garotas abafaram risadas.

Naruto começou a dirigir, seus resmungos abafados pela conversa das três. Quinze minutos depois eles pararam na frente de uma casa de dois andares, branca e em estilo colonial.

O loiro buzinou mais não recebeu resposta alguma.

- Seu besta, por que você não a chama em vez de ficar buzinando? - sugeriu Ino.

- Boa idéia! - respondeu o garoto, descendo do carro e andando para frente da casa.

- TENTEN-CHAN! - berrou escandalosamente enquanto as três garotas no carro colocavam as mãos nos ouvidos. Sakura se irritou e saiu do carro.

- Baka, seu baka! Por que gritou! - e deu um cascudo na cabeça de Naruto que quase caiu no chão.

- Ei, dá pra gritar mais alto? - perguntou uma voz no andar de cima da casa - Acho que o outro lado do país ainda não ouviu vocês...

Era Mitsashi Tenten.

- TEN... Ah, eu não vou mais gritar! - disse Naruto bancando o emburrado.

- Se fosse pra gritar, deixava que eu mesma faria isso - reclamou Sakura segurando o punho - Sinceramente, você quer que todo mundo ache a gente é doido?

- Sakura-chan, não precisa ser tão violenta, ‘tebayo...

- O que espera de uma garota maluca como a Sakura? - perguntou uma voz masculina.

- Hã? - Naruto virou-se para ver o recém-chegado.

- O que você disse?! - exclamou Sakura com uma expressão assassina no rosto.

- Ô, Sah-chan, não tenta matar meu primo também... - murmurou Hinata - Nyah, Neji-san.

Um garoto alto, pálido e de cabelos castanhos bem compridos sorriu pra Hinata. Esta retribuiu o sorriso, um pouco corada, feliz em vê-lo. Era impossível dizer que não havia parentesco entre os dois, pois ambos tinham os mesmos olhos perolados. Hyuuga Neji voltou para encarar Sakura que ainda estava muito irritada.

- Me poupe de sua TPM, Sakura - disse ele - E você! - acrescentou para Tenten, que os espiava da janela - Desce aqui senão vamos embora sem você.

A garota de expressão alegre e cabelos amarrados em dois coques de ambos os lados da cabeça não precisou de segundo aviso, desapareceu da janela, fazendo grande barulho.

- Valeu, Neji - agradeceu Ino, com as mãos na cintura - Se não fosse por você a gente nem tinha saído da estaca zero... Aliás, quando foi que você chegou?

- Tava aqui por perto - respondeu o garoto - Esperando por vocês, obvio - e apontou para uma mochila e uma mala encostadas na parede da casa vizinha - Sabia que o Naruto vinha buscar a senhorita atrasada aí, então resolvi esperar aqui mesmo.

- Parece que ele a Tenten ouve - disse Naruto irritado com o Hyuuga.

- O que dizer? - perguntou Neji espirituoso - Eu sou um máximo, né?

- E eu sou o Papai Noel - resmungou Sakura.

- Tem cara... - respondeu o garoto rindo.

- Se preza por sua e vida e acha que tem alguma chance com a Tenten, é melhor não provocar a Srta. Testuda... - avisou Ino.

- Olha quem fala, Ino. - retrucou Neji nada intimidado.

Hinata riu, e a atenção dos outros convergiram para ela. A garota era normalmente calada, era um milagre ela sorrir.

- É hoje que chove - disse Sakura erguendo as mãos pro céu.

- O que tem de mais a Hina-chan sorrir? - perguntou Naruto de braços cruzados - Fica bem bonito, né?

E as atenções voltaram a se convergir para o loiro o que distraiu ao momento em que a garota Hyuuga corou violentamente. Neji olhou-o ameaçador, mas não fez comentários.

Ele sabia que a prima tinha afeição pelo Uzumaki do mesmo modo que sabia o que o pai dela diria se os dois ficassem um dia juntos, pois Hyuuga Hiashi cuidava muito de sua filha, protegi-a excessivamente quando não estava ocupado demais com seus negócios. Neji não era contra os dois, mas ele ainda via Hinata como uma criança, alguém a quem fora dado todos os mimos possíveis e não tinha jeito de que enxergava o mal nas pessoas.

Apesar de não ver mal nenhum em Uzumaki Naruto, ele não conseguia imaginar Hinata deixando de ser a criança que existia na cabeça dele, a garotinha que obedecia a tudo e a todos de modo submisso e doce. De certo modo era isso que o garoto Hyuuga temia: o que Naruto poderia levar Hinata a fazer. Em parte, ele acreditava no loiro, mas... Neji não sabia se seu julgamento era inteiramente confiável. E com certeza Naruto demoraria muito até conhecer os sentimentos que Hinata tinha por ele, se é que um dia Hinata os exporia.

- Ô, dattebayo, você tá dormindo, Neji? - perguntou Naruto, tirando Neji de seu estupor.

- Dá pra falar menos asneiras, Naruto-kun? - inquiriu a voz de Tenten, que saia pela porta de sua casa arrastando uma mala de aspecto pesado.

- É hoje que vocês assassinam meu carro! - exclamou o loiro olhando a mala - Dattebayo, não tinha algo mais leve? O que você leva aí? Um corpo?

- Necessidades femininas, baka - respondeu Tenten sorrindo, como sempre, sem esforço - Nyah, Neji-kun...

- Oi - cumprimentou Neji serio - Naruto, como é que nós todos vamos nesse carro?

- Você vai no teto, Hyuuga - respondeu Ino, encostando-se no carro.

- Também gosto de você - retrucou o garoto, emburrado.

Sakura percebeu que Tenten olhou Ino ameaçadoramente, então a loira se calou, preferindo não levar adiante a discussão.

Dez minutos depois a confusão havia terminado e as quatro garotas iam no banco de trás, de certo modo, umas coladas nas outras enquanto que Naruto e Neji ocupavam os assentos da frente nem um pouco desconfortáveis.

- Ninguém mandou me fazer de motorista - ria-se o loiro, dirigindo calmamente.

Neji sacudiu a cabeça diante dessa infantilidade e, procurando o que fazer, ligou o som do carro.

- Vamos ver se tem algo que preste...

"I wanna love you, love you..."

- Porcaria - disse Neji trocando de estação repetidamente - Musica chata. Velharia. Cruzes...

"E agora, curtam Dance Floor Anthem, o novooo suuceeesso do Good Charlotte!"\'.

- Deixa aí!!! - gritaram Sakura e Tenten em uníssono. Neji assustou-se, mas afundou no banco, entediado.

- ‘tebayo, essa musica de novo! - reclamou Naruto - Sakura-chan, você não tava ouvindo essa musica quando a gente saiu da sua casa?

- Não interessa - retrucou ela animada - Se alguém tirar essa musica, eu arrebento a cara!

Neji tirou rapidamente a mão do aparelho.

- Everybody, put your hands say ‘I don\'t wanna be in love\'..." - as garotas faziam coro e cantavam juntas o que fez o garoto Hyuuga tampar os ouvidos com as mãos.

Hinata era ainda a mais tímida, mais ia ganhando impulso. Naruto até se assustou com tanta animação.

- ‘tebayo, Neji, A GENTE VAI MORRER! - berrou o loiro para o colega no momento em quase batera no carro da frente, pois o sinal fechara - Merda, por que você foi ligar esse som?

O garoto de cabelos compridos quase chorou de arrependimento.

***

Ela batia o pé direito em movimentos repetitivos. Olhou no relógio e fez uma cara de impaciência.

- Droga, o que ele tanto faz? - perguntou a si mesma. Depois, não agüentando mais se virou e gritou escada acima - GAARAAA!!!

Ela não ouviu resposta e isso a irritou mais um pouco. Para ter o que fazer em vez de esperá-lo, resolveu dar uma olhada na sala, recém arrumada. Parou subitamente diante de uma enorme estante, muito bem lustrada em que estavam dispostos vários retratos nas mais diversas molduras. Ela sorriu examinado-as uma a uma.

Sabaku No Temari era uma garota muito desenvolvida fisicamente e espiritualmente para sua idade, ou pelo menos era isso o que achava. Tinha os cabelos loiros, sempre rebeldes, presos em quatro maria-chiquinhas, pois era assim que os usava desde pequena. Apesar de demonstrar-se na maioria das vezes nada submissa e ter um gênio bem difícil, Temari escondia a pessoa doce que era. Com muita facilidade, ela ocultava sua preocupação com as pessoas que mais gostava e essas eram bem poucas.

Tomando em mãos uma fotografia em que aparecia com seus dois irmãos, Kankurou e Gaara. Na imagem eles três apareciam sentados na grama, em um jardim publico, ainda crianças: Gaara, de braços cruzados, emburrado e Temari virando uma garrafa de suco na cabeça de Kankurou. A garota riu, lembrando com saudades dessa época.

- Flashback On -

- Pelo menos sorria, nee-san! - reclamou Temari ao lado do Kankurou.

- Nem morto - sibilou Gaara.

- Seu baka, você não muda! - disse Kankurou rindo.

Nessa hora a pequena garota teve uma "brilhante" idéia. Levantou-se e virou a garrafa que segurava na cabeça do irmão mais velho. Os cabelos marrons do garoto ficaram encharcados, mais ele pôs-se a rir imediatamente. Mas Gaara, o mais novo, continuou na mesma.

- Idiota - murmurou para o irmão.

- Flashback Off-

A garota riu nostálgica. Era uma pena que o irmão mais velho não estivesse mais ali. Kankurou já terminara o ensino médio e entrara para o exercito a pedido do pai deles. A loira cerrou o punho lembrando disso, pois ela sabia que ele não queria ir. Podia vislumbrar o sorriso triste no rosto do irmão quando ele se fora. E então, sobrara somente Gaara e ela.

- Foi impressão minha ou você tava rindo sozinha?

Imediatamente, Temari largou a foto e virou-se para encarar o irmão mais novo. Sabaku No Gaara era um garoto de 16 anos que não estava nem aí pra nada. Diferente dos irmãos, ele era ruivo e possuía olhos azuis-claros muito chamativos. Era baixo para sua idade, mas isso também não o importava; de fato, nunca fora chegado aos seus irmãos. Sempre tivera um jeito frio, como alguém que dificilmente mostra o que sente. Porem contrariamente a Temari, ele não parecia sentir coisa alguma. Jamais sorria, e isso a irmã fazia, ainda que ironicamente. Ao descer da escada, puxava consigo uma enorme mochila preta e nos ouvidos usava seus costumeiros fones, pois vivia a escutar musicas. Isso era de certo modo engraçado, pois Gaara escutava musica tão alto que o impedia de ouvir qualquer coisa externa, ou seja, podia-se xinga-lo das coisas mais absurdas e ele jamais ficaria sabendo.

- Me diz que isso tá desligado - disse Temari apontando para o iPod que ele tinha em mãos.

- Tá. Vamos embora logo, detestei essa casa - rosnou o ruivo, emburrado como sempre.

- Que bom, já que você nunca gosta de nada.

- Isso era pra ser engraçado?

- Não - resmungou Temari, balançando a cabeça - O motorista tá esperando a gente lá fora...

- Por que a gente teve que vim pra cá? O Yashamaru tava de saco cheio de nós? - perguntou Gaara sombriamente.

- Foi ele que decidiu não nos deixar em Suna depois que o Kankurou foi embora - murmurou a loira, caminhando até a sala da casa e puxando uma mala que lhe pertencia.

- Também não gostei desse motorista - resmungou o outro olhando pela janela.

A loira riu.

- Sinceramente, nee-san, algum dia você ainda vai gostar de alguma coisa?

Ele encarou-a, serio.

- Não - respondeu enfaticamente - Não tendo ele como família.

O sorriso desapareceu do rosto de Temari.

- Você sente falta do mano, né?

Gaara encolheu os ombros, ajeitando a mochila nas costas.

- Vamos embora, quero ver logo esse maldito internato pra onde estão nos mandando - e, dizendo isso, abriu a porta silenciosamente.

Temari o acompanhou, cabisbaixa.

***

- Ufa, ainda bem que acabou! - exclamou Naruto quando Dance Floor Anthem terminou. No banco de trás as quatro garotas arfavam de cansaço, depois de terem cantado à plenos pulmões.

- Por mim, cantava essa musica o dia inteiro - disse uma animada Tenten.

Neji benzeu-se discretamente. Para ter o que fazer, ele havia bebido duas garrafas d\'água, por puro tédio. Eles haviam novamente parado e esperavam o sinal abrir. Tinham parado na frente de uma enorme casa com um carro na frente. Grades muito bem trabalhadas cercavam a casa e um caminho feito de pedras conduzia até portas duplas de vidros escuros e duas enormes árvores ficavam nas extremidades opostas das grades.

- Droga, esse silencio me mata - resmungou Neji, mexendo novamente no som do carro.

- Neji, se você colocar em outra estação que estiver tocando aquela musica - ameaçou-o Naruto -, te mando pro submundo.

- Ah... Okay.

"Turn it up & rock it out/ Party on, I wanna hear you scream & shout..."

- Beleza! Até que enfim! - exclamou o Hyuuga entusiasmado.

- Que musica é essa? - perguntou Ino.

- Papa Roach, lógico! - disse Sakura sorrindo - Incrível que você não conheça!

- Cruzes, Sah-chan - murmurou Tenten - Você gosta dessa musicas escandalosas?

- Caracas, você não sabe o que está perdendo! - retrucou Sakura.

- Rock!!!!É ISSO AÍ, SAKURA-CHAN! - disse Neji, erguendo os braços, alucinado.

O garoto, então, pegou as duas garrafas vazias e, como se fossem baquetas, começou a batê-las no batente do carro.

- Mais um doido... - resmungou Naruto, enquanto Tenten afundava no banco de trás, chateada.

***

- Nee-san, você tá bem? Tá calado - estranhou Temari, ao lado do irmão, no momento em que o motorista saia da frente da casa, mas tinha que parar por causa do sinal fechado.

Gaara não respondeu. Estava já com os fones nos ouvidos, então não ouvira nada. Afundara-se no banco do carro, seus cabelos roçando na janela.

"I don\'t know who to trust no surprise..."

Ele ficava pensando se algo no mundo o surpreenderia um dia. Gaara tinha plena consciência de que era um garoto que nunca sentira nada ou demonstrara sentir, mas ainda sim, seu passado o instigava a viver somente desse jeito, com raiva de tudo, explodindo por dentro.

"Take everything from the inside and throw it all away cause I swear for the last time I won\'t trust myself with you..."

Gaara pensava nisso quando seus olhos desviaram-se para o carro ao lado. E então, ele viu algo que o intrigou.

Uma garota, uma garota de cabelos róseos cantava feito louca uma musica que ele não podia ouvir. Por alguns instantes ele a observou, um pouco interessado. Ela movia-se com graciosidade, levemente. Mas tinha uma ar deveras maluco.

"Deve ser alguém que sabe curtir a vida...", pensou. E, não acreditando nisso, percebeu que ela era... Bonita.

- GAARAA!!!

Ele quase deu um pulo.

- Tá doida?!

- Você tá me ouvindo? - perguntou Temari enfurecida.

- Não... O que você quer?

- Esquece... - virou-se para o outro lado para não encara-lo.

Gaara não se importou, só ficou com um zumbido no ouvido esquerdo. Quando olhou novamente para o lado, o carro e a garota já tinham desaparecido. Ele não se importou, mas sentiu um leve contração no estomago.

"Fome?"

"Trying not to break but I\'m so tired of this deceit every time I try to make myself..."

Não, ele não estava louco. Só entediado por seu tio Yashamaru tê-lo mandado para aquela cidade desconhecida com Temari. E por ter que se mudar pra outro internato onde ele não conhecia ninguém. Se bem que não tinha vontade de conhecer ninguém mesmo.

Mas aquela garota extrovertida ficou por vários minutos pairando em sua mente.