Ela havia trabalhado duro naquilo. Havia ficado noite sem dormir, comia mal mas sabia que seria recompensada depois. Estava decidida, iria conseguir.

                Depois de vários meses de trabalho duro estava pronta. A garota olhou maravilhada para sua mais nova criação. Era a primeira e única. Ainda faltava alguns detalhes como os olhos, cabelo e roupas, mas fora isso estava pronta.

                Alice riu ao ver sua criação, que a tanto tempo queria, pronta. Uma boneca indenpendente, não precisava de cordas para se mover, era só ordenar e a boneca obedeceria.

                Decidiu dormir, não aguentava mais, bastaria mais uma noite em claro para enlouquece-la.

                Depois de uma boa noite de sono, acordou. Ainda se sentia um pouco cansada mas queria logo brincar com sua boneca nova.

                Lá estava ela, exatamente onde havia deixado. Deu-lhe dois olhos castanhos, ou seriam dourados? Cabelos loiros. Agora só faltava as roupas. A garota começou a costurar. Queria roupas parecidas com as suas, só que com um toque diferente.

                Por fim, acabou fazendo um vestido igual ao seu, só que roxo. Vestiu a boneca, agora tinha companhia. Estava pronta para brincar.

                - Hmmm, vejamos. Levante-se. – A boneca fez o movimento rapidamente. – Boa menina...consegue falar?

                A boneca não reagiu.

                - Tudo bem, eu vou te ensinar. – Alice sorria alegre.

                Os dias iam passando. Alice ensinava sua nova amiga tudo o que sabia. Não demorou para ela aprender a andar, falar, cantar e até mesmo lutar.

                Em uma tarde as duas estavam colhendo flores. Shinki e Yumeko estavam ocupadas.

                - Quantas você colheu Lacie? – Alice se aproximava da boneca que mostrava com um sorriso as flores.

                - Hmmm...algumas.  – Lacie entregava uma rosa para Alice.

                As duas ficaram aquela tarde se divertindo em meios as flores. Era assim. Sempre assim.

                Os meses foram passando. Dia após dia, sempre juntas e se divertindo.

                Alice não percebia que sua melhor amiga aos poucos havia ficado mais lenta. Não respondia aos seus comandos de primeira. Quando ela percebeu, era tarde demais.

                - Shinki...a Lacie não se move. – Alice falava soluçando.

                - Alice, ela provavelmente não voltara a funcionar. – A outra dizia em um tom calmo.

                - Você não pode fazer nada? Quero ter alguém para poder me divertir...quero a Lacie. – Alice dizia abraçando a amiga que não conseguia mais atender aos comandos da mestra.

                - Alice, deixe essa boneca para lá, você pode fazer outra.

                “Você pode fazer outra.”, aquelas palavras ecoavam em sua cabeça. Ela não queria outra, Lacie era única. Lacie havia sido o primeiro amor da pequena Alice. Mas agora ela não conseguia mais se mexer sem ajuda, não conseguia mais brincar com ela. As coisas estragam conforme o tempo passa.

                Chovia naquela noite. Chovia tanto. Alice estava encolhida em seu quarto, rodeada de bonecas. Todas inúteis naquele momento é claro, nenhuma iria se mover e abraça-la sem ajuda dela.

                Alice chorava, ainda doia. Ainda sentia amor por Lacie, a quem não poderia mais ajudar. Aquele sentimento que agora só lhe trazia dor.

                Levantou-se e seguiu até os aposentos de Shinki. Lá estava ela, sentada lendo. Alice sentou-se do seu lado, os olhos estavam tão inchados que não conseguia enxerga-la direito.

                - Nee...Shinki-Sama...pode me fazer um favor? – Alice ajoelhava-se diante da mulher.

                - O que minha adoravel Alice? – Ela por sua vez sorria para a criança.

                - Quero esquecer...a Lacie. – Alice encolhia-se novamente.

                - Mas se esquece-la não podera fazer outra, tem certeza?

                - Sim, por favor.

                Não demorou muito. Dor e logo em seguida escuridão. No dia seguinte não se lembrava de mais nada.

                O tempo passou novamente. Shinki planejava algo, Yumeko e Alice iriam ajuda-la. Alice treinou duro até que aquele dia chegasse.

              - Alice, detenha qualquer desconhecido. – Era simples, só tinha que matar qualquer um que tentasse passar por ela. Afinal, ela não é a Bruxa da morte?

                Lá estava se alvo. Era uma bruxa, usava um vestido roxo, os olhos e os cabelos eram dourados. Alice sentiu um leve aperto no coração, por que sentia dor ao olhar para ela?

                - E então, qual é seu nome?

                - Marisa Kirisame, agora pode me deixar passar?