Antes da Aurora escrita por LoaEstivallet


Capítulo 31
Reconciliação


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, eu queria dar uma explicação.
Eu tinha sim, outros planos para Zaniala na história, ela originalmente não era uma vilã, mas uma vampira boa, que causaria algum mal, sem intenção.
Mas no decorrer da escrita, eu acabei enveredando por caminhos que meu coração guiou, e que a opinião, insatisfação e até mesmo, pressão de algumas de vocês me levou a preferir.
Eu tinha algumas opções em determinado momento da história, que me permitiriam alongar, ou encurta-la.
Enfim, eu escolhi esse caminho, que não era o planejado desde o começo, mas que eu abriguei em minha mente e em meu coração à medida que fui concebendo.
É fato que a história ficará um pouco mais curta, mas garanto que vocês não perderam com isso.
E enfim, aí está o cap seguinte, com o pov de Edward para esclarecer alguns pontos.
O cap ficou bem longo (assim como essa nota), porque eu me empolguei e viajei um pouco com eles na hora da reconciliação.
Espero que gostem.



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EDWARD

A negritude se tornou silêncio, e o silêncio se transformou em esquecimento.

Eu não sabia realmente onde estava, por que ou como havia parado ali. Eu nem ao menos conseguia identificar qualquer forma naquela escuridão.

Tentei mover minhas mãos na tentativa de enxerga-las, mas alguma coisa me mantinha imóvel.

A confusão permeou minha mente.

Será que eu estava morto? Morto de verdade? Sem um corpo físico para me abrigar...

Mas se assim fosse então... Aquele era o inferno? A completa cegueira? A prisão invisível que me envolvia?

Mas como eu havia morrido?

Forcei minha mente para os acontecimentos anteriores àquela penumbra. Nada. Apenas um vazio indigesto.

O que diabos estava acontecendo?

Então eu ouvi a voz de Bella.

Mas algo estava diferente. A voz era dela, mas ao mesmo tempo não era, e eu não conseguia resolver este conflito.

- Edward... Abra os olhos, meu amor. – Ela disse.

Eu me sentia em dúvida. O som era o de sua voz, a dicção era a sua, mas alguma coisa permeava a superfície, alterando quase que imperceptivelmente a melodia.

Mas eu não poderia deixar de obedecer a um pedido dela. Mesmo morto eu voltaria se ela assim desejava. E no momento em que pensei em abrir os olhos, a ação veio automática, assim como a decepção ao mirar o rosto que me solicitava.

Eu estava em meu quarto, com toda a família à minha volta. Zaniala me olhava amorosamente nos olhos, o rosto próximo ao meu, enquanto Bella nos observava ao fundo do cômodo.

Num estalo eu podia ouvir cada uma das mentes presentes, com exceção das duas moças, e me senti levemente tonto.

Ela falou Meu amor? A voz mental de Rosalie questionou.

Cara, ele nem comentou nada... Será que eles estão juntos? E a Bella? Emmet Pensou.

Meu Deus... Foi ela que fez isso? Alice parecia transtornada.

Preciso conversar com Alice, agora! Jasper pensou, tão transtornado como sua companheira.

Edward está com Zaniala? Meu pai indagou, suspeito.

Oh Deus, Obrigada! Minha mãe suspirou em sua mente ao mesmo tempo em que proferia sua indagação seguinte.

- Edward, você está bem? – Perguntou aflita.

Eu pensei sobre aquilo num milionésimo de segundo. Esme não ficaria tranquila se me ouvisse dizer que sentia uma angústia aterradora e uma confusão sem tamanho. Então eu escolhi a resposta mais simples.

- Sim, estou. O que aconteceu? Porque estão todos aqui? – Questionei, ainda tentando disfarçar meu conflito interno.

- Qual sua última recordação, meu filho? – Carlisle, que estava ao meu lado, perguntou com desconfiança.

Eu puxei pela memória mais recente que me era possível visualizar e falei.

- Eu entrei em meu quarto quando retornamos da caçada e... – Tentei puxar mais que isso, eu sabia que tinha mais, mas a memória parecia me fugir – Eu não sei...

Abaixei minha cabeça, olhando para minhas mãos.

Alguma coisa importante havia acontecido, eu sentia isso em meu corpo, uma trilha de fogo ainda ardendo baixo em minha pele. E eu tinha certeza de que tinha haver com Bella. Só ela me provocava aquela sensação.

Levantei minha cabeça para olha-la, mas o lugar onde antes ela estava, agora era ocupado pela brilhante espiral de poeira e essência que ela deixara em sua saída.

Estranhamente eu não notei o momento em que ela se retirou com Alice e Jasper. Eu deveria estar mesmo muito confuso para me passar por esses detalhes.

Zaniala pegou em minha mão, segurando-a firme, apagando o fogo que consumia meu corpo.

A surpresa e a curiosidade ainda eram patentes na mente de meus familiares, e eu me lembrei do que houvera na floresta entre eu e a moça à minha frente.

Emmet estava indignado, perguntando-se como eu poderia ter desistido de Bella assim tão facilmente.

Facilmente? Ele era louco?

Rosalie, surpreendentemente, parecia tão insatisfeita quanto ele. E meus pais seguiam sua linha de raciocínio, apesar de num nível mais ameno.

- Edward, você não quer contar a seus pais o que está havendo? – Zaniala sussurrou em meu ouvido.

Eu não sabia o que dizer.

De alguma maneira peculiar, eu tinha certeza de que havia agido errado. Eu podia sentir que havia acontecido alguma coisa entre eu e Bella, momentos antes de eu ter “apagado”, mas eu não conseguia me lembrar de jeito nenhum, nem mesmo do teor do acontecido.

Meus irmãos e meus pais me olhavam questionadores, quase exigentes. E eu tremia internamente, com medo de estragar alguma coisa que eu nem sabia o que era.

- Por favor, me deixem sozinho com o Edward. O que quer que tenha acontecido parece ter exigido muito dele, e eu preciso de tranquilidade para analisar a situação. – Meu pai falou, me salvando.

Todos assentiram e se retiraram rapidamente, ainda com as mentes repletas de perguntas. Apenas Zaniala pareceu relutante em sair, mas o olhar de Carlisle, cheio de sua respeitável autoridade, a fez ceder e partir em silêncio.

Quando estávamos completamente sozinhos, meu pai me observou atentamente, buscando uma explicação para minha recente “ausência”.

- Como se sente, filho? – Perguntou enquanto colocava ambas as mãos em meus ombros.

Eu queria responder a verdade, mas não queria preocupa-lo.

- Você pode me dizer a verdade, Edward. Eu vejo em seu olhar que está confuso. Diga-me o que está acontecendo.

Ele era sempre muito perceptivo sobre minhas atitudes. Sempre sabia como eu me sentia apenas de ouvir o meu tom ou olhar meus olhos. Eu tentava esconder as coisas dele, mentia descaradamente para não aborrecê-lo, mas eu sabia que não o enganava, ele apenas aceitava minha opção de silêncio.

Suspirei derrotado.

- Eu realmente não faço idéia do que está acontecendo. Eu simplesmente não me lembro de nada antes de...

- Nada? Absolutamente nada? – Ele perguntou me interrompendo, parecendo surpreso.

Sua mente vagou por uma recordação recente dele.

Fala alguma coisa! A voz de Bella alcançara seus ouvidos.

Mas então ele se concentrou em meu rosto e na dúvida que o consumia. O que havia acontecido?

- Meu filho, me fale exatamente do que você se lembra. Não de antes, mas durante o ocorrido.

- Bom, tudo que eu podia ver era a escuridão. – Falei dando de ombros – Tentei mover as mãos, na tentativa de pegar em alguma coisa ou mesmo vê-las, mas algo me mantinha preso, incapaz de me mexer.

- Sensações?

- Apenas um vazio gigantesco. Como se eu estivesse no meio do nada. Literalmente.

Estranho. Ele pensou.

E então recordou o poder de Alec.

Eu não conseguia entender a relação que ele visualizava entre o que me acontecera e o poder do membro da guarda dos Volturi, que estava lá na Itália, muito longe de nós e totalmente alheio à nossa existência.

Mas Carlisle não teve tempo para continuar suas considerações, nem eu de lê-las em sua mente. Jasper entrou no quarto, frenético, interrompendo nossa concentração e conversa. Me segurou pelo pulso e me puxou, falando rapidamente entre dentes, ignorando a expressão ambígua de meu pai.

- Você precisa vir comigo.

Eu não relutei. E tenho certeza de que se tentasse impedi-lo de me levar, ele usaria força. Sua mente estava permeada pela urgência, apesar de eu não ter sido capaz de definir sobre o que ele pensava. Ele estava muito concentrado em me guiar até certa altura da floresta em silêncio.

Segui-o de boa vontade, até onde ele planejava me levar.

- Bella precisa falar com você. – Ele disse baixo ao parar, num nível de voz que, apenas muito proximamente, outro vampiro escutaria.

Ele parecia estar tentando manter algum segredo, mas eu podia dizer que não era seu alvo.

Pensei em pedir explicações, mas ele me interrompeu quando percebeu minha hesitação.

- É urgente, Edward. Você precisa encontra-la agora. – Falou exigente.

Seus pensamentos eram compatíveis com sua sentença, e a mera possibilidade de Bella precisar de mim me fez mover os pés tão rápido como um raio, na direção em que Jazz me mostrou em sua mente.

A proximidade com a campina me fez estremecer e parar de correr, assumindo um passo mais lento, quase uma caminhada.

Todas as lembranças que aquele lugar me provocava, boas e ruins... Me fazia temer o que estava por vir.

Eu já podia sentir seu aroma. O vento trazia a essência doce para meu rosto, me fazendo aspira-lo com satisfação.

Logo a avistei, em pé, de costas para onde eu entrava, seus cabelos dançando em sua cintura fina. Uma brecha se abriu no céu, entre uma nuvem cinza e outra, permitindo que a luz do sol tocasse sua pele, iluminando-a como a um diamante. Nunca antes eu tinha apreciado o resultado que a estrela magnânima provocava em nossa pele marmórea. Mas vendo Bella reluzir como uma pedra rara, toda a beleza que ela enxergara um dia em mim, eu reconhecia nela agora.

Vendo aquela imagem tão delicada e, ao mesmo tempo, tão instigante, me aproximei velozmente, e pousei com delicadeza a mão em seu ombro.

Ela se virou devagar, seus olhos assumindo um brilho vivo, suas pupilas automaticamente dilatadas ao me fitar.

Contive um impulso violento de beija-la.

- O que houve? Jasper me disse que você tem algo urgente para conversar comigo.

Ela apenas assentiu, os olhos intensamente ligados aos meus.

- O que é? Algum problema com nossa filha? – Questionei intrigado.

- Não. Renesme está bem.

- Então me diga o que houve...

Bela pareceu hesitante.

- Eu... Bem... Edward, existe algo que eu preciso falar pra você... Houve um mal entendido terrível entre nós...

- Que mal entendido? – Perguntei subitamente confuso. Teria sido esse o acontecimento do qual eu não me recordava?

- Eu achei que... Que você me odiava por tê-lo abandonado... Que não existia a possibilidade de... De estarmos juntos novamente...

Enquanto ela me observava, eu repassava suas palavras em minha mente, em busca de algum esclarecimento. Ela estava realmente dizendo o que eu ouvia? Ou eu estava imaginando aquilo? Talvez interpretando mal suas palavras...

Permaneci o mais atento que me era possível, esperando que suas próximas palavras fossem mais elucidativas e me ajudassem a compreender aonde ela queria chegar.

Seu olhar tornou-se decidido, e me senti apreensivo e ansioso de imediato.

- Eu ainda amo você, Edward. – Ela sentenciou, firme – Não sei o que aconteceu antes, mas eu sei o que sinto agora, o que sinto desde que acordei com você ao meu lado depois da transformação.

Me senti estático.

Sim, ela dizia exatamente o que eu ouvia. Eu não estava tendo uma alucinação.

Suas palavras voaram dentro de minha mente, dançando e virando e voltando, numa espiral que me guiava à compreensão.

- Fale alguma coisa, por favor... – Ela sussurrou.

Em apenas um segundo eu entendi a expressão “mal entendido” que ela usara no começo da conversa.

Eu imaginava que ela ainda amava Jacob, enquanto ela acreditava que eu a odiava por seu abandono. Sim, um imenso mal entendido. Porque eu nunca odiaria Bella, ainda que ela me humilhasse de todas as formas humana e inumanamente possíveis. Eu a amaria ainda que fosse ela o meu carrasco na hora de minha morte definitiva, ainda que ela me odiasse e me machucasse, ainda que ela se tornasse o pior em minha existência. Eu a amaria incondicionalmente para o resto de minha eternidade.

Ela nunca entendera isso, nem mesmo antes, quando ainda era humana.

Então eu precisava fazê-la compreender a dimensão de meu amor por ela de uma vez por todas.

Minha memória recente então foi estimulada, e num jorro de elucidação, eu recordei cada uma das palavras de Bella, aquelas pelas quais eu ardera anteriormente, sem consciência, ainda sob o efeito da apatia misteriosa que me tomara.

Você não precisa seguir em frente... Não existem motivos para que desista.

Eu ainda te amo, Edward!

Eu ainda amo você, você está me ouvindo? Fala alguma coisa!

Ela ainda me amava.

Não me importei em questionar o que tinha acontecido antes, quando ela me deixou. Ou como ela havia chegado àquela conclusão. Tudo que me importava naquele momento era o fato dela corresponder ao que eu sentia, ainda que não fosse na mesma intensidade.

Sorri em antecipação.

- Eu não preciso falar nada... – Não disfarcei o arrebatamento em meu tom – Eu prefiro agir.

Puxei-a com suavidade para mim, colando nossos corpos. Toquei seus lábios com os meus, já ansiosos por sua maciez, beijando-a sem pudor.

O beijo cresceu com a percepção de que entre nós não existiam mais barreiras físicas. Bella era igual a mim, agora. Mais forte até do que eu, no momento. Era ela quem teria de ser cuidadosa para não me machucar. Mas ainda que isso acontecesse, eu não reclamaria. Qualquer dor, em meio ao êxtase de tê-la novamente em meus braços, era um preço razoável a se pagar. Eu pagaria mais caro se preciso fosse.

Ela me abraçou, rodeando meu pescoço com seus braços firmes. O incômodo com a pressão aguda não foi sequer registrado em minha mente, tamanha era a satisfação em sentir seu calor, agora menos intenso que antes, quando sua humanidade fazia minha pele queimar com sua temperatura elevada.

Segurei-a com firmeza pela cintura fina, beijando seus lábios com toda a impetuosidade que não me era possível no passado. Bela os abriu sem hesitação, permitindo que minha língua explorasse sua boca com ousadia, matando apenas um pouco da sede que eu tinha dela.

Nossas respirações eram descompassadas, mas sincronizadas em seu ritmo afoito, e nós tentávamos nos aproximar ainda mais um do outro, como se fosse possível ocuparmos o mesmo exato lugar no espaço.

Bella nos separou com relutância, ofegando e sorrindo ao encostar a testa na minha.

- Nós realmente precisamos conversar...

Eu me movi para capturar seus lábios mais uma vez, ao que ela suspirou.

- Eu não quero conversar agora... – Falei entre beijos – Eu preciso ter você de novo. Eu senti tanto a sua falta...

Por mais alguns minutos intermináveis, o único som que eu ouvia, era o sussurro de nossos lábios se movendo em sincronia, e o uivar do vento.

Mas eu podia sentir que tinha algo que a incomodava, ela parecia tensa, apesar de corresponder a cada uma das minhas investidas.

Nos separei a contragosto, sentando na relva e puxando-a para meu colo.

Afaguei seu rosto como a muito desejava fazer, e ela o apoiou na palma da minha mão, cerrando os olhos e sorrindo, um sorriso satisfeito que aqueceu meu coração.

- Eu desejei tanto esse momento... – Ela murmurou contra minha pele – Eu sofri tanto por pensar que você tinha raiva de mim.

- Shhh – Eu a silenciei enquanto puxava seu rosto para o meu – Vamos esquecer tudo que aconteceu. Nada disso importa. O que vale é que estamos juntos novamente, e agora eu não vou mais permitir que nada, nem mesmo você, nos separe outra vez.

Bella riu baixo, um riso que iluminou seu rosto e o ar ao redor dela, que cintilou e ressoou através da campina, cingindo o ambiente com a felicidade brilhante com a qual eu sonhei todo esse tempo sem ela.

Beijei sua face com leveza, me permitindo absorver o sabor suave de sua pele, de seu perfume, acalentando sua cabeça em meu peito.

- Eu devia estar louca quando o deixei. Você deveria ter me impedido. – Ela falou naturalmente.

Estremeci com a lembrança do rompimento, e o anel de minha mãe, que andava sempre comigo como uma lembrança de nossos momentos felizes, pesou em meu bolso.

Bella, sempre perspicaz, notou minha tensão e, erguendo seu rosto para me olhar, falou sentida.

- Me perdoe por tudo Edward. Eu juro que não sei o que me deu. Se eu pudesse, voltaria atrás e desfaria tudo...

Eu sorri, maravilhado com o poder de sua voz, de sua presença sobre mim.

Eu não estava realmente ressentido. As lembranças traziam a mágoa à tona, é claro, na forma de uma dor antiga e distante. Mas depois de ter Bella outra vez em meus braços, beijar seus lábios mais uma vez e sentir que ela era minha novamente, toda a agonia, toda a amargura que eu sentira com sua ausência se dissipara. Dentro de mim só havia espaço para a felicidade de ter meu amor por ela correspondido novamente.

- Vamos fazer um pacto... – Falei divertido.

- Sim. – Ela respondeu mudando drasticamente de humor.

- Vamos fingir que o que aconteceu antes, nosso afastamento, o rompimento, todos os momentos tensos que vivemos aqui depois de sua transformação... Vamos fingir que nada disso aconteceu.

Ela fez uma careta engraçada e assentiu.

Minha curiosidade queimou como antigamente.

- O quê? – Perguntei sorrindo.

- Nada. Esquece. – Ela respondeu sacudindo a cabeça.

- Bella... Por favor! Eu ainda não posso ler o que você pensa...

- Ah, mas isso não é um problema só seu. – Falou levemente irritada.

- O que quer dizer com isso?

- Eu não tenho como saber o que você está pensando, ou pensou, ou vai pensar...

- Eu não estou entendendo. – E não estava mesmo.

Bella se levantou e cruzou os braços no peito antes de me dar as costas.

Sua voz soou fortemente ressentida.

- Eu acho que não consigo fingir que nada aconteceu.

Eu meditei um pouco sobre suas palavras, sendo dominado pela incredulidade no entendimento de sua posição.

- Você está com ciúmes? – Falei sem conter o sorriso. Eu seria incapaz de dissimular que aquilo não me trazia certa satisfação.

- Não! – Ela respondeu rapidamente, me convencendo de sua mentira.

Levantei-me e prostrei-me atrás dela, enlaçando-a pela cintura.

- Bella... – Falei em seu ouvido – Eu não tive nada com Zaniala.

Ela se virou pra mim, os olhos injetados de puro ultraje.

- Você acha que eu sou estúpida? Só porque não vejo o futuro como Alice, ou sinto o que os outros sentem como o Jasper, ou mesmo leio mentes como você, isso não quer dizer que eu seja cega e não perceba as coisas ao meu redor. – Sua voz era acusatória.

Sim. Ela estava com ciúmes.

Segurei outro sorriso de satisfação e a olhei fundo nos olhos.

- Eu estou falando a verdade.

- E o que você me diz de sua chegada hoje pela manhã? Hã? Mãozinhas dadas e sorrisinhos...

Tapei sua boca com minha mão e fiquei perfeitamente sério.

- Eu não vou questiona-la sobre o que aconteceu entre você e Jacob, Bella, porque não estávamos juntos e, portanto, você não me devia satisfações. Além disso, eu não gostaria de saber, ainda que a situação não fosse essa. – Comecei, a voz mais amena que consegui manter – Mas se você que saber a verdade, escute o que lhe digo. Nada aconteceu entre mim e Zaniala. Nada de importante. – Suspirei ao identificar sua sobrancelha erguida em desafio – Houve um único beijo, ontem à noite na floresta, porque eu ainda não sabia de seus sentimentos, e acreditava que você desejava apenas que tivéssemos um relacionamento amigável, por causa de Renesme. Eu precisava tentar te esquecer. Eu devia isso a mim mesmo. Eu sofri em cada um dos segundos de todo esse tempo em que acreditei que havia perdido você pra sempre. Eu estava fazendo uma tentativa, nada mais que isso.

A compreensão inundou seu rosto, e seu olhar assumiu um brilho de arrependimento.

- Você está certo. Eu não posso lhe cobrar nada.

- Não é isso que estou dizendo, Bella... Eu apenas estou tentando fazê-la entender que nada disso importa.

Peguei sua mão e pus em meu peito, em cima do coração. Fiz o mesmo com a minha nela.

- Isso é o que importa... Estamos juntos. Nos amamos. O resto passou.

Bella apertou sua mão contra meu peito e me abraçou. Correspondi ao gesto, deitando meu rosto no alto de sua cabeça.

- Me desculpe... – Ela pediu.

- Shhh... Sem mais desculpas.

Ficamos abraçados por um longo tempo, até que a saudade de minha pequena preencheu meu peito.

- Vamos voltar... – Falei nos afastando, mas sem quebrar a ligação de nossas mãos – Quero contar a Renesme que estamos juntos. Ela sempre sonhou com isso.

- Eu sei...

- Você sabe? – Perguntei surpreso.

- Sim... Eu sempre via seu desejo em seus sonhos, mas ontem à noite, depois do momento que tivemos os três na colina, a vontade dela de nos ver unidos era tão forte que cingiu seus sonhos intensamente. Eu quase podia tocar as imagens.

Eu sorri, imaginando que minha princesa era o motivo por eu ter sua mãe em meus braços novamente.

- Foi por isso que decidiu conversar comigo?

- Não. Na verdade... Eu tive uma conversa muito esclarecedora com o Jazz ontem. E ele me fez perceber que estávamos os dois, muito enganados sobre os sentimentos um do outro.

- Humm... Lembre-me de agradecê-lo quando voltarmos.

Bella pareceu se lembrar de algo importante e ficou tensa imediatamente.

- Nós teremos de conversar sobre algo muito importante, Edward. Mas eu prefiro que o Jazz e a Alice estejam presentes para que você entenda melhor... – Seu tom era apreensivo.

- O que há? Porque você não me conta?

- Você saberá logo. Assim que conseguirmos traze-los pra cá.

- Mas porque não falamos com eles em casa?

- Você vai entender. Agora preste atenção. Ninguém, além de Alice e Jasper, pode saber o que houve entre nós aqui, pelo menos não por enquanto.

Abri minha boca para falar, mas ela interrompeu.

- Isso é muito importante Edward. – Falou categórica – Não poderemos chegar juntos ou dar qualquer sinal de que voltamos. E quanto a Renesme, só poderemos contar a ela depois.

- Eu não estou entendendo, Bella. Você não quer que nossa filha saiba que o que ela mais deseja está acontecendo? Não quer que minha família saiba que finalmente nos acertamos? Eles quiseram isso tanto quanto eu.

- Eu sei, meu amor – Ela disse, deslizando os dedos por meus lábios – Mas é necessário. Eu prometo te explicar assim que estivermos com Alice e Jasper, longe da casa. Eu juro que estou fazendo o que é melhor para nós dois e para nossa família.

Seu olhar era transparente neste momento, e eu podia ver ali que cada uma de suas palavras eram baseadas em algo real, sólido. Ela estava convencida de que aquele era o melhor caminho para evitar o que quer que estivesse acontecendo.

Confiei em sua convicção e meneei a cabeça positivamente.

- Farei como você disser.

E antes de tomarmos o caminho de volta para casa separados, nos perdemos em mais um beijo voluptuoso, tentando nos agarrar àquele momento até que pudéssemos estar juntos novamente.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Vcs tem opinado muito pouco ultimamente... Até semana que vem... Ah, na quarta tem cap novo em M.A.D.
Beijos