"- Se eu gosto dele ou não, não é da conta de vocês!

- É verdade é da conta da Clara! - os meninos disseram olhando para mim.

Será que por obséquio alguém me tira daqui?"

- Clara, fica de olho no seu namorado! Olha aí, eu tentei de avisar da Katherine... - Marcos falava, gesticulando com as duas mãos.

Eu estava congelada demais para falar alguma coisa, mas isso era apenas para palavras, porque eu dei um tapa no braço do Marcos quando ele terminou de falar.

- Não bate que eu gamo! - ele falou e eu senti minhas bochechas corarem.

- O quão tarado pode ser uma pessoa? - perguntei para a Lucy.

- Não sei, o Marcos sempre passa dos limites conhecidos pela a humanidade... - ela respondeu dando de ombros.

Cruzei os braços e virei a cabeça, mas logo voltei olhar para aquele bolinho, quando vi que o Thomas estava falando alguma coisa.

- Aff... Eu nem gosto dela. Vocês ficam inventando um monte de histórias idiotas, que idiotice! - ele disse andando para fora do bolinho e indo em direção a quadra.

Na hora que vi como ele falava, um sorriso fino surgiu em meu lábios. Ele não gostava dela afinal.

***

- Gente! Gente! Abre espaço! Eu tô passando! - Anna falava tentando abrir espaço na multidão da fila do refeitório, para chegar até onde estávamos.

Estávamos embaixo da árvore de sempre, no jardim dos fundos. Eu, Lucy e Val discutíamos um assunto sério e de extrema importância, quando a patricinha mais legal que eu já conheci, nos interrompeu.

- Não, Val! Cookies e cupcakes não poderam dominar o mundo um dia! - Lu falava - Muffins talvez, mas...

- Quem vai se inscrever no clube de drama? - Anna interrompeu Lucy.

Quando Anna falou isso, não consegui controlar o sorriso. Eu simplesmente AMO atuar! Amo teatro, me sinto tão bem e viva fazendo!

- EU VOU! - disse ficando de pé e erguendo a mão, como se segurasse uma caveira imaginária - Ser ou não ser, eis a questão!

- Menos, Clara, menos... - Lucy disse - Pode ser legal, não sei. Não sou muito de atuar.

- PODE ser legal? É incrível! Maravilhoso! - eu respondi com os olhos brilhando.

- Você já fez para saber? - Lu falou com tédio.

- Para a sua informação, já. - eu disse sorrindo.

Lucy ainda não tinha ficado muito convencida se ia fazer ou não, mas eu e Anna parecíamos duas crianças, convencemos facilmente a Valentina e Lucy, como sempre, não quis ficar de fora e disse que ia dar o seu máximo para atuar.

Fiquei realmente feliz, sabe, comecei no teatro ha 3 anos e nunca mais parei. É como se eu tivesse me tornado outra depois, que comecei a fazer, porque deixei de ser tímida e além disso... Tenho que admitir que adoro atenções, principalmente quando são elogios por ser boa naquilo que eu faço. Não tenho palavras para descrever como eu me sinto.

Anna nos levou até um quadro de avisos, perto da diretoria, onde os alunos podiam se inscrever na folha do clube do drama. A lista de assinaturas já tinha uma quantidade razoável de alunos inscritos, sendo a grande maioria feminina, pegamos uma caneta (rosa, porque a Anna que a escolheu) e assinamos nossos nomes e anos. De acordo com o folheto, a primeira aula seria amanhã, uma quinta era o dia da semana escolhido para as aulas.

Val após ler em voz alta isso, foi puxada por Anna que queria, como posso dizer? "Conferir a saúde" de um garoto gato que passou por nós.

- Que droga! Tinha que ser amanhã? Nas quintas eu tenho reforço de alemão! - Lucy reclamava.

Que legal, mais uma na lista: "Faço alemão e não te disse, Clara!".

- O que tem de errado amanhã? - um menino perguntou.

- Nada de errado. Só aula de alemão junto com a de teatro, Thomas. - Lu respondeu virando os olhos.

- Você entrou para o clube do drama? - ele parecia surpreso - Taí uma coisa, que tem que ter alguma coisa de errado!

Eu ri e Lucy olhou para mim com uma cara assasina, tampei a minha boca e logo em seguida, fiz uma auréolia com as mãos e sorri meigamente.

- Falsa. - Lucy disse enquanto eu e Thomas ríamos.

- Você também entrou pro clube, Clara? - ele perguntou.

- Ah! Sim, na verdade, já faço teatro há um bom tempo... - respondi dando de ombros.

- Legal. - ele disse.

Sorri fraco, por um minuto, queria estar sozinha com ele. Sem Lucy. Sem ninguém. Mas não quero nem pensar no que eu poderia falar, ou fazer, se isso acontecesse! Eu estou me tornando uma pervetida! Foco, Clara! Você é uma freira! Só tem permissão para não ser, com o Damon, o Tom e... QUE ATAQUE DE PESSOA PERVETIDA FOI ESSE? FOCO!

***

As aulas já tinham acabado, eu estava agora em casa, tomando sorvete e vendo pela milenésima vez o filme: Meninas Malvadas. Simplesmente adoro esse filme! Mas enfim, eu estava realmente muito ansiosa para o dia de amanhã, já tinha falado para os meus pais que chegaria mais tarde em casa e que (provavelmente) comeria antes de ir pra casa.

Depois de hoje, comecei a me sentir estranha. Sabe, todo aquele negócio com a Katherine, me deixou nervosa. O pior é que eu não tenho ninguém com quem falar isso, tudo bem, eu tenho o Rapha. Mas falar sobre certas coisas com ele é complicado porque, afinal de contas, ele continua sendo um garoto. Levando em conta isso, eu estou sozinha. E não por que me deixaram sozinha nessa, mas sim porque eu escolhi ficar sozinha e não contar para as meninas.

O que eu tenho que fazer? Afinal, minha melhor amiga de sempre está viajando e as minhas novas amigas iriam rir de mim se eu contasse o que eu sinto... Tá, eu não sei se ela iriam rir, mas cara, é o Thomas! Ele não é bonito, ele nem sempre é legal, mas... Eu continuo gostando dele do mesmo jeito! Tenho certeza que elas diram algo como: "Credo! O Thomas, não tinha coisa melhor não?" e depois iriam rir da minha cara!

Se elas vão fazer isso, por que será que eu sinto como se eu tivesse que contar?