Utopia escrita por Cherrie


Capítulo 1
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Como eu já disse, one minha e da Hoanna.
É a primeira vez que eu escrevo esse tipo de coisa então eu realmente espero que vocês gostem.
Beijos*

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“- Não Tom, eu não quero te ouvir, não dessa vez.

 

 

- Bill, por favor, deixe-me explicar.

 

 

- Tom, cala essa droga de boca!

 

 

 - B.I.L.L!

 

 

- Mas que merda, esse garoto não pode calar a boca!”

 

 

 

 

  - Tom! – Acordei gritando mais uma vez, com o coração disparado e um remorso enorme doendo no peito.

 

 

  Droga de pesadelo.

 

 

  Olhei para o relógio, 04:00 AM. Bufei e desci para a cozinha. Seria ótimo um copo de água para tentar desfazer o nó na minha garganta.

 

 

  Há séculos eu já não tinha uma noite de sono digna e nenhum dia também. Acordado eu não conseguia deixar de pensar nisso um segundo sem me culpar ferrenhamente e dormindo os pesadelos não paravam de me castigar.

 

 

   Apoiei-me no balcão da cozinha e olhei para a minha pistola Glock. Já tinha debatido comigo mesmo inúmeras vezes o motivo pelo qual eu não poderia fazer isso contra o único motivo pelo qual deveria: Tom. As dúvidas me apinhavam. Onde e como ele estaria?

 

 

  Eu não podia deixar de pensar que tudo aquilo era culpa minha. Se eu não tivesse brigado com ele, se só dessa vez eu não tivesse sido tão idiota.

 

 

  É desnecessário dizer que o Tokio Hotel estava acabado, nada mais tinha sentido. E eu também não tinha mais relação alguma com o Georg e o Gustav, aliás, eu não conseguia mais manter relação nenhuma com ninguém. Eu precisava achar o Tom e salvá-lo.

 

 

  Eu nunca me senti tão horrível, destroçado. Era como se minha vida tivesse se esvaído. Eu devia me encontrar no estado ‘muçulmano’, era assim que era chamado quando os presos nos campos de concentração chegavam ao ponto culminante. Não sentiam mais dor, fome, nada. Apenas seguiam. A única diferença é que eu tinha um objetivo para continuar seguindo.

 

 

  Aproveitei-me de minha insônia e fui até o escritório fazer algo útil. Há muito nem minha casa nem minha consciência eram as mesmas, meu escritório estava um caos. Dei uma olhada atenta nas paredes, repletas de manchetes de jornais, todas com algo em comum.

 

 

 

 

" ... encontrado o corpo da modelo desaparecida alguns meses atrás próximo ao Parque Nacional Marítimo Hamburgo Wadden."

 

 

 

" Misterioso sumiço de estrela do basquete..."

 

 

 

" ...a família do apresentador de TV confirma seu desaparecimento..."

 

 

 

" Polícia levanta hipótese de seqüestro..."

 

 

 

 

   - Que droga! - Esmurrei a parede lutando diante de tais fatos e da minha conclusão. - Todos eles morrem. - Apoiei minha testa nas manchetes segurando as lágrimas que insistiam em se apoderar de minha face, e uma delas molhou algumas palavras do jornal. - "Corpo em estado de decomposição encontrado por um pescador no Rio Elba..." - Li em voz alta o trecho molhado por minhas lágrimas. Meu semblante mudava do desespero a sagacidade. Lembrei da última vez que havia falado com Tom e aquilo não me causava mais dor, só confirmava cada vez mais minha hipótese.

 

 

 

“ Eu mexia insistentemente as pedras de gelo do meu whisky, sem conseguir disfarçar meu nervosismo. Os policiais disseram que poderiam tentar contato a qualquer momento. Assustei-me com o toque do telefone e fui o mais rápido possível a seu encontro.

 

 

 -Alô. – Falei ansioso, esperando respostas sobre o desaparecimento de meu irmão.

 

 

- Bill? – Senti a tranqüilidade me invadir, era sua voz, poderia reconhecê-la em qualquer situação. – Me seqüestraram. – Mas ouvir isso tirou toda tranqüilidade que eu senti. Sua voz estava fraca, desesperada. – Estão pedindo dois milhões de euros mi , deixe a quantia na próxima terça numa cabine telefônica da Rua Reeperbahn às 9 horas. Não avise para a polícia eles saberão. – Nunca vi tanta tensão na voz de Tom.

 

 

- Tomi, como... – Nem conseguia terminar, meu coração estava disparado, era um misto de tranqüilidade e preocupação. – Você es... – Tom me interrompeu.

 

 

- A única coisa que faz eu me sentir melhor é lembrar de você Billy. – Ele parou e suspirou um pouco. –  Encontro forças quando me lembro de nossa infância. Não me esqueço que foi você que me ensinou a andar de skate e me disse pra não ter medo.Nunca se esqueça disso. – Só o que eu pude ouvir naquele momento era o barulho da ligação sendo encerrada.”

 

 

 

 

  Eu nunca ensinei Tom a andar de skate, naquela hora desesperadora nem cheguei a reparar naquele detalhe, mas eu sabia que antigamente ele andava de skate no Parque Nacional Marítimo Hamburgo Wadden, mesmo local onde havia sido encontrado uma vítima e o Rio Elba fazia parte do Parque, lá também havia sido encontrado um corpo. Tinha que ser isso!

 

 

  Mas onde poderia haver um cativeiro no Parque?

 

 

  Eu descobriria.

 

 

  Saí de meu momento mórbido quase correndo até a sala para pegar minhas chaves e minha pistola. Nada de motoristas, ninguém poderia saber aonde eu iria.

 

 

  Cheguei à garagem e olhei para o Audi R8 do meu irmão. Odiava aquele carro, mas hoje eu o usaria.

 

 

  Deparei-me com uma revista no banco do passageiro, na sua capa havia uma foto de Tom, e aquilo congelou minha alegria por um instante. Não pude não deixar de lembrar da nossa última discussão.

 

 

 

 

" - Novamente você manchando a seriedade da nossa banda! Eu não te disse pra ficar no hotel Tom?! - Eu joguei a revista no seu colo, enquanto Tom permanecia sentado no banco do carro  encarando as próprias mãos, estávamos indo até o  hotel. Ele deu uma leve olhada na capa da revista: 'Tom Kaulitz, guitarrista da banda alemã Tokio Hotel, encontrado mais uma vez na delegacia por envolvimento com menores de idade. Mais um famoso adepto a pedofilia.' Aquilo não o surpreendeu, aumentando ainda mais minha raiva.

 

 

 

 - Bill eu não tinha noção que ela era menor de idade,  ela me disse que tinha 21 anos, não tenho culpa que ela mentiu. E você não sabe o porquê de eu fazer este tipo de coisa, não sabe como é difícil pra mim, tudo isso.

 

 

 - Tem sido difícil pra mim também se manter nesse hotel todas as noites se quer saber, mas eu consigo me controlar! Diferente de você que quer comer todas as menininhas que encontra nas festas! Você não pensa em ninguém quando se envolve nesses escândalos! Você não pensa nem mesmo em mim que sou seu irmão! - Ele nem conseguia me encarar e eu fui deixando a raiva descarregar tudo o que eu havia guardado para dizer-lhe. Mesmo se eu me arrependesse depois eu o faria sofrer. - Bill, o irmão gay do pervertido do Tom! Você deve me odiar não é mesmo, deve ter vergonha de mim. Só pode, pra fazer estas coisas.  Estou simplesmente exausto... – O carro parou, havíamos chegado ao hotel abri a porta do carro e dei as costas para ele. Não conseguia mais encarar aquele inconseqüente. - Estou prestes a desistir... de você. - Saí vagarosamente entrando no hotel enquanto ele saía do carro e tentava me acompanhar.

 

 

- Bill!

 

 

- Não Tom, eu não quero te ouvir, não dessa vez. - Disse me distanciando cada vez mais.

 

 

- Bill, por favor, deixe-me explicar.

 

 

- Tom, cala essa droga de boca!

 

 

- B.I.L.L! - Ele berrou.

 

 

- Mas que merda, esse garoto não pode calar a boca! - Virei meu rosto uma última vez para ele, e o vi sendo carregado por dois homens, com toucas pretas e armados, para um carro desconhecido sem placa. Enquanto eu ficava paralisado, apenas gritando e chorando. - Tom!”

 

 

   Esmurrei o volante do carro não conseguindo conter as lágrimas.

 

 

   - Queria poder ouvir suas explicações agora. Queria poder te ver e te pedir desculpas! Que idiota que eu sou! Mas eu vou conseguir te encontrar! – Liguei a ignição e dei a partida, logo estava em alta velocidade. Tempo era algo muito precioso naquele momento.

 

 

 

 

  Cheguei ao Parque. Olhei atentamente a toda volta procurando alguma pista, algum indício de local propício a um cativeiro.

 

 

  Eu estava tão nervoso que o ar chegava a faltar em meus pulmões.

 

 

  Eu precisava me acalmar, meu raciocínio não funcionava sob pressão.

 

 

  Sentei-me num banco e dei uma boa olhada nas embarcações ancoradas, fui olhando todo o comprimento do rio e deparei-me com um túnel, que servia para escoar água. O stress estava me fazendo suar. Tirei o casaco e deixei sobre o banco.

 

 

  Talvez um túnel fosse um bom esconderijo?

 

 

  A coragem me dominou instantaneamente, fazendo com que eu levantasse daquele banco em um pulo e fosse na direção daquela vala. Estava sendo muito imprudente, mas eu não estava ligando muito para isso naquele momento. Saber que meu irmão podia estar tão perto de mim me privava do bom senso.

 

 

  Estava bastante escuro e a água gelada batia próxima ao meu joelho, mas eu apenas empunhei minha pistola, não havia espaço para o temor, o amor pelo meu irmão e a vontade de reencontrá-lo tomava conta de meu ser. Coração gelado e pernas trêmulas, pura ansiedade.

 

 

  Andei por um tempo indeterminado, até encontrar um salão mal iluminado e seco, que anteriormente servira de espaço para guardar o material usado na construção daquele túnel subterrâneo, fui andando encostado na parede, sem fazer barulho algum. O chão estava coberto por uma grossa camada de poeira e em uma coluna eu consegui reconhecer a forma de um homem não muito nítida. Usei a luz do meu celular para que eu não pudesse tropeçar em nada, mas ainda mantinha minha pistola na mão direita, pronta para ser usada a qualquer instante.

 

 

  Cheguei bem perto da massa presa a coluna e pude reconhecer meu irmão amordaçado e preso naquele local imundo. Ver aquela cena me causava uma dor excruciante, não imaginava que doeria tanto ver Tom naquele estado. Ele estava pálido e magro, quase tanto quanto eu. As roupas sujas e se apoiava totalmente na coluna, devia estar muito fraco. Era por minha culpa que ele estava ali, deste jeito. Fui me aproximando, eu tinha medo de que ele estivesse com raiva de mim, e também tinha medo de tocá-lo, ele parecia tão fraco e debilitado que eu poderia machucá-lo se fosse muito eufórico. Parei em sua frente, ele estava com a cabeça baixa e os olhos fechados, subitamente o abraçei, sentindo sua surpresa seguida de um tremor e deixei que as lágrimas presas finalmente saíssem.

 

 

  - Tom...


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Notas finais do capítulo

Tenso.
Bom, eu preciso saber o que vocês acharam, então.... só posto a próxima parte parte depois de muitos reviews.

O que vem por aí:
Palavras se tornaram desnecessárias, nossa troca de olhares dizia tudo, era como se nós pudéssemos ver nossas almas, nosso sentimento compartilhado, amor.

Ouvimos barulhos distantes de passos. – Bill a gente precisa sair daqui.