Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 57
vida 5 capítulo 6




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Adam, estava como que hipnotizado. Não conseguia afastar os olhos dos olhos negros da mulher. Sentia a mente esvaziada. Faria qualquer coisa que a mulher lhe ordenasse. Qualquer coisa para segurar aquele olhar. Para receber aquele sorriso.


A mulher deslizava a mão por seu rosto com sensualidade, se detendo em seus lábios. Adam se sentia no Paraíso. Literalmente, ela o estava enfeitiçando. Já tinha molhado o dedo da outra mão num poderoso filtro do amor. Se Adam provasse da droga, estaria perdido. Ficaria incapaz de resistir ao comando da feiticeira da Cólquida.

§

Sam olhava para a sua sexta dose, abstraído do mundo. Tinha trazido o copo até a altura dos olhos e olhava para o copo com a expressão típica dos bêbados. Ficou atônito quando teve o copo arrancado das mãos e a bebida lançada contra o seu rosto. Levantou num impulso e foi empurrado para trás. Tropeçou e caiu, levando a mesa consigo.

– Gostou, bebum?

– EEEI!! Porque fez isso?

O grito de surpresa de Sam quebra o encanto e traz Adam de volta para a realidade.

Que diabo estava acontecendo? O universitário que minutos antes vira beijando a namorada, todo apaixonado, derrubara Sam no chão. O irmão estava completamente bêbado, sem condições de se defender. Sam precisava dele. Ele precisava fazer alguma coisa.

– Me desculpe. Meu irmão precisa de mim.

Adam se deixa dominar pela ira e parte para cima de Owen, mas é cercado e agarrado pelos outros dois universitários que dividiam a mesa com ele. Os dois se esforçam ao máximo para segurar Adam e, no embate, outra mesa é derrubada. Mais gente se envolve, ajudando a aumentar a confusão.

Ashley ajuda Sam a se levantar, mas ele não consegue se manter de pé e a arrasta consigo para o chão. Em meio à barulhenta discussão entre Adam e Owen, com Adam querendo partir para as vias de fato, o grupo todo deixa o Hot Machine Bar.

§

– Cara, ESCUTA. ESCUTA. CALMA. Vocês dois, larguem-no.

Os dois universitários relutam por alguns segundos, mas acabam soltando Adam, que aproveita para acertar um soco em Owen. Owen cai com a violência do golpe e faz gestos indicando que não quer briga.

Ashley larga Sam, que cai sentado no estacionamento. Ela enfrenta Adam, se colocando entre ele e Owen, que ainda não está em condições de se pôr de pé.

– ESCUTA. Isso tudo foi uma encenação. O Owen estava tentando SALVAR a sua vida. Vai escutar o que a gente tem a dizer ou prefere voltar para teia da viúva negra. Se você for, é por sua conta e risco. Nós já fizemos nossa parte tentando avisar você.

Adam hesita um momento, mas se rende ao olhar decidido da garota. Ela não parecia estar mentindo.

– Podem falar.

– Aqui, não. Vocês estão de carro?

– Não. Levaram nosso carro. Mas amanhã vamos atrás do ladrãozinho.

– Levamos vocês. Jake. Peter. Obrigado. Eu vou pegar o carro. E você: cuide do Owen.

– Mandona essa sua namorada.

– É. Ela é.

Adam, a contragosto, ajuda Owen a se levantar. Owen limpa com a manga da jaqueta o filete de sangue que escorre da sua boca.

– É isso que eu ganho por tentar salvar sua pele.

– Desculpe, mas fico maluco quando aprontam com meu irmãozinho.

– Irmãozinho?

– Bem, ele cresceu.

§

Quinze minutos depois, o carro pára no estacionamento do Blue Mountains Motel e Owen ajuda Adam a carregar Sam escada a cima e a colocá-lo deitado sobre a cama. Depois de acomodarem Sam e o cobrirem com um grosso cobertor, os dois saem, para conversarem no estacionamento.

Dean sai do seu esconderijo e se aproxima de Sam, que dorme profundamente sob efeito do álcool.

Ao olhar para Sam, Dean se sente enternecido com a visão do irmão adormecido, tão inocente e tão indefeso. Naquele momento, ainda era Dean quem estava no comando. Mas, ao fixar seus olhos no pescoço de Sam, única parte do corpo do irmão que está descoberta, seus sentidos aguçados trazem até ele o cheiro irresistível de carne humana. A consciência da fome volta com força. Fome. Intensa. Irrefreável.

Agora é o som do coração batendo e do sangue fluindo através da artéria carótida que preenchem a mente de Dean, expulsando qualquer outro pensamento ou emoção. O instinto animal do ghoul, de saciar a fome a qualquer preço, a regra mais básica de sobrevivência, domina Dean.

Dean se aproxima do corpo adormecido de Sam e, quando mais próximo, mais sente crescer a vontade de cravar os dentes naquele pescoço e, assim, matar de uma só vez sua sede e sua fome.


§


Do outro lado do mundo, Gabriel e Kālī prendem a respiração quando Dean abre a boca e expõe seus novos caninos afiados.


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