-Quando foi que começou a namorar a Lívia? – perguntei deixando meu tom mais que indiferente.

-Já não disse que não temos nada – disse ele meio severo

-Vou fingir então que sou um coelhinho na cartola – debochei – Foi apenas àquela coisa de ficar e beijo, nos vemos nunca?

-Não rolou nada disso – negou novamente ele

-Por que nega o obvio? – perguntei começando a me irritar com essa frescura

-Porque não aconteceu nada – respondeu ele me encarando

-Eu vejo você naquele chamego todo com ela e você ainda insiste em dizer que não houve nada? – indaguei com ceticismo – Muito bom saber que você mente mesmo sem necessidade.

-Não menti Lily – discordou ele severo – Pare de bater na mesma tecla.

-Pare de bancar o idiota – pedi o encarando

-Lily – ele disse meu nome numa voz de veludo arrebatadora – Vou te contar um segredo tudo bem?

Apenas fiz que sim com a cabeça.

-O garoto que a Britanny gostava era o Hisaki – disse ele não mais alto que um murmúrio

Arregalei os olhos.

O que isso necessariamente queria dizer?

Foi onde à proteção exagerada do meu irmão resolveu começar?

-Por que me disse isso? – perguntei o fitando

-Seje esperta pelo menos uma vez na vida – respondeu ele se levantando

-Não vou revidar – disse me levantando também

Ele deixou um estranho sorriso escapar.

Estranho por que não me pareceu forjado, parecia sincero.

Afastei isso da minha mente.

Tinha que focalizar ele e Hisaki.

O que os tinha separado e ao que parecia os tinha unido também.

Francamente, confusão de idéia não é comigo.

-Vamos – disse Oliver ficando ao meu lado

Acabei por novamente senti seu perfume delicioso.

Seu perfil era delirante, apesar da personalidade não ser nada agradável.

Que tristeza.

Ele abriu a porta do carona pra mim, agradeci entrando.

Caminho de volta foi resumido á ele se esquivando das perguntas que eu fazia em relação ao seu passado ligado á Hisaki e a Rilew.

Realmente tinha que fazer isso escondido então.

Amanhã começaria a procurar nos Books por algo relacionado aos dois.

Tinha que haver algo que explicasse ou que me guiasse até onde eles não queriam que eu fosse.

-Até amanhã – me despedi saindo do carro

-Bons sonhos – ele me desejou enquanto saia

Vi ele desaparecer na esquina antes de entrar em casa encontrando mamãe e papai na sala assistindo á um filme que não sabia dizer se era romântico ou não.

-A noite foi boa não é? – indagou papai com um leve sorriso nos lábios

-Pergunto se a de vocês não foi – devolvi enquanto subia a escada.

-Menina – me repreendeu mamãe

-Desculpe – me desculpei – Onde está Justin?

-Ainda não chegará – respondeu mamãe rapidamente.

-Hmm – murmurei antes de entrar no meu quarto – Boa noite!

Tomei um banho tirando á maquiagem.

Vesti minha camisola e desabei na cama.

Sono de beleza...

Acordei me sentindo leve e sem qualquer problema.

Na verdade se tinha algum problema não era meu.

Bocejei e me encaminhei para o banheiro.

Não demorei muito para escolher uma roupa.

Minha vontade para ficar horas pa fio em frente ao espelho encontrando a melhor roupa tinha se esvaído pelo ralo quando fui tomar banho.

[n/a: troquem o sapato por uma sapatilha preta.]

Fiz uma leva maquiagem e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo.

Me olhei no espelho.

Sabia que eu era bonita, linda e maravilhosa, mas ao me olhar agora no espelho, notava que havia algo de diferente no olhar, um certo mistério, serenidade.

Parecia até que eu tinha envelhecido uns dois anos.

A velhice para algumas pessoas é o equivalente á uma pré-morte, pra mim a coisa não anda desse jeito.

Não tenho medo de ficar velha ou de morrer.

Velhice chega pra todo humano seje ele quem for, continuarei lida quando ficar com uns 65 anos?

Ficarei se me cuidar.

Morte?

Chega pra todo mundo, não adianta correr.

Acabei por dar um sorriso de escárnio.

Estou na frente do meu espelho filosofando sobre a velhice e a morte.

Acho que bati minha cabeça e não sei.

Peguei minha bolsa e desci para encontrar a minha adorável família.

-Bom-dia – me cumprimentou mamãe se sentando

Papai e Justin terminavam seus cafés em silencio.

-Todo mundo acordou com pé esquerdo hoje? – indaguei me sentando

-Tome seu café – pediu papai um pouco serio

Olhei para todos.

Ta não tinham caído da cama, mas acho que chegaram perto.

-Vamos – disse Justin se levantando – Temos que passar na casa do Oliver não é?

Fiz que sim com a cabeça enquanto mandava pra dentro o resto de suco que havia no meu copo.

Beijei meus pais e sai encontrando Justin já ligando o carro.

-Como foi à noite? – perguntei com um sorriso enquanto entrava no carro

-Boa – respondeu ele monótono

-O que houve? – perguntei ficando curiosa

-Nada de muito preocupante, eu acho – respondeu ele dando a partida

-Mesmo? – insisti

-Claro – disse ele com um olhar vazio – Agora me diz como foi com o Oliver.

-Não brigamos necessariamente – disse dando destaque a ultima palavra

-É incrível como vocês não se cruzam – refletiu ele junto a um meio sorriso

-Incrível como isso ocorre – murmurei para mim mesma

O caminho inteiro conversamos sobre bestialidades.

Eu não toquei mais no assunto de onde ele provavelmente passara boa parte da noite e ele não me perguntara mais nada sobre o Oliver.

Ao chegarmos no prédio onde o lindo homem moravam desci.

-Não vai dar um oi para seu amigo? – indaguei a Justin

-Acho que hoje não – disse ele serio – Além do mais acredito que não to a fim de presenciar a DR de vocês.

Fiz uma careta pra ele, antes de seguir para o apê de Oliver.

Para minha alegria não topei com a Patty.

Toquei a campainha do apê de Oliver.

Ouvi uma fraco “Já vai” e logo depois Oliver abria a porta vestindo apenas uma calça jeans escura deixando o lindo peitoral á vista.

Pensei que tive vertigem, apenas me lembro que Oliver me pegou nos braços e me colocou no sofá.

-Lily – ele me chamou preocupado – O que você tem?

Nisso acabei por fechar os olhos.

Não sei se desmaiei ou dormi.

Só sei que acordei num sobressalto.

-Calma – pediu Oliver numa voz mansa e agradável

Voltei meu olhar para ele que me olhava bem preocupado.

Sorri.

-O que é engraçado? – perguntou ele me olhando confuso

-Sua cara de idiota – respondi me ajeitando no sofá

-Não irei revidar – disse ele com escárnio

Toquei sua testa com meu indicador.

Me levantei.

-Está se sentindo bem? – indagou ele ficando ao meu lado

-Isso ocorre comigo de vez em quando – disse indo pro seu quarto – Relaxa que já estou bem.

Ouvi ele suspirar.

Entrei em seu quarto completamente arrumado.

Isso incluía a cama também.

-Dormiu na casa da Lívia não é? – indaguei num tom indiferente, mas com uma pontada de rispidez

-Minha vida pessoal não lhe aflige – disse ele educadamente

Voltei meu olhar para ele. Seu rosto tinha uma expressão opaca.

Suspirei e peguei uma muda de roupa para ele.

Camisa social azul-clara e um tênis qualquer.

Sai do quarto indo até a cozinha beber um copo de água.

Tinha uma confissão a fazer que descobri dois minutos atrás ao ver aquela expressão opaca.

Ele logo retornou.

O cabelo um pouco penteado e com a roupa lhe caindo perfeitamente bem.

Sentia seu delicioso perfume.

-Ahhh – disse sem jeito – Oliver, tenho algo á dizer.

Olhei sua expressão impassível.

-Reconheço que sua opinião é importante pra mim, que tudo relacionado a você me afeta de uma maneira diferente – continuei fitando meus próprios pés – Realmente pra mim é estranho dizer algo desse tipo para um garoto que consegue me irritar facilmente.

Olhei pra ele que se inclinou na minha direção, segurou meu queixo... E beijou...

Minha boca?

Foi apenas um doce beijo na bochecha.             

-É bom ouvir isso – disse ele com um sorriso – Estamos caminhando então por um caminho chamado amizade.

-Você acha isso mesmo? – indaguei receosa

-Vamos tentar tudo bem? – propôs ele

-Tô achando pela primeira vez uma boa idéia isso – concordei com um leve sorriso

-Vamos para o colégio – disse ele pegando seu caderno - Estamos um pouco atrasados.

-Realmente – concordei encolhendo meus ombros

Ele afagou minhas costas e me puxou para sairmos do apê.

Realmente esperava que o clima entre nós reinasse como concordamos, como amigos.