‘Nesse lugar cheio de rostos conhecidos, estou rodeada por estranhos ’.

_Senhorita Haruno! Poderia me dizer o nome do filósofo que criou essa teoria? _perguntou uma senhora de cabelos negros e olhar arrogante.

Como um balde de água fria Sakura despertou de seus devaneios, estava bem longe da aula de filosofia. Gostava da matéria, porém, naquele dia estava difícil se concentrar em alguma coisa.

_Seria Rousseau? _respondeu Sakura, completamente sem jeito.

_Está prestando atenção, senhorita Haruno? _perguntou a professora lhe dirigindo um olhar inquisidor.

Uma risada geral tomou conta do local, fazendo Sakura se sentir ainda mais constrangida.

_Silêncio! _gritou a professora, batendo uma régua sobre a carteira de Sakura. _ E você senhorita, mais atenção! Não estamos em ciências políticas, é uma revisão sobre id.

A aula voltou a correr como se o incidente não tivesse existido, mas por dentro, Sakura desejava desaparecer.

Após alguns minutos que mais pareceram horas, o sinal bateu anunciando a hora do intervalo. Os alunos saíram rapidamente da sala como uma manada estourada. Sakura, ao contrário dos outros, permaneceu no seu lugar. Afundou o rosto entre as mãos, deixando seus cachos róseos cobrirem seu rosto. Não queria que qualquer um visse sua feição desanimada.

_Sakura! Que vacilo foi aquele? Você pelo menos disfarçava antigamente, agora nem isso? _disse Ino, virando-se para a amiga.

_Não começa, Ino. Eu não estou bem hoje. _disse Sakura, sem mover um músculo.

_O que houve com você? Está muito estranha hoje. É aquela história de psicólogo que tá te preocupando? _perguntou Ino, brincando com um dos cachos da amiga.

_Também, mas não é só isso. Tem uma coisa que não sai da minha cabeça. Aquela sensação não sai de mim, fica me perturbando o tempo inteiro. E eu fico tentando achar uma razão para isso, mas eu não faço nem idéia. _Sakura suspira e levanta o rosto com um olhar triste. _Amiga, será que eu estou ficando maluca?

_Oh, Sakura! Claro que não. _respondeu Ino, abraçando a amiga. _E mesmo que estivesse quem liga? Isso não mudaria quem você é, né?!

Sakura não pôde conter um sorriso. Aquela era Ino, sua melhor amiga, aquela que jamais deixava se abalar pelas adversidades da vida, sua companheira de bagunça, sua irmã de coração.

_Vamos, antes que aqueles carrascos voltem aqui e nos açoitem. _disse Ino, puxando Sakura pelo braço e a arrastando para a cantina do colégio.

_Ah não! Por Kami-Sama. Não me diga que vai de novo atormentar o pobre rapaz da cantina. _disse Sakura, rindo e olhando indignada para a amiga.

_Para né! Ele é uma graça! E além do mais, eu sei que ele gosta de ser atormentado pela minha pessoa. _disse Ino rindo e jogando seus longos cabelos loiros para o lado.

Inuzuka Kiba começou a trabalhar recentemente na cantina do colégio, é um jovem rapaz moreno bastante atraente que acaba sempre sendo importunado por alguma aluna e algumas vezes até por professores.

_Olha como ele tá gato, Saku! Me segura que é hoje que eu agarro esse homem. _disse Ino, se abanando.

_Não seja tão atirada Ino! _disse Sakura repreendendo a amiga, mas já era tarde demais. Ino já tinha ido em direção ao jovem moreno no balcão.

Estava distraída observando a cena ao longe, quando uma aluna de outra série acidentalmente esbarra em Sakura.

_Me desculpe, estava distraída. _disse a jovem, pegando no chão seu pequeno broche de pérolas que havia caído.

_Posso ver seu broche? _perguntou Sakura, sentindo uma sensação estranha no peito.

_Claro que pode. _disse a garota estendendo o pequeno enfeite para Sakura ver.

Era uma pequena flor feita com pérolas e em seu miolo havia um pequeno diamante rosa. Sakura o olhou e sentiu algo estranhamente familiar, como se já o tivesse visto em algum lugar, em outra ocasião.

Aquela sensação lhe dominou por completo, quando deu por si já estava apoiada na parede com a respiração irregular. Era como se tivesse tomado um soco na boca do estômago. As coisas giravam sem parar.

_Você está bem? _perguntou a garota, olhando-a assustada.

_Estou sim. _disse Sakura disfarçando com um sorriso falso. _Onde o comprou?

_Na verdade... _a jovem garota olhou para os lados assustada e falou baixo, como se temesse que alguém ouvisse. _É uma história até estranha.

_Como assim? _perguntou Sakura, sem entender.

_Eu gosto de fazer... Passeios noturnos no cemitério. Ah, aquele clima mórbido me deixa relaxada. _disse a garota com um sorriso tímido na face. _Em um desses passeios, encontrei esse broche sobre um dos túmulos.

_Oh céus! _gritou Sakura, olhando-a horrorizada.

_Por favor! Não conte para as outras garotas! Juro que não sou uma doente que assalta túmulos, é que gostei especialmente deste broche. _disse a garota com um olhar temeroso na face. _Eu vi que você gostou dele, troco ele por seu silêncio. _disse a garota o esticando na direção de Sakura.

_Eu não o quero. Tire essa coisa de perto de mim. _gritou Sakura, batendo na mão da garota e saindo correndo.

Sakura saiu em disparada para o mais longe possível daquela pequena jóia. Não sabia o porquê daquela reação, mas sabia que jamais iria querer ter aquela sensação novamente. Era um desespero que a fazia querer chorar. Estava cansada de estar sempre envolvida com aquelas coisas estranhas e ilógicas. Após conhecer a história do broche o tema assim como o demônio teme a cruz. Queria correr até que seu coração se livrasse de todas aquelas sensações estranhas e que sua mente esquecesse as feições do rosto daquela garota estranha.

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