O Retorno escrita por Kaisaca1976


Capítulo 1
Capítulo 1: Dois Mundos


Notas iniciais do capítulo

Através de uma narrativa de fácil entendimento, este capítulo une os acontecimentos passados com novos, a inclusão de novos personagens, um tema diferente e atual para os leitores, dando uma introdução a uma história bem diferente do original, afinal é um anime que passou nos anos 80.



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Em um aeroporto internacional acontece um campeonato de acrobacias aéreas e o momento mais aguardado era a apresentação do piloto Joe Kaisaca, considerado um dos melhores pilotos do mundo e conhecido internacionalmente como o piloto da poderosíssima nave de guerra Pirata do Espaço.

No céu uma esquadrilha de caças da força aérea faziam suas manobras. No solo próximo ao hangar dos aviões, Joe estava perto de um Christen Eagle, avião de acrobacias.

— Ei. Joe. – disse um jovem piloto aproximando-se sorridente. - É um prazer conhecê-lo, você é o ídolo de todos nós. 

—´Obrigado. Você também vai competir? – perguntou ele com um leve sorriso forçado. 

— Sim, antes de você. E farei minha apresentação em sua homenagem.

— Será uma honra. Boa sorte. – respondeu um pouco tedioso. Joe já estava cansado desses campeonatos, competia apenas pela emoção de estar no ar, sua audácia e também como uma fuga.

— Obrigado. Te vejo depois das apresentações.

Joe não respondeu, apenas deu um sinal de positivo com a cabeça e voltou a fitar o céu. Agora os caças deram lugar ao primeiro competidor. Joe que, aparentemente parecia observar o avião, olhava além do céu azul tentando imaginar onde estaria naquele universo uma moça que ele não conseguia esquecer um dia sequer desde que partira.

 

*****

 

As quatro naves passaram velozmente rasgando o céu sobre a ilha onde ficava o complexo da Escola de Treinamento Espacial de Gailar. Uma chamava mais a atenção pelas suas manobras rápidas ao desviar de todos os projéteis lançados contra ela. As naves a sua retaguarda não tiveram muita sorte, se fosse uma batalha real uma delas teria sido espatifada pelos projéteis e a outra seriamente avariada. As naves desceram até bem próximo ao solo, destruindo os obstáculos estrategicamente colocados para interceptá-las. Terminado esses obstáculos, subiu para o céu azul e destruiu mais dois comandos de simuladores de mísseis que flutuavam no ar. 

— Puxa Dimitri. Quem é aquele piloto? – perguntou um rapaz loiro de olhos verdes e pele azulada de aparência simpática de nome Cory

— É Rita. – respondeu Dimitri sem tirar os olhos da nave pilotada por ela. A nave era um pouco parecida com caças, suas asas se ligavam ao restante do corpo e eram bem maiores. Suas várias armas incluem laser lançados da parte frontal, mísseis das asas e um canhão laser que ficava do lado direito da cabine do piloto.

— Ela é boa mesmo. Parece que você perdeu seu posto de melhor piloto da academia. – disse ele sorrindo.

Dimitri não respondeu. Continuou olhando para a nave que agora estava se preparando para outro vôo rasante.  Ao chegar perto do solo se transformou em um robô, passando a correr com o canhão em forma de arma empunhada em suas enormes mãos robóticas destruindo os alvos que tentavam atingi-lo, seguido dos outros três que tentavam acompanhá-lo.

— É verdade que ela lutou naquele planeta primitivo, a Terra, contra nós. Traindo o Império que pretendia conquistá-los. – perguntou Cory, meio inquieto pela falta de atenção do amigo.

— É sim. - disse sem tirar os olhos da nave de combate gailariana, as chamadas double, naves que se transformavam em robôs. - Eu no lugar dela teria feito a mesma coisa. – disse Dimitri. - Rita seguiu os princípios dos verdadeiros gailarianos. Por isso foi recebida pelo nosso soberano como heroína.

— É verdade. Desde que ela chegou se tornou alvo de admiração de todos.  – completou Cory, que também era piloto, mas seu objetivo era se tornar um piloto-mor dos cruzadores espaciais e não um piloto de combate. - Você parece ter um interesse especial por ela. 

— O que você quer dizer com isso? – Dimitri demonstrou certa rispidez, mas não pode deixar de admitir que desde que a vira pela primeira vez não ficou indiferente a ela.

— Nada, nada demais... – disse ele que não pode deixar de sorrir divertido.

Dimitri voltou a observar a nave de Rita que agora estava na posição inicial. Depois dela, ele faria o mesmo percurso com mais três doubles e pretendia se sair tão bem quanto ela. Dimitri não tinha a intenção de competir, mas despertar na moça a mesma admiração dele por ela como piloto. 

 

*****

 

— Joe, depois dessa apresentação é a sua vez. – a voz de Sabu o trouxe de volta. Ele olhou para o garoto que já estava se transformando num rapaz de agradável aparência.

— Está bem. - Disse entrando no avião e se preparando para a decolagem. 

Quando o sistema de som anunciou que a próxima apresentação era de Joe Kaisaca, a multidão explodiu em aplausos. Joe começou a taxiar pela pista e logo ganhou o céu, olhou para o painel e pode ver o rosto sorridente de Rita em um retrato. “Bem Rita, aqui vamos nós”. E começou as suas manobras arrojadas.

— Ipei, você não acha que Joe está exagerando dessa vez? – disse Sabu que observava atento e preocupado a exibição de Joe.

— Hoje Joe está arriscando mais. Ele deve tomar cuidado com essas manobras... –  concordou.

Os dois voltaram a fitar o céu preocupados.

 

*****

 

Rita olhava sua figura esguia refletida no espelho. Ela estava usando um uniforme azul com uma listra amarela do lado direito, composto por um macacão inteiriço justo, mas confortável e uma mini saia que dava o toque feminino. Colocou seu blazer em tom azul mais claro e pegou uma foto que estava em cima do console “Joe como sinto sua falta” murmurou e a guardou no bolso interno do blazer, estava pronta para voltar para casa, teria uma merecida folga após vários meses de treinamento árduo na escola espacial, quando retornasse teria sua designação para atuar em alguma nave e talvez realizar seu sonho. 

Pegou sua mala e se dirigiu para a porta que deslizou para o lado  e ela se viu no corredor do alojamento lotado de outras moças. Seus pensamentos estavam longe e mal prestava atenção aquele vai e vem de moças com vários tons de cor de olhos, peles e cabelos que passavam por ela sempre lhe sorrindo, uma característica dos gailarianos que ela quase esquecera, sempre cordiais e alegres, ela retribuía com um sorriso forçado e polidez.

— Eih, Rita! – uma voz feminina a fez parar e olhar para quem a chamava. Uma moça de cabelos verdes escuros, olhos rosados e pele clara se aproximou sorridente.

— Oi Amanda. Finalmente vamos para casa. – Falou a jovem sorridente.

— Sim. E uma merecida folga – Respondeu

Outra moça de cabelos vermelhos e olhos amarelados que lembravam um felino aproximou-se sorridente.

— Olá meninas, estou tão ansiosa. Não vejo a hora de me tornar uma oficial de verdade e voar pelo espaço.

— Ora, Junea, você já esteve no espaço várias vezes. – comentou Amanda.

— Mas agora é diferente. Agora serei oficial, em uma missão cheia de responsabilidades. – disse isso de forma séria e depois um largo sorriso.

As três embarcaram em um transporte que flutuava sobre as águas. Um punhado de jovens embarcaram junto com as moças, inclusive Dimitri e Cory que logo as viram, Cory se adiantou e cumprimentou as moças com um largo sorriso.

— Cory, Dimitri. Vocês também estarão de folga? – perguntou Junea a mais faladeira da turma.

— Sim. Parece que todos que irão receber as designações estarão de folga. – respondeu Dimitri.

— Eu espero ser nomeado para as naves avançadas, elas são as mais poderosas de toda a frota. – disse Cory.

— Eu particularmente gostaria que ficássemos todos juntos. – comentou Amanda. Sua especialidade era rastreamento, observação e combate em radar.

— Talvez eu não fique com vocês. – disse Junea. – como monitora do espaço e comunicações, talvez eu consiga entrar para o Centro de Observações Espaciais. Eu me esforcei para isso. - E voltando-se para Rita – Rita você já esteve envolvida em uma guerra naquele planeta primitivo. Deve ter sido uma experiência incrível. – Falou empolgada.

— Acredite Junea. Nunca queira estar em uma guerra de verdade. - Disse Rita com o semblante carregado - É muito triste ter que lutar e matar. Reze para nunca precisarmos passar por uma guerra. – disse, lembrando-se dos momentos tristes da guerra na Terra e a imagem do jovem piloto terráqueo levou-a a fechar os olhos marejados de lágrimas diante das lembranças.

— Junea. Já lhe disse para não falar sobre esse assunto com Rita. - Repreendeu Amanda

— Desculpe-me, eu não tinha intenção...

— Está tudo bem. –  Rita deu um leve sorriso - Isso já passou. Agora é seguir em frente. - Um silêncio um pouco desconfortável se formou entre os amigos - Você se saiu muito bem no último treino – disse Rita olhando para Dimitri e surpreendendo a todos pela mudança de assunto. 

— Não tanto quanto você – disse ele surpreso pelo elogio.

— Eu não fui tão bem assim, fui atingida uma vez e errei um alvo. Ao contrário de você que errou só um.

— Mas você foi muito mais rápida.

— Isso não justifica meus erros. 

— Pois eu achei que você foi ótima em algumas manobras. Especialmente quando estava no módulo robô. Nunca vi uma pessoa controlar o módulo robô com tanta habilidade.

— Isso é porque você não pilotou um Robô Bomba com o triplo do tamanho do double. – disse ela lembrando-se do Pirata do Espaço e de um piloto admirável que ela nunca esqueceu. Ela já esteve com Dimitri várias vezes, mas nunca prestou muita atenção no rapaz. Ele era a fonte de suspiro de todas as garotas da escola espacial e o observando bem podia entender, seus cabelos pretos sempre em ordem tinha uma mecha que caia um pouco displicentes sobre os olhos também negros em uma perfeita harmonia com um belo rosto. Rita não pôde deixar de comparar Dimitri com Joe.  Joe era mais forte e tinha uma beleza mais agressiva e Dimitri transmitia paz e segurança e sua voz profunda sempre harmoniosa.

Logo avistaram a Cidade Central em forma de vários anéis separados por grandes espelhos d’água. Enormes prédios de diversas formas eram ligados por tubos transparentes onde circulavam os transportes. Largas ruas com praças, gramados, esculturas geométricas e muitas flores coloridas por onde as pessoas andavam tranqüilas a pé ou em escadas e calçadas rolantes que pareciam sumir diante dos enormes edifícios. No centro ficava a enorme torre com uma cúpula reluzente vista de todos os pontos da cidade e até de fora dela. Lá era o centro do planeta, de lá o soberano de Gailar governa o planeta com justiça e bondade. O sol começava a se pôr e o céu de Gailar começa a brilhar com os dois anéis de cristais que o circulavam.

 

*****

 

Joe pilotava um pequeno avião de passageiros de volta à ilha Akane. Seus pensamentos estavam longe e não prestava atenção na conversa de Sabu e Ipei. “Foi num dia como esse que tudo começou” pensou ele, lembrando-se do dia em que vira o Pirata do Espaço pela primeira vez. Eles estavam voltando de uma competição, tudo parecia como qualquer outro dia se não fosse a chegada de um objeto não identificado que caiu na ilha,  desde então sua vida mudou completamente. Joe aproximou-se da ilha Akane e levou o pequeno avião em direção ao aeroporto.

— Estamos chegando e já vamos pousar. - Avisou aos amigos e conduziu o pequeno avião que pousou suavemente na pista. Jem, que finalmente se tornou piloto, veio ao encontro dos amigos.

— E aí pessoal como foi? – perguntou ele logo que se aproximou de seus amigos.

— Uma barbada. Joe como sempre venceu novamente. – respondeu Sabu.

— Puxa pena que não pude ir. – lamentou o piloto.

— Não liga não da próxima vez você vai... – Disse Ipei

— Será que tem alguma coisa na cozinha? Eu estou faminto – disse Sabu com o estômago roncando.

— Eu também tô com fome... Vamos comer alguma coisa... – completou Ipei.

— Eu topo... – Uma coisa que Jem fazia bem era comer.

—  Joe você vem conosco? – perguntou Sabu a ele.

— Agora não... Podem ir, depois eu vou... Tá bem... Então vamos pessoal – e os três saíram tagarelando deixando Joe que voltou seu olhar para o céu como que procurasse aquele mesmo brilho que mudou sua vida para sempre.


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Notas finais do capítulo

Continua no Episódio 2



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