Uma neblina consumia a energia da manhã...

Quando avistei, pela primeira vez,

Aquele estranho misterioso que caminhava ao meu encontro.

Havia uma antiguidade em sua fala, tão rústica que desfez

O véu da névoa que nos envolvia de pronto.

E em pouco tempo, ele começou a me explicar,

Sobre a natureza da água, os mistérios do fogo,

A pureza da terra e a necessidade do ar.

O quão estranho somos por ter medo...

E deixar de viver a felicidade.

Por ser uma armadilha que, segundo ele, não irá durar a eternidade.

Até mesmo o amor, um dia, irá acabar.

Através do efeito lento de uma doença;

Uma incerteza que não resiste a convalescença;

Ou uma traição tão difícil de explicar.

Pode ser a corrosão sutil de duas personalidades,

Que se remodelam tanto até serem completamente incompatíveis.

Ou um velho estranho que diz, em um bar, certas verdades,

Que precisam ser ditas naquela noite, para aquela pessoa.

Felicidade e amor são sentimentos tão frágeis...

Quanto a vida que pulsa em nós,

E que, no melhor dos casos, morre conosco.

E no pior não...

Disse o estranho misterioso, que é impossível ser feliz e são.

“Se nada existe, tudo é um sonho em que tu acordas indisposto”.

Pouco após essa epifania...

A figura do estranho na névoa se dissipa.

Era uma brincadeira da minha mente aflita,

Seria toda essa conversa ficta?

Quando olho ao redor,

nada existe além de um espaço vazio.

Quem eu sou, Horácio?

Mais que céu ou terra que pode imaginar sua filosofia?

O infinito avança em meu devaneio...

Estou incerto se esse pensamento está completo,

Ou se sou só um instrumento para o meio.

O nada vai consumir todo o resto...

Não há corpo, sangue ou cérebro.

Estou no absurdo ou não existo, estou certo.

Uma fina neblina fria surgia no centro do Universo...

~Gabriel.