Um amor improvável escrita por Tianinha


Capítulo 9
Separação de Natan e Verônica




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No dia seguinte, Érico chegou à Class Mídia cumprimentando a todos:

— Bom dia! Bom dia!

— Bom dia! — disse Júlia.

— Pausa para o café com bolacha. — disse Érico, trazendo uma caixa de bolacha e entregando-a para Júlia.

— Oba! Adoro bolacha! — disse Fabinho.

— E eu não sei? Tô careca de saber do que que você gosta, moleque. — disse Érico, indo para a sua mesa.

— O Érico te conhece de onde, cara? — perguntou Edu, um dos publicitários da agência. Afinal, Érico deu a entender que conhecia Fabinho há anos, que eram próximos.

— Conhece daqui. Vai conhecer de onde? — disse Fabinho.

Ele jamais contaria a ninguém da agência sobre sua infância no lar.

— É isso aí crianças. — disse Sílvia. — Tomem bastante café, fiquem bem ligadinhos, que hoje é o dia D da campanha do Kim Park, hein? E se o Wilson não gostar de nada, o chefão já mandou avisar que o... — fez o gesto de degola. — Cabeças vão rolar!

— Nessas horas que é bom ser só o estagiário, viu, Fabinho? — disse Cléo.

— Não, bom é ter ideia genial. — disse Fabinho, comendo um biscoito.

— Bom dia! Bom dia! Bom dia! Bom dia! Bom dia! — dizia Natan, entrando na sala ao lado de Maurício.

 — Bom dia. — disse Cléo.

— É o seguinte: “Kim Park: Aventura tamanho família”. — disse Natan, falando um slogan para a campanha do parque. — E aí? Que tal, hã? É?

— Bem que eu disse no carro que você matou a pau. — disse Maurício, balançando os óculos que segurava na direção do pai.

— Érico! — disse Natan. — Liga pro teu tio Wilson e avisa pra trazer uma camisa extra. Porque hoje, ele vai babar! Vai babar!

— Gente, eu não disse? — disse Júlia. — Ele sempre traz as melhores ideias de casa. Impressionante!

— Vai ver que ele só cria debaixo do chuveiro, né? — disse Edu.

— Gente, ele tem uma gênia trancada dentro de uma garrafa, ó. — disse Sílvia, piscando um olho.

— Eu quero uma gênia dessas pra mim. Eu tô precisando ganhar mais. — disse Edu.

— Carol, Wilson Rabello, liga e marca reunião. — disse Fabinho.

Carol tentou ligar, mas Wilson não atendia. Fabinho disse a Natan:

— O Wilson Rabello não tá atendendo. Nem no celular, nem no escritório.

— Que maravilha, né? — disse Natan, furioso. — A gente aqui quebrando a cabeça e correndo contra o tempo pro senhor enxaqueca não surtar, e ele simplesmente desaparece. Ou pior, tá pouco se importando.

Carol entra na sala.

— Licença. Natan, é a Bárbara Ellen no telefone. Disse que é urgente.

— Ai, que saco! — reclamou Natan, pegando o telefone.

Olhou para Fabinho e tratou logo de arrumar uma desculpa:

— Ah, provavelmente está querendo falar sobre o casamento da Amora com o Maurício. Oi, Bárbara! Só um minuto. Fabinho, será que você podia...?

— Desculpa. — disse Fabinho, retirando-se.

Após o telefonema, Natan saiu da empresa, sem dizer aonde ia. Todos esperavam Natan para uma reunião, porém ele não aparecia. Érico entrou na sala falando ao celular com a noiva, Renata.

— Mas será que ele e Verônica resolveram tirar uma lua de mel de repente? Qualquer novidade, me liga. Tá bom? Tá. Tchau, tchau. — disse Érico, desligando o celular. — Bom gente, é melhor a gente começar sem o Natan. É o seguinte. — pegou um dos produtos que estavam sobre a mesa. — Esse daqui é o Renew e é a descoberta da década da Avon contra as rugas. Todas as mulheres que testaram, aprovaram. É essa a mensagem que a gente tem que passar. Tá? Ali. — apontou para a televisão, onde passou um vídeo.

— Gente, todas as mulheres? — disse Sílvia. — Mas então, esse creme é milagroso. Eu quero agora.

— É muita tecnologia e muita pesquisa. — disse Érico.

— E muito colágeno, né? — disse Júlia. — Olha, gente, milagre mesmo, desculpa, vai ser terminar essa campanha a tempo.

— Gente, o que será que deu no Natan pra faltar justo hoje? — perguntou Edu. — Desse jeito a gente vai acabar perdendo essa concorrência.

Fabinho não podia de deixar de aproveitar para mostrar serviço:

— Parece que a Bárbara ligou pra ele e logo depois ele se mandou. Será que não é o caso de ligar pra Bárbara?

Sílvia achou que Fabinho estava passando dos limites, e deu uma bronca:

— Estagiário, presta atenção. Conhecimento nem sempre é sinal de poder. Nesse caso, é o caminho mais rápido pra rua. Então se manca. Se liga, porque esforço pra agradar e mostrar eficiência também tem limite.

Júlia e Edu adoraram ver Fabinho levar uma bronca de Sílvia.

— Só quis ajudar. — disse Fabinho. — Mas obrigada pela dica.

— De nada, meu amor. — disse Sílvia.

No dia seguinte, Fabinho chegou na agência cumprimentando todo mundo:

— Bom dia, bom dia, bom dia, bom dia!

— Garoto, se manca! — disse Júlia. — Olha, você que é do tipo que gosta de aparecer, mostrar serviço, chegar assim animadinho depois do bafafá que aconteceu, não rola, meu bem.

— Como assim? — perguntou Fabinho, sem entender nada.

— Você não sabe? — perguntou Carol. — O Natan e a Verônica se separaram ontem.

— Sério? Por quê? — perguntou Fabinho.

— Ninguém sabe. Todo mundo tem certeza que hoje vai ser difícil aprovar alguma coisa com a chefia. — disse Edu.

— Nossa! — disse Júlia.

Fabinho foi sentar-se à sua mesa. Lembrou-se do dia do jantar na casa de Amora, de ter visto Bárbara enfiar um lenço no bolso de Natan. Só podia ser ela a culpada pela separação de Natan e Verônica. Bárbara havia separado seus pais, agora separou os pais do Maurício. Era uma destruidora de lares.

— Foi ela. — concluiu. — Pode deixar que eu vou puxar teu tapete, perua.

Horas depois, Amora apareceu na agência e foi falar com Natan em sua sala. Fabinho percebeu que havia algo estranho no ar. Maurício perguntou para Fabinho:

— E aí, Fabinho? A Amora tá aí?

— Tá, eu estou achando um clima meio estranho, os dois falando baixo, uma tensão esquisita no ar. Tá lá com seu pai. — disse Fabinho.

Maurício entrou na sala do pai. De repente, ouviu-se uma discussão lá dentro. Vozes alteradas. Maurício acabou saindo de lá bufando de raiva. Amora saiu logo atrás dele, e perguntou para Fabinho:

— Fabinho, cadê o Maurício?

— Não sei. Acabou de sair daqui furioso. — disse Fabinho. — O quê que está acontecendo, Amora?

— Não se mete, que é assunto de família! — esbravejou Amora.

— Ai! Essa doeu até em mim! — disse Edu.

— Tadinho do Fabinho, gente! — disse Júlia, rindo, irônica.

Fabinho resolveu aproveitar a hora do almoço para devolver os DVDs do Plínio que Luz, a irmã adotiva de Amora, havia emprestado. Porém, antes, bateu na porta da sala de Natan.

— Licença, Natan. — disse Fabinho. — Eu estou indo almoçar. Você quer alguma coisa?

— Não. Obrigado. — disse Natan. Olhou os DVDs. — Que é isso? São do Plínio?

— São. A filha da Bárbara me emprestou. Achei muito legal. Muito interessante. — disse Fabinho.

— Pelo amor de Deus, Fabinho! — disse Natan, rindo e sentando-se na cadeira. — Os filmes do Plínio são um porre! Só quem gosta é a crítica! Já eu, teria sido um grande cineasta! Capaz de levar multidões ao cinema.

— É mesmo? Não sabia! — disse Fabinho. — Você queria ser diretor?!

Então Natan queria ser diretor. Fabinho daria um jeito de tirar algum proveito disso. Que sabe, ele daria um jeito de juntar Natan e Bárbara. O que Bárbara queria era ficar com Natan. Se ele, Fabinho, ajudasse a Bárbara a ficar com Natan, ganharia a confiança dela. Isso ajudaria em seus planos. Quem sabe ajudaria a descobrir os podres da megera mais facilmente. Bárbara saberia como massagear o ego de Natan. Ela o incentivaria a ser um grande cineasta. E certamente, iria querer estrelar um filme dele.

— É. Era o meu sonho, até fiz o curso de cinema. Mas aí Verônica ficou grávida, tinha que ganhar grana... Acabei entrando pra publicidade e a vida foi me levando. — disse Natan.

— E acabou virando um dos maiores publicitários do país, né? — Fabinho não podia deixar passar uma oportunidade de bajular o chefe.

— É, o que eu faço pode ser genial. — disse Natan. — Mas é descartável. Não é arte. Eu sei que eu não tenho do que reclamar, mas... Que eu tinha muito talento pro cinema, ah, isso eu tinha! Teria ido longe como cineasta. Bom, coisas da vida. Vai lá, garoto.

— Então tá. Às três estou de volta pra reunião. — disse Fabinho.

— Ok. — disse Natan.

— Até mais. — disse Fabinho, retirando-se.

Fabinho foi até à casa de Bárbara para devolver os DVD’s.

— Desculpa aparecer sem avisar. Eu só vim devolver os filmes que a Luz me emprestou. — disse Fabinho, entregando os DVD’s à Bárbara.

— Ah, deixa essa chatice aqui. — disse Bárbara, colocando os DVD’s sobre a mesinha de centro. — Escuta! Você que agora está trabalhando na agência... Eu soube que o seu patrão se separou... Mas que coisa mais inesperada e chata, você não acha?

— Pois é. Acho. E o Natan está bem chateado. — disse Fabinho. — Ele estava até hoje comentando como teria sido a vida dele se a Verônica não tivesse engravidado.

— É mesmo? — perguntou Bárbara.

— É. — disse Fabinho.

— Como teria sido a vida dele? — perguntou Bárbara.

— Não, o Natan queria ser cineasta, né? Era o sonho dele. Mas aí, veio o Maurício, ele teve que ganhar dinheiro. — disse Fabinho. — Mas ele sempre fala e, é interessante... Ele ainda está frustrado por ter abandonado a vocação.

— Ah, interessante. — disse Bárbara. — Ah, Fabinho, muito obrigada pela visita! A casa é sua, sempre.

— Obrigado. — disse Fabinho.

— Se eu precisar de um favorzinho, eu posso contar com você?

— Eu sou seu fã e seu escravo. Quando quiser! — disse Fabinho, beijando-lhe a mão.

— Ah! Você é uma graça! — disse Bárbara, sorrindo.

— Licença. — disse Fabinho, indo embora.


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