Os mentalistas - Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo


Depois de ver uma série maravilhosa, que infelizmente, não teve continuação, eu resolvi escrever essa história. Estou trazendo elementos do mundo de HP, os personagens e uma guerra. Diferente de HP, quem domina esse mundo não é Voldemort. E aqui temos um mundo apocaliptico. Se passa em 1946, depois da segunda guerra mundial. Não vai se ater tanto aos fatos históricos. Terá muita ficção. Então, não esperem que os tempos que se passam essa história sejam fiéis a história mundial.
Estou sem ideia para capa, por isso vai ter uma provisória em breve.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811985/chapter/1

A vida em Budapeste nunca fora simples para Hermione. Seu pai era um historiador renomado e sempre vivia em viagens. Contudo, falecera quando Hermione era pequena, deixando sua mãe com dívidas e um castelo que seria muito difícil de manter. Era mais um mausoléu, do que um castelo de conto de fadas. Suas enormes torres, com gárgulas, parecendo proteger, ou amedrontar não melhoravam o cenário. Acreditava em algum filme gótico, pois percorrer aquele castelo sozinha era escutar os rangidos estranhos, produzidos pelo vento, se assemelhando a gritos agourentos.

Teve sua educação em casa, por sua mãe, Lucinda Granger, não acreditar que ela precisasse mais do que a biblioteca de seu pai para aprender alguma coisa. E com o pouco dinheiro que tinham, era uma economia importante, para mantê-las ao menos aquecidas no inverno. Com as faxinas que Lucinda fazia, ao menos, sobreviviam e mantinham o castelo desabitado em algumas partes.

— Não sei o motivo para seu pai ter mania de grandeza – Lucinda reclamava, enquanto lavava a roupa na mão – Gostaria de voltar a minha amada Inglaterra e não estar enterrada nesse lugar. Talvez, ele acreditasse que aqui fosse ser minha sepultura.

Hermione fingia não escutar os resmungos dela e apenas a ajudava no que fosse necessário. E se fosse sincera, sua mãe era todo seu mundo. Não conhecia as pessoas do lado de fora do castelo. Muito menos, sabia como era a vida fora daquele castelo. Não poderia simplesmente se dar ao luxo de brigarem. Passara dias sem sua companhia, apenas com o silencioso castelo como companhia. O ar melancólico do local e lúgubre, deixava seu estado de espírito ansioso e depressivo, o que a fazia manter sua mãe por perto, afinal, ela era a única pessoa que conhecia, além dos livros que devorava incessantemente na biblioteca. Suas estantes iam do chão ao teto e Hermione tinha certeza de que não vira tudo que precisava. Ainda havia tantos livros a serem lidos e decifrados. Alguns em outras línguas, as quais ela tentava com afinco aprendê-las. Do italiano, francês, ao latim, ela tentara muitas vezes compreendê-las, com o uso de velhos dicionários.

Um dia, Hermione caminhava tranquilamente nos jardins internos do castelo. A vista ao redor era agradável. Um dia estava nublado, mas ao menos havia a colina abaixo, com a visão das árvores ao redor. De repente, um carro vinha de longe, na estrada serpenteada. Hermione parou para observar. Nunca virá ninguém vir até o castelo. Não até aquele momento. Correu para o pátio, indo em direção a escada em caracol, para avisar sua mãe. Ela vinha em sua direção, com um rosto pálido.

— Mãe, tem alguém vindo. O que faremos?

Não sabia o motivo para estar tão nervosa. Nunca virá ninguém além de sua mãe, em toda sua vida. Mas, seguindo Lucinda, as pessoas no mundo eram cruéis e apenas desejavam se aproveitar dos outros, ainda mais de meninas tolas e ingênuas como Hermione.

— Vá para dentro. Eu cuido disso – ela ordenou.

Hermione desejava questionar, contudo não quis contrariá-la. Obedeceu a ordem, subindo as escadas em caracol, contudo, ao abrir a porta antiga de madeira, adentrou e deixou uma fresta, ficando no corredor e observando o pátio de entrada. Pode ver o exato momento em que o carro, de cor preta adentrava. Os pneus eram grandes, como nas ilustrações que vira em livros. Era um modelo clássico. Muito bonito. A porta do carro abriu, revelando um rapaz de quepe e luvas brancas. Em seguida, ele abriu a porta traseira. Um homem vestido de forma distinta desceu do carro. Usava um terno cinza riscado e um chapéu fedora, combinando com as roupas.

— Lucinda – ele disse, em tom amistoso – Há quanto tempo.

— Você disse que não viria aqui – ela disse, em tom enérgico. Demonstrava conhecer aquele homem misterioso – Disse que nos deixaria em paz.

— E estou fazendo isso. Contudo, precisamos conversar em particular. As paredes têm ouvidos.

— Eu não vou deixá-lo entrar, se é isso que quer.

— Em algum momento, sua filha iria nos conhecer, Lucinda. Ela tem o mesmo sangue que o nosso.

Hermione queria entender o que ele queria dizer. Seria possível ele ser algum parente seu? E se fosse, por que sua mãe hesitava tanto em recebê-lo?

— Há algo no passado, que precisa ser resolvido – o homem dissera, em um tom solene – E ela é a única que poderá garantir nosso futuro.

— Não. De jeito nenhum. Minha Hermione nunca irá com vocês.

— Sinto muito Lucinda. Eu tentei ser amigável, mas você não me deixa escolha. Giovane, pegue-a.

Lucinda fez algo que Hermione nunca acreditou que pudesse fazer, tirou de dentro do bolso do vestido uma faca, ameaçando o rapaz de quepe.

— Se se aproximar mais um pouco, eu vou furá-lo – ameaçou.

— Lucinda, não precisamos disso. Sabe que não precisamos – o homem misterioso disse.

De repente, Lucinda, parou de se movimentar, ficando estática. Hermione cobriu a boca, na excitação do que viria a seguir. Tinha medo. Medo de que sua mãe se machucasse. A única coisa que aconteceu foi que ela estava prestes a cair no chão. Parecia em estado de torpor. Fora tomada nos braços pelo rapaz de quepe, que amparou. O homem misterioso, então olhou para cima, como se visse Hermione. Ela fechou a porta com força excessiva, sentindo o coração galopar.

— Hermione, querida. Desça aqui e venha conhecer seu tio.

*-*

Instantes de preocupação, medo, incerteza. Era isso que sondava seu interior. Mas, não conseguiu deixar de obedecer a voz dele. Era tão encantadora. Tão alegre. Apesar do momento ser um tanto mórbido. Ele forçara sua mãe a se render. E demonstrava pouco respeito por ela. Contudo, Hermione abriu a porta e desceu as escadas, hesitante. Precisava saber quem ele era. E porque sua mãe escondera o fato de que tinham uma família maior do que havia tido que tinham. Lucinda dissera que todos morreram da gripe espanhola. Ou ela mentira, o que deixou Hermione com um gosto amargo na boca, ou sobrara apenas aquele tio. Um tio que parecia ter alguma espécie de poder, fazendo sua mãe desmaiar. Poderia ser algum tipo de hipnose. Lera em algum livro sobre o poder da hipnose, que nada mais era do dar uma sugestão a mente. Talvez, Lucinda fosse muito sugestionável.

— Que prazer em conhecê-la, minha querida Hermione – ele a saudou, quando chegar ao patamar da escadaria.

Hermione observou a cena estranha. Viu sua mãe se colocada deitada dentro do carro, com bancos largos e pretos. O rapaz de quepe foi para o banco do motorista, parecendo aguardar ordens do tio misterioso dela, parecendo ansioso em cumprir suas ordens. Hermione voltou seu olhar para o homem a sua frente, que tinha um bigode pontudo e negro. Os olhos de um tom preto como carvão. O chapéu recobria sua cabeça, não deixando a ver que tom seria seu cabelo. A pele era tão pálida quanto a dela. E ali estava, o sorriso. O mesmo sorriso de sua mãe.

— Senhor, o que desejava? Por que está aqui? – indagou, com uma coragem que não sentia.

— Ora, o que mais eu desejo? Uma família, é claro – ele respondeu, em tom bem-humorado – E você, minha pequena, faz parte dela, mesmo que sua mãe não goste.

— E por quê? Mamãe teria um bom motivo para não gostar do senhor – ela replicou.

Isso só fez o sorriso de seu tio se alargar mais.

— É tão espirituosa quanto Lucinda. Na verdade, como todos nós, da família Rivière.

— Rivière? – ela pronunciou o nome, sentindo estranhamento. Nunca escutara aquele nome em toda sua vida.

— Significa o leito do rio em francês, querida – disse ele, como se adivinhasse seus pensamentos – Esse é um nome muito peculiar. Vem de uma longa linhagem de mentalistas.

— Mentalistas? – ela balbuciou.

Sentia-se um papagaio, repetindo as palavras que ele dizia. Contudo, eram tantas informações, que ela se sentia perdida.

— Sim, mentalistas. Aqueles que tem o controle da mente, querida Hermione – seus olhos negros e profundos a fitavam, como se estivesse fazendo isso, lendo sua mente, invadindo cada recanto de sua mente. E ela se sentia invadida. Tentou repelir as suas garras, fechando, o que parecia, uma porta invisível – Meus parabéns. Parece que você aprendeu algo que Lucinda não aprendeu.

— O que?

— A fechar sua própria mente.

— Não fiz isso. Eu não sabia que poderia.

— Mas, você sabe – seu tio parecia muito contente, enquanto falava – Agora, venha. Precisamos partir o mais breve possível.

— Para onde?

— Para nosso castelo, na Romênia. Será uma longa viagem.

Hermione o obedeceu, afinal, não poderia hesitar. Adentrou o carro, sentando-se em um banco, de frente para sua mãe. O carro era espaçoso e largo, o que permitia isso. Seu tio sentou-se ao seu lado e o carro se pôs em movimento. Ela fitou sua querida mãe, adormecida. Os cabelos negros caindo em cascata sobre o estofado. Cabelos tão diferente de Hermione, que eram de um tom castanho e cacheados, como de seu pai.

— O senhor não me disse seu nome.

— Ó, sim. É verdade. Meu nome é Christian – ele se apresentou, em um tom teatral – Parece que sua mãe nunca falou sobre sua família, estou certo?

— Não. E talvez, ela tivesse seus motivos. Você está a raptando – apontou Hermione, fitando-o com raiva. E mágoa. Não gostava da ideia de ver sua mãe sofrer – Juro que se fizer algo a ela...

— Não farei – Christian prometeu – Eu sou muito cavalheiro. E afinal, ela é do meu sangue. Por que faria mal a um parente?

— Porque estão cheios de homens como você, que o fazem – Hermione argumentou, devido a quantidade de livros que lera sobre isso. Mocinhas que eram raptadas por parentes que não desejavam nada além de sua fortuna. Mas, ela e sua mãe não possuíam nada. Apenas aquele castelo.

— Ó, sim. Existem muitos que o fazem. Mas, eu não sou esse homem – ele replicou – Meu interesse, no entanto, é em seu poder.

— Que poder? – indagou ela.

— O de viajar no tempo.

*-*-*

Hermione tentou de fato entender as palavras dele, enquanto viajam no carro confortável. Via as paisagens mudarem. Alguns locais pareciam áridos, sem vida. Outros, no entanto, eram repletos de prédios, casas, casebres. Via pouca vegetação por ali. Mas, via aldeias destruídas. Lugares, segundo seu tio, destruídos pela guerra. Ele parecia se perguntar como elas viveram naquela região remota, em um castelo, sem serem vistos pelos soldados alemães.

— Com certeza, minha irmã deve ter alguma explicação – Christian disse, a si mesmo – Ela é tão engenhosa.

Hermione escutava seu monologo, sem de fato participar. Olhou para sua mãe, que ainda dormia profundamente, como se estivesse em uma espécie de feitiço. Não a conhecia. Lucinda era uma estranha para si. Como se nunca, de fato, a tivesse conhecido.

— Quando faz aniversário, querida? – Christian perguntou, olhando-a de soslaio.

— Daqui duas semanas – respondeu Hermione – Vou fazer dezesseis anos.

— Dezesseis anos. Interessante. Nascida na primavera. Muito poético – Então, ele riu – Minha irmã não esperava mesmo que eu a encontrasse.

— Por que sou tão importante? – indagou Hermione.

— Porque você é a única que pode acabar com ele Hermione. A única que tem o poder de esquivar a mente, de fechá-la, hermeticamente. E sendo a única que pode viajar no tempo, será a única que poderá detê-lo. Isso está previsto há muitos séculos. Um pergaminho antigo descreveu sua proeza. E você descenderia da única família de mentalistas que sobraria. Que no caso, é a nossa.

— E quem eu devo enfrentar, quando viajar no tempo? – perguntou ela, descrente.

Nada daquilo fazia o menor sentido. Nunca lera sobre isso em seus livros. Contudo, não conhecia tudo sobre o mundo. Talvez, ele pudesse estar falando a verdade.

— Você deve enfrentar um bruxo muito poderoso, Hermione. Alguém que tem o poder sobre o nosso mundo e vem causando problemas muito grandes na nossa comunidade mágica. Ele detém um diamante, que o torna imortal. Até hoje ele reina sobre nós, aterrorizando a vida de todos, principalmente daqueles que não são portadores de magia. Não percebe a devastação desse mundo? – ele gesticulou para a janela – Veja quantas aldeias destruídas por onde passamos. As pessoas maltrapilhas e miseráveis. Elas sim, precisam da sua ajuda.

Hermione mordiscou os lábios. Seu tio parecia um tanto teatral ao falar. Sentia em seu íntimo que ele não parecia preocupado com aquelas pessoas que passavam fome e sofriam pela guerra. Não. Havia algo que ele desejava. E ela não sabia exatamente o quê.

 - Por que eu? Como sabe que eu sou a pessoa certa? Nunca viajei no tempo.

Se fosse sincera, talvez, tivesse visto algo estranho no salão de baile do castelo. Viu um rasgo brilhante no meio do salão. Ela achou aquilo curioso e resolveu investigar. Quando se aproximou mais, pode vislumbrar o mesmo salão, com algumas pessoas dançando. O rasgo parecia ter se transformado em uma espécie de espelho brilhante. Ela pensou que talvez, pudesse atravessá-lo, mas não teve coragem. Nunca contou a ninguém aquilo. E sentia que não poderia contar a Christian. Ele tinha algo em seu olhar. Algo estranho. Talvez, fossem negros demais, parecendo não ter pupilas. Ou a forma como falava. Se fosse sincera, não inspirava confiança alguma.

— Deve ter tido alguma experiência, em algum momento – seu tio a fitou profundamente, como se desejasse adentrar sua mente. Sentia dedos, parecendo garras, tentando abrir a porta. Sacudia, na verdade. Mas, ela a mantinha fechada com todas as suas forças. Mal conseguia respirar – Em algum momento de sua vida, talvez, tenha sentido que poderia fazer isso. Talvez, tenha se encontrado em algum lugar que não devesse estar e não sabia como viera parar ali. Ou deve ter visto o vislumbre do passado, como se o estivesse vendo através de um espelho – Hermione mordiscou os lábios, com medo que ele soubesse que seria a segunda opção. Christian parecia ter entendido seu gesto corporal, pois sorriu abertamente, parecendo muito satisfeito – Bom, tenho certeza de que você já fez isso. Não tente negar. Eu sei exatamente como isso funciona. Era assim com sua mãe, com a minha. Somente as mulheres parecem ser dotadas de tal poder. Me pergunto como mulheres tão frágeis poderiam ter esse poder tão espetacular. Porém, nenhuma das mulheres da nossa família fizeram a viagem sem sofrer as consequências.

— E quais seriam as consequências? O senhor quer dizer que eu também as sofrerei?

Não poderia ser. Por Deus. Ela poderia talvez, morrer ao tentar fazer a travessia, através do tempo. Não entendia como funcionava isso, mas pensava nas implicações. Não faria de maneira alguma, se fosse sofrer por isso.

— Não se preocupe, pequena Hermione – ele disse, em tom tranquilizador, que obteve o efeito reverso. Ela sentiu apenas sua raiva aumentar. Não gostava dele e sentia que ela era apenas uma chave para o que ele desejava – Sua mãe escondeu algo de mim. Que você já fez essa viagem, quando era muito pequena. Talvez, nem se lembre. Eu a vi em meu quarto, quando eu tinha os exatos dez anos. Você, tão pequenina, estava dentro do armário. E de repente, um rasgo apareceu no ar, como se fosse mágica. Você o atravessou, talvez, sem perceber.


“Quando soube o significado disso, quando passei aos mais velhos sobre minha visão, eles souberam que seria você. Você a viajante que traria o que nós precisamos. A paz que tanto almejamos. Por séculos fomos dominados por aqueles que se denominam donos de toda magia. Os dragões que governam nosso mundo irão perder sua força. Finalmente, por você ter nascido, conforme a profecia. Você é a única pessoa que pode nos livrar de Malfoy, o homem que apenas traz as trevas para o nosso mundo”.

Hermione negou com a cabeça, sem meditar sobre as palavras profundas dele. Ele não parecia mentir. Havia algo realmente muito obscuro naquele mundo. Algo que Hermione não compreendia ainda.

— Sei que você não acredita em mim. Mas, verá que tenho razão. Lucinda não poderá mais mentir sobre quem você é. E sobre a promessa que você trouxe para o nosso mundo.

Então, Christian permaneceu em silêncio, assim como Hermione, que observava a paisagem árida daquele mundo, que nunca virá antes. E constatou que ele realmente tinha razão. As pessoas ali pareciam moribundas. Maltrapilhas. Tentavam atacar o carro, sendo repelidas por algo. Não conseguiam se aproximar e eram jogadas no chão com força.  Alguns atiravam pedras, sem atingir o veículo. Ao que parecia, talvez, Christian tinha razão sobre suas palavras. Contudo, Hermione não conseguia deixar de sentir a sensação de que ele ainda escondia muitas coisas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os mentalistas - Dramione" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.