Coração de Sombra escrita por llRize San


Capítulo 7
Renascimento


Notas iniciais do capítulo

Já é 25 de Março na Coreia e Stray Kids está completando seis anos.

O amor e o orgulho que sinto desses meninos, que a cada dia me faz amá-los ainda mais. Só tenho agradecer por tudo o que fazem, por cada música incrível, por cada letra capaz de tocar os nossos sentimentos mais profundos e por cada risada que eles nos arrancam com suas atrapalhadas rsrsrs

Enfim, orgulho de ser Stay e amar esse grupo tão maravilhoso :3

"Stray Kids everywhere all around the world. You make Stray Kids STAY"



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Lee Min Ho olhou ao redor e viu apenas escuridão, envolvendo-o em um vazio infinito sem paredes, apenas o nada. Um suspiro angustiado ecoava no silêncio, levando Min Ho a girar lentamente, tentando identificar a fonte daquele som. Seus olhos se fixaram em um jovem vestido de branco, contrastando com a escuridão ao seu redor. O jovem estava encolhido no chão, abraçando as próprias pernas enquanto soluçava baixinho, ocultando o rosto. Mesmo sem ver sua expressão, Min Ho reconheceu instantaneamente quem ele era.

— Jisung? — Min Ho avançou com cautela em direção a Han, estendendo a mão para tocar seu ombro. Han ergueu os olhos, revelando uma expressão de dor e desamparo, seus olhos vermelhos e inchados testemunhavam as lágrimas recentes que havia derramado. Sua bochecha ainda estava úmida, evidência de sua angústia — Ei, está tudo bem, tudo bem… estou aqui com você — Min Ho o abraçou. Han o agarrou e entregou-se ao choro. 

Min Ho despertou abruptamente, uma sensação de vazio o envolveu ao perceber que Han não estava nos seus braços. Um desejo profundo o consumiu, desejava voltar aos sonhos para encontrar uma forma de ajudá-lo. Convicto de que aquilo não era um simples devaneio, mas sim uma conexão real entre eles, a imagem do choro sofrido de Han assaltou em sua mente, causando-lhe uma dor física no peito que parecia insuportável.

Sentindo-se impotente diante da situação, Min Ho suspirou pesarosamente e se levantou, buscando algum alívio para seus pensamentos conturbados. Serviu-se de um copo d'água gelada, sentindo-a descer refrescante pela sua garganta. Noite fria e serena lá fora, ele contemplou a lua prateada através da janela, questionando-se se Han também a estava observando naquele momento. Ponderava sobre o que estaria acontecendo com ele, sentia que naquele momento ele estava realmente chorando, mas desconhecia o motivo por trás de suas lágrimas.

Passaram-se várias vezes pela mente de Min Ho a possibilidade de estar gradualmente perdendo a sanidade. Primeiro, as vozes estranhas e cruéis que pareciam permeá-lo em sonhos, às vezes até mesmo quando estava acordado. Eram sussurros ininteligíveis, semelhantes aos sons que o vento faz antes de uma tempestade. O segundo motivo de sua preocupação residia na sua obsessão crescente por um rapaz chamado Han Jisung, que ele havia visto apenas uma vez, e que, ironicamente, havia lhe roubado a carteira. Min Ho considerava insano o fato de sentir essa inexplicável conexão com um completo estranho. No entanto, uma necessidade inegável de reencontrar Jisung persistia dentro dele. Talvez fosse um devaneio de sua mente, mas ele imaginava que, ao vê-lo novamente, essa estranha atração cessaria.

Min Ho segurou o crachá de Jisung com delicadeza, deixando seus dedos deslizarem sobre a imagem dele, desejando poder tocar seu rosto. Um suspiro triste escapou de seus lábios enquanto ansiava pela capacidade de se teletransportar até ele, apenas para garantir que estivesse bem. Inclinando-se para trás na poltrona, Min Ho fixou o olhar no teto, sentindo um peso de tristeza e inquietação. Ele se sentia desconfortável por saber que naqueles últimos dias seu mundo girava em torno de Han Jisung — um desconhecido que havia lhe roubado muito mais que a carteira. 

Aquela havia sido mais uma semana agitada, repleta de compromissos para Lee Min Ho. Ele começou cobrindo um evento de caridade onde diversas celebridades se reuniram para arrecadar fundos para orfanatos. Em seguida, participou como jurado em um programa de culinária, algo que seus fãs adoravam, encantados não apenas por sua aparência atrativa, mas também por seu carisma e gentileza. Nos bastidores, Min Ho não deixava de impressionar, cuidando de todos ao seu redor com prestatividade, e, é claro, preparando refeições deliciosas que saciavam o estômago e alegravam o coração.

Já na madrugada, após um longo dia de trabalho, Min Ho decidiu fazer uma pausa em um pequeno café. Sentindo-se exausto, mas satisfeito com o seu desempenho, ele ansiava por algo reconfortante e doce. Pediu um cappuccino com uma dose dupla de café e uma generosa cobertura de chantilly. Escolheu um assento perto de uma grande janela de vidro, observando o tranquilo movimento noturno da avenida lá fora.

Enquanto apreciava a sua bebida, os olhos de Min Ho foram atraídos por uma loja de plantas e flores do outro lado da rua. Ele estranhou, pois não se lembrava de ter visto aquela loja ali antes. Conhecia bem a área, frequentando o café diariamente, mas a presença daquela loja era uma novidade intrigante. Sua curiosidade aumentou ao notar que a loja estava aberta, mesmo durante a madrugada. Ele se perguntou quem poderia estar comprando orquídeas às três horas da manhã.

Min Ho tentou ignorar a sensação, mas algo naquela loja o intrigava profundamente. Após pagar a conta, ele saiu do café e parou na calçada, fitando a loja de plantas e flores do outro lado da rua. A vitrine de vidro permitia vislumbrar uma variedade de flores, em uma paleta diversificada de cores e tamanhos. A iluminação suave emanando da loja conferia-lhe uma atmosfera serena e acolhedora. O letreiro verde musgo, com letras em um tom mais claro de verde, destacava-se sutilmente na fachada. Apesar de parecer uma loja comum, Min Ho percebia uma energia peculiar, semelhante àquela que sentia em seus sonhos perturbadores.

Respirando fundo, ele atravessou a rua e deteve-se diante da porta de vidro da loja. Com um misto de curiosidade e cautela, Min Ho girou a maçaneta e adentrou o estabelecimento.

A loja encontrava-se deserta, e Min Ho explorou o ambiente em busca de qualquer sinal de presença humana, mas não encontrou ninguém. Altas prateleiras alinhavam o espaço, repletas de vasos de plantas de todas as variedades. O ambiente exalava um aroma revigorante de folhas frescas, flores e o característico cheiro de chuva e terra úmida. Avançando em direção ao balcão, Min Ho tocou o sininho na esperança de chamar a atenção de um atendente. Ainda que não compreendesse completamente por que estava ali, sentia-se compelido a permanecer naquele lugar. Uma força estranha o atraía, embora sua intuição lhe alertasse para sair dali imediatamente, seu corpo parecia incapaz de obedecer.

De repente, uma garotinha pequena, com cerca de dez anos de idade, saiu de uma porta localizada atrás do balcão. Seu olhar sério fez com que Min Ho sentisse um arrepio de medo percorrer-lhe a espinha, embora não conseguisse explicar o motivo dessa reação.

— Olá, como posso lhe ajudar? — Perguntou a garotinha.

— Eu… — Min Ho se esforçou para falar, as palavras pareciam não querer sair — eu… não sei ao certo o que estou procurando. 

— Vocês nunca sabem — Ela sorriu com um ar soturno — Mas eu posso te ajudar. Sei o que quer e sei qual é o seu problema. 

— Sabe? — Min Ho tentou recuar, mas suas pernas estavam duras e pesadas, a cada segundo que se passava sentia como se aquele lugar fosse lhe engolir. 

— São as vozes. Você quer se livrar delas. 

— Quem é você? Que lugar é esse? 

— Eu? Sou apenas uma garotinha. Mas você é o Lee Min Ho, o escolhido para julgar a humanidade. 

— Que papo é esse? 

— Por que acha que escuta essas vozes horríveis? São os pensamentos obscuros dos humanos. Você terá o poder de limpar o mundo. Poderá exterminar os que não se encaixam e os que têm maldade e sombras no coração. 

— O que está acontecendo? Me deixe sair! — As pernas de Min Ho não se moviam, estavam presas no chão — O que você fez comigo? 

— Não fiz nada — Ela sorriu com delicadeza. 

— Esse lugar não é normal.  Você está presa aqui? É só uma criança, tem algum adulto com você? Deveriam sair daqui. 

— Adulto? Sair daqui? Acha que sou vulnerável e corro perigo? — Ela deu risada — Não se deixe enganar pela aparência. Na verdade, é você quem está vulnerável aqui. 

O terror se apossou de Min Ho, enquanto seu coração batia descontroladamente e gotas de suor surgiam em sua testa. Um sentimento de ameaça iminente o envolveu, mesmo que a garota permanecesse imóvel, sem fazer qualquer gesto. Havia algo naquele lugar que o perturbava profundamente. Gradualmente, a sensação de controle retornou às suas pernas, e ele aproveitou a oportunidade para escapar dali o mais rápido possível. Percebendo que a garotinha não era exatamente o que parecia, Min Ho virou-se lentamente e, com movimentos pesados e arrastados, dirigiu-se em direção à saída, desejando fervorosamente deixar para trás aquela atmosfera pesada.

— Não está esquecendo nada? — Perguntou a garota com um sorriso. 

Min Ho virou para ela e foi tomado por um horror intenso ao vê-la segurando um coração humano, sangrando e ainda batendo. Ele recuou, assustado e horrorizado com a visão, uma poça de sangue se formava no chão ao redor da garota, enquanto ela sorria com um ar inocente. 

— O que… o que é… isso? — A voz de Min Ho saiu trêmula. 

— Isso? Não reconhece o seu próprio coração?

Min Ho fixou seu olhar no próprio peito e soltou um grito de horror ao notar um vazio onde seu coração deveria estar. Sua blusa, agora rasgada e manchada de vermelho, testemunhava a ausência do órgão, enquanto o sangue escorria, formando uma poça ao seu redor. Um sentimento de desespero tomava conta de seus sentidos, e ele lutava para compreender se aquilo era real. Suas pernas fraquejaram, e ele desabou, sentando-se no chão escorregadio. Totalmente sem forças e ofegante, ele contemplou perplexo a visão de seu coração nas mãos da garotinha.

— O que você tá fazendo comigo? — Min Ho não sentia dor alguma, mas a visão de seu peito aberto e vazio por dentro era aterrorizante. 

— Você não precisa disso para cumprir sua missão. Precisa pensar com a razão e não com a emoção — A garota contemplou o coração de Min Ho que batia acelerado em sua mão — Não se lembrará de mais nada quando renascer. Não sentirá emoções desnecessárias e será forte e poderoso. 

— O que você está dizendo? Eu quero sair daqui, não quero fazer sua missão louca ou seja lá o que for. Tenho certeza que me drogou ou algo do tipo. Vou chamar a polícia — Min Ho deduziu que talvez estivesse sendo drogado, isso explicaria o fato de estar com um buraco enorme no peito e ainda vivo. Talvez tivesse alguma substância alucinógena no ar. 

A garota deu risada. 

— Você não tem escolha, Lee Min Ho. Na realidade você foi escolhido para cumprir essa missão e não tem o livre arbítrio para negar. Irá cumprir sua missão sem questionar. Quando acordar, não será mais você, será uma divindade com um poder grandioso. 

— Quem é você? — Min Ho começou a se convencer que aquilo poderia ser real. 

— Pode-se dizer que sou responsável pelo processo seletivo. Assim como você, já selecionei outros humanos para cumprir propósitos grandiosos. Sem esses humanos, o mundo já teria se tornado um caos. 

— Você acha que pode roubar nossas vidas assim? Por que você mesmo não cumpre esses propósitos? 

— Não sou humano. Preciso de humanos para guiar outros humanos. 

— Isso é loucura. Não quero participar desse absurdo. 

— Não perguntei se você quer ou não. Você vai. E vai se tornar o poderoso dentre todos, quer dizer, isso depende de você. Lhe darei muito poder para cumprir essa missão, mas o sucesso só depende de você. 

— Não irei fazer nada do que você quer. 

— Acho que você ainda não entendeu que não está em posição de escolha. Quando acordar, não se lembrará de nada, não saberá quem você é. A única coisa que irei permitir é que lembre de seu nome. Você se esquecerá de tudo — A garota apertou o coração de Min Ho em sua mão e ele sentiu a dor percorrer todo seu corpo —, inclusive se esquecerá de Han Jisung. 

— Jisung? 

— Ah sim, sua alma gêmea. Por isso se sentiu tão atraído por ele e por isso estou tirando seu coração. 

— Não vou esquecê-lo nunca. Vou procurar por ele quando eu sair daqui. 

— Tolinho, irei deixar seu coração vazio. Han Jisung não existirá mais pra você. 

— Você não pode fazer isso — Min Ho tentou se levantar, queria lutar, mas não conseguiu. 

— Claro que eu posso. Eu criei você, te dei vida e posso fazer o que eu bem entender. E para que o mundo fique em paz, usarei você como uma ferramenta poderosa. Bom, vamos ao que interessa — A garota se aproximou a passos lentos — Você será treinado e orientado pelos seus dois guardiões. Irei me ausentar por um longo tempo e deixarei o mundo nas mãos de vocês. 

— Já falei que não quero fazer isso. Não pode me obrigar. 

— Não vou repetir tudo o que eu já disse. Se despeça da sua antiga vida, em poucos minutos não se lembrará de mais nada. 

— Você não… — Min Ho sentiu seus olhos pesarem e um sono descontrolado tomar sua consciência — Jisung… Han Ji… — Ele sussurrou o nome de Jisung com suas últimas forças — Eu não quero esquecer ele… por favor… por favor… não quero esquecer o Jisung…

Min Ho, por fim, se entregou à exaustão e à sensação esmagadora de medo que o envolvia. Seus olhos se fecharam involuntariamente, e ele desabou no chão, completamente inconsciente.

Lee Min Ho abriu os olhos lentamente, sentindo a claridade incomodar seus olhos. Sua visão ainda estava turva, e ele lutava para recuperar a consciência. Ao sentar-se na cama, uma sensação estranha o dominou, como se algo estivesse faltando em seu peito. Não havia ferimentos visíveis, mas uma sensação de vazio persistia. Passou a mão pelo peito, buscando algum sinal, mas encontrou apenas a pele intacta. Confuso, olhou ao redor do quarto, tentando reconhecer o ambiente, mas tudo parecia estranho e desconhecido. Uma sensação de desorientação o envolvia. Antes que pudesse processar completamente o que estava acontecendo, a maçaneta da porta girou, indicando a iminente entrada de alguém. Os olhos de Min Ho se fixaram na porta, aguardando quem entraria. 

— Bom dia — Disse Seungmin ao entrar no quarto — Finalmente acordou. 

Changbin entrou em seguida e cumprimentou Min Ho. 

— Quem são vocês? 

— Sou Seungmin, o Anjo da Sabedoria. Esse é Changbin, o Anjo da Força. Nós iremos orientá-lo em sua nova jornada. 

— Jornada? Que lugar é esse? Onde eu tô? Eu estava dormindo? 

— Vamos com calma. Irei responder todas as suas perguntas. Esse lugar é a sua nova casa. Você dormiu por dois meses, mas agora está pronto. 

— Pronto pra que? 

— Para se tornar o Anjo da Justiça. 

Min Ho não se impressionou com aquilo, de alguma forma já era uma ideia intrínseca em sua mente. Colocou a mão no peito e suspirou com pesar. 

— Tem algo de errado comigo — Disse Min Ho. 

— O que está errado? 

— Sinto que esqueci algo importante. 

— É normal sentir-se assim no começo. Em breve isso vai passar. 

— Tenho a sensação de que não quero que isso passe. Quero me lembrar o que é esse algo tão importante que perdi. E quero saber quem eu sou. 

— Você não precisa saber quem era, aquele Lee Min Ho morreu — Seungmin se compadeceu de sua situação, sabia o quanto foi difícil quando ele também passou por isso a décadas atrás — Agora você é o Anjo da Justiça. Seu passado já não existe mais. 


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Notas finais do capítulo

Quem é essa garotinha?
O Lino vai mesmo esquecer o Han?
Onde está o Han?

Em breve nesse mesmo canal :)



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