Depois daquele trabalho no orfanato o Seo estava de volta à procura de seu irmão, era assim que ele fazia sempre, entre uma caçada e outra, seu único foco era achar o seu irmão mais novo, pelo menos até ele esbarrar no próximo monstro.

Nos últimos tempos ele tinha desanimado um pouco de sua missão, anos a fio em busca do seu “pequerrucho” que era como ele o chamava e nada! Quem não desanimaria assim? Tem uma passagem bíblica que diz: “A esperança adiada enfraquece o coração. Provérbios: 13-12 parte 1” e era exatamente assim que o Seo se sentia em relação ao seu amado irmão. Porém, em seus momentos mais solitários onde ele se sentia mais enfraquecido ele se sentia protegido, bem lá no fundo era verdade, mas a sua vontade de buscar pelo paradeiro de seu irmãozinho se renovava e ganhava o gás necessário para que ele seguisse com sua busca.

Há alguns anos o caçador recebeu uma pista anônima, mas ela parecia quente, então ele a seguiu, mas no final das contas foi uma armadilha de um demônio que queria, na verdade, exigir que ele parasse de caçar os monstros nas periferias de Seul, pois aquilo não estava fazendo bem aos seus negócios, e aquela foi a primeira vez que ele viu um demônio, o que ele custou acreditar ser verdade, mas dadas as circunstâncias não teve como negar por muito tempo mais que a existência desses seres repudiáveis era um fato.

Depois de alguns meses buscando informações, ele matou o demônio que o atormentava e sua única certeza era que com aquilo ele havia ganho um inferno inteiro de inimigos em potencial.

Mas isso nem de longe o amedrontava.

...

— Estou de saída, façam zona nos meus domínios e eu volto aqui e acabo com todos vocês, me entenderam?

— Sim Senhor!

— Senhor o que seu verme inútil?

— S-sim, senhor Christopher!

— Patéticos, saiam da minha frente agora mesmo, todos vocês! — Ele ordenou aos demônios que saíram sem pensar duas vezes e então se encarou em um grande espelho. — Sorte de vocês que hoje estou de bom humor, pois finalmente vou matar aquele baixinho.

Christopher Bang Chan era nada mais nada menos que o senhor do reino do inferno, o demônio supremo que representava o orgulho em sua forma mais pura, e para os mais chegados era simplesmente Lúcifer, mas ele odiava esse nome com toda sua força, pois segundo o anjo caído a carga que o nome carrega era muito negativa e definitivamente ruim para os negócios, pois como sempre diz senhor do inferno, isso tudo era um grande marketing negativo do qual ele não era o verdadeiro culpado.

Mas então quem teria essa culpa? Enfim, no momento ele não liga nada para essas questões que a muito ele rotulou como chulas, pequenas demais para serem merecedoras de sua atenção, até porque esta estava a uns anos voltada a um humano que ele tentava encontrar a todo custo, mas que havia aprendido a se esconder de si o que, no fundo, para o Christopher deixava tudo ainda mais instigante.

Esse tal humano nós já entendemos quem é certo? Sim, o próprio Seo Changbin, pois no dia em que ele matou um demônio sem saber ele matou um dos filhos mais chegados do senhor do inferno e aquilo não ficaria barato de jeito nenhum.

Demorou mais do que o Christopher esperava, mas naquela gloriosa manhã ele finalmente conseguiu encontrar o rastro do humano que se escondeu de si por tanto tempo, e olhando para ele de seu espelho que lhe permitia ver tudo o que quisesse, o Lúcifer se pegou contemplando aquele corpo forte seminu completamente alheio ao fato de que o dono dele era o seu alvo e após o olhar por tanto tempo que perdeu a conta ele sentiu seu próprio corpo se encher de entusiasmo e acabou decidindo que sim, ele vai matá-lo, mas como o excelente predador que era antes de tirar a vida do caçador ele irá brincar um pouco com sua presa.

...

— Soube de fontes sólidas que o último de nós que tentou ajudá-lo em sua busca foi morto por suas próprias mãos.

O Christopher falava aparecendo no banco do passageiro do carro do Seo que levou um enorme susto, e se a estrada não estivesse deserta ele teria provavelmente batido o carro.

— Mas que diabos! Que criatura maligna é você? Quer saber, não me diga, não me importo, apenas vaza ou seu destino será o mesmo do demônio que disse ter ouvido falar.

— Ui, que nervosinho, e como grita, por mil demônios! — O demônio era debochado em cada sílaba que saía de sua boca e o Seo o odiou profundamente logo de cara. — Calma Changbinah ou vai ter um troço e morrer, e convenhamos que não foi bem assim que idealizei sua morte.

— Ah, então você veio me matar? Que gracinha! — O sorriso de lado do Seo aguçou ainda mais os sentidos do senhor do inferno. — Quando estiver pronto, sinta-se à vontade querido.

Aquilo o desafiou intensamente, “então esse caçador, não é um babaca qualquer, ele é ousado e muito seguro de si... gostei.” O demônio pensava enquanto sorria de volta para o caçador no volante.

— Você acha que não consigo matar você Seo Changbin?

— Ficar mostrando que sabe meu nome não faz de você um assassino e sim um obcecado por mim, e caso eu não soubesse que todos vocês demônios conhecem bem os humanos que querem atormentar, eu diria que você é um stalker de merda. — Ele falava sem nem sequer olhar para o demônio, o que fazia Christopher ficar excitado com aquele belíssimo exemplar de virilidade ao seu lado. — Então, agora que já trocamos meia dúzia de palavras, saia do meu carro, antes que eu me irrite ainda mais.

— Enfezadinho, gostei. — O demônio falou quando teve uma brilhante ideia — Como fui com a sua cara vou mudar meus planos por hora, ainda vou matar você, mas vou te dar a chance de se despedir do seu irmãozinho idiota primeiro.

O Seo freou o carro com tudo e o jogou no acostamento.

— Desce do meu carro. — Ele falou e em seguida ele mesmo desceu, indo par o lado onde estava o demônio, avançando nele com um punhal que apontou logo na jugular do ser maligno. — Olha aqui seu merda, não importa o que você vai me dizer sobre meu irmão, eu não vou acreditar, vocês são mentirosos por natureza e eu os odeio, agora me deixe em paz com a minha busca e saiba que nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida eu vou encontrá-lo, sozinho, não preciso de você, ou então vamos, me mate de uma vez, mas não seja esse merda para cima de mim, pois não tenho tempo para joguetes infernais.

Naquele momento o Christopher pensou que aquele homem era mesmo diferente, sua moral e seus princípios iam acima de tudo o que para Lúcifer, o demônio do orgulho, era um prato e tanto.

— Gostosinho, você vai me matar? Porque se não for, aponte suas duas armas para o outro lado, por favor. — O demônio sorriu quando o caçador entendeu sua fala e se afastou em uma careta. — Ah, qual é, vamos lá se anime Changbinah — ele se aproximou do caçador — Eu não vou contar para ninguém que sua arma particular gostou de me ver hun?! Vai ser o nosso segredinho.

— Você está louco, seu idiota. — Ele se virou para voltar ao seu carro e quando entrou nele o demônio já estava lá dentro. — Mas que porra! Sai do meu carro seu demônio de merda.

— Pare de esbravejar caçador, eu vou te levar até o seu irmão como disse que faria e como agradecimento vou querer poder foder você até enjoar, o que acredite em mim pode levar uma eternidade, principalmente se você for gostoso como eu acho que deve ser, — O demônio tinha um sorriso ladino nos lábios e o Seo estava espumando com aquele cinismo todo. — E se você for realmente bom como imagino, deixarei que me foda também, então se acalme um pouco coisa gostosa.

— Você nunca vai encostar em mim, seu doente, e eu nunca te pediria ajuda... — O Seo para por não saber o nome do que está ao seu lado e o demônio, percebendo, resolve se apresentar para o caçador.

— Sou o Christopher Bang Chan gostosão, mas você se quiser pode me chamar de Lúcifer.

O caçador o olhou boquiaberto, “por isso a adaga não ascendeu?” ele pensou. A arma que ele possuía matava demônios, mas antes ela acendia em uma luz roxa, o que dava a ele certeza que funcionaria, e foi justamente por ela não ter acendido contra o pescoço daquele ser que o Seo nem havia tentado o matar, pois entendeu que seria inútil e que por sua tentativa vã ele mesmo estaria morto agora.

— Lúcifer... — Ele falou baixinho e de forma retórica.

— Isso mesmo enfezadinho, vamos lá, faça as contas, eu espero... — O demônio falou em tom de deboche e começou a contar nos dedos. — Dois mais dois são quatro, com três sete e o prêmio de caçador mais inteligente hoje vai para Seo Changbinah!

— Não enche a porra do meu saco, o que um demônio superior quer comigo afinal? Porque se ainda não me matou deve ter algo.

— Na verdade, eu ia matar você, claro que após te torturar bastante, afinal você matou um filho meu, — O demônio sorriu com a cara de desprezo do humano insolente. — Mas depois que te vi seminu em sua casa decidi que antes quero fazer você gemer meu nome e olha nem precisa ser Lúcifer, ter você me chamando de forma desejosa pelo meu atual nome já vai ser sublimemente infernal, e como eu fui com a sua cara marrenta vou te levar ao seu irmãozinho fofo antes.

O Seo não se abalou nem um pouco com as insinuações carnais do demônio, mas o fato dele insistir sobre seu irmão estava mexendo com o caçador.

— Se isso for mais uma palhaçada da tua laia, eu juro que...

— Que me mata? Isso eu pagaria para ver, mas não mini caçador, eu estou falando sério, sou um demônio de palavra, então acredite, você vai encontrar seu irmão, e depois vai chamar meu nome todo ofegante, são promessas, e eu as cumpro senão a credibilidade vai para o saco.

— Vai sonhando que vou trepar com um demônio.

— Eu já estou sonhando com isso meu caro, agora vamos realizar. — O demônio riu alto e o caçador resmungou todas as maldiçoes que conhecia.

— Para onde Christopher? — O caçador tinha um semblante raivoso e o demônio adorou sentir sua raiva crescente.

— Centro de Seul gostosão, cafeteria “Essence Coffee”.

O caçador não falou mais nenhuma palavra e seguiu dirigindo na direção que o demônio apontou, e o senhor do inferno por sua vez ligou o rádio do carro do Seo colocando a todo volume “Higway To Hell – AC/DC” e sorriu largamente com o semblante enfezado do caçador que só não desligou o rádio por adorar aquela música.

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