Like, Dislike escrita por teffy-chan


Capítulo 6
Capítulo 6 – Apenas Confie em Mim




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Como esperado, Miku se comportou enquanto estava no palco, mas não poupou o falso namorado quando retornaram para a gravadora. Kaito voltou gemendo de dor e com um osso do braço deslocado.

— O que raios aconteceu com você? — Gakupo alarmou-se ao ver o estado do rapaz — Foi assaltado no caminho para cá?

— Antes fosse isso — ele resmungou — Essa maluca me agrediu! Ela quebrou meu braço! — apontou acusadoramente para Miku com o braço bom.

— Você exagerou durante aquele maldito programa. Devia saber que não sairia ileso — ela respondeu tranquilamente.

— Por que você é tão forte? — Kaito resmungou.

— Fiz aulas de autodefesa — ela respondeu — Eu queria muito te encher de socos, mas achei que não seria uma boa ideia machucar seu rosto, então decidi socar outra coisa.

— Sabia que lá no fundo você me achava bonito. Por isso não machucou meu rosto, não é? Confesse! — Kaito a provocou apenar do estado lamentável em que se encontrava.

— Não é uma boa ideia machucar o rosto de um artista — ela esclareceu — Mas, se ainda consegue fazer piadas, acho que não aprendeu a lição. Posso quebrar seu outro braço…

— Não! Por favor, não! Vou me comportar, eu juro! — ele se escondeu atrás de Gakupo.

— Já chega, vocês dois — o homem suspirou cansado — Kaito, seu braço não está quebrado, você só deslocou um osso. Vou entrar em contato com o médico da empresa, então descanse enquanto isso — ele falou — E Miku… fique longe dele, por favor.

— Com prazer — a garota se retirou.

Kaito foi descansar enquanto Gakupo entrava em contato com o médico. Minutos depois, encontrou Meiko sorrindo para o celular.

— O que tem aí para você estar tão contente?

— Ainda não viu a repercussão do programa? — Meiko indagou — Foi um enorme sucesso! Está sendo uma chuva de likes em todas as redes sociais. Precisamos mandar compor novas músicas para os dois, e… que cara é essa?

— Parece que a Miku agrediu o Kaito no caminho de volta. Ele está com um osso do braço deslocado — Gakupo contou.

— Ah, céus — ela suspirou — Eu disse que a Miku sabia se comportar no palco, mas fora dele… bem, eu vou falar com ela para que isso não se repita — Meiko retirou-se.

Gakupo olhou o próprio celular. Realmente, a popularidade de Kaito havia triplicado desde que ele se juntou a Miku como um casal fake. Segundo o rapaz, ele gostava mesmo de Miku e, pelo seu modo de agir, parecia ser verdade, mas a garota claramente não gostava dele. Talvez por sua má reputação ou por ele ser muito afobado. Mas, se continuasse desse jeito, a estratégia de transformá-los em um casal acabaria indo por água abaixo.

 

 

 

~~~~~X~~~~~X~~~~~

 

 

 

Alguns dias se passaram até que Kaito se recuperasse por completo. A desculpa que deram para a mídia era que estavam compondo uma nova música, o que não era totalmente mentira.

Quando era uma cantora solo, Miku escrevia a maioria de suas próprias músicas. Na verdade, sua forma de se livrar do estresse e pressão do palco e dos vários shows era escrever poemas como uma forma de desabafo, dizendo como se sentia e o que desejava para si mesma e para as outras pessoas. Algumas alterações eram feitas nesses poemas e eles se transformavam em letras de músicas. Era um tanto constrangedor para ela ter seus sentimentos expostos dessa forma, então apenas Meiko sabia disso. Ela dizia aos outros que era apenas o rascunho de uma letra de música.

Miku estava no meio de outro poema agora. Depois que a raiva passou, percebeu como tinha sido má com Kaito. Tudo que falaram e fizeram durante o programa estava de acordo com o contrato que ela assinou, tinha concordado previamente com aquilo. Se deixou levar pelas emoções e foi injusta com ele.

Por que ficava tão alterada perto dele? Por que Kaito a deixava tão nervosa e agitada? Teoricamente eram namorados, mas era um namoro de mentira. Talvez porque o garoto lhe disse uma vez que gostava dela de verdade. E ainda disse que a faria se apaixonar por ele… Kaito tinha muita autoconfiança, precisava admitir.

Era isso. Já ouviu muitos fãs dizendo que a amava, mas nunca ouviu uma declaração de um colega de trabalho, principalmente um que finge ser seu namorado. E essa história de Kaito fazer com que ela se apaixonasse por ele… dava até vontade de rir. Muito bem, vamos ver se ele conseguia mesmo fazer isso.

Seu poema teria que ficar incompleto por enquanto. Pelo menos até que Kaito tentasse alguma coisa novamente.

E ele tentou. Assim que recebeu alta, a primeira pessoa com quem decidiu falar foi Miku.

— Olá — ele cumprimentou. Miku virou-se para trás e deparou-se com o garoto, que se colocou em posição de defesa — Calma, calma! Eu vim em paz!

— Não chegue de fininho por trás das pessoas — Miku pediu — O que você quer?

— Nossa, foi direta assim? Não quer saber se estou bem? Se tenho alguma fratura? Se ficou uma cicatriz?

— Se você tivesse fraturas estaria com o braço engessado. E eu não te cortei para ficar cicatrizes — ela observou.

— Você é uma estraga-prazeres.

— E injusta também — ela murmurou.

— O que?

— Sinto muito, Kaito — Miku falou, encarando os próprios pés — Eu exagerei naquele dia… na verdade não deveria ter feito nada. É que… eu fiquei nervosa e irritada com o que aconteceu no programa, e acabei agindo por impulso — ela torcia as mãos uma na outra — Depois que me acalmei, percebi que você não tinha feito nada de errado. Tudo que você falou e fez estava no contrato e eu concordei com aquilo, então… sinto muito pelo que aconteceu.

— Uau… não acredito que vivi para te ver pedindo desculpas — Kaito falou boquiaberto — Então, na verdade você agiu daquele jeito por que estava irritada ou envergonhada?

— E isso importa?

— Claro que importa. Foi em mim que você bateu — Kaito lembrou.

— Acho que… a segunda opção — Miku desviou o rosto.

— E você só agiu normalmente no palco porque tudo aquilo estava no contrato?

— É óbvio — ela respondeu — Eu posso até perder o controle nos bastidores, mas sou profissional. Jamais faria um escândalo no palco.

— Sei… então quer dizer que não posso segurar sua mão nem te abraçar agora, não é? — Kaito avançou um passo na direção dela.

— O que? Por que você faria isso? — Miku recuou um passo.

— Eu te perdoo com uma condição — Kaito segurou as mãos dela — Saia em um encontro comigo.

 

 

"Sobre sairmos juntos…"

"Gosto de você"

"Me escuta, idiota!"

É impulsivo

Está cheio de defeitos

Eu quero gostar de você

 

 

Miku tentou recusar de várias maneiras. Disse que era impossível, pois seriam reconhecidos. Meiko e Gakupo jamais deixariam que eles saíssem sem guarda-costas. Mas Kaito conseguiu driblar todas as suas desculpas, e ela se sentia culpada o suficiente para aceitar.

Ele fingiu tirar mais um dia de repouso enquanto Miku disse que passaria o dia trancada em seu quarto, terminando seu poema.

Saíram cedo para que ninguém os visse, disfarçados para que as pessoas não os reconhecessem. Miku trajava um uniforme escolar com blusa rosa e saia de pregas. Tinha colocado uma peruca ruiva que batia em seus ombros e usava óculos falsos.

Kaito usava uma peruca loira com cabelos espetados e óculos escuros. Vestia uma camiseta branca com um casaco amarelo por cima e calça bege.

— Uau! Não pensei que te veria de uniforme escolar — Kaito a rodeou quando se encontraram fora do estúdio — Onde arranjou isso?

— Não é um uniforme de verdade, é só um cosplay — Miku esclareceu — Eu fugi no ano passado para ir a um evento… infelizmente a Meiko descobriu em poucas horas.

— E alguém te reconheceu?

— Não — ela balançou a cabeça — Algumas pessoas falaram “Você parece tanto a Hatsune Miku! É parente dela?” Mas foi só isso. Fiz algumas mudanças para ninguém notar que é um cosplay enquanto saímos.

— Muito esperto da sua parte.

— Você… fica bem diferente com roupas claras — Miku tentava observá-lo disfarçadamente — Onde arranjou isso?

— Estava no fundo do meu armário. Nem lembrava que tinha — Kaito riu.

— Você fica bem assim — ela deixou escapar.

— Acha mesmo? — Kaito sorriu — Você gosta de cores claras, não é?

— Sim, mas… entendo que para o casal “Miku e Kaito”, o melhor é que eu continue usando minhas roupas claras e você as suas roupas pretas e chamativas, causa um bom contraste.

— Ei — Kaito chamou — Vamos esquecer o trabalho hoje, está bem? — ele pediu — Aonde você quer ir?

— Como assim? Você me chamou para sair e não planejou nada?

— Planejei várias coisas, mas acho que seria legal deixar você escolher — ele respondeu.

— Então… acho que quero ir ao shopping — a garota falou — Lá tem muitas lojas que eu não costumo visitar. E aquela máquina da garra, eu sempre quis brincar em uma dessas. A Meiko nunca me deixa ir ao shopping.

— É você quem manda.

Passearam pelas lojas do shopping sem pressa. Felizmente o disfarce de ambos estava funcionando bem, ninguém os reconheceu. Miku encontrou uma máquina de garra e gastou muito tempo e dinheiro nela, sem sucesso. Havia outra máquina do lado e Kaito decidiu tentar também. Começou a entender a frustração da garota, era mais difícil do que parecia. Depois de várias tentativas ele conseguiu pegar um panda.

— Ei — Kaito chamou enquanto ela encarava a máquina com cara de choro — Era isso que você queria?

— Um panda! — ela encarou o animal de pelúcia com os olhos brilhando — Obrigada! — pegou o panda e o abraçou por impulso.

Kaito retribuiu o gesto, um pouco atônico. Se soubesse que precisava apenas de um bicho de pelúcia para ganhar a afeição dela já teria lhe comprado vários.

Miku desfez o abraço e encarou o panda sorridente.

— Como conseguiu pegar ele?

— Eu diria que fui persistente, mas foi na base da teimosia mesmo — Kaito respondeu — Quer jogar de novo?

— Ah, não. Quero distância dessa máquina — respondeu — Ei, quer ir ao cinema? Deve estar cansado de passar tanto tempo jogando.

— Hm… é claro — ele estranhou a sugestão, mas aceitou.

Escolheram um filme de terror. Ainda estava no início, mas algumas garotas já estavam com medo. Kaito se perguntava por que Miku estava agindo assim. Ela sempre protestava quando ele chegava perto, mas hoje o abraçou espontaneamente. E ela mesma sugeriu que fossem ao cinema… será que ela não sabia o que casais costumavam fazer em cinemas? Não estava com medo? Nem do filme e nem dele?

Quando o suspense do filme aumentou, algumas garotas começaram a suspirar e dar gritinhos assustadas, segurando a mão de quem estivesse ao seu lado. Kaito a olhou de relance, curioso para saber a reação dela. Quando a matança começou de verdade, Miku deixou escapar risinhos, comentando em voz baixa sobre como os zumbis eram mal feitos e que o enredo não fazia sentido.

Quando o filme terminou, ela saiu do cinema aos risos.

— Você viu aquilo? Eles acharam mesmo que o cara estava morto!

— Claro que acharam, ele caiu de um penhasco — Kaito observou.

— Não importa. Se não tem corpo, não tem morte, eles sempre voltam — Miku afirmou — Nossa, aquilo foi hilário! Faz tempo que não me divirto tanto.

— Você não ficou com medo?

— Daquele filme? — Miku ergueu uma sobrancelha — É preciso muito mais do que alguns zumbis para me assustar.

— Não estou falando do filme — Kaito parou de caminhar — Você mesma sugeriu que fôssemos ao cinema. Uma sala escura e silenciosa, onde casais costumam se abraçar, às vezes mais do que isso… não ficou com medo que eu fizesse algo? Ou era isso que você queria?

Miku desviou o rosto, séria.

— Nenhum dos dois — ela negou — Algum tempo atrás você disse tentaria me conquistar. Deve ser inteligente o bastante para saber que, se fizesse isso, não iria conseguir.

— Você estava me testando?

— Eu só queria ver o filme — Miku voltou a sorrir — O que quer fazer agora?

— Tem um parque atrás do shopping, ele já deve estar aberto a essa hora. Você quer ir?

— Sério? Faz anos que não vou a um parque! — Miku exclamou com os olhos brilhando — Anda, vamos lá! — dessa vez foi ela quem segurou a mão de Kaito e correu em direção ao parque.


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