Millennium Odyssey: Gagaku das Pétalas Douradas escrita por Aquele cara lá


Capítulo 2
Kibou, o vilarejo pacífico no meio do nada




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O grupo ainda está no barquinho. O sol está nascendo.

"Já está melhor, mãe ?" - Claude pergunta.

"Sinto minha força voltando, mas ainda não me sinto completamente bem." - Demiurges diz.

"Relaxa aí. Eu conheço uma boticária incrível que pode te ajudar." - Haruto diz. "A gente só precisa chegar em Muramori, andar uns minutinhos e vai ficar tudo legal."

"Assim espero…" - Claude diz, um pouco preocupado.

"Até lá…" - Demiurges diz. Ela se vira para seus filhos. "Claude. Rosaria. Gostariam de me explicar isso ?"

"S-Sim, mãe ! Perdão por não ter te contado antes !" - Claude diz. "A verdade é que Rosaria veio escondida no navio. Eu também não sabia disso, até chegar ao meu quarto. Ela passou despercebido por todos, ouviu o plano maligno daquele crápula e veio me contar. Mais uma vez, eu me desculpo por não ter lhe contado mais cedo."

Rosaria fica triste e faz alguns gestos com suas mãos.

Demiurges solta um suspiro e dá um sorriso caloroso. "Sei que fizeram isso pelo meu bem. Eu apenas fico grata de nada de ruim ter acontecido com vocês. Não suportaria ver inocentes sofrendo. Ainda mais minhas crianças."

"Mandaram bem, lá atrás." - Haruto diz. Ele estende sua mão para Rosaria. "Tirou a gente de uma fria. Valeu."

Rosaria se afasta de Haruto.

"Uh… Eu juro que minha mão tá QUASE limpa." - Haruto diz.

Claude se curva. "Perdão pelo desentendimento ! Rosaria não está com nojo de você. É que ela é muda e não gosta que desconhecidos encostem nela. Além disso, minha irmã sofre de uma maldição que deteriora tudo que ela toca."

"Pfftt ! Isso não existe." - Haruto diz.

Rosaria encosta sua mão na beirada do barco. Onde ela encostou apodrece um pedaço, deixando uma marca perfeita de sua mão.

"…Oh…" - Haruto diz.

"Poderzinho bacana." - Momotarō diz. "Se eu tivesse isso, arrebentava aquele cuzão rapidinho."

"Como já disse, não é um poder, mas sim uma maldição." - Claude diz. "Imagine não poder fazer tarefas básicas ou poder demonstrar o amor que você sente por alguém. Nunca."

"Então é perfeito pra mim." - Momotarō diz.

"Você não gosta de fazer tarefas básicas, Momo ?" - Claude pergunta.

"…Vamos fingir que é disso que eu tô falando, pivete…" - Momotarō diz, um pouco cabisbaixa.

"Opa ! A gente tá quase lá !" - Haruto diz.

Eles estão chegando em uma pequena doca escondida numa floresta com árvores de folhas roxas. O grupo chega nessa doca, desembarca e começa a caminhar, com Haruto na liderança.

"Para onde vamos ?" - Demiurges pergunta.

"Pra um lugar seguro. Um vilarejo com amigos que podem ajudar." - Haruto diz.

"Um vilarejo ?! Tu podia ter falado antes, arrombado !" - Momotarō diz, brava.

"E qual o problema com isso ?!" - Haruto pergunta, também bravo.

Momotarō faz um bico e vira seu rosto. "Tch. Não sou fã dessa ideia. Vou dormir pra fora."

"Mas você ficará doente !" - Claude diz, preocupado.

"Relaxa, pivete. Eu… tô acostumada." - Momotarō diz.

"Quanto tempo de caminhada até chegarmos ?" - Claude pergunta.

"Um tempinho." - Haruto diz.

"Bom, até chegarmos em nosso destino, podemos este tempo para nos conhecermos melhor." - Demiurges diz. "Adoro conhece novas pessoas~"

"Ótima ideia, mãe." - Claude diz. "Eu gostaria de fazer uma pergunta a você, Haruto. Como perdeu seu braço ?"

"Verdade. Cês não tão ligados disso, não são daqui. Todo mundo em Jyūshima sabe." - Momotarō diz.

"Todos o conhecem ? Deve ser um rapaz formidável." - Demiurges diz.

"É... Não." - Haruto diz. "Na real, eu queria poder falar que perdi meu braço em um luta lendária contra um dos Dez, ou alguma coisa assim. Mas foi bem… Meh."

Rosaria faz alguns gestos.

"Ela está curiosa para saber como foi." - Claude diz.

"Bom, foi a nove anos atrás, quando eu tinha quinze anos..." - Haruto diz.

Haruto mais jovem está crucificado, com seus braços e pernas amarrados a uma cruz de madeira, na frente do palácio de Shuten-Dōji. Seu corpo está cheio de feridas, sangue e hematomas. Há uma gigante multidão no local. Ninguém quer estar lá, mas claramente estão sendo forças. Eles estão forçando o máximo que podem para desviarem seus olhares.

O imperador está ao lado do samurai, com ambas Muramasa e Masamune em suas mãos. "Este é o destino daqueles que ousam se opor a mim ! Que o miserável filho daquele ferreiro incompetente sirva como exemplo ! Agora sua família inteira está morta e suas espadas que tanto negou a mim estão em minhas mãos, e nas de meus filhos ! Que sirva como um aviso para todos vocês !" - Ele levanta o rosto de Haruto e dá um soco, fazendo o jovem cuspir sangue e seu nariz começar a sangrar.

A audiência tenta desviar seu olhar, mas são ameaçados pelos guardas.

Haruto junta as forças que tem. "…Você... é… patético... Nunca… vai… conseguir… o que… quer…"

"E você é o exemplo do porque sua raça é incompetente." - Shuten-Dōji diz. O imperador brande Muramasa e, com um corte preciso, arranca o braço direito de Haruto fora, junto com um pedaço da cruz. Muito sangue começa a jorrar da ferida.

"Ugh- GAH !!!" - Haruto urra de dor.

Shuten-Dōji dá um sorriso perturbador. "Mas eu também sou um imperador misericordioso. Farei questão de que você morra pelas minhas mãos." - Ele enfia dois dedos dentro da ferida, começa a mexer eles e eletrocuta-la com seus raios roxos. "Claro, isso não significa que vou deixar de me entreter um pouco."

Haruto se contorce e berra de agonia e dor extrema.

"Grahahaha ! Vocês estão vislumbrando verdadeira força ! O poder daquele que dominará toda Bastion Spei !" - Shuten-Dōji diz.

Haruto para de gritar. Muramasa começa a tremer um pouco.

"Qual o problema ? Não vai me dizer que sua vida é tão patética que não conseguiu sequer aguentar uma tortura básica." - Shuten-Dōji diz.

Haruto não responde.

"Humpf. Não esperava menos de um humano." - Shuten-Dōji diz, com um olhar frio em seus olhos. Ele se vira para o público. "Se não quiserem acabar como esse ser desprezível, é melhor me obedecerem !"

A multidão se assusta e começa a cochichar.

O imperador se enfurece. "Abram suas bocas ! Se ousarem falar mal de mim, irei-" - Ele tenta se defender de um ataque em suas costas, mas Haruto, com seu braço demoníaco, pega a mão de Shuten-Dōji e a aperta, amassando sua armadura. Muramasa acaba caindo.

O jovem bate o imperador no chão e o joga em seu palácio.

"P-Peguem ele ! Não deixem que escape !" - Um guarda diz, assustado.

Todos os guardas no local correm na direção de Haruto, que pega Muramasa do chão. Um dos guardas se aproxima. O jovem rapidamente o corta ao meio e enfia sua katana em outro guarda, que vinha por trás. Haruto espalha as escamas em seu braço pelo ar. Elas caem nos guardas. O samurai começa a cortar eles, até que, um por um, todos caem. Não satisfeito com sua carnificina, ele se joga na multidão e começa a matar eles. Todos começam a correr.

Algum tempo depois. Haruto está caído em um chão sangrento, em um vilarejo devastado. Há corpos jogados para todos os lados.

"E foi isso que aconteceu." - Haruto diz. "Depois que eu matei todo mundo do meu vilarejo, consegui retomar o controle do meu corpo. Mas já era tarde demais. Então, comecei a vagar por todos os lados, procurando paz interior e fazendo os desejos de todo mundo que eu matei naquele dia. Foi quando me encontrei com a minha mestra e ela me ajudou a controlar esse poder e me treinou."

"Que coisa horrível… Eu… sinto muito que tenha passado por tudo isso…" - Demiurges diz, triste.

"Esse é poder da raiva. Não só toma controle do seu corpo, como também faz você fazer coisas horríveis." - Haruto diz. "Mas, se você perguntar pra mim, não é uma coisa ruim. Só que também não é uma coisa boa. Tá mais pra uma ferramenta. Raiva é uma coisa que todos temos dentro de nós. Todos odiamos alguma coisa. Em vez de deixar minha raiva me dominar, eu simplesmente utilizo ela para me deixar mais forte."

"Eu te respeito mais, senhor Haruto." - Claude diz.

"Epa ! Senhor é teu avô ! Pode me chamar de Haruto, Harutinho, Harutão, chapa, compadre, mano, e por aí vai, mas senhor não !" - Haruto diz. "Além disso, eu também respeito você, carinha. Quase ninguém que eu conheço tem essa sua determinação."

"Muito obrigado ! Farei o máximo possível para não desapontá-lo !" - Claude diz, animado.

"Quem tá afim de ser o próximo ?" - Haruto pergunta.

"Pode me excluir dessa. Não sou ninguém importante, e meu nome é Momotarō." - Momotarō diz.

"Tudo bem se não estiver aberta a conversar, Momo. Ainda somos amigos." - Claude diz. "Minha vez. Eu, uh… Honestamente, não tenho muito para compartilhar. Vivo uma vida normal, no castelo em que moro. Bom, recentemente, eu lutei contra uma cavaleira bem forte de um reino inimigo. Ela é só um ano mais velha que eu, mas, na minha opinião, é mais habilidosamente e corajosa. Uma pena ela não querer conversar comigo. Espero que um dia possamos ser amigos."

"Oh ! Está falando daquela jovem ? Galadriell, se não me engano." - Demiurges diz. "Ela realmente é uma jovem formidável e excepcional. E eu conheci o pai dela pessoalmente, no passado."

"Vocês tão felizes por uma inimiga ?" - Momotarō pergunta, confusa. "Não deveriam, uh, odiar ela ?"

"Eu jamais poderia odiar alguém só por essa pessoa ter uma opinião diferente da minha." - Claude diz. "Todos pensamos de uma maneira diferente. É isso que faz de nós únicos."

"Esse é o jeito dos Igniânos pensarem. Você quem faz seus próprios inimigos. E você quem faz seus próprios aliados. Só porque alguém pensa, age ou é diferente de você, não significa que é um inimigo." - Demiurges diz.

"Huh, até que seu reino não parece ruim." - Momotarō diz.

"Opa ! Levanta a cabeça, rapaziada. A gente chegou." - Haruto diz. Ele abre uma moita.

Em uma área aberta, há um pequeno e simples, mas vívido e acolhedor, vilarejo com casas de madeira, com telhados de palha, algumas pedras com buracos com musgo nelas e um rio separando o vilarejo em duas partes, com uma ponte de madeira vermelha. Há algumas pessoas, animais humanoides e Wrath andando por todos os lados. O som de conversas, risadas e crianças brincando contamina o local.

"Bem-vindos ao vilarejo Kibou. Não é muito, mas o pessoal é bem legalzinho." - Haruto diz.

O grupo passa pela moita.

"Parece realmente ser um local acolhedor." - Demiurges diz.

Rosaria faz alguns sinais.

"Rosaria disse que lembra o lugar de onde ela veio. Então ela gostou." - Claude diz.

"Bora entrar, antes que os guardas apareçam." - Haruto diz.

"Eu já falei que vou ficar pra fora." - Momotarō diz.

"Ainda tem que vir com a gente e falar com os guardas, pra eles não pensarem que é gente ruim." - Haruto diz.

Momotarō cruza seus braços. "Tch. Tanto faz."

Eles se aproximam de um portão de madeira e são abordados por um guarda humano baixinho, de cabelo castanho, olhos pretos, vestindo uma camisa branca velha e suja, usando um peitoral de ferro e o resto de uma armadura improvisada de madeira, calças rosas, botas de couro, usando um chapéu de palha e com uma katana em sua cintura, e um Wrath parecido com uma lanterna de papel vermelha, com fogo dentro, um corte para a boca, uma língua também de papel e também usando um chapéu de palha.

"Opa ! Qual é, gente ! É seu chapa !" - Haruto diz.

"Você sabe que não pode vir trazendo qualquer um pra cá, cara." - O homem baixinho diz.

"Relaxa, Takeshi. São pessoas boas." - Haruto diz.

"Huh, tá trazendo estranhos sem avisar ? Acha que é dono da parada !" - A lanterna diz.

"São gente tranquila. Eu já menti pra você alguma vez, Chō ?" - Haruto pergunta.

"Várias." - Takeshi e Chō dizem.

"Ugh ! B-Bom, com certeza, eu tinha uma boa razão. Ehehehe..." - Haruto diz, constrangido.

Chō solta um suspiro. "Tem sorte da gente confiar em você. Eles tão limpos também."

"Muito obrigada por sua confiança." - Demiurges diz.

"Eu não vô entrar nesse lugar." - Momotarō diz.

"Não se preocupa se ela ficar andando por aí aqui fora. Ela é… quase inofensiva." - Haruto diz. "A propósito, Momo, vê se passa na casa da mestra. Ela vai curar esse regaço no seu ombro."

"Nah. Eu consigo cuidar de mim mesma." - Momotarō diz.

"Ignora ela, se ficar rabugenta desse jeito, também. É que a mocinha aí tem alergia a contato físico, e odeia diversão." - Haruto diz.

"Minha mão vai fazer um contato físico bem forte com a sua cara e eu vou rir demais, filho da puta !" - Momotarō diz, brava.

"Eeekkk ! P-Pra dentro, rapaziada !" - Haruto diz, assustado. Ele entra no vilarejo.

Todos, menos Momotarō o seguem. Os habitantes do vilarejo estão olhando para o grupo, por onde ele passa.

"Estamos fazendo algo de errado… ?" - Claude sussurra para Haruto.

"Nah. Tá tranquilo. É que é muuuito raro ver gente de fora em Jyūshima, e é mais raro ainda ver aqui, no meio do nada." - Haruto diz.

"Oh…" - Demiurges diz. Ela acena e sorri para o povo. "Olá, caros cidadãos de Jyūshima. Somos amigos."

"M-Mãe ! Eu não acho que deveria chamar mais atenção do que já está recebendo." - Claude diz, um pouco envergonhado.

"Aw~ Querido, só está envergonhado porque tem medo de multidões~♥" - Demiurges diz. "Além disso, você também não adora conhecer novos continentes e culturas ? Esse povo também."

"B-Bom, é verdade…" - Claude diz.

"Estamos indo pra casa da mestra. Ela vai ajudar a gente com qualquer coisa que precisarmos." - Haruto diz.

Rosaria faz alguns gestos.

"Ela quer saber onde essa mestra mora." - Claude diz.

"Por incrível que pareça, nem um pouquinho longe." - Haruto diz. Ele aponta para uma casa simples completamente feita de madeira, alguns passos de distância deles.

"Oh ! Mais perto do que imaginei." - Demiurges diz.

Eles caminham até a casa.

Haruto abre as portas. "Bom dia, mestra ! Levanta a manta que o café não é janta !"

A voz de uma mulher madura e cansada o responde, à distância. "Haruto... O que eu disse sobre fazer barulhos altos na manhã ?"

"Eu trouxe convidados ! São amigos de outro país !" - Haruto diz.

"Amigos, huh ?" - A mulher diz.

De dentro da casa, sai uma mulher de cabelo longo preto, olhos também pretos, vestindo um kimono branco, com detalhes pretos e dourados, uma saia vermelha, chinelos de madeira e fumando em uma longa piteira de madeira com detalhes dourados.

A mulher olha o trio de estrangeiros, principalmente Demiurges. "Haruto, você tem ideia de quem são seus amigos ?"

"São estrangeiros de um país legal." - Haruto diz. Ele começa a apresentar seus amigos. "Esse daqui é o Claude. Ele é legal. Essa é a Rosaria. Ela não fala muito, mas também é legal. Essa daqui é a Demiurges. Ela é maneira. E tem mais uma, só que ela não quer entrar aqui. Por enquanto."

"Não." - A mulher diz.

"Por favor, mestra Huli Jing ! Eles são boas pessoas !" - Haruto diz.

"Você faz alguma ideia do que trouxe para cá ?!" - Huli Jing pergunta, brava.

"Gente legal !" - Haruto diz.

"Haruto. Trouxe o fim para este vilarejo. Retire esse povo daqui." - Huli Jing diz.

"M-Mas, mestra, eles não tem pra onde ir ! Além disso, são pessoas boas ! Eu juro !" - Haruto diz.

A mestra olha diretamente para Demiurges. "Não sei o que quer aqui, e não me importo. Pode ter sido acolhida pelo vilarejo, mas sua laia não é bem-vinda em minha residência, Sentinela. Sabe muito bem o que fez ao meu povo."

"Entendo completamente sua decisão, e não vou pedir para que mude de ideia." - Demiurges diz. "Contudo…" - Ela calmamente se ajoelha e põe sua cabeça no chão, em súplica. "…eu imploro que dê abrigo aos meus filhos."

Claude e Rosaria ficam surpresos com a atitude de sua mãe.

"M-Mãe !?" - Claude diz.

"Isso é ridículo, mestra !" - Haruto diz, bravo. "Claramente, tem algum ressentimento rolando aqui que a gente não sabe."

"Muito mais do que um simples ressentimento." - Huli Jing diz.

"E eu não tô nem aí !" - Haruto diz. "Não foi a senhora que me acolheu, mesmo sabendo que eu era um assassino, um monstro ? Não foi a senhora que me ensinou a importância da compaixão e do perdão ? Foi tudo uma mentira ?"

"Não fale com sua mestra desse jeito, jovem ! Isso não é um assunto seu !" - A mestra diz, brava.

Haruto olha Huli Jing de cima à baixo. "Eu não vejo a minha mestra em lugar nenhum."

Huli Jing se entristece, mas tenta manter sua compostura. Ela entra em sua casa, o ignorando. Haruto solta um suspiro, triste.

A mestra para. "Eu darei um dia para provar suas intenções. Nada mais." - Ela continua.

Haruto se anima. "Jura ? Ha ! Eu sabia ! Valeu, mestra !"

Demiurges se levanta e se curva. "Muito obrigada pela sua gratidão ! Não irei te decepcionar !"

"Já me decepcionou." - Huli Jing diz, desaparecendo em um cômodo.

Rosaria faz alguns gestos.

"Também não entendi a situação." - Claude diz.

"Lembra quando eu disse que a mamãe tinha uma vida passada que vocês não precisavam se preocupar sobre, queridos ? Continuem sem se preocupar." - Demiurges diz.

"Vamos entrar, rapaziada." - Haruto diz. Ele entra na casa.

O trio o segue.

Enquanto isso, fora do vilarejo.

Momotarō está vagando sem caminho pela floresta, perdida em seus pensamentos. A jovem escuta um movimento e habilmente se esconde em uma moita.

"Q-Quem está aí !?" - ??? pergunta.

A jovem espia pela moita e vê um homem de cabelo curto preto, olhos castanhos, vestindo uma camisa amarela, uma calça marrom e sapatos também marrons segurando uma cadeira de rodas improvisada feita de madeira com uma garota apática de cabelo longo preto, olhos verdes, sem vida, vestindo um vestido simples rosa e descalça. Há uma árvore morta com apenas uma folha na frente deles. A garota está olhando para a folha.

Momotarō sai da moita com suas mãos para cima. "Fica tranquilo ! Não tô aqui pra machucar ninguém ! Sou amiga daquele… palerma do Haruto !"

O homem solta um suspiro, aliviado. "Que susto… Bom, se é amiga do Haruto, tudo bem. Meu nome é Daigo. Essa linda jovem aqui é minha filha, Tsuki. Qual seu nome ?"

Momotarō hesita.

"Algum problema ?" - O homem pergunta.

"…Meu nome é… M… Miku… Hatsune…" - Momotarō diz.

"É um lindo nome, Miku." - Daigo diz. "O que te trás aqui, nesse belo começo de manhã ?"

"Só tava dando um peão pela redondeza, coroa. Tomando uma brisa fresca, saca ?" - Momotarō diz. "E, uh, você ?"

"Todas as manhãs, trago minha filha para ver essa árvore." - Daigo diz. Ele sussurra para si mesmo. "Por mais que eu odeie esse lugar…"

Momotarō nota que, desde que chegou, a garota não para de olhar para a folha. "Cê curte esse negócio, hein garota. Criança é tudo estranha, hoje em dia."

Palavras finalmente saem dos mórbidos lábios de Tsuki. "Assim que esta folha cair, minha vida será ceifada. Anseio a chegada deste dia."

"Tsuki ! O que eu já falei sobre dizer essas coisas ? Isso NÃO vai acontecer ! Eu não vou deixar isso acontecer !" - Daigo diz.

"Sem ofensa, mas sua criança é esquisitona." - Momotarō diz.

"Como ousa insultar minha querida Tsuki ?!" - Daigo pergunta, furioso. Ele se aproxima da jovem e pega a mão dela. "Você virá comigo ! Não se preocupe, Tsuki ! Papai vai brigar com essa mulher terrível !" - O homem desaparece com Momotarō atrás de algumas moitas.

"Pô, cara ! Foi malzão mesmo, tá !" - Momotarō diz.

Daigo se ajoelha. "Eu preciso da sua ajuda, por favor !"

"Uh… Tá... ?" - Momotarō diz, confusa.

Daigo se levanta. "Muito obrigado ! Muito obrigado mesmo !"

"R-Relaxa aí, mano !" - Momotarō diz. "O que tá rolando ?"

"Bom, eu sou um comerciante, e todos os dias tenho de trabalhar em Onigashima o dia inteiro, ou até passar o dia no trabalho para poder sustentar os medicamentos da Tsuki." - Daigo diz. "Obviamente, não tenho nenhum tempo para ficar com a minha filha, e a condição dela está ficando pior."

"Ela tem o quê ?" - Momotarō pergunta.

"Muitas coisas... Por minha culpa…" - Daigo diz. "Quando Tsuki era criança, eu e minha ex-esposa estávamos sendo perseguidos pelos guardas de Shuten-Dōji, por não termos conseguido pagar o dinheiro que eles estavam nos cobrando. Então, nós dois acabamos indo em direções opostas para despistá-los. Eu estava com Tsuki. Acabei tropeçando em uma raiz e rolei, até cair em um rio. Infelizmente, a água tinha esfriado demais o corpinho dela, sem contar que entrou nos pulmões. Consegui salvar ela, mas alguns órgãos acabaram danificados. Agora, o coração da minha querida Tsuki é fraco, só um dos pulmões dela funciona direito e alguns órgãos não funcionam bem."

"Foi mal aí ter perguntado…" - Momotarō diz. "Sua mulher deve estar mal pra cacete."

"Ela morreu." - Daigo diz. "Quando nos separamos, ela acabou sendo pega e foi usada como alívio sexual daquele monstro desgraçado, até morrer. E ele ainda teve a crueldade de me dizer que o corpo dela pagaria nossa dívida." - Ele se recompõe. "Desculpa, eu não queria deixar o clima triste. Bom, sei que é urgente, mas eu preciso que você cuide dela por hoje."

"N-Nem fudendo ! Eu nem conheço a pirralha ! E tu nem me conhece !" - Momotarō diz, surpresa.

"Mas você é uma amiga do Haruto, não é ? Se ele confia em você, eu também confio." - Daigo diz.

Momotarō solta um suspiro. "Tch. Tá legal. Mas isso vai te custar alguma coisa, fechou ?"

"Qualquer coisa pelo sorriso da minha princesa de volta." - Daigo diz. "Preciso ir." - Ele vai até sua filha, dá um beijo nela e vai embora.

Momotarō se aproxima de Tsuki. "Dale, pivete. Que que manda ?"

Tsuki permanece em seu silêncio frio, enquanto olha para a folha.

"Teu velho te falou que tô de cuidadora, né ? Então é melhor cê me respeitar !" - Momotarō diz, brava. Ela solta um suspiro de desistência e nota que a jovem não tira seu olhar da folha. "Árvorezinha cabrera, né ? Quer ver eu derrubar ela com uma cabeçada ?"

"Não toque na árvore !" - Tsuki diz, brava.

"Opa ! Se falar um pouco mais alto, vai dar mais medo que filhote de Makai." - Momotarō diz, provocando Tsuki.

Tsuki volta ao seu silêncio.

"Pô, eu tô só tirando uma com a tua cara, pivete." - Momotarō diz. "Qual é a dessa árvore ?"

"Assim que esta folha cair, minha vida será ceifada. Anseio a chegada deste dia." - Tsuki diz.

"Eu lá tenho cara de quem manja de palavra-cruzada ? Se quiser me falar alguma coisa, fala na cara." - Momotarō diz.

O silêncio toma o local.

Momotarō dá de ombros. "Tão tá, né. Simbora, pivete. Vô te levar pra casa. Deve ter um rango lá. E eu tô precisando dar um trato nesse ombro fudido aqui. Tá doendo pra caralho." - Ela começa a levar Tsuki embora.

Alguns minutos depois. Elas estão no vilarejo, na frente de uma casa simples, como as outras. Momotarō leva a jovem para dentro do local. Como de esperado, o interior é sem graça e simples.

"Cacete ! Aqui é incrível !" - Momotarō diz, impressionada com o local.

Tsuki estranha, mas permanece em silêncio.

"Onde tem alguma coisa pra dar um trato nisso aqui, pivete ?" - Momotarō pergunta.

Tsuki permanece em silêncio.

"Ô filha da puta ingrata, eu tô te fazendo um favor aqui ! Me dá um ajuda, né !" - Momotarō diz, brava.

Tsuki aponta com sua cabeça para um canto.

"Valeu~" - Momotarō diz.

Claude e Haruto passam pela casa, carregando lenha em seus braços. Eles chegam em uma casa e colocam a lenha em um canto.

Uma senhorinha os recebe. "Muito obrigado por me trazerem essa lenha. Normalmente eu pediria para o meu marido, mas o coitado não consegue mais se esforçar tanto."

Claude limpa um pouco de suor em sua testa. "Sem nenhum problema, senhora Mako. Estou à sua disposição quando precisar."

"Um jovem tão educado e prestativo. Tem mesmo certeza de que não gostaria de nada em retorno ?" - Mako pergunta.

"Eu me recuso ! Já recebi minha recompensa: um pouco de atividade física e a gratidão da senhora." - Claude diz.

Mako aperta a bochecha do príncipe. "Muito obrigada mesmo. Espero que você fique mais um pouco por aqui~" - Ela entra em sua casa.

"Com isso, já são dois fregueses satisfeitos. Mandou bem, carinha." - Haruto diz.

Os dois dão um toque de mãos.

"Qual nossa próxima tarefa ?" - Claude pergunta.

"Deixa eu ver aqui… Ah ! A água do Inugami acabou. Vamos lá no poço pegar mais pra ele. A gente também aproveita e toma um gole. Cara, eu tô cansado." - Haruto diz.

Claude concorda. Os dois vão embora. Eles chegam em uma casa e batem na porta.

Um Wrath cão branco com uma cabeça preta e duas caudas finas em pé, como uma pessoa, sai da casa. "Que bom que vieram. Preciso de mais água."

"Foi exatamente por isso que a gente veio, tio Inu. É só mandar os baldes que a gente enche." - Haruto diz.

"Baldes ? Vocês vão encher dois barris." - Inugami diz.

Haruto se surpreende com o pedido inusitado. "D-Dois barris !? Nem eu sou tão forte assim !"

"Hmm… Nada te impede de trazer balde por balde." - Inugami diz, pensativo.

"Mas vai demorar o dia todo !" - Haruto reclama. "Não tem um jeito mais fácil, não ?"

"Não. Ah ! E eu preciso dessa água o mais rápido possível para cozinhar." - Inugami diz. Ele aponta para dois barris e entra em sua casa. "Os barris são aqueles dois. Obrigado por ajudarem."

"Não vamos encher nunca…" - Haruto diz.

Claude está com a mão em seu queixo, ponderando algo.

"Tá cozinhando o que na cachola ?" - Haruto pergunta.

O príncipe chega à uma conclusão. "Posso ter pensado em uma solução." - Ele vai embora.

Haruto o segue. Minutos depois. Os dois e Rosaria estão na frente de um poço.

"Eu ainda não saquei como é que a sua irmã vai ajudar com isso, mas toda ideia é boa, até dar errado." - Haruto diz.

"Acha que consegue fazer o que eu te pedi, por favor ?" - Claude pergunta.

Rosaria concorda com um sorriso. Ela se aproxima mais do poço e, repentinamente, bate seu braço com força nele, fazendo um machucado grave.

Haruto se espanta com a ação imprudente da jovem. "P-Pra que isso !?"

O sangue de Rosaria começa a se misturar com a água. Ela faz alguns movimentos com suas mãos. Uma grande bolha de água sai do poço.

"Pronto." - Claude diz.

"A água tá toda estragada agora ! E como é que ela faz isso !?" - Haruto pergunta, incrédulo com a cena em sua frente.

"Minha irmã consegue controlar o sangue dela. Como sangue se mistura facilmente com água, ela consegue controlá-la." - Claude diz. "E não precisa se preocupar com sujeira. Como Rosaria controla apenas o sangue, ela consegue separá-lo da água. Na verdade, isso é bem beneficial, porque ela também consegue remover sujeira da água fazendo isso."

O samurai não consegue achar palavras. "Isso- Mas- Isso- Ela- Água-" - Ele desiste e solta um suspiro. "Na real, isso foi bem pensado." - Haruto bagunça o cabelo de Claude. "Mandou bem."

"Agradeça a minha querida irmã por nos ajudar." - Claude diz.

"Eu tava pensando, mas não tô afim de estragar minha mão- S-Sem ofensas !" - Haruto diz.

"Tudo bem. Apenas as mãos de Rosaria são amaldiçoadas." - Claude diz. "Recomendo que faça carinho nela. Ela gosta."

Haruto faz carinho na cabeça de Rosaria, que se envergonha um pouco. "Mandou bem, gatinha. Agora, simbora, que o dia tá cheio."

Eles caminham até a casa de Inugami. Os habitantes do vilarejo observam eles passarem, pasmos com a bolha. Rosaria coloca a água dentro dos barris e tira seu sangue dela. O sangue volta para a ferida no braço dela e a cura completamente.

"Trabalho feito." - Claude diz.

"Beleza. Mais alguns trabalhos e a gente termina as tarefas que a mestra pediu." - Haruto diz. "Até o finalzinho do dia, a gente termina."

"Muito obrigado pela ajuda, irmã !" - Claude diz, sorrindo.

Rosaria vai embora, acenando. Ela passa pela casa de Tsuki. Há um pouco de fumaça preta saindo pela janela.

Momotarō chega perto de Tsuki com um prato com algo irreconhecível queimado nele. Ela começa a comer. "Hmm~ Gostoso pra caralho~ Tá afim duma mordida ?"

Tsuki permanece em silêncio.

A kunoichi dá de ombros. "Mais pra mim. Falando nisso. Tu vai ter que mentir pro teu pai e falar que um troço atacou a cozinha e eu te salvei. Tu não vai querer ver a bagunça que tá lá. E nem fudendo que eu vô limpar aquilo."

Tsuki permanece em silêncio. Ela começa a olhar algumas crianças brincando por uma janela.

Momotarō percebe. Ela solta um suspiro e põe seu prato de lado. "É foda, né ? Tô ligada como é isso."

A jovem move seu olhar para outra coisa.

"Qual é, pivete. Ninguém aqui é idiota. Eu vi." - Momotarō diz.

"Você não sabe do que está falando. E faria bem em ficar com sua boca suja fechada." - Tsuki diz.

"Pode empinar o nariz o quanto quiser, isso não vai mudar a verdade." - Momotarō diz. "Cê tá sozinha. Não sente o contato físico faz tempo. Aceita que dói menos."

"Eu não…" - Tsuki diz, lentamente se interrompendo.

Momotarō cruza seus braços. "Ainda vai continuar nessa ?"

Tsuki fecha seus punhos.

"Opa ! Se fechou os punhos é porque quer treta." - Momotarō diz. Ela aproxima seu rosto. "Vamo vê se cê é mulher o suficiente pra assumir a responsabilidade de socar alguém-"

A jovem soca o rosto de Momotarō, que vai um pouco para trás com o impacto, mas não parece ser muito afetada. Tsuki começa a chorar. Sua mão está machucada. "…Corpo fraco inútil… ! Por que eu... ? Eu só queria ser normal…" - Tsuki diz, em prantos.

A kunoichi põe sua mão na cabeça dela e começa a fazer carinho. "Tá tudo bem. Não estou brava com você."

Tsuki começa a chorar ainda mais.

Momotarō fica confortando ela, até sua angústia passar. "Tá melhor, né ?"

A jovem concorda. Ela enxuga suas lágrimas. "Desculpa por ter descontado minha raiva em você..."

"Nah. Doeu mais em ti." - Momotarō diz. "Mas tô feliz que cê fez isso. Tinha muita coisa precisando sair daí de dentro."

"Obrigada… Mas como você sabia ? Ninguém nunca nota..." - Tsuki diz.

"Se cê acha que tua vida tá ruim, imagina quando descobrir metade das merdas que rolaram comigo." - Momotarō diz. "MAS num vô fala nada, até cê contar qual é a daquela árvore."

"Quem plantou aquela árvore foram meus pais, quando eram crianças. Foi quando eles se conheceram, e quando descobriram que se amavam. Mas agora, ela está imprestável, quase morta, assim como o amor dos meus pais, assim como… eu…" - Tsuki diz, cabisbaixa.

"Tch. Isso é babaquice, garota. Acorda pra vida. Seus pais ainda te amam." - Momotarō diz. "Já parou pra usar essa tua cuca aí e pensar que se aquele pedaço de madeira podre é importante pro cê, tu é ainda mais importante pro teu pai ? Tá na cara que o velho não tá afim de visitar aquela árvore, mas ele vai todo dia, só porque cê gosta. Tá, ele não te dá atenção. Mas como é que vai ? Tá trabalhando dia e noite, feito um condenado, pra te manter viva. Não tô falando que a culpa é de alguém, só tô falando que se cês não baterem um papo, não vai mudar nunca."

"Eu tentei, mas papai sempre chega tarde e cansado demais do trabalho para conversar. Depois de um tempo, desisti da conversa. Não sei como posso fazer isso." - Tsuki diz.

"Isso é uma parada que só cês dois vão conseguir resolver." - Momotarō diz.

"Agora eu quero saber sobre você." - Tsuki diz.

"Não tem muita parada interessante pra saber sobre mim, não." - Momotarō diz.

"Não é justo ! Você disse que me contaria !" - Tsuki diz.

"Porra, pior que eu falei, né ? Tch. Tanto faz. Pergunta aí que eu respondo." - Momotarō diz.

"Como é que você me entende tão bem ?" - Tsuki pergunta, curiosa.

A kunoichi solta um suspiro. "Curiosidade é foda, huh ? Bom, meio que eu passei por umas paradas parecidas. Nasci toda fudida, feito você, só que não exatamente. Eu nasci muuuito forte. Até demais." - Ela cria alguns de seus raios roxos na palma de sua mão. "Por causa desse poder, todo mundo que chegava perto de mim tomava um choque feio, incluindo... minha mãe. Mas ela não ligava nem um tiquinho, me segurava no colo, e ainda segurava sorrindo. Ela me amava demais pra me deixar sozinha."

"Sua mãe parece incrível." - Tsuki diz.

"O quê ? A velha era a mulher mais foda que cê podia conhecer nessa vida ! Meu sonho é ser metade da mulher que ela era !" - Momotarō diz, animada. "Ela me ensinou a caçar, cozinhar, xingar feito uma desgraçada, beber pra cacete, comer feito uma porca e até me ensinou a controlar esse meu poder ! Mulher melhor não existe !"

"E como é que ela se foi-" - Tsuki diz, sendo imediatamente interrompida por uma resposta fria e direta da Kunoichi.

"Matei ela." - Momotarō diz.

Tsuki fica chocada. Ela não sabe como responder.

"Ela morreu quando eu tinha quinze. Primero, tinha achado que foi por idade. Ela já tava na casa dos sessenta, e tava ficando doente. Só depois de um tempo que eu me toquei que a velha tinha morrido por ter cuidado de mim. Os choques que ela recebeu foram matando aos poucos, estragando o corpo dela por dentro." - Momotarō diz. Ela fecha seus punhos. "Tch. E a minha velha ainda teve a decência de ir embora sorrindo. Podia só ter falado que eu era a culpa. Enfim, o resto é simples, eu vivi comendo o lixo dos outros e as coisas que conseguia matar, até, uh… ontem."

"Eu… Eu sinto muito." - Tsuki diz, comovida pela história triste.

"Corta o melodrama, garota. Não tô afim de ouvir mais choro teu. Dá um sorriso, de vez em quando. Isso sim vai me assustar." - Momotarō diz. "Mas agora cê tá ligada que quando eu falo que é pra aproveitar enquanto da, eu tô falando SÉRIO. Vai lá fora, brinca um pouco com aqueles pivetes."

"E-Eu não posso ! Só vou atrapalhar eles !" - Tsuki diz, nervosa. "A-Além disso, só consigo me mexer por alguns segundos, até ficar cansada. Só um dos meus pulmões funciona. E não posso cair, nem ser empurrada, ou me machuco muito."

A kunoichi solta um suspiro. "Tsuki, cê já tentou chamar eles pra brincar ?"

Tsuki se envergonha. "…Não..."

"Pô, aí cê tá de brincadeira com a minha cara, né ! Como é que cê sabe que não tão afim de brincar, se cê nem chama, garota ? Vamo ! Coragem !" - Momotarō diz. "Quer saber ? Foda-se isso." - Ela põe a cabeça para fora da janela.

Um garoto de cabelo castanho bagunçado, olhos pretos, vestindo uma camiseta branca suja, uma calça marrom e chinelos de madeira, um garoto de cabelo curto e olhos pretos, vestindo um kimono verde, shorts pretos, e também usando chinelos de madeira, e uma garota de cabelo longo loiro, amarrado em uma trança, olhos azuis, vestindo um simples vestido azul e sapatilhas pretas estão brincando.

"Aí, bando de pivetes ! Cês conhecem a garota que mora aqui ?" - Momotarō pergunta.

"É a filha do senhor Matsuda, não ? Tsuki, se não me engano." - O garoto de cabelo preto diz.

"Isso aí ! Ela tá num tédio do cacete ! Tão afim de brincar ?" - Momotarō pergunta.

"Mas a gente pode machucar ela sem querer." - O garoto de cabelo castanho diz.

"Que nada ! Simbora, rapaziada ! Ela tá esperando !" - Momotarō diz.

As crianças se olham, dão de ombros e vão para a casa.

A kunoichi põe sua cabeça para dentro da casa. "Prontinho~"

"Você ! Eu te… ! Eu vou… !" - Tsuki diz, incerta e brava.

"Me xinga depois." - Momotarō diz.

As crianças entram. Tsuki tenta se esconder atrás de Momotarō.

"Oi. Nós, uh, viemos brincar." - A garota loira diz.

"Se apresentem primeiro, né. Ninguém aqui é Astrólogo." - Momotarō diz.

"Meu nome é Shu." - O garoto de cabelo castanho diz.

"Eu sou o Hikari." - O garoto de cabelo preto diz.

"O meu é Chihiro." - A garota loira diz.

"Muito melhor." - Momotarō diz.

"Do que a gente vai brincar, Tsuki ?" - Hikari pergunta.

"E-Eu também não sei." - Tsuki diz.

"Cês vão brincar com uma coisa que não vai machucar ninguém: a cabeça." - Momotarō diz.

Todos inclinam a cabeça, confusos.

"Tch. Vão inventar uma história, seus idiotas !" - Momotarō diz.

Agora as crianças entendem.

"Mas é uma história sobre o que, hein ?" - Shu pergunta.

"Eu vou inventar alguma parada, e vocês inventam os personagens que vão estar nela." - Momotarō diz.

"Eu quero ser um samurai legal, igual o Haruto !" - Hikari diz.

"Beleza." - Momotarō diz.

"Tô indecisa. Eu quero ser uma princesa, mas eu também quero ser uma maga." - Chihiro diz.

"Faz as duas. Ninguém disse que uma princesa não pode ser uma maga." - Momotarō diz. "Tecnicamente, eu sou-" - Ela se interrompe e disfarça. "E você pivete ?"

"Arqueiro !" - Shu diz.

Momotarō se vira para Tsuki. "Tsuki ?"

"E-E-Eu…" - A jovem diz, muito nervosa. A kunoichi pisca para ela. Tsuki respira fundo e se acalma. "Eu quero ser uma kunoichi bem forte e bonita, que consegue proteger todo mundo e é super legal."

Momotarō dá um leve sorriso, orgulhosa. "Sem nenhum problema. Bom, bora começar." - Ela limpa sua garganta. "Era uma vez…"

Horas depois. Já está anoitecendo. Claude e Haruto caem na porta da casa de Huli Jing.

"Eu tô morto… !" - Haruto diz.

"Hah… Hah… Concordo… Estou acostumado a ajudar as pessoas, mas quem diria que Kibou tem tantos problemas assim… ?" - Claude diz.

"Nem me fala… Eu moro aqui há dois anos, e não fazia ideia de que o povo era tão problemático…" - Haruto diz.

"Porque não são." - ??? diz.

Huli Jing abre a porta.

"Você tá de brincadeira com a minha cara, né, mestra ? Por favor, fala que não fez isso de propósito…" - Haruto diz, temendo uma resposta.

A mestra reponde com um sorriso misterioso.

"Às vezes, eu acho que você sente prazer em ver os outros sofrendo..." - Haruto diz.

Huli Jing continua com seu sorriso.

"Bom, fizemos tudo que a senhorita mandou. Isso serve como prova de que podemos nos abrigar aqui ?" - Claude pergunta, ansioso por uma resposta positiva.

Huli Jing respira fundo. "Jyūshima me ensinou que todos têm um lugar. Se podem aceitar alguém como eu, também posso aceitar a Sentinela e sua prole em minha residência. Tive uma rápida conversa com sua mãe, e nós nos acertamos."

"Eu não sei o que é Sentinela, mas acho que isso significa que poderemos ficar ?" - Claude pergunta, confuso.

"Sim, podem ficar." - Huli Jing diz.

Claude imediatamente abre um sorriso e se anima. "Jura ? Muito obrigado mesmo, senhorita Huli Jing ! Eu prometo que jamais irei decepcionar a senhorita !"

"Valeu, mestra ! Sabia que você ia aceitar eles !" - Haruto diz, também sorrindo.

"Agora, entrem. Estou quase terminando meu famoso lámen com legumes glaceados na manteiga e mel, carne de javali selada ao ponto e pimenta caibro." - Huli Jing diz, indo embora.

"Tá brincando ? Cara, que sorte ! Hoje, é perfeito !" - Haruto diz.

"Uh… Eu não sei o que é isso, mas talvez seja gostoso." - Claude diz.

"Gostoso ? GOSTOSO ?! É uma receita maravilhosa que a mestra inventou ! Ela só faz isso em dias de comemoração ! É tão raro que, nesses dois anos que estou aqui, só comi quatro vezes: Quando a mestra decidiu me treinar, no meu primero aniversário, no meu segundo aniversário e quando finalmente terminei meu treino !" - Haruto diz. "Lámen é basicamente uma sopa com macarrão. Mas o da mestra é completamente diferente ! Ela mesma faz o macarrão e cultiva a pimenta em casa. A pimenta caibro veio lá de um vilarejo dos Mamori de Nah'Bah, eu acho. Ela é bem forte, mas tem bastante sabor. Os vegetais glaceados com a manteiga e o mel dão uma doçura e sabor únicos pro caldo, que combina com a pimenta. A textura e o sabor da carne de javali adicionam uma graça a mais no prato, que já é perfeito. Mistura tudo isso, e você ganha uma explosão de perfeição na sua boca."

"Parece delicioso." - Claude diz.

Os dois entram.

"E agora que os aventureiros tão presos, o que eles vão fazer ? O dragão tá chegando perto, hein !" - Momotarō diz.

"Hikari !" - Uma mulher chama.

"É a minha mãe !" - Hikari diz. "Já tá ficando tarde. Acho melhor eu ir."

"Eu também." - Shu diz.

"E eu preciso dormir cedo." - Chihiro diz.

"Pô, que saco ! Tava ficando maneiro !" - Momotarō diz.

"Tudo bem. Foi legal enquanto durou." - Tsuki diz, decepcionada.

"Ainda não acabou ! Amanhã nós voltamos pra mais !" - Chihiro diz.

"Isso aí ! Eu quero matar esse dragão e salvar o reino !" - Shu diz.

"E eu quero pegar aquela espada bem forte que não deu pra pegar." - Hikari diz.

A jovem se anima. "Vocês vão voltar ? Juram ?"

"Claro !" - Shu diz.

Eles vão embora, acenando. Tsuki sorri e acena de volta.

"Tá vendo ? Sorrir não dói. Até deixou a tua cara com mais cor." - Momotarō diz.

"Verdade. Eu me sinto muito melhor. Obrigada, Miku." - Tsuki diz.

"Quem ?" - Momotarō pergunta, confusa.

Tsuki dá uma leve risada. "Se perdeu tanto na história que esqueceu seu nome ?"

"A-Ah ! É mesmo ! Esse é meu nome ! Miku Hatsune ! Isso mesmo !" - Momotarō diz, disfarçando. Ela limpa sua garganta. "Bom, tá ficando tarde pra cacete. Cê não vai tomar um banho e ir pra cama não ?"

"É uma boa ideia. Preciso acordar cedo, amanhã. Tenho que conversar com o papai. Dizer o que sinto." - Tsuki diz.

"Precisa de ajuda pra isso, ou…" - Momotarō diz.

"Não sou completamente inútil, ainda consigo me cuidar." - Tsuki diz. "Se quiser passar a noite aqui, não tem problema."

"Nah. Eu tenho umas coisas pra fazer." - Momotarō diz. "Sabe onde aquele idiota do Haruto mora ?"

"Na casa grandinha toda feita de madeira." - Tsuki diz.

"Valeu. Até amanhã, Tsuki. Vê se não cai e morre, hein." - Momotarō diz, indo embora.

"Tchau. Eu vou tentar." - Tsuki diz.

A kunoichi vai embora. Ela chega na porta da casa de Huli Jing. Conversas e risadas podem ser ouvidas. Momotarō desiste de bater na porta. Algumas horas depois. A jovem está deitada no telhado da casa, olhando para o céu estrelado. Haruto aparece, com uma tigela cheia do lámen de Huli Jing. Momotarō se assusta.

"Relaxa ! Sou eu !" - Haruto diz.

"Como sabia que eu tava aqui ?" - Momotarō pergunta.

"É esse meu braço. Tecnicamente, é a mesma energia que a sua. Então, meio que eu sinto um pouco quando você tá por perto." - Haruto diz.

"Tch. Ótimo. Tudo que eu precisava. Agora, o arrombado que fica me assediando consegue me rastrear à vontade." - Momotarō diz.

Haruto solta um suspiro. "Carinhosa…" - Ele se senta ao lado dela e entrega a tigela.

"Pra que isso ?" - Momotarō pergunta.

"É comida, sabe ? Você põe na boca e engole." - Haruto diz. "Achei que você ia querer uma coisa pra comer. Sei lá o que você ficou fazendo o dia inteiro. Deve estar com fome."

"Pior que eu tô." - Momotarō diz. Ela encara um pouco a comida, pega os palitinhos e come. Lágrimas escorrem pelo rosto da kunoichi.

"Pô, esqueci de falar que apimentado pra caramba ! Foi mal aí !" - Haruto diz, preocupado.

"Nah. Eu só achei que esse troço precisa de um pouco mais de sal mesmo." - Momotarō diz. Ela começa a devorar sua comida. Em questão de poucos minutos, a tigela está limpa. A kunoichi se alivia com um arroto. "Hah… Ô coisinha boa. Tem mais ?"

"Uh… Eu vou trazer a panela…" - Haruto diz, incrédulo.

"Valeuzão mesmo, cara. Não comia uma parada gostosa assim há uns bons anos." - Momotarō diz.

"Por que não entrou mais cedo ? Eu percebi que você tava perto." - Haruto diz.

"…Tava todo mundo feliz. Não queria estragar a alegria." - Momotarō diz.

"Qual é ! Você não ia estragar nada ! É nossa amiga, Momo. O Claude tava preocupado com você." - Haruto diz. "A gente ficou o dia inteiro trabalhando. Tô só o pó."

"Falando em trabalho, eu vim aqui pra isso mesmo." - Momotarō diz.

"Se é sobre aquele trabalho de matar seu pai-" - Haruto diz, sendo interrompido quando Momotarō o puxa para perto e beija sua boca.

Os dois ficam assim por um tempo, até que param.

"Isso foi metade do pagamento, por ter feito metade do trabalho." - Momotarō diz.

"Se isso é só metade, eu quero ver o que ganho quando terminar." - Haruto diz.

"Puta que pariu, cara. Cê é irritante, hein. Não consegue ficar quieto ?" - Momotarō diz.

"Eu adoro chamar sua atenção~" - Haruto diz, provocando sua amiga.

"Continua assim e eu te enfio sete palmos no chão." - Momotarō diz.

Os dois ficam de mãos dadas deitados no telhado, observando as estrelas.


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Notas finais do capítulo

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