Changes - A High School Story escrita por Goth-Lady


Capítulo 3
Capítulo 3




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Era o meu primeiro dia de aula na Sweet Amoris e eu já estava atrasada, mas consegui entrar antes de o portão fechar. Meu despertador não tocou, o que me acordou foi justamente o cheiro de cocô da Brigite. Demorei uma eternidade para limpar aquela caca antes de poder me arrumar e ir à escola.

Quase cheguei atrasada, pois me perdi enquanto procurava a minha sala. Por sorte, o professor estava mais atrasado que eu. Aproveitei para me sentar ao lado de Ken.

— Sharena, a diretora quer falar conosco depois da aula.

Puts! Mal comecei a escola nova e já vou para a diretoria?!

— O que ela quer?

— Ela falou alguma coisa sobre ajudar alguns clubes. Disse para a procurarmos depois da aula.

— Certo. Já decidiu que clube vai se juntar?

— Eu ainda não sei. E você?

— Não faço ideia, se bem que nós encontramos o clube de música ontem.

— Será que eles precisam de alguém que toque flauta doce?

— Seria ótimo para você.

— Vamos ver as opções, quem sabe você não encontra um clube que goste.

Depois da aula fomos até a sala da diretora ver o que ela queria. Iríamos aproveitar para perguntar sobre os clubes.

— Eu os chamei aqui para falar sobre os clubes.

— Era isso que queríamos perguntar. – Falei. – Estávamos conversando sobre ingressar em um.

— Mas isso é ótimo! O clube de basquete e o clube de jardinagem precisam de ajuda.

Ken e eu nos entreolhamos na mesma hora. Basquete? Jardinagem? Sério isso?

— Nós estávamos pensando em ver os outros clubes primeiro. – Respondi.

— É uma pena. Todos os outros não têm vagas. Qual vocês vão querer?

— Jardinagem. Respondeu Ken. É o que você também vai escolher, não é, Sharena?

— Na verdade, eu vou ficar com o de basquete.

— Que pena.

— Podem ir.

Saímos da sala da diretora e fomos para a aula de matemática. Quando as aulas terminaram, nós fomos procurar pelos clubes, foi então que percebi que não tínhamos ideia de onde nossos clubes ficavam.

— Ken, onde ficam nossos clubes?

— Eu não sei. Por que não perguntamos ao representante da sala?

— Boa ideia! O Nathaniel deve saber.

Fomos até o grêmio procurá-lo. Ele estava lá, mas parecia ocupado. Ken e eu nos perguntávamos se era uma boa ideia interrompê-lo. Decidi tomar a dianteira e falar de uma vez.

— Oi, Nathaniel.

— Ah, Sharena, não? – Assenti. – Precisa de alguma coisa?

— Sim. Eu sei que está ocupado, mas você pode nos mostrar aonde ficam os clubes de jardinagem e de basquete? Quando terminar.

— Infelizmente eu não vou poder. Eu vou demorar muito pelo visto, mas podem perguntar aos outros integrantes dos clubes. Tenho certeza que podem ajudá-los.

Ken e eu saímos da sala. Eu estava decidida a perguntar aos membros do clube de basquete quando Ken puxou o meu braço.

— Sharena.

— Sim?

— Você conhece alguém do clube de basquete ou de jardinagem?

— Não.

— Nem eu. Como vamos saber quem são membros desses clubes?

Meu cérebro travou por alguns segundos. Mas que porcaria! Você é um gênio Sharena! Gênio com J, só se for. Voltei à sala do grêmio, eu abri a porta com tanta força que acabou batendo na parede. Ops...

— Você conhece os membros do clube de basquete? – Perguntei sem graça.

Nathaniel nos olhava como se fôssemos de outro planeta, mas depois desatou a rir. Eu estava morrendo de vergonha pela cena, mas não impediu com que eu e Ken nos entreolhássemos, mas ao olhar meu amigo, ele também estava rindo.

— Desculpe. – Disse o representante. – Eu não consegui evitar.

— E ele fez uma cara tão engraçada que eu também comecei a rir. – Contou meu amigo.

— Pelo visto as coisas vão ficar mais divertidas com vocês dois.

— Pode apostar. Minha amiga é muito dramática.

— Eu não sou dramática! – Respondi cruzando os braços e batendo o pé.

Os dois desataram a rir de novo, dessa vez da minha cara. Eu fico com uma cara muito estranha quando finjo que estou brava, palavras da Calien. Ela até tirou uma foto uma vez e me recuso acreditar que aquela era a minha cara.

— Já que os dois viraram amiguinhos, podemos voltar ao foco?

— Claro. – Respondeu o representante limpando a garganta. – O que vocês precisam saber?

— Quem faz parte dos clubes de jardinagem e basquete. – Ken respondeu prontamente.

— Ah, claro. – Ele sorriu. – A Iris faz parte do clube de música, mas às vezes ela ajuda o clube de jardinagem. Ela é da nossa sala, é uma ruiva de trança.

— Eu sei quem é. Eu a conheci ontem e me pareceu uma garota legal.

— Você também?! – Perguntei surpresa.

— Sim, foi antes de te encontrar.

— Já o Castiel faz parte do clube de basquete.

— Aquele ruivo tingido e mal-humorado?!

Não vou negar que fiquei surpresa e talvez de boca aberta. Os dois começaram a rir novamente. Eu devo ter cara de palhaça, não é possível!

— Pelo visto você já o conhece. – Apressou-se a dizer Nathaniel. – É ele mesmo.

— Está bem, obrigada.

Ken e eu saímos da sala e começamos a perambular pelos corredores.

— Ele é bem legal, não acha, Sharena?

— O Nathaniel? Sim, ele me parece ser bem responsável.

— E tem senso de humor.

— Se você considera rir da minha cara senso de humor, vocês dois têm um péssimo senso de humor. – Ele riu.

— Eu vou procurar a Iris. Boa sorte com o Castiel.

— Certo, se encontrar o clube de basquete antes de mim, me avise. A gente se vê depois.

Nos separamos e eu fui atrás do tal Castiel. Eu acho que o vi no pátio algumas vezes, acho que vou começar por lá. Claro que me perdi pelos corredores algumas vezes até encontrar a saída, mas isso é só um detalhe. Ao sair do prédio, vi quem estava procurando. Ele estava jogado em algum banco sem fazer nada. Respirei fundo antes de me aproximar.

— Oi, Castiel.

— O que você quer?

— Só vim saber se você sabe onde fica o clube de basquete.

— Sei.

— Pode me mostrar?

— Não.

— Por favor!

— Não é difícil achar.

— Pois bem, eu vou achar esse maldito clube sem a sua ajuda!

Voltei para dentro da escola determinada a encontrar o tal clube. Procurei pela escola inteira. Encontrei o laboratório de ciências, o clube de música, o clube de literatura, a biblioteca, mas nada de clube de basquete. Rodei por todos os corredores que nem uma barata tonta, mas nada. Acabei voltando para o pátio com a cabeça baixa.

— Ora, vejam quem voltou. – Zombou Castiel. – Conseguiu achar o clube de basquete? – Neguei com a cabeça sem levantá-la. – Fica no ginásio, à esquerda. Você acharia facilmente sozinha se usasse um pouco mais a cabeça. Vamos.

No ginásio?! Caramba, como eu sou burra! Como não pensei nisso antes?! Caramba, que raiva! Não me restou alternativa a não ser segui-lo até o ginásio.

— Sabe o que é para fazer?

— Não tenho ideia.

— A administração também não ajuda. Mandam uma novata para o clube sem dar informações.

— Então, o que a gente faz além de ficar olhando um para a cara do outro?

— Os caras vivem reclamando de bolas perdidas. Você pode procurá-las.

— Estamos falando de quantas bolas?

— Cinco.

— Acho que vi algumas no pátio.

— Então, o que está esperando?

Voltei ao pátio para procurar as bolas. Achei duas nos arbustos e uma na árvore. Como é que vou pegar aquela? Está muito alta e para completar eu sou baixinha.

— Sharena, o que você está fazendo?

— Ah, oi Ken. Estava pensando em como pegar aquela bola. Eu preciso recuperá-las para o clube de basquete.

— Entendi. Você pode me ajudar com uma tarefa do meu clube?

— Claro, do que você precisa?

Nós andamos até o clube de jardinagem, que por sinal fica do lado oposto ao clube de basquete. O lugar era lindo. Havia alguns bancos, uma estufa e muitas flores. Fiquei tão maravilhada que não sabia para onde ia. Acabei tropeçando e dando de cara no chão, mas dessa vez não foi na Brigite.

Fui ver no que tinha tropeçado, mesmo que fosse uma pedra. Era um cristal muito bonito de cor azul. Ele emanava um fraco brilho da mesma cor. Eu estiquei a minha mão para pegá-lo, foi quando a luz se intensificou, mas não a ponto de incomodar meus olhos. Uma estranha corrente se formou do nada prendendo o cristal ao meu pescoço, como se fosse um colar. Uma estranha fumaça se materializou formando a palavra tranquilidade, mas da mesma forma que surgiu, ela sumiu. Fique atônita tentando entender o que acabara de acontecer.

— Sharena?

— Ken! Você viu...?!

— Respira primeiro. O que foi que aconteceu?

— Eu caí aí tinha um cristal e depois ele começou a brilhar! Esse cristal aqui! – Falei puxando a peça para que ele visse.

— Tem certeza de que está bem? Você não está falando coisa com coisa.

— A luz, tinha uma luz azul aqui. Você viu?

— Eu acho que sim, mas não era o seu celular?

— Deixa para lá. O que você precisa fazer mesmo?

— Eu preciso levar as margaridas para uma das salas de aula e a figueira para a sala dos representantes.

— Só isso?

— Eu não consigo carregar a figueira sozinho.

Ken e eu pegamos a figueira um de cada lado. Realmente, ela era pesada demais para uma pessoa só carregar. Seria bom se tivesse algo para facilitar nosso trabalho, sei lá, qualquer coisa que pudesse deixar o vaso mais leve. É impressão minha ou esse vaso não está tão pesado assim.

— Sharena...!

A voz trêmula de Ken me tirou dos meus pensamentos. Quando vi, o vaso estava flutuando. O cristal que tinha achado mais cedo brilhava e projetava-se a minha frente, como se ele fosse o responsável por aquilo. Era para eu estar tão assustada quanto o meu amigo, mas não, muito pelo contrário, uma estranha calma me invadiu.

— Sharena, o que você está fazendo?

— Eu não sei! Acho que é esse cristal! Ele deve ser mágico ou algo assim.

Um pânico me invadiu assim que pensei que alguém poderia ver aquilo. O vaso despencou da altura que estava, mas por questão de reflexo, Ken e eu conseguimos agarrá-lo. Nós o levamos para a sala dos representantes imediatamente.

— Acha que magia existe?

— Ken, essas coisas só existem em contos de fada.

— Mesmo? Então como você explica o que aconteceu?

— Eu não sei.

— O que vocês dois estão fazendo?!

Nathaniel apareceu na porta, ele parecia desesperado.

— Que tipo de planta é essa?!

— Calma, é só uma figueira. – Eu disse tentando acalmá-lo. – O clube de jardinagem mandou que a colocássemos aqui.

— Uma figueira?

Ele olhou a planta melhor e de repente ficou extremamente aliviado. Ele nos olhou envergonhado.

— Desculpem-me, eu achei que fosse outro tipo de planta. Eu sou alérgico a pólen.

— Não precisa se explicar. – Disse Ken. – Alergia é coisa séria. Acho que ficaríamos da mesma forma.

— Obrigado por compreenderem.

Saímos da sala sem dizer nada. Ainda tínhamos coisas para fazer e eu ainda tinha que encontrar as porcarias daquelas bolas.

— Eu vou colocar as margaridas na sala. Acho que posso levá-las sozinho.

— Certo. Eu vou terminar de procurar as bolas e descobrir como pegar aquela bola na árvore.

— Shay, você consegue encontrar as bolas com magia? Afinal, você levantou aquele vaso.

— Não fui eu, foi esse cristal. E eu não tenho ideia de como fazer para funcionar.

— Ao menos tente.

— Você sabe onde estão as bolas de basquete?

Feixes de luz azul saíram do objeto, traçando uma trajetória no ar. Uma das bolas estava perto dos armários, a outra dentro de uma das salas e a última no pátio. Deveria ser a da árvore. Antes de mais nada, escondi o cristal dentro da blusa e peguei a bola que estava no corredor.

— Viu só?

— Ken, é melhor mantermos isso em segredo, está bem? Ninguém vai acreditar e bem, eu também não quero passar por doida.

— Mas vamos contar para a Caly, não vamos? Ela sabe guardar segredo.

— E é a minha melhor amiga. Podemos contar para ela por mensagem.

— Quer explorar Amoris comigo depois da escola? Assim podemos conhecer a cidade melhor.

— Claro!

Nos separamos para terminar de cumprir as nossas tarefas. Já tinha resgatado todas as bolas menos a da árvore. Estava alta demais para eu pegar. Foi então que eu tive a brilhante ideia de empurrar um banco próximo da árvore, subir no encosto dele e escalar a árvore atrás da bola. Consegui pegar a bola, mas me desequilibrei e caí da árvore. Só tive tempo de fechar os olhos e gritar. Algo amorteceu a minha queda.

— Você está bem?

Quando dei por mim, eu tinha caído em cima de um cara lindo, o garoto mais lindo que já vi na minha vida. Ele tinha a pele alva, o cabelo branco jogado para o lado com as pontas tingidas de preto, mas o que me chamou atenção foram seus olhos, os mais bonitos que já vi. Um deles era amarelo e o outro verde da família do verde-água. Uma rara e bela heterocromia.

— Precisa ir à a enfermaria?

— Não, eu estou bem. Eu te machuquei?

— Estou bem.

Ele se levantou do chão e então eu notei que ele era mais alto do que imaginava, mas o que realmente chamou a minha atenção foram suas roupas. Elas deviam ser do século retrasado. Não que isso fosse ruim, pois as roupas lhe caíam muito bem. O garoto estendeu a mão para que eu me levantasse. Ao segurar a mão dele, senti como se uma corrente elétrica tivesse passado pelo meu corpo. Rapidamente soltei a mão dele.

— Obrigada.

— Tome cuidado ao escalar as árvores.

— Vou tomar, obrigada de novo e me desculpe. Eu não sabia que você estava aí.

— Acontece.

— Mais uma vez muito obrigada.

Ele se afastou e entrou no colégio. Eu tive que voltar à realidade e devolver a última bola perdida. Castiel estava lá.

— Ouvi um grito. Por acaso se assustou com alguma joaninha ou algo assim?

— HAHA, muito engraçado. E para a sua informação, eu acabei de cair de uma árvore.

— O que você estava fazendo em uma árvore? – Ele parecia surpreso.

— Recuperando a bola, ué.

— Você ficou louca?! Poderia ter se machucado! Se bem que está bem inteira para quem acabou de cair de uma árvore.

— Alguém amorteceu minha queda quando eu caí.

— É mesmo?

— É verdade!

— De qualquer forma, as aulas acabaram. Você vem?

Eu saí do ginásio. Esperei Ken no pátio para podermos dar uma volta na cidade. Contei a ele o que tinha acontecido.

— Nossa, isso foi perigoso!

— Eu sei.

— Você caiu em cima de quem?

— Bem...

— Você perguntou o nome dele, não é?

— Não.

Porra, Sharena! Como você caiu em cima de um cara, conversa com ele e não pergunta o nome?! AAAAAHHHHH! Que raiva! E o pior, eu ainda tenho que admitir isso para o meu amigo com uma bela cara de bunda!

— Como é que você se esqueceu de perguntar o nome dele?!

— Eu não sei!

— Meu Deus, Sharena!

— Por que essas coisas sempre acontecem comigo?!

— Anime-se. Ao menos você sabe como ele é.

— Verdade! Eu posso procurá-lo amanhã.

Nos despedimos e fomos almoçar em nossas casas. Combinamos de nos encontrarmos em frente à escola depois do almoço. Nós andamos por aquela parte de Amoris, olhamos as vitrines das lojas e terminamos no parque perto da minha casa. Ele estava mais vazio naquele horário.

— Shay, está com o cristal?

Eu nem me lembrei de tirá-lo do pescoço. Toquei nele, mostrando ao Ken que estava comigo.

— Por quê?

— Você poderia ver o que ele pode fazer, né? Não é todo dia que encontramos um objeto mágico.

— Tipo o que?

— Você levantou o vaso. Tente levantar aquele banco.

Vendo que ele iria insistir nisso, eu tentei, mas o banco não se moveu. Iria desistir na segunda vez, afinal não sabia o que tinha feito para levantar o vaso. Ken sugeriu que refizéssemos os passos. Nós seguramos o banco, mas nada. Essa porcaria bem que poderia voar e.... NÃO É QUE ESTÁ VOANDO MESMO?!

— Sharena, o que você fez?!

— Eu não sei! Eu não queria que voasse!

O banco parou de voar no mesmo instante e caiu no chão com um baque. Ken e eu nos entreolhamos e saímos correndo.


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