Antes do para sempre escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Dá para acreditar que hoje completa um mês que postei a história? Estou muito feliz por isso!



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Quando marco seis meses, eu me sinto como se estivesse carregando uma melancia. Mas de uma forma positiva. Estou bem. Acordei antes de Peeta e preparei o café. Comi metade de tudo, mas ele nem ligou, só tirou uma foto minha com um pote de mel na metade, pois comi o resto com pão doce e maçãs que ele trouxe ontem. Ficou uma foto engraçada para o nosso livro de memórias, que voltamos a preencher com os avanços da gravidez. Semana passada ele fez encomenda da Capital para mais papel e polaroids.

— Delly disse que você pode me ajudar em uma coisa — comento com Peeta, antes dele sair para trabalhar. Ele está com os braços mais definidos, porque voltou a fazer mais exercícios junto comigo, pois estamos acompanhando alguns programas para pais de primeira viagem. Vimos que ajuda muito praticar exercícios, pois isso requererá de nós muita energia, é claro. Descobri que gosto de pilates. 

 

 

— No que seria, meu bem? — pergunta, calçando suas meias, e sorrindo para mim. Sorrio de volta. 

— Ela disse que você pode me segurar por trás.

— Se eu pegar você por trás eu terei outras intenções em mente… — e pisca maliciosamente, se apoiando nos cotovelos, para se inclinar na minha direção na bancada, insinuando baixaria e indecência às 7:30 da manhã. Mas é impossível não rir. — Vai, fala.

— Ela disse que é para você segurar o peso da minha barriga, ajuda muito — explico.

— Quer que eu faça agora? — nego, o tranquilizando.

— Não estou preocupada, hoje só estou me sentindo um pouco pesada, mas não incomodada. Relaxa… só comi demais no café — assente, vendo eu ir me deitar novamente. Estou sem sutiã, apenas com uma blusa bem leve, já que os dias têm estado mais frescos, pela manhã. — Vou querer para sempre esses peitos.

Anuncio, segurando os citados com as mãos. Já aumentei dois números, mas estou amando. Acho que mais duas semanas e vou para mais um número de sutiã.

— Vou amar eles de qualquer forma desde que eu possa beijar e contemplar, mas devo dizer que apoio você sempre estar grávida para tê-los assim — dou uma outra risada sincera, o acertando com um chute de brincadeira. — Seus pés estão doendo?

Suspiro, e mesmo com um sorriso ainda no rosto, assinto que sim.

— E ainda tem mais 4 meses! — fiquei apavorada quando a médica me informou que na verdade são 10 meses de gravidez no total, já que é comum o bebê nascer com 38, 39 semanas.

— Estão inchados. Antes de ir, vou fazer uma massagem, já que estou adiantado para hoje mesmo — não gosto de incomodar, mas concordo. 

Quando começa a massagear meus pés, solto um enorme gemido de alívio, me jogando no sofá, e ele ri. Butter aparece para subir em cima da minha barriga e ficar encarando ele.

— Relaxa, Butter, estou apenas cuidando da sua mãe, já que você não liga mais para mim! — ele brinca com a gata que pouco liga e ronrona enquanto faz movimentos de amassar pãozinho na minha barriga. — O bebê está chutando?

— Um monte. Temos que aceitar que é possível que Butter ame nosso bebê mais do que nós dois — brinco, mas é verdade. Quando Peeta termina de fazer a massagem, sei que está em cima da hora. Mas ele não deixa de fazer o que faz todos os dias.

Me beija, diz que logo estará em casa e qualquer coisa é só avisar. Afaga a cabeça de Butter e faz um carinho doce na minha barriga.

Antes da gravidez, eu saía para caçar, ou ficava um dia até três fora, em uma árvore, apenas para aproveitar o silêncio. Mas hoje estou com bastante energia, ainda mais depois da massagem de Peeta em meus pés.

Suspiro, prendendo a respiração, observando minha barriga. Solto poucos segundos depois, com medo de acontecer algo. Ponho as duas mãos nos pés da minha barriga, e fico fazendo carinho, sentindo o bebê chutar.

— Você poderia parar de mistério e dizer se é menina ou menino — digo, pois descobrimos que o bebê já pode nos escutar. Peeta me faz ficar na cozinha e ir contando receitas do que ele prepara. Não sei se é uma indireta para mim, mas eu gosto de ouvir mesmo assim. O bebê também, porque às vezes está se mexendo e então para, na intenção de escutá-lo. Todas as vezes que eu e ele conversamos o bebê parece entender e parar para nos ouvir.

Desço depois de um banho quente, fechando algumas janelas que Peeta deixa abertas. Tudo correndo bem dentro do esperado. Começo a varrer com calma a sala, sendo seguida por Butter, a única responsável por deixar a casa suja ao ponto de precisarmos varrer todos os dias. Estou cantarolando uma música antiga de dança alegre e dançando na ponta dos pés quando a televisão liga automaticamente com o símbolo da Capital. Sinto vontade de vomitar na mesma hora, então preciso me sentar e assistir.

Paylor aparece, bem vestida, ao lado de Gale e Enobaria, no memorial construído para as vítimas. Começo a sentir falta de ar, pois a câmera passa por uma foto em destaque de Prim, logo em seguida de Finnick no hall construído. Minhas pernas começam a tremer involuntariamente.

Hoje celebramos, como sempre fazemos anualmente, o fim dos Jogos Vorazes. Queremos fazer uma homenagem aos sobreviventes, tendo nesse ano algo para celebrar, a gravidez de — desligo antes que termine, pois a falta de ar fica mais forte.

Peeta. Onde está Peeta? 

Não consigo raciocinar direito, começo a soluçar, angustiada. Butter mia alto, deitando em meu colo, mas a ajuda que me dá é apenas uma pequena porcentagem. Abraço a gata, que não se incomoda com meu aperto, parece entender, mas logo a solto para não machucá-la.

Fico de joelhos, depois coloco as mãos no chão, até chegar no telefone da cozinha. Começo a sentir contrações musculares, é inexplicável. Dou um grito, mas sai esganiçado por conta do choro.

Resolvo parar, ficando apenas com os joelhos no chão, tentando ficar com a coluna reta e cubro meu rosto com minhas mãos. Soluço. Soluço de novo. Sinto Butter passar seu rabo em meu braço, mas não enxergo nada. Dou outro grito, cheio de dor, em pânico, até que do nada sinto braços ao meu redor. O cheiro de Haymitch é confortável no meio de todo o caos.

Grito de novo, sem sentir, chorando muito como há um bom tempo eu não fazia, segurando seus braços que me apertam por trás. Quando Hazelle me contou que todos sabiam, porque havia sido anunciado, eu entrei em desassociação, mas agora estou sentindo tudo intensamente.

— Eu sei, eu sei… pode chorar, está tudo bem. Está tudo bem, você está bem — murmura, e sinto que está tremendo também. 

Eu grito, tremo, soluço, é uma dor insuportável no meu peito, no meu corpo. Dura mais de quinze minutos a crise. Sei que Delly no meio precisou me segurar pelas coxas, enquanto Haymitch me segurava firme pelos ombros para me manter de uma forma que eu não me machucasse.

Sinto que meus olhos estão vermelhos, assim como meu rosto, uma completa desordem. Eu quero simplesmente sumir, morrer, desaparecer, e levar comigo todas essas angústias para o buraco mais fundo que eu conseguir encontrar. Até que o cansaço me vence, e eu simplesmente desmaio.

[…]

Escuto a voz de duas crianças. Então escuto a voz de Delly. E a voz de Peeta. E a voz de Haymitch. Também a voz da minha médica. Alguém fala o nome da minha mãe.

— Tio Peeta, a tia acabou de acordar, olha os olhinhos dela! Estão até azuis pela luz — Ângelo diz. Posso escutar a movimentação no quarto de hóspedes do primeiro andar na minha casa. Me dou conta que meus olhos estão um pouco abertos, e posso ver dois filhos de Delly no chão, pintando com Peeta.

— Katniss? — ele chama, vindo para o meu lado. Percebo que estou coberta com o cobertor, além de bem posicionada. Certamente Peeta veio correndo e me colocou aqui. — Que bom que você acordou. Apagou por oito horas.

Sinto um refluxo, felizmente ele está preparado, me ajudando a sentar, deixando um balde na minha mão, e coloco para fora o meu café da manhã inteiro. 

— Eu vomitei assim semana passada, o Ângelo também. A gente não tem nojo não, ta, tia? — Henry diz, me olhando, com um lápis de cor na mão. — Mamãe pega água para a gente. Vamos lá, Ângelo. Vamos pegar para a tia Kat.

Os dois meninos saem, então sinto vontade de chorar. Peeta sorri, se inclinando para beijar o alto da minha cabeça.

— No que você está pensando? — pergunta, em um sussurro. 

— Em como eu só queria desaparecer  — respondo, infeliz. Ele franze o cenho. Não era o que ele esperava ouvir. — Sinto muito, foi demais para mim. Ver Gale, Enobaria, então a foto de Prim e Finnick, eu me esqueci completamente.

Sinto outro refluxo mas não me inclino porque não tem mais o que vomitar, então apenas prendo a respiração e descanso a cabeça no encosto do sofá.

— Eu também não me lembrei — responde. — Me perdoa por não ter estado aqui quando você precisou.

Balanço a cabeça.

— Peeta, você não é onipresente, e nem deveria tentar ser. Haymitch e Delly estavam aqui. E você chegou logo depois, não foi? — assentiu, com uma expressão pesada, em conflito. — Desfaz esse cenho. Você só deve ter quando está pintando ou fazendo um doce gostoso.

Brinco, mesmo no meio de tanto caos e bagunça interna. Toco com o polegar entre suas sobrancelhas, e ele dá um pequeno sorriso torto.

— Ainda estamos novos o suficiente para não termos rugas — brinco de novo, tocando com meu indicador na sua bochecha, e aí ele dá um sorriso maior e mais sincero. — Eu vou ficar bem.

— A sua médica veio, ela estava quase saindo da padaria na hora em que eu recebi a ligação de Delly e pude te ouvir gritando do outro lado. 

— Obrigada por ter chamado. Eu esqueci por um momento que eu estou grávida — digo, muito sincera. Isso parece ter parecido realmente sincero pois ele ri, descansando seu queixo sobre a minha cabeça, me abraçando apertado, depois de colocar o balde no chão. 

Então percebo que ele está chorando. Sinto pela sua respiração um pouco mais acelerada. Ninguém entra no cômodo, mesmo com a porta entreaberta.

— Por favor, não faz isso de novo, Katniss. Você precisa dizer quando estiver se sentindo sobrecarregada — fala, em um fio de voz, o mais contido possível para que eu não perceba a voz embargada. Ele é a pessoa mais forte e resiliente que eu conheço.

— Eu não sabia até ter a crise de pânico, prometo para você — confesso, o abraçando bem apertado, me posicionando de uma forma que eu sinta e possa escutar sem coração, batendo ritmado em seu peito. Coloco uma de suas mãos na minha barriga para demonstrar que está tudo bem. — As coisas são simples, até que de repente não são mais. Você sabe.

Suspira profundamente, assentindo.

Com dois toques, a doutora entra, junto com Delly, que leva o balde embora, aparecendo momentos depois com uma cartela de chicletes de menta. Agradeço com os olhos e ela sorri, bem gentil. 

A médica verifica minha pressão, insulina, batimentos, e usa um ultrassom portátil, assim como o que temos em casa.

— Esse bebê virá para os seus braços forte como você, é o que eu sempre digo e reforço — ela diz, sorrindo, mostrando as imagens. É possível ver o corpo todo desenvolvido, me enchendo de alegria. — Nesse período da gestação, é comum sentir energia. Vou tornar obrigatório ficar no sol por duas horas. Pode distribuir entre as primeiras horas da manhã ou as últimas da tarde, desde que pegue. É bom que vocês comecem a fazer o quarto do bebê, porque daqui em diante as coisas podem ficar mais difíceis quando entrar no terceiro trimestre.

Assinto. Peeta retornou para uma expressão conflituosa, o que me deixa desassossegada. Então ele pede licença e sai, me deixando sozinha com a médica.

— O que aconteceu, Katniss? — ela se senta em uma cadeira próxima, enquanto eu tiro o gel chato da minha barriga.

Conto exatamente sobre minha manhã e os acontecimentos, além do que confessei para Peeta.

— Você pensa em morrer? — assinto. 

— Não é recorrente. É tipo, estou vivendo bem a minha vida. Então vejo uma prímula e fico melancólica, mas positivamente. Em outro dia, como hoje, vejo a foto Prim e desejo simplesmente que algo terrível me aconteça e eu deixe de viver. Gosto da minha vida, embora sinta falta de ir na floresta, há uma constante angústia e medo me cercando cada vez mais. Como se eu estivesse ficando sem tempo.

Escuta atentamente, fazendo pequenas notas. 

— Acredito que seja melhor que você fique na companhia de alguém sempre que possível, pelo menos até o final desse mês. Ligue para seu psiquiatra também, o doutor Aurelius. É possível que você tenha gatilhos, e até conseguir lidar com eles nesse período hormonal, é bom que esteja com alguém. Sei o quanto é reservada e —

— Concordo. 

Corto sua fala, entendendo o que quer dizer. Eu não posso ficar sozinha. Isso a surpreende.

— Se Haymitch não tivesse me ouvido e chamado Delly, eu não sei o que teria sido de mim. Preciso mesmo não ficar tão sozinha. Minha mãe esteve com Annie aqui em casa por dois dias na semana passada, foi ótimo, eu não pensei negativamente sobre muitas coisas, mesmo falando sobre… — minha voz some, pois o choro volta com força. A médica apenas assente, sabendo sobre quem me refiro. — Eu não queria que fosse assim. Queria que fosse mais simples! Mas… 

Ela me abraça, assentindo novamente. Aceito o abraço e continuo chorando.

Me passa algumas instruções, além de conversar longe de mim com Peeta, Haymitch e Delly. Ninguém me olha como se eu fosse um fardo. Mas percebo um ar tenso entre as pessoas, o que me incomoda.

— Docinho, você recebeu uma carta — Haymitch quem quebra o gelo, enquanto como uma sopa de abóbora com frango grelhado em pequenos pedaços. 

Haymitch! — Delly exclama, acertando um tapa inofensivo nele apenas porque está na frente das crianças.

— Vocês sabem que é melhor dar a notícia de uma vez! A médica dela falou! — Haymitch aponta o dedo para Peeta, que respira fundo, cobrindo o rosto, com os cotovelos na mesa. Sinto o bebê mexer, então coloco as mãos na altura do umbigo, olhando para baixo. Suspiro, e o bebê mexe mais, me causando enjoo.

— Acho melhor resolvermos isso depois… — Peeta tenta mediar, então começa uma discussão entre ele, Haymitch e Delly. Angelo me olha, ao mesmo tempo que Henry, sendo um alívio cômico na cena de guerra. 

— Tia, posso comer mais um pãozinho? — Henry sussurra, segurando meu braço. Dou um pequeno sorriso, passando o pão com queijo por cima para ele. Percebo os dedinhos de Angelo se articulando para pegar um pedaço também, então passo um para ele também e aperto um pouco o indicador na boca, para que eles não contem sobre isso. Os dois dividem uma risadinha, e comem rápido, junto com a sopa.

Mas a discussão entre os três adultos se torna maior, e me tira do sério de uma vez.

— Cadê a carta? — pergunto, jogando com raiva a colher no meu prato. Todos me olham. — Eu vou ler agora. Cadê?

Na sala! — gritam ao mesmo tempo, e eu suspiro, revirando os olhos, levantando para ir buscar. 

Então, leio o nome de quem me enviou: é uma carta de Gale.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥️



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