Revolting Child escrita por SnowShy


Capítulo 11
Tal Mãe, Tal Filha


Notas iniciais do capítulo

Oiê! Aqui estamos com o último capítulo da temporada. Antes de vcs lerem, eu queria avisar que ele é descaradamente inspirado na série Gilmore Girls. Na verdade, eu já me inspirei nessa série em vários outros momentos da fanfic, ainda que sem querer, pq, além de ser a minha série preferida, ela sobre uma mãe solteira e uma filha e eu tô assistindo pela nona vez, então era impossível não ter nada dela aqui! Hahaha. Mas enfim, no capítulo a seguir a inspiração foi totalmente proposital, por isso eu achei necessário avisar :)
Boa leitura!



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Depois da conversa sincera que tiveram, tudo estava indo bem entre as meninas Beauregarde. Tão bem que Violet percebeu que a vida que tinham antes da visita à Fantástica Fábrica de Chocolate não era tão perfeita quanto ela pensava. Agora, a menina não precisava ganhar um troféu ou uma medalha de ouro pra receber o carinho da mãe. E também sabia que não precisava ser uma filha perfeita. Assim, acabou sendo mais fácil pra ela se comportar do que pensava que seria, pois finalmente estava entendo o porquê da "mudança de regras" da mãe e vendo que era muito melhor viver como viviam agora do que antes.

A única coisa que Violet não suportava era arrumar o quarto. Isso ela não fazia nem quando era "perfeita". Geralmente era a própria Scarlett quem arrumava, ou então contratava uma faxineira nas épocas em que ela e a filha ficavam muito ocupadas se preparando pra uma competição importante. Apesar de sempre ter ouvido da mãe que podia se perder na bagunça do quarto, Violet nunca se perdia e também nunca perdia nada lá. Ela não via sentido em arrumar o quarto, principalmente em arrumar a cama. Pra que arrumar se na noite seguinte a gente vai dormir e bagunçar tudo de novo? Enfim, a única parte que Violet gostava era de limpar os troféus das prateleiras.

Mesmo não sentindo mais a necessidade de ser a melhor em tudo, a menina ainda queria voltar a ser atleta porque realmente gostava de esportes, então, quando se tratava de arrumar o quarto, ela precisava pensar na recompensa de voltar a competir depois do prazo de 1 ano estipulado por sua mãe pra ficar motivada. O acordo que fizeram foi que Violet devia fazer a cama todos os dias e limpar o quarto uma vez por semana. E enquanto fazia essas coisas chatas, a menina ficava tentando escolher um esporte para competir. Era tão difícil! Cada dia ela escolhia um diferente. Mas tudo bem, ainda tinha muito tempo pra decidir. E estava feliz em apenas aproveitar as férias com a mãe por enquanto. Mesmo com as obrigações, todo dia elas faziam alguma coisa divertida.

Porém, um tempo depois, a Srta. Beauregarde começou a ficar nervosa. Isso aconteceu porque Violet não era a única que já tinha achado difícil ser uma "filha perfeita": Scarlett tinha a infelicidade de achar que nunca em sua vida tinha conseguido dar orgulho aos pais. E estes telefonaram para convidar a ela e a neta para um almoço no dia 4 de julho. Eles estavam com saudade. Geralmente, só viam as duas nos feriados, o que já era bem pouco, mas, naquele ano, eles não tinham visto elas nenhuma vez, a última tinha sido no Natal do ano anterior!

Scarlett não tinha tido coragem de encarar os pais depois que admitiu para si mesma que havia errado na criação de Violet. E depois que a menina ficou toda revoltada, aí é que ela não teve mesmo vontade de ver os pais! Era orgulhosa e não queria mostrar que havia falhado. Mas, principalmente, não queria decepcioná-los de novo. O lado bom é que agora as coisas já estavam melhorando, então foi o melhor momento possível pra eles terem entrado em contato. Eles não precisavam ficar sabendo de tudo que havia acontecido nos últimos meses, né? Só do principal: que Violet não estava competindo há um tempo, não estava mascando chiclete (hábito que sua avó achava repulsivo) e que Scarlett havia conseguido um emprego normal ao invés de empresária da filha, algo que seus pais sempre quiseram que acontecesse.

Mesmo assim, a mulher estava nervosa. Não tinha jeito, ela sempre ficava nervosa quando ia ver os pais. Era sempre tenso quando se encontravam... principalmente por causa de sua mãe. 

— Mamãe, você acha que a vovó vai ficar feliz se eu for com a boina que ela me deu? — Perguntou Violet com a boina vermelha na mão.

A menina usava um vestidinho azul que tinha achado ridículo, mas era sempre obrigada a usar vestido quando visitava os avós porque a avó desaprovava muito as manias "pouco femininas" dela. Porém, ao contrário das outras vezes, Violet não reclamou do vestido, já que estava tentando se comportar. Preferiu pensar no fato de que, pelo menos, ele era da sua cor preferida. Além disso, em todos os outros dias ela podia usar suas roupinhas coloridas e customizadas, que tinham bem mais a ver com ela e com as quais sua mãe já tinha se acostumado e deixado de implicar.

— Eu acho que tá muito calor pra você usar essa boina. — Scarlett respondeu.

Violet achou melhor usar mesmo assim. Sua avó era muito chata, então, se pudesse fazer qualquer coisa para deixá-la com um humor menos pior, ela ia fazer. 

— Lembra que na última vez que a gente foi pra lá você ficou plantando bananeira? — Disse a mãe da menina.

Violet abriu um sorriso e respondeu:

— Claro que lembro! Eu consegui ficar 3 horas seguidas de cabeça pra baixo, foi um recorde!

— É, foi um recorde de sangue na sua cabeça e mãe e avós preocupados, isso sim! Mas agora, lembre-se que, além disso ser perigoso, você tá de vestido, então nada de plantar bananeira, virar estrelinha, nem fazer nada que faça a sua calcinha aparecer!

— Ai, mãe! Eu tô usando short por baixo do vestido, a minha calcinha não vai aparecer.

Scarlett lançou um olhar ameaçador pra filha, que, lembrando que estava tentando ser uma boa menina, falou:

— Tá bom, eu não fico de cabeça pra baixo! Vou ficar quietinha e sentar que nem moça.

— Melhor assim! E sabe de uma coisa? É melhor mesmo você ir com essa boina.

Violet, que já tinha colocado a boina na cabeça, sorriu. Gostou que sua ideia tivesse sido aprovada.

***

Rosette e Leonard Beauregarde moravam numa cidade pequena do interior do estado da Georgia. Levava umas 2 horas pra ir de Atlanta pra lá de carro, então, desde que se mudara para a capital, Scarlett usava a distância e a falta de tempo por causa do trabalho como desculpa para não ver os pais com frequência. Naquele dia elas demoraram ainda mais pra chegar por causa dos desfiles do Dia da Independência dos Estados Unidos, mas, ao chegarem na casa onde Scarlett havia crescido e onde Violet havia passado os primeiros anos de sua vida, foram recebidas com alegria. A avó da menina, que, assim como a filha e a neta, tinha cabelos loiros e curtos, não estava séria como sempre, mas sorridente, bem como seu marido. Este tinha olhos azuis e cabelos brancos que outrora também haviam sido loiros.

Violet deu um abraço em cada um dos avós e depois sua mãe fez o mesmo. Mas os abraços dela não eram espontâneos como os da filha, era como se Scarlett tivesse a obrigação de abraçar os pais por eles serem seus pais. Assim como tinha a obrigação de visitá-los. Ela se sentia até um pouco culpada por não ficar sempre morta de saudade e super feliz em vê-los, mas sua relação com a mãe sempre tinha sido muito complicada, e seu pai... bom, ela nunca tinha sido muito próxima dele porque o homem ficava o tempo todo trabalhando, mal parava em casa. Ele só deixou de ser assim depois que se aposentou, que foi na época em que Violet nasceu, então acabou ficando mais próximo da neta do que da filha.

Enfim, era difícil Scarlett se sentir à vontade perto deles, mas ela se esforçava. E, naquele dia em particular, a princípio, as coisas iam bem. O Sr. Beauregarde estava fazendo churrasco no quintal, onde havia uma mesa cheia de coisas gostosas: carne de porco, hambúrgueres, batatas fritas, cachorros-quentes... Scarlett provavelmente só comeria salada e um pouquinho de carne, mas não estava preocupada por Violet comer aquelas coisas gordurosas porque a menina continuava mantendo a alimentação saudável, então não tinha problema comer porcaria se fosse só de vez em quando.

Violet estava certa quanto à boina deixar sua avó feliz, pois esta nunca via a filha ou a neta usarem os presentes que dava a elas, então ficou bem contente. E ela e o marido também ficaram muito felizes em saber das mudanças positivas na vida das meninas.

Como Scarlett temia, sua mãe ficou com um ar de "eu disse!" ao ver que a filha tinha finalmente se dado conta de que a vida que havia escolhido para si e para Violet era péssima para ambas. Apesar disso, não foi tão difícil de Scarlett aguentar quanto imaginou que seria. Uns meses atrás, teria ficado enfurecida, seria capaz de gritar com a mãe naquele momento e apontar os defeitos na criação que ela própria teve, mas... Graças a Deus, a filha de Rosette estava bem menos orgulhosa, então não disse nada. Já tinha reconhecido seus erros e não precisava apontar os de ninguém. Scarlett estava decidida a não brigar naquele dia, estava cansada disso! Ainda mais depois de ter sentido na pele o que fazia sua mãe passar com essas brigas quando teve que aguentar a mesma coisa com Violet por meses...

Mas basta um erro na fala e a guerra se instala.

— Como tem sido o verão de vocês até agora? — Perguntou Leonard em determinado momento.

Violet estava se comportando direitinho, tomando cuidado pra não mastigar de boca aberta e não falar de boca cheia como costumava fazer anteriormente. Então, como havia acabado de engolir um pedaço de cachorro-quente quando ouviu a pergunta do avô, respondeu:

— Ótimo! Quer dizer... no começo foi horrível, mas agora tá tudo bem. 

De repente, um clima de tensão tomou conta do ambiente. Só então Violet percebeu que não devia ter dito o que disse. Mas ela não fez de propósito e os adultos sabiam, não a estavam culpando. O Sr. Beauregarde estava preocupado com o que teria acontecido no começo do verão, mas estava com receio de perguntar pois sabia que o clima certamente ficaria ainda mais pesado. Já a Sra. Beauregarde, estava pensando que, seja lá o que tivesse acontecido, a culpa era de Scarlett, que, por sua vez, mesmo não tendo coragem de encarar o olhar de julgamento no rosto da mãe, sabia exatamente o que ela pensava.

— Eu acho que vou à cozinha. — Disse Scarlett, se levantando. — Tá acabando o suco, eu vou lá buscar mais.

— Eu vou com você — disse Rosette com um tom bastante sério.

Violet acompanhou as duas com os olhos, apreensiva, até elas desaparecerem de sua visão ao entrarem na casa. A menina estava paralizada. O avô achou melhor tentar distraí-la, então perguntou se ela queria jogar dominó. A neta concordou e ele foi buscar o jogo.

 

De costas para a mãe, Scarlett pegava uma jarra de suco na geladeira enquanto a mais velha a enchia de perguntas e críticas.

— Eu sabia que era bom demais pra verdade! O que você fez dessa vez, hein? Aposto que forçou a menina a participar de novo daquelas competições de verão ridículas!

— Não foi nenhuma competição! — Respondeu a filha, agora pegando um copo para tomar o suco lá mesmo ao invés de voltar para o quintal. — A última vez que eu levei ela numa competição foi no dia 1° de fevereiro e eu me arrependi muito depois disso!

Scarlett começou a tomar o suco e a Sra. Beauregarde falou, indignada:

— Francamente, Scarlett! Você não sabe que é falta de educação ficar de costas quando alguém fala com você?

A filha deu um suspiro, se virou, colocou o copo e a jarra sobre a mesa e olhou pra mãe.

— Melhor assim. Agora você pode me explicar por que a minha neta disse que o início do verão foi horrível? Porque, pelo jeito como você ficou depois que ela falou, eu tenho certeza que não foi uma besteira qualquer!

— O que aconteceu foi que... — Scarlett hesitou um pouco, mas continuou — por mais que eu tenha tentado impedir isso desde que a Violet nasceu, parece que esse momento foi inevitável... Bom, ela passou a querer saber mais sobre o pai e... ela não queria que eu escondesse as coisas dela e eu também não queria mentir, então...

A Sra. Beauregarde estava chocada e confusa, mas não tinha mais o olhar de acusação para a filha, que, após outro suspiro, continuou:

— Ela acabou conseguindo entrar em contato com ele, que ficou agindo como se só tivesse ficado longe dela por minha causa, falou que queria recuperar o tempo perdido e sei lá mais o quê...

— Eu não acredito nisso! — Exclamou Rosette.

Então Scarlett deu uma resumida no que aconteceu em Los Angeles e, após ficar com muita raiva de Sam e muito triste por causa da neta, o olhar de acusação voltou para o rosto da Sra. Beauregarde, que disse:

— Eu sabia: a culpa foi toda sua!

Scarlett ficou indignada e respondeu, sarcasticamente:

— Eu acho que o Sam também tem um pouquinho de culpa nessa história...

— Violet não teria passado por nada disso se você simplesmente tivesse se casado!

— Como é??? Você acha mesmo que o cara que chispou quando soube que eu tava grávida devia ser o meu marido???

— Claro que não! Eu não estou falando do Sam, ele não presta e seu pai sempre foi contra o relacionamento de vocês, mas você teimava em ficar com ele até dar no que deu, né? Estou dizendo que você devia ter encontrado algum homem decente e se casado com ele. Se Violet tivesse uma figura paterna na vida dela, não ia ter necessidade de conhecer o pai biológico!

— Você fala como se casar fosse a coisa mais fácil do mundo!

O volume da voz das duas ia aumentando à medida que respondiam.

— É claro que pra você não vai ser fácil, você não suporta compromisso! Ao invés disso fica aí pulando de galho em galho... de homem em homem...

— Eu não fico pulando de homem em homem!

— A vida da minha neta não seria tão desequilibrada se ela tivesse uma família completa!

— ELA TEM UMA FAMÍLIA COMPLETA: EU! Eu sei que eu não sou perfeita e, sim, a vida dela pode ser um caos por minha causa, mas eu tô tentando mudar, tô fazendo o melhor que eu posso! Eu sempre cuidei dela sozinha e vai continuar sendo assim. Eu não vou ficar esperando que o homem perfeito pra ser o pai da Violet apareça magicamente e se apaixone por mim. Esse com certeza seria o único tipo de homem com quem eu me casaria, mas esse homem não existe e isso nunca vai acontecer! Então a senhora vai ter que aceitar de uma vez por todas que a sua neta só tem mãe e que eu sou tudo que ela precisa!

***

Pela primeira vez na vida, Violet não conseguia se concentrar num jogo. Não fazia ideia se estava perdendo ou não a partida de dominó. Rosette e Scarlett, por sua vez, não faziam ideia de que era possível ouvir sua briga do quintal.

— Isso é tudo culpa minha — disse a menina, deixando todas as peças na mesa e acabando oficialmente com o jogo. — Eu nunca devia ter ido conhecer o meu pai...

Violet já tinha entendido na terapia que não devia se culpar por tudo, mas era impossível não se sentir culpada naquele momento.

— Não diga isso, querida! O único culpado nessa história é o Sam Glockenberry. Ah, eu nunca gostei dos Glockenberry, foi ótimo eles terem saído da cidade!

Isso tinha sido alguns anos antes de Violet nascer, então ela não tinha conhecido os outros avós. E eles também não sabiam da existência dela, pois Sam não havia contado sobre a primeira filha nem pros próprios pais. Ele tinha medo que eles achassem que isso mancharia a reputação da família e provavelmente seria exatamente o que eles iam pensar se soubessem. Os Glockenberry se preocupavam muito em parecer uma família perfeita. Os Beauregarde também, mas a diferença era que todo mundo percebia que eles não eram uma família perfeita.

— Mas a mamãe e a vovó sempre brigam por minha causa. — Violet voltou a falar.

— Isso não é verdade! As brigam delas começaram muitos anos antes de você nascer, você não tem culpa nenhuma nisso, acredite!

Violet pensou um pouco e perguntou:

— Por que elas brigam tanto?

— Pra ser sincero, eu nunca soube...

E ele não sabia mesmo. As brigas constantes entre elas começaram quando Scarlett era adolescente e, nessa época, Leonard só se dava conta de que estava acontecendo alguma coisa depois que as duas já estavam semanas sem se falar. As únicas brigas em que ele se envolvia eram as que tinham a ver com Sam, mas nesses casos era geralmente o próprio Sr. Beauregarde quem começava.

Enfim, ele nunca sabia como agir em momentos como aquele. Se sentia mal por achar que talvez não tivesse cumprido bem o seu papel como pai... Mas achava que precisava fazer alguma coisa agora, pois não gostava de ver sua neta como estava.

Scarlett e Rosette voltaram para o quintal tentando fingir que nada tinha acontecido e falhando miseravelmente, pois, mesmo se não tivesse dado pra escutar nada da briga, suas expressões não mentiam. Violet se perguntou onde estaria o suco que sua mãe disse que ia trazer, mas imaginou que tivesse sido só uma desculpa pra ela sair da mesa. A Sra. Beauregarde acabou lembrando que precisava tirar a torta do forno e voltou para a cozinha, mas desta vez o marido foi atrás dela.

Scarlett voltou ao lugar onde estava sentada antes, ao lado de Violet, como se estivesse exausta. Olhou para as pecinhas de dominó sobre a mesa nos lugares onde antes estavam os pratos de sua filha e de seu pai e perguntou se eles tinham terminado de comer. A menina não queria dizer que tinha perdido a fome, nem que não tinha conseguido jogar; então falou o que realmente queria falar naquele momento:

 — Mamãe, você tá bem?

Scarlett, vendo que não conseguia esconder da filha como se sentia, apenas suspirou e disse:

— Eu vou ficar. — "Vou ficar assim que a gente sair dessa casa sufocante", pensou, mas não disse em voz alta.

Então foi surpreendida com um abraço da filha, que disse:

— Eu não quero que a gente fique brigando toda hora quando eu crescer!

Scarlett sorriu, ainda triste pelas coisas que sua mãe disse, mas grata pelo que ouviu da filha, e falou, retribuindo o abraço dela:

— Eu também não!

Então recebeu um beijo da menina.

Enquanto isso, Rosette tirava a sobremesa do forno e desabafava com o marido sobre o absurdo de Scarlett ter levado a filha pra conhecer Sam, certa de que Leonard ficaria com tanta raiva quanto ela, já que ele nunca gostou do ex-namorado da filha. Rosette não falava alto como quando estava com Scarlett, então esta e Violet não a ouviam, mas a senhora continuava com tanta raiva quanto antes.

— Como ela pode ser tão irresponsável? Ela é adulta, devia agir como tal!

— Rosette, eu acho que a Scarlett já ouviu o suficiente, aliás, todos nós! — Disse o Sr. Beauregarde. 

— Você... ouviu a minha conversa com ela?

— Sim, eu ouvi a briga de vocês, e a Violet também!

A Sra. Beauregarde, então, se sentiu culpada. Violet já devia ter ficado mal o suficiente por causa do pai e agora tinha tido que ouvir tudo aquilo... Além disso, Rosette achava que parte de seu discurso não era muito apropriado para os ouvidos de uma criança.

— Eu acho que você devia se desculpar com a nossa filha — Leonard continuou. — Ela estava tão bem nos contando sobre o novo emprego e o progresso da nossa neta... E elas nunca mais tinham vindo aqui, pra que perder tempo brigando por uma coisa que já passou ou por ela não ter um marido?

Assim como a filha, Rosette era bem orgulhosa e era difícil pra ela admitir quando estava errada. Então não respondeu, apenas disse que era melhor levar logo a torta antes que esfriasse.

Os dois voltaram para o quintal, onde Violet, que estava com um humor melhor depois que falou com a mãe, havia colocado as pecinhas de dominó em pé em fileiras para que elas caíssem uma por uma depois que ela derrubasse a primeira. Scarlett olhava o que a filha fazia sem se preocupar em repreendê-la, pois, sabendo que não tinha como agradar sua mãe de jeito nenhum, não se importava mais se Violet encontrasse algum tipo de diversão enquanto estavam presas naquela casa que Scarlett nunca havia considerado um lar.

— Opa! — Exclamou a menina ao ver que a avó não tinha como colocar a torta na mesa, e começou a tirar as pecinhas rapidamente. 

Acabou derrubando algumas no chão sem querer, mas sua mãe e seu avô a ajudaram a juntar todas e guardá-las no estojo de dominó. Por incrível que pareça, Rosette não disse nada e nem ficou de cara feia, apenas pôs a torta sobre a mesa.

— Que cheiro bom! — Exclamou Violet. — Mas não parece de torta de maçã...

Sua avó sempre fazia torta de maçã nessa data, por isso a menina estranhou.

— É porque esse ano eu fiz torta de amora azul. 

Violet arqueou as sobrancelhas e olhou pra mãe com um sorriso, enquanto esta também tinha as sobrancelhas arqueadas mas a testa franzida. As duas estavam pensando na mesma coisa: a torta de amora azul que fez Violet virar amora. Scarlett não conseguia entender como sua filha podia rir disso, mas enfim...

O Sr. e a Sra. Beauregarde não faziam ideia do que se passava na cabeça delas.

— Eu lembrei que a Violet gostava desse sabor... — Disse Rosette, duvidando se tinha sido uma boa ideia fazer outra torta naquele ano. — Ela não gosta?

Ela estava perguntando a Scarlett, mas quem respondeu foi a própria Violet:

— Claro que gosto, é o meu sabor favorito! Obrigada, vovó!

A avó de Violet voltou a agir de maneira mais agradável, o que deixou sua filha um pouco confusa, mas aliviada. Todos gostaram da torta e tiveram uma tarde tranquila, sem mais brigas.

Em um momento em que Violet estava no banheiro, Rosette chamou a filha para conversar e esta ficou logo apreensiva achando que acabariam retornando à discussão anterior. Porém, o que sua mãe queria era pedir desculpa. Não só pelo que havia dito naquele dia mas por geralmente só apontar os defeitos da filha ao invés de reparar quando ela fazia uma coisa boa.

— Eu acho que você está mudando pra melhor. E eu estou muito orgulhosa de você, filha!

Scarlett ficou emocionada e deu um abraço na mãe, agora com vontade. Seu pai, que estava lá perto, aproveitou pra dizer que também sentia orgulho dela e se desculpar por ter dado mais atenção ao trabalho do que à filha durante a infância dela. Então o Sr. Beauregarde também recebeu um abraço de Scarlett, que já não conseguia conter as lágrimas.

Aproveitando aquele momento de sinceridade, a filha resolveu se desculpar também, pois sabia que não era uma pessoa fácil de lidar. E acabou contando que, após tirar Violet das competições, a menina reagiu muito mal por um bom tempo, o que a fez perceber como devia ter sido difícil pra eles ter uma filha que nunca seguia as regras e não tinha consideração pelos sentimentos deles.

Os avós da menina ficaram surpresos. A pequena estava se comportando tão bem... Sim, depois de muitos meses de terapia ela finalmente estava melhor, mas tinha sido um caminho difícil até então.

Enfim, os Beauregarde eram todos pessoas difíceis de lidar, mas o importante é que estavam percebendo isso, reconhecendo seus erros e aprendendo a aceitar melhor uns aos outros, afinal, todos cometem erros: pais, filhos, avós... ninguém é perfeito. E nem devia tentar ser, pois é impossível!

 

Scarlett acabou resolvendo voltar pra casa só no dia seguinte. Ela e Violet iam ao Centennial Olympic Park de Atlanta ver os fogos de artifício à noite, mas os avós da menina imploraram pra que elas continuassem na cidade deles e usaram os argumentos de que lá também teria fogos de artifício e de que o trânsito devia estar horrível, então elas acabaram aceitando ficar. E ficaram muito felizes em passar esses momentos com eles.


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Notas finais do capítulo

Bom, gente, foi isso. Por enquanto...
Se alguém tiver chegado até aqui, eu espero que esteja gostando da história e que tenha um ótimo Dia das Mães amanhã! ❤️
Como eu disse antes, este foi o último capítulo da primeira temporada, então vou colocar a fanfic em hiatus por um tempo e depois volto pra postar outros capítulos, que serão a segunda temporada :)
Até!



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