Poke of Thrones escrita por GevSama


Capítulo 1
Eu escolho você!




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Abri os olhos enquanto a familiar música preenchia meus ouvidos. Pisquei confusamente para a sprite 8bits feia do Professor Birch em tamanho real, então pânico me acometeu porque tinha uma sprite em 8bits do Professor Birch em tamanho real. Esfreguei os olhos furiosamente, esse tinha que ser um dos sonhos mais estranhos que eu havia tido, juntinho com a competição de comer cachorro-quente com o Shiryu amigo e Snape de saia me aterrorizando na noite anterior a uma prova de química.

— Meu nome é Professor Birch, mas as pessoas carinhosamente me chamam de Professor Pokémon. - A voz dele era humana demais para uma sprite 8bits e eu estava oficialmente perturbada. - Antes de começar, poderia me dizer um pouco sobre você? Qual o seu nome?

Jesus me acorde agora, porque o laboratório inteiro estava com a arte dos jogos antigos e aquelas prateleiras bidimensionais estavam ferrando o meu senso de realidade. Não olhe para suas mãos, Danielle. Você não vai gostar do que vai ver!

— O nome dela tá na carteirinha, você literalmente chamou ela pelo nome quando nos mandou entrar cinco minutos atrás. - Uma voz infantil disse. - Com essa memória patética, me surpreende você ter chegado tão longe assim na sua carreira. Talvez esteja na hora de deixar gerações mais jovens cuidarem disso, Professor.

Olhei para o lado e era como se o mundo subitamente se tornasse real de novo, o som parecido a estar debaixo d’água e emergir de repente. Um garoto de uns sete, oito anos de cabelos roxos compridos e sobrancelhas de Erwin Smith estava encarando o Professor com frios olhos cinzentos.

Voltando ao Professor, ele agora era um homem de meia-idade usando uma barba mal-feita e cabelo bagunçado, com um sorriso relaxado no rosto e chinelos. Um tiozão. Olhei em volta, a terrível arte 8bits foi substituída por um laboratório hightech, com vários assistentes trabalhando em coisas aparentemente importantes ao redor.

— Maa, você é bem direto, não é, garoto? - O Professor Birch bagunçou o cabelo do garoto, que rosnou como um cão com raiva. - Ok, então, continuando… - Ele tossiu dramaticamente. - Danielle! A sua própria jornada no Mundo Pokémon está prestes a se desdobrar! 

Pisquei, lentamente levando minha mão até o bolso da calça para chamar a polícia, porque eu tenho certeza ser vítima de sequestro de um cosplayer fã hardcore de Pokémon. Mas eu não estava mais usando calças, estava usando um shortinho. E, muito mais importante, minhas pernas estão muito mais curtas. Parando para pensar agora, o cara era praticamente um gigante fazendo sombra em mim…

Temerosa, olhei para minha mão. Mãozinhas pequenininhas e delicadas me cumprimentaram de volta. Olhei com horror para o que eram mãos de criança, sabendo o que eu ia ver se procurasse um espelho.

Ok, teorias, vai!

sofri um acidente e agora sou protagonista de um Isekai dentro de Pokémon; sofri um acidente e agora estou em coma, consequentemente presa em um mundo dos sonhos onde eu realizo meu sonho de infância de ser uma mestra pokémon enquanto aprendo alguma lição valiosa sobre a importância da realidade sobre a fantasia; cedi a pressão universitária e agora mesmo estou tendo alucinações devido ao abuso de substâncias ilícitas; minha vida no mundo real na verdade era um escapismo para o meu eu de Pokémon, que prefere viver uma tragédia a viver uma aventura épica de amizade e auto-descobrimento.

Por razões de conveniência, vou assumir a teoria A. Caso contrário, uma auto-análise profunda seria requerida e eu não estou pronta para lidar com meus demônios interiores. Ok. Eu morri sendo atropelada por um caminhão e agora estou em um mundo de fantasia. Justo.

— Perdeu a língua, é? No avião você não calava a boca sobre o quão legal essa jornada. - O pirralho revirou os olhos.

Quem era esse pirralho irritante? Ah, sim, era meu irmão mais novo, Paul. Prometi que iria levar ele comigo na minha jornada quando nosso irmão perdeu a Batalha da Fronteira e foi humilhado pelo bastardo que chamamos de pai.

Eu não tenho irmão e quem caralhos é Paul.

Não, espera.

Pokémon. Paul. Silver invertido ao contrário. Pau no cu de Sinnoh. Shippava com Dawn nas minhas épocas mais escuras.

Puxei a bochecha da criança com um olhar vidrado. Ele deu um tapa forte na minha mão e me encarou mortalmente.

— Qual o seu problema hoje, Dany? - Ele rosnou.

Respirei fundo e agarrei os ombros do Professor Birch, que estava rindo baixinho. Provavelmente porque a encarada que daqui há uns quatro anos faria o Paul parecer um filho da puta, agora fazia ele parecer um gatinho irritado. Era adorável. Senti o bile subir pela minha garganta.

— Meu bom homem, me mostre as bolas. - Ordenei com uma expressão séria.

Ele piscou para mim, provavelmente se perguntando se deveria reconhecer a piada de duplo sentido.

— Eu adoraria. - FBI open up, - mas meu filho pegou todas elas hoje mais cedo e levou para a floresta na saída de Littleroot. Alguma coisa sobre testar eles…

— E você deixou? - Paul levantou uma sobrancelha. - Esses Pokémon são para as crianças iniciando suas jornadas, não o brinquedo de um pirralho mimado.

Ah, quando um garoto de oito anos fala as palavras da verdade ao invés do cara do trinta, você sabe que o mundo está indo para o lugar certo.

— Ahaha…. - O Professor coçou o rosto nervosamente. - É que ele pegou sem pedir…

— Ah, paternidade inconsequente e delinquência juvenil, sempre de mãos dadas. - Balancei a cabeça sabiamente. Agarrei Paul antes que o Professor pudesse responder. - Na floresta, né? Bora lá Paul.

Littleroot era igualzinha ao jogo, um eufemismo para cidade. Haviam apenas algumas casas, um mercadinho e era isso. Mais como um assentamento de casas do que uma vila. Chegar na borda da cidade levou menos de dez minutos.

— Essa jornada está tão divertida, mana. - Paul revirou os olhos. - Exatamente como eu imaginava que seria nossa épica aventura--

— Shhhh você. - Repreendi. - Vai ser tão divertido que você nunca mais vai querer voltar para casa.

— Como se isso fosse grande conquista. - Ele murmurou amargamente.

Rapaz o moleque era emo mesmo. Daqui a pouco dizia que queria matar um certo alguém e restaurar seu clã e que você não pode entender, você sempre esteve sozinho, nunca soube o que é perder alguém.

Uma menina estava se contorcendo nervosamente na saída da cidade, ela tinha mais ou menos a mesma idade que o Paul e parecia aliviada em nos ver nos aproximando.

— Eu ouvi uns gritos estranhos vindos da floresta… - Ela disse, temerosa.

Senti o canto dos meus lábios contrair. Aaah eu sabia onde isso iria acabar.

— Paul começa a filmar. - Falei, pegando o Pokégear de dentro da bolsa e dando para o meu irmãozinho. Espera, como eu sabia que tinha um Pokegear ali?

— Mas por quê? - Ele perguntou, mas já estava com a câmara ligada.

Eu sorri maldosamente por cima dos ombros, enquanto os gritos ficavam mais altos. Pendurado em cima de uma árvore, um garoto de óculos quadrados e cabelos castanhos bagunçados usando um jaleco grande demais para ele estava gritando desesperadamente enquanto balançava um graveto violentamente tentando espantar os três Poochyenas pulando tentando agarrá-lo.

Eu ouvi Paul morder de volta uma risada.

— Viu? Diversão! - Sussurrei, procurando pela bolsa com as pokebolas.

Como o esperado, a sacola estava jogada bem perto da gente. Andei até ela e peguei a sacola.

— Eeei, você! Me ajuda! - O garoto gritou, com os olhos arregalados. - … Por Favorzinho!

— Hnnn…. - Dei um sorriso doce como mel para ele. - Não~ Bora lá, Paul.

— Ha. - Foi a única expressão de diversão que meu emocionalmente atrofiado irmão mais novo demonstrou, com um sorrisinho de lado.

— Vocês GRAVARAM?! - O garoto gritou, indignado. A demonstração de emoção não foi tão esperta, porque as mãos dele escorregaram e ele ficou pendurado pelas pernas na árvore.

Coloquei as mãos dentro da bolsa, notando sem surpresa apenas três pokébolas. Toquei a primeira pokébola e dentro de minha mente, as palavras instintivamente se formaram. “Torchic, um pokemon tipo fogo. Deseja escolher esse Pokémon?”

Toquei as outras duas com resultados semelhantes. Era interessante que o pokébola do tipo fogo era quentinha, a do tipo água úmida e a do tipo grama fresca. Cada uma passava uma sensação diferente - calor, diversão e relaxamento. Era estranhamente realizado, como se algo dentro de mim se tornasse completo cada vez que eu tocava uma delas. Mais profundo que ter um cão ou um amigo, mais íntimo que um membro de uma família e mais querido que um amante.

Eu quero todos eles.

— Vocês não podem me deixar aqui! - O garoto gritou. - Por favor, vai, eu tenho medo de cachorro! Vou ficar te devendo uma--Argh! - Um Poochyena rasgou o jaleco dele cruelmente.

— Espera. - Congelei no meio do caminho, virando lentamente para o garoto. Paul me olhou curioso.

— O-o quê? - O rapaz parecia acuado.

— O que é um cachorro?

Um momento de silêncio.

— Como assim o que é um--

— Mudkip, Tackle! - A quimera de sapo e peixe cumpriu a ordem alegremente, desmaiando um dos Poochyena. - Toma vadia! Tackle! Tackle!

Mais alguns Tackles depois, eu tinha roubado o pokegear do Paul para tirar foto orgulhosa do meu Mudkip, que apesar de machucado, havia emergido vitorioso. Eu senti lágrimas se formarem em meus olhos. Mas que coisa mais linda.

— … Foram só Poochyena. - Paul não estava impressionado. Humph. Descrente. Não se preocupe, Muddy, ele ainda vai ser convertido!

… Era assustador o quão fácil eu estava caindo no papel de protagonista.

O filho do Professor Birch caiu da árvore tentando descer com um grito pouco másculo. Ele procedeu para se levantar como se nada tivesse acontecido, tossindo nervosamente.

— Bem, isso foi informativo! Poochyena são mesmo territoriais, esse meu experimento totalmente científico provou, ah ha ha ha! - Era possível alguém rir com espaços entre as risadas? - Em prova do meu agradecimento, eu me apresento! Eu sou Brendan Birch, futuro cientista mais famoso do mundo!

Paul e eu o encaramos igualmente não impressionados.

— Sua cabeça está sangrando. - Paul notou.

— Hã? - Como se sentisse o timing, sangue cobriu o olho dele. - Ahhh!

É por isso que o Red se isola de todo mundo, pessoas. 

—*-

O Professor Birch parecia ser um pai bem liberal, como era de se esperar de quem deixava o filho roubar Pokémon. Tsc, tsc, e quando o Silver fez, a polícia inteira foi atrás dele, injustiça do caralho. Ele remendou o Brendan rindo enquanto Brendan contava a história de uma maneira heróica demais para ser verdade.

Ele riu ainda mais quando Paul mostrou o vídeo, o bastardo maldoso. Brendan parecia estar mais doído pelo orgulho que pelo corte em sua cabeça.

— Então você escolheu o Mudkip, Dany? É uma boa escolha. - O Professor concedeu, notando o tipo água no meu colo.

— Seu nome é Dany, então? Você vai começar sua jornada hoje? - Brendan agarrou minha mão. - Certo, é o destino! A partir de hoje somos eternos rivais.

— Não valeu.

— Lendas serão contadas sobre os nossos embates épicos! - Ele tinha audição seletiva, então. - E como meu inicial, eu escolho… Torchic!

O tipo fogo piou quando foi materializado para fora da pokebola, feliz por ter voltado à vida real… Onde os Pokémon ficavam quando estavam dentro das pokébolas? Eles estavam sempre dormindo? Porque, sabe, isso parece meio… Cruel de se fazer com um ser vivo?

Nah, provavelmente só estou pensando demais.

Pisquei um pouco confusa.

— Torchic? Não Treecko? - Inclinei a cabeça.

— É! Tipo fogo são os mais legais! - Ele exclamou, então me olhou igualmente confuso. - Por que eu escolheria o Treecko?

— Vantagem dupla contra o Mudkip.

Três segundos de segundo, antes de Brendan avançar na bolsa de pokebolas do pai. Pulei junto.

— Me dá! 

— Não, já escolheu o Torchic, queimou, mexeu a peça, não volta mais!

— Crianças…

Irritado por estar sendo descartado, o Torchic começou a nos bicar cruelmente, arrancando gritos meus e dos dois Birch. Do outro lado da sala, Paul estava gravando com um sorriso maldoso.

— Diversão, sim. - Ele zombou. - Reggie vai amar ver isso.

É claro que ele iria, nós tínhamos o mesmo senso de humor de pau no cu.


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