A Mente escrita por Akemi Mori


Capítulo 57
Revelado


Notas iniciais do capítulo

Sei que isso pode chocar muitas pessoas, pode fazer diversas pararem de ler, sei de tudo isso.
Mas é a história. E eu não irei alterá-la.
Talvez em certo momento a leitura se torne cansativa. Mesmo assim peço-lhes que leiam, para a própria compreensão.
E aos desavisados: a história ainda NÃO acabou. E não será nesse nem no próximo que irá acabar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/81065/chapter/57

Negro.

Não havia sequer um vestígio de claridade naquele lugar. Simplesmente escuridão. Nada mais.

A cor, diferente de outras vezes, relaxava. Eu duvidava que em algum momento em minha vida tivesse me sentido tão calma.

Espere! O que eu estava dizendo? Eu tinha morrido!

É isso!

Tinha morrido! Então... Como podia sentir? Como podia ter consciência?

Sempre que eu pensava na morte, pensava apenas que eu ia desaparecer.

Mas nunca algo assim.

Ou... Talvez já.

Em minha... vida. Eu tinha sonhado algo assim. Exatamente assim, para falar a verdade.

Então era só esperar aquela mão e eu logo acordaria e tudo não passaria de mais um sonho estúpido.

Quer dizer, eu estava dormindo. Não estava?

Finalmente, senti aquela coisa quente em meu braço. Mas mesmo assim fui para trás. De tão imersa em pensamentos eu me assustei.

E bati naquela coisa que eu não fazia idéia do que era.

Doeu. Bem, isso era uma novidade. Eu podia sentir dor naquele lugar.

A mão veio novamente para meu ombro e começou a acariciar. Esperei ele dizer que estava tudo bem, que eu só precisava acordar.

Mas essa espera foi em vão.

O carinho não cessou. Mas palavras não foram ditas.

Como assim?

- Abra os olhos.

Finalmente! Logo eu ia estar em minha cama...

Tentei. Mas era praticamente impossível. Para começar, onde estavam meus olhos?

Vamos lá, Rebeca. Só falta isso para estar em casa novamente...

Procurei. E então os senti.

Havia encontrado o olhar.

Lentamente, abri minhas pálpebras. E as fechei de novo.

Claro demais. Claro demais.

Resolvi abrir de uma vez. E assim foi.

O clarão novamente me atingiu. Esperei meus olhos se ajustarem ao ambiente. Depois eu ia ver Peter e acordaria.

E consegui enxergar seu contorno. Finalmente!

O vi.

Ele estava com roupas normais. Jeans e camiseta. Engraçado. Da outra vez eu não tinha visto isso.

Atrás dele, havia uma massa esfumaçada. Que entrou em foco segundos depois.

Asas.

Não eram asas que pareciam com as de pomba, como em muitas pinturas. Era simplesmente algo disforme e iluminado.

E Peter sorriu.

Quisera eu saber que aquele simples sorriso, somente um movimento com os lábios, seria a chave para o meu passado.

Quisera eu saber disso antes.

Se eu soubesse, talvez nada tivesse acontecido.

“ Minha sacada. Aleluia!

Finalmente um pouco de paz. Me pareceu que a Ama nunca mais pararia de falar.

Oh, cupido cruel! Como ousas? Fazer-me sofrer por um amor impossível! Tão típico de tu!

- Ai de mim... – lamentei para o jardim.

Nomes! Para quê existem nomes? São simplesmente a desgraça que me atenta.

- Romeu, Romeu! Ah! por que és tu Romeu?

Um nome. Apenas mais um nome entre milhões!

Por que ele tinha de ter tal pai? Não seria simplesmente perfeito se teu nome fosse Páris? Tão perfeito...

-Renega o pai, despoja-te do nome; ou então, se não quiseres, jura ao menos que amor me tens, porque uma Capuleto deixarei de ser logo.

Sim. Deixaria. Ia fugir se necessário, mas longe dele não ficarei!

Mas éramos inimigos...

Por ora.

-Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo.

Então não lhe faria mal abrir mão do nome.

-Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título.

Abriria mão de tudo para estar em teus braços...

-Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira.

-Sim, aceito tua palavra. Dá-me o nome apenas de amor, que ficarei rebatizado. De agora em diante não serei Romeu.

Que és isto? A lua me falou, ao acaso?

-Quem és tu que, encoberto pela noite, entras em meu segredo?

Oh! Mandaria matar quem cometeu tal sacrilégio! Iam contar! Me prenderiam ao chão para que eu não pudesse fugir! Ó, maldito seja!

-Por um nome não sei como dizer-te quem eu seja. Meu nome, cara santa, me é odioso, por ser teu inimigo; se o tivesse diante de mim, escrito, o rasgaria.

Espera! Reconheço esta voz!

-Minhas orelhas ainda não beberam cem palavras sequer de tua boca, mas reconheço o tom.Não és Romeu, um dos Montecchios?

Oh, que seja ele! Que a noite tenha atendido minhas preces.

-Não, bela menina; nem um nem outro, se isso te desgosta.

O tom! O tom! A voz suave e melodiosa. Era ele! Tinha que ser!

-Dize-me como entraste e porque vieste. Muito alto é o muro do jardim, difícil de escalar,

sendo o ponto a própria morte - se quem és atendermos - caso fosses encontrado por um dos meus parentes.

Caso algum de meus parentes nele encostasse, arrancaria-lhe osso por osso até não restar nada.

-Do amor as lestes asas me fizeram transvoar o muro, pois barreira alguma conseguirá deter do amor o curso, tentando o amor tudo o que o amor realiza. Teus parentes, assim, não poderiam desviar-me do propósito.

Era ele! Ó perfeição, agora acredito que existas!

Mas e se o encontrassem?

-No caso de seres visto, poderão matar-te.

-Ai! Em teus olhos há maior perigo do que em vinte punhais de teus parentes. Olha-me com

doçura, e é quanto basta para deixar-me à prova do ódio deles.

Como ele podia pensar que algum dia eu a ele desejara mal?

-Por nada deste mundo desejara que fosses visto aqui.

-A capa tenho da noite para deles ocultar-me. Basta que me ames, e eles que me vejam! Prefiro ter cerceada logo a vida pelo ódio deles, a ter morte longa, faltando o teu amor.

Como ele sabia o caminho até minha sacada?

-Com quem tomaste informações para até aqui chegares?

-Com o amor, que a inquirir me deu coragem;. deu-me conselhos e eu lhe emprestei olhos. Não sou piloto; mas se te encontrasses tão longe quanto a praia mais extensa que o mar longínquo banha, aventurara-me para obter tão preciosa mercancia.

Poderia ele proferir palavras verdadeiras? Ou seria apenas um truque?

-Sabe-lo bem: a máscara da noite me cobre agora o rosto; do contrário, um rubor virginal me pintaria, de pronto, as faces, pelo que me ouviste dizer neste momento. Desejara - oh! minto! - retratar-me do que disse. Mas fora! fora com as formalidades! Amas-me? Sei que vais dizer-me "sim", e creio no que dizes. Se o jurares, porém, talvez te mostres inconstante, pois dos perjúrios dos amantes, dizem, Jove sorri. Ó meu gentil Romeu! Se amas, proclama-o com sinceridade; ou se pensas, acaso, que foi fácil minha conquista, vou tornar-me ríspida, franzir o sobrecenho e dizer ‘não’, porque me faças novamente a corte. Se não, por nada, nada deste mundo. Belo Montecchio, é certo: estou perdida, louca

de amor; daí poder pensares que meu procedimento é assaz leviano; mas podeis crer-me, cavalheiro, que hei de mais fiel mostrar-me do que quantas têm bastante astúcia para serem cautas. Poderia ter sido mais prudente, preciso confessá-lo, se não fosse teres ouvido sem que eu percebesse, minha veraz paixão.

Assim, perdoa-me, não imputando à leviandade, nunca, meu abandono pronto, descoberto tão facilmente pela noite escura.

Mal conseguia acreditar em minha sorte. Ó, perdoa-me Cupido, por ser contigo tão rude e cruel! Quisera eu saber que me darei tamanha felicidade!

Eu, Julieta Capuleto, estava apaixonada por Romeu Montecchio.

E nada proferido por bocas que não eram a dele me fariam mudar de idéia.

Meu Romeu...”

“Reencarnação.”

Eu definitivamente não estava sonhando.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Mente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.