Dead Girl Walking escrita por Bia


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Eu precisava (!!!) escrever isso. Fic inspirada em Heathers.
Espero que se divirtam!



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Dead Girl Walking

 

See, I've decided

I must ride you 'till I break you

 

I

 

Esse mundo, realmente, está perdido. Perdido!

Ou, talvez, somente ela estivesse perdida.

Como é possível que uma boa ação tenha como consequência um abandono e uma ameaça? Como o garoto sequer ousou ficar ao seu lado enquanto Azula decretava, batendo o punho direito fechado contra a palma esquerda aberta, cercada por suas duas fiéis escudeiras, Mai e Ty Lee:

— Segunda-feira você morre, nerd.

E pensar que tudo o fizera era se opor, defender e tentar ajudar o pobre rapaz derrubado por ela e suas amigas na pista de patinação. O maltratado rapaz, a propósito, que a olhou com escárnio antes de sair correndo, deixando-a sozinha e encurralada. 

Se não fosse pela fiscal do parque, estranhando a movimentação e observando, desconfiada, as quatro garotas, Katara teria entrado em uma briga difícil de vencer mas da qual não fugiria. Bem provável que  tivesse sido melhor assim, uma vez que, na segunda-feira, estariam no colégio seu irmão, Sokka, e seus amigos que, com toda certeza, ficariam furiosos ao saber da ameaça e a acompanhariam na briga, resultando em um conflito generalizado.

Na segunda-feira também estaria Zuko. O aparente imperturbável irmão de Azula e o jovem responsável pelo estremecimento dos joelhos de Katara.

Apesar de não serem íntimos, a garota sabia que Zuko usava essa fachada inexpressiva como uma forma de defesa, algo completamente compreensível para uma pessoa que cresceu na sombra da acidez de Azula. Não bastasse o jeito carinhoso e os elogios que Toph tecia a ele, - coisa preciosa e rara vindo dela - Katara já tinha sido alvo e testemunha dos pequenos atos de gentileza do garoto e não gostaria que o desentendimento com a irmãzinha arruinasse seu micro relacionamento. 

Depois da intimidação e da partida de Azula e suas seguidoras, ainda ficou um tempo paralisada, confusa e com os patins nas mãos.

Então, era isso; teria que enfrentar a garota mais assustadora do mundo segunda de manhã. Estava, sem sombra de dúvidas, morta. 

Sentiu os dedos tremendo e apertou os patins. Começou a andar vagarosamente, anoitecia e não demoraria muito para que Sokka ligasse para saber onde estava. 

Sua cabeça estava cheia e fervia durante o caminho para casa. E se falasse com Toph? Contasse o que aconteceu… Balançou a cabeça de imediato. Péssima ideia! A garota iria querer tirar satisfação no mesmo segundo. Pensou em Aang, mas logo o descartou também. O monge falaria de paz e, naquela situação, essa não era uma opção.

Caminhava com o pôr do sol colorindo as nuvens de rosa e laranja. Parou um instante para respirar fundo e apreciar o espetáculo, movimentando o pescoço de um lado a outro a fim de visualizar toda aquela beleza e não pareceu muito chocada ao notar que estava parada em frente a casa de Zuko. 

Apenas dele e de Iroh, tio do rapaz e professor de química. A monstra não morava ali e, por mais que Katara fosse curiosa sobre o motivo, tudo o que importava naquele momento era o jovem, na janela, com os cabelos molhados como quem acaba de sair do banho, mexendo no celular e colocando fones no ouvido. 

O coração da garota disparou, tímido e selvagem. Zuko era tão lindo e a odiaria depois de segunda-feira. Enrugou a testa sem perceber. O sol estava cada vez mais baixo. Trinta horas para o dia fatídico. 

 

II 

Subir até o quarto de Zuko não foi difícil e entrar pela janela menos ainda. Ele a tinha deixado apenas encostada e, com um empurro, Katara conseguiu abrir. Teve que sacrificar os patins escondendo-os em um dos arbustos de chá de Iroh, mas nada que a fizesse desistir ou se arrepender.

O quarto estava iluminado somente pela luz natural, o que significava que logo ficaria completamente escuro, mesmo assim, não teve a menor dificuldade em encontrá-lo deitado em uma cama de solteiro, braços cruzados debaixo da cabeça, fones de ouvido e olhos fechados, quase como se estivesse adormecendo. Aproximou-se e tocou em seu ombro.

— Zuko.

O garoto abriu os olhos cor de mel no mesmo instante. Surpreendido e assustado, sentou-se na cama com um impulso tão forte que o celular e os fones caíram no chão.

— Calma, calma. Sou eu. — Katara disse apressadamente, sem se aproximar.

Ele abriu ainda mais os olhos e sua voz saiu aguda:  

— Katara?

— Sim! 

Boquiaberto e confuso, Zuko ergueu-se em um pulo, pegou  o celular e os fones do chão e colocou-os na mesa de cabeceira. Gesticulando sem parar, perguntou:

— Katara, o que está acontecendo? O que você está fazendo no meu quarto? Como você entrou aqui? 

Pensativa, abaixou os olhos azuis escolhendo qual das perguntas deveria ter resposta e como colocar seu propósito em palavras cuidadosas e claras para não assustá-lo, mas também para não permitir uma interpretação equivocada. Por fim, encarou-o determinada:

— Zuko, vim aqui porque quero montar em você até te quebrar.

A mandíbula afiada e deliciosa do garoto caiu, bateu no chão de espanto, seu rosto ficou inteiramente vermelho, mas seus olhos nunca desviaram dos dela.

— O que? Não estou entendendo… Não é possível. Você… me quer. — ele gaguejou, desorientado, a voz aguda novamente. 

Katara não se moveu, nem falou. Esperou ele balbuciar todo o seu espanto até reinar no quarto apenas o silêncio, quebrado pela respiração ofegante de Zuko, os olhos dele fixos, quentes sobre ela e a última luz do pôr do sol, para, então, sussurrar:

— O que me diz? 

 

III

As mãos apertando sua cintura, seus pés nas pontas e o quão divinamente Zuko beijava era tudo o que Katara sempre tinha sonhado. Os lábios e a língua dele acariciavam a boca dela devagar, saboreando. As mãos, ousadas, subiam por seu ventre e desciam por sua bunda, apertando, trazendo-a para mais perto do membro pulsante e nublando sua mente. 

Precisando de um pouco de ar e gemendo, a garota virou-se de costas. Zuko, porém, não permitiu que se afastasse. Puxou-a de volta, mordeu seu pescoço e esfregou-se contra ela. Katara agradeceu em pensamento a força com que ele a prendia, se não fosse por isso, teria caído graças as pernas trêmulas. 

Sem soltá-la, o garoto arrastou-a para a cama com ele. A sentada que Katara deu no colo de Zuko foi tão forte, certeira e gostosa que ela só conseguiu abrir a boca ofegante enquanto ele soltou um gemido primitivo.  

Sem confiar muito em suas pernas, a garota optou por despir a camiseta ainda naquela posição e virou-se para encará-lo apoiando os joelhos no colchão. Curvou-se para beijá-lo mais uma vez e rebolou no quadril masculino antes de perguntar:

— Você tem camisinha? 

Zuko balançou a cabeleira negra com veemência.

— Na mesa de cabeceira. 

— Perfeito. — e voltou aos beijos. 

Arrepiou e estremeceu assim que sentiu longos dedos masculinos se entrelaçarem e puxarem sua juba castanha para trás. Revirou os olhos soltando um gemido devasso e afastou-se. Um fio de saliva ainda conectava a sua boca à de Zuko, sua calcinha encharcada espalhando umidade pela calça marcada pelo pau duro e seus mamilos destacados no sutiã.  

Sem soltar seus cachos, Zuko usou a outra mão para puxar a peça para baixo e, encarando-a, abocanhou um seio.

— Zuko! — gemeu, agarrando-se aos ombros dele.

Ainda com a boca em seu colo, ele sussurrou na pele dela, cheio de tesão:

— Sou seu. Me monte.

Katara derreteu.

 

IV

Uma mão delicada acariciou seus cabelos, fazendo com que abrisse os olhos com letargia. 

Zuko, ao seu lado, de cueca, segurava um copo de água com gelo.

— Aqui. — ele sussurrou atenciosamente, sem deixar de acariciá-la.

Katara sentou-se, ainda sonolenta e teve que segurar o copo com ambas as mãos para ser capaz de levá-lo à boca. A água fresca, porém, fez com que despertasse um pouco. 

— Que horas são? — perguntou com calma. A janela do quarto, agora, estava fechada, então não saberia dizer quanto tempo teria passado desde o pôr do sol. Imaginava que não mais de uma hora. 

Zuko alcançou o celular na mesa de cabeceira. 

— São quase dez horas.

— Dez horas?!

Completamente desperta, Katara ergueu-se em um pulo, colocou o copo ainda cheio na mesa de cabeceira e começou a procurar pelas roupas e pelo celular que estava no bolso do shorts. Encontrou-os quase debaixo da cama e, por pouco, não chorou de remorso ali mesmo. Vinte ligações de Sokka, um sem fim de mensagens e mensagens de voz. 

Teria que pensar em uma razão muito boa para aquela irresponsabilidade e pedir desculpas sinceras ao irmão. Um pedido de desculpas acompanhado por um prato cheio de ameixas do mar, seria ainda melhor. 

Vestiu-se apressadamente sobre o olhar atordoado de um Zuko que a imitava e também se vestia. Estava prestes a sair pela janela quando ele a segurou pelas mãos.

— Mas que diabos você está fazendo?

— Indo pra casa?

Olhou para ela como se fosse completamente louca e disse:

— Você nunca ouviu falar de “porta”? Vem, eu levo você!

Saindo pela porta, a garota enviou inúmeras mensagens ao irmão pedindo desculpas e dizendo - mentindo - que tinha se distraído com uma amiga que encontrara no parque. Katara nunca iria esquecer o rosto de Zuko ficando cada vez mais perplexo enquanto ela colocava o celular novamente no bolso e corria até os arbustos para recolher os patins com a maior naturalidade.  

Andaram em silêncio assim que ela tornou a digitar para Sokka, mas bastou guardar o aparelho para o garoto perguntar meio cabisbaixo:

— Está tudo bem? 

 — Sim. Me desculpe sair com pressa, não avisei meu irmão que iria demorar — respondeu com sinceridade.

Zuko confirmou com a cabeça.

— Eu entendo. Ele realmente deve estar preocupado.

— Síndrome do irmão mais velho. — brincou e se conteve para não soltar um comentário sardônico sobre a irmã dele. 

— Sim, talvez sim. Embora seja mais fácil eu ter que proteger as pessoas de Azula do que o contrário. 

O risinho ela não conseguiu conter.

— Nem me fale.

Se a garota notou a ruga interrogativa na testa masculina ou se apenas não se importou, é difícil dizer; mais alguns poucos metros e estariam diante da porta de sua casa e de um irmão furioso arrancando os cabelos. Achou melhor que Zuko não a acompanhasse até lá; bastava um irmão jurado. Parou na frente dele e disse com doçura:

— Obrigada por me acompanhar, Zuko… E, bom, por tudo. — ele corou. — Posso seguir sozinha daqui.

O garoto a encarou em silêncio por alguns segundos, depois curvou-se para beijá-la como se tivessem todo tempo do mundo. Afastou-se, colocou as mãos no bolso e disse:

— Tudo bem. Eu te olho daqui. 

Katara apenas sorriu e agradeceu por estar tão perto de casa, pois, pelos beijos de Zuko, encararia a fúria de Sokka mais de uma vez. 

 

V

Depois disso, o final de semana passou em um piscar de olhos e, na segunda-feira, Katara tinha acordado pronta para enfrentar seu destino. Sokka, falante como sempre, não estranhou o incomum silêncio da irmã, mas Suki e Toph perceberam algo e escolheram permanecer ao lado da garota durante todo o caminho até o colégio. Na entrada, porém, nem a sombra do trio maligno. 

A hora do intervalo era o segundo momento em que todas as turmas se encontravam e, mais uma vez, Katara preparava-se para encarar Azula. Ficou surpresa, entretanto, quando não a encontrou, e nem suas seguidoras, em nenhuma parte da escola. Durante os vinte minutos de almoço ficou com um careta desconfiada e reflexiva que despertou curiosidade em seus amigos. Tudo muito estranho, mas Azula era tão sádica que não era difícil de imaginar que esse seria só mais um joguinho dela. 

Na hora da saída, Katara teve certeza que seria o momento, mas, para seu espanto, ao sair da sala de aula foi recepcionada pelo irmão errado. 

Zuko estava no corredor com os braços e pernas cruzados, esperando por ela. 

— Olá. — ele disse, dando dois passos em sua direção.

— Olá. — Katara respondeu apertando a alça da mochila.

Depois do que tinham feito era ridículo estar nervosa agora, mas estava. O corredor parecia íntimo e apertado, apesar de só estarem os dois. Seria isso uma armadilha? Katara se perguntou, olhando para os lados.

— Você está bem? — Zuko questionou, arqueando a sobrancelha.

— Sim, sim, tudo bem. E você? 

O garoto deu um suspiro profundo chamando antes de começar:

— Imagino que esteja nervosa por causa de Azula.

Katara o encarou com firmeza. 

— Sabe… Bem, ela nos viu sair juntos e, quando voltei pra casa, ela estava lá, cheia de perguntas e acusações. — continuou ele coçando a nuca, nervoso. 

— E você?

— Eu quis saber qual era o interesse dela. E ela me contou que vocês brigaram. 

Nós não brigamos. — Katara achou por bem enfatizar, zangada, colocando as mãos na cintura. — Sua irmã me ameaçou! Mas, não tem problema; isso também não tem nada a ver com você. Eu estou pronta para a briga, se for o que Azula quer. 

— Isso não vai acontecer, Katara. — Zuko disse pausadamente.

A garota abriu a boca cheia de perguntas e revolta, pronta para dizer que era bom que ele não tivesse se intrometido em seus assuntos. No entanto, antes que conseguisse falar, Zuko já estava desviando o olhar e dizendo:

— Não quero ser injusto, mas não consigo deixar de pensar que o aconteceu entre nós foi o seu jeito de provocar ou se vingar de Azula.

— Claro que não! — Katara respondeu com tal força que sua voz soou até mais alta. — Que bobagem! Eu só achei que, já que iria morrer, deveria realizar todos os meus desejos antes.

Zuko olhou profundamente para ela.

— Seus desejos? — questionou corado. — Você já queria isso há algum tempo?

Dessa vez, foi Katara quem corou.

— Há algum tempo… — admitiu tímida. — Me desculpe se fiz com que você sentisse que era por causa da sua irmã. Mas, posso jurar que não foi. Como eu disse, achei que tudo estivesse prestes a acabar e quis a minha última refeição.

Foi só quando ouviu os sons das palavras, que a garota teve consciência de seu peso ao lembrar que, de fato, Zuko a tinha alimentado de diversas maneiras e vezes. O garoto fechou os olhos, estremecendo e ela sentiu o baixo ventre contrair com essa reação.

Quando ele tornou a encará-la, seus olhos cor de mel estavam quentes e sua voz mais rouca.

— O tio Iroh vai sair hoje. Você poderia ir para casa comigo. Podemos ver um filme de terror e eu poderia te apresentar a entrada convencional. O que me diz?

Katara riu e aproximou-se do garoto para sussurrar:

— O que estamos esperando?


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