Lado a Lado escrita por Way Borges


Capítulo 2
Minato




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Minato acordou não se sentindo melhor do que quando tinha ido dormir.

Poderia jurar que era apenas um resfriado, nada para ficar animado. Provavelmente estava sob muito estresse ultimamente, com os episódios de Kakashi ocorrendo com mais frequência. Nos últimos dias ele estava perdendo o sono e pulando refeições para monitorar seu marido; era natural que seu sistema imunológico estivesse sofrendo com a mudança de sua rotina.

Minato se levantou da cama e caminhou silenciosamente até o banheiro para jogar um pouco de água no rosto. Ainda estava escuro lá fora, então ele ligou o interruptor antes de abrir a torneira.

Algo em seu reflexo no espelho chamou sua atenção e ele olhou. Havia uma erupção irritada correndo de sua bochecha esquerda até o pescoço, se destacando como um dedão dolorido em sua pele branca. Ele puxou a camisa, tentando encontrar a ponta dela e as manchas continuavam até a clavícula.

Isso foi estranho.

Ele não se lembrava de ter comido nada diferente ou tocado em qualquer coisa que pudesse ter desencadeado uma reação alérgica. Minato não tinha nenhuma alergia conhecida; Kakashi era aquele que não conseguia entrar em contato com nozes ou uvas e passava semanas sofrendo com a rinite alérgica.

Minato cutucou alguns dos inchaços e os achou doloridos e sensíveis. Ele franziu a testa, imaginando o que poderia ter irritado a sua pele.

Foi um trabalho cuidadoso lavar o rosto com as erupções, mas ele o fez de maneira lenta e metódica. Minato estava aprendendo a fazer muitas coisas dessa maneira, com a condição de Kakashi.

Quando terminou suas necessidades, ele saiu do banheiro apagando a luz atrás dele e foi para a cozinha começar a preparar o café da manhã. Já que acordou tão cedo, poderia muito bem usar seu tempo de forma produtiva. Ele não teve folga, não com estado Kakashi. Minato supôs que era um pouco como ser pai - você nunca tinha uma folga ou parava de cuidar deles, mesmo que estivessem inconscientes no quarto.

A geléia com torradas e restos de chouriço que comeu como café da manhã, estava longe da pasta cuidadosamente equilibrada que ele preparou para o marido. Talvez devesse se esforçar um pouco mais para comer melhor, não havia como negar que tinha escorregado nos últimos meses, deixando sua própria dieta cair no esquecimento. Minato sabia o que seu marido diria se soubesse como as coisas estavam ruins; ele não ficaria satisfeito. Mas era tão difícil controlar as coisas, sozinho, quando toda a sua agenda, todo o seu cérebro girava em torno de Kakashi.

Ele não se arrependeu nem por um segundo, de dedicar todo o seu tempo para o marido, pois o amava com todo o seu coração, com todo o seu ser, com toda a sua alma. Casar com Kakashi foi a melhor coisa que já lhe aconteceu, com lesão ou não.

Quase queimou as claras de ovo, tão perdido em pensamentos, mas no momento em que ele preparou a refeição, um Kakashi despenteado e sonolento apareceu na cozinha, sentando-se à mesa meio às cegas. Diante da cena, um sorriso carinhoso surgiu nos lábios Minato, que curvou-se para beijar-lhe a cabeça e entregou-lhe os talheres.

— Anjo, o que há de errado com o seu rosto?

— Ah, só uma erupção cutânea, não é nada que você precise se preocupar. Tenho certeza de que amanhã terá desaparecido – ele havia esquecido a erupção em sua pressa para preparar tudo. Kakashi cantarolou e comeu seu café da manhã.

Minato o olhou criticamente para o homem sentado à mesa e notou que: os olhos de seu marido brilhavam, ele não havia usado a bengala para chegar à cozinha e fazia aqueles barulhos bobos de satisfação enquanto mastigava.

Parece que será um bom dia.

O aperto no coração de Minato relaxou um pouco. Hoje seria um dia em que ele poderia sair para pagar algumas contas e fazer outras coisas sem medo de deixar o marido sozinho.

Ele voltou para o quarto para se vestir. Ainda não estava fazendo frio o suficiente para isso, mas Minato vestiu uma camisa gola alta para cobrir a maior parte da erupção e resolveu comprar alguns anti-histamínicos na farmácia.

Algumas horas e dezenas de tarefas depois, Minato voltou para casa e começou a desempacotar suas compras. Kakashi estava trabalhando no escritório; ele conseguia fazer o suficiente em seus dias bons para se manter empregado. Eles dependiam dele para sobreviver, já que Minato havia largado o emprego para cuidar do marido.

Ele estava se sentindo um pouco tonto, então levou os anti-histamínicos para o banheiro - também havia conseguido um creme - e acendeu a luz. A erupção havia piorado, alguns caroços incharam e estavam enormes, parecendo furúnculos. Minato coçou e queimou sob a gola rulê, mas presumiu que era apenas devido ao atrito do pano.

Ele parecia um desastre.

Observando seu reflexo no espelho, ele aplicou o creme e engoliu a dose máxima de comprimidos, então Minato gritou para avisar o marido que ia dormir um pouco. Talvez uma soneca ajudasse a diminuir o mal estar.

Deitar na cama, de costas, não era confortável. Ele dormia de bruços, mas não podia arriscar agravar ainda mais sua pele.

Minutos se passaram até que sentiu suas pálpebras caírem. Ele espera acordar se sentindo muito melhor.

"Um som estrondoso o arrastou de volta à consciência e ele se endireitou, o medo correndo em suas veias.

Kakashi.

Ele jogou as cobertas e saiu do quarto num piscar de olhos, mas vasculhou a casa e não conseguiu encontrá-lo.

— Kakashi? Kakashi!

Não houve resposta.

Assim que Minato estava abrindo a porta da frente para olhar para fora, uma dor repentina tomou conta dele fazendo-o gritar. O lado esquerdo de seu rosto ardia como se estivesse pegando fogo e se espalhava por todo o corpo.

Ele não sabia o que fazer. A dor estava ficando cada vez mais insuportável, mas precisava encontrar Kakashi. Sua decisão foi tomada quando ele viu o papel colado na porta da frente.

Uma nota?

'Minato,

 

Eu não posso mais fazer isso. Nós dois sabemos que isso é para melhor.

 

Desculpe,

 

Kakashi'

O que isso significa? Ele o estava deixando? Desistir da vida? Para onde ele foi?

A mente de Minato girava com as possibilidades à medida que a dor aumentava.

Ele precisava fazer alguma coisa.

Minato estremeceu quando o espelho lhe mostrou o estado de seu rosto. Os furúnculos estavam começando a estourar, a pele ao redor inflamada e cheia de bolhas. Ele se sentia fraco, tonto de dor e confusão.

O que está acontecendo? Eu não entendo. Por que isso está acontecendo?

Ele passou os braços em volta de si mesmo, buscando qualquer conforto que pudesse. Nada do que estava acontecendo podia ser real. Tentou arduamente ser forte, ser a rocha para Kakashi após o acidente. Mas agora estava sozinho, assustado e ferido, e sentia todo o seu mundo se despedaçar, rachado demais para ser preso novamente.

Minato caiu de joelhos, soluços destruindo seu corpo.

Não podia continuar, era demais.

Ele fechou os olhos e rezou para que aquilo acabasse."

— Minato! Vamos Anjo, acorde! Deixe-me ver seus lindos olhos.

Um par de íris obsidianas familiares pairava a centímetros acima dele, enrugados do jeito que ficavam quando Kakashi ficava especialmente preocupado.

— O que… – ele tentou falar, mas sua garganta estava seca e dolorida, sua voz soou rouca.

— Ah, graças a Deus. Você deve ter tido um pesadelo. Sua febre ainda está forte, mas eu não poderia deixar que você continuasse dormindo. Você estava chorando – Kakashi explicou colocando um pano úmido e frio tocou sua testa.

Um sonho?

— Sinto muito por preocupar você, amor.

Minato deixou seus olhos se fecharem novamente, alívio correndo por seu corpo. Kakashi não desistiu deles e ainda está ao seu lado. Foi apenas um sonho.

Ele não estava sozinho.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Deixem suas opiniões meus fofos, sua autora querida agradeceria :)



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