A Química do Amor escrita por MisuhoTita


Capítulo 3
Na Cantina do Hospital




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810088/chapter/3

Estou no meu intervalo do trabalho e, aproveitando que não tenho nenhum paciente pelas próximas meia hora, sigo até a cantiga do hospital, a fim de tomar um cafezinho para me animar pelo resto do dia.

A verdade é que a rotina de uma médica por vezes é bem cansativa, mas eu amo o que eu faço, pois, não tem nada mais recompensador do que dar uma pequena dose de esperança para essas pobres crianças que, tão novas, tem de enfrentar uma doença tão terrível quanto o câncer.

Muitas vezes, quando pego um caso terminal, o meu trabalho se torna difícil, pois, para mim, é impossível não me apegar a cada rostinho. Eu dou esperança para essas crianças, e, isso me faz muito feliz, e, por isso mesmo, nunca me arrependi do dia em que escolhi a oncologia infantil para me especializar, pois eu sinto que faço a diferença na vida de cada uma dessas crianças que eu atendo.

Compro um cafezinho e procuro uma mesa da cantina vazia para em sentar e, tão logo o faço, escuto o barulho das sirenes de uma das ambulâncias, algo com o qual estou bastante acostumada, visto que este ritmo hospitalar está em minha vida desde que escolhi a medicina para a minha vida, alguns anos atrás.

Termino de tomar o meu café quando vejo se aproximando Christopher Fernandes, um renomado médico cardiologista, e, um bom amigo.

― Regininha! – ele me fala, sua voz parecendo bastante aflita – Que bom que eu te encontrei!

― Qual o problema, Chris? – eu questiono, sem entender o motivo de toda a aflição dele.

― É o seu irmão!

Ao ouvir ele falar de Rafael e, com uma voz tão aflita, sinto a preocupação tomar conta de meu coração. Será que aconteceu algo com o meu irmão mais velho?

― Aconteceu alguma coisa com o Rafael? – minha voz soa completamente apavorada.

― Ele acabou de chegar em uma ambulância. Pelo que entendi, foi um acidente de moto. O condutor da motocicleta morreu na hora, e, ao que parece, o estado de seu irmão não é nada bom.

― Meu Deus...! – é tudo o que eu consigo exclamar.

Rafael é meu irmão mais velho. Temos dez anos de diferença um do outro, mas, mesmo com esta grande diferença de idade, sempre fomos muito unidos. Desde que eu era apenas uma criancinha, meu irmão sempre esteve ao meu lado, sempre me protegendo e me ajudando em tudo.

Sem que eu consiga conter, lágrimas inundam os meus olhos, as quais eu simplesmente não consigo segurá-las e deixo que elas caiam livremente por meu rosto. Como um bom amigo, Christopher me abraça enquanto eu continuo ali, chorando por meu irmão mais velho, o medo de perde-lo se enraizando fundo em meu coração.

O que é que eu vou fazer da minha vida sem o meu irmão?

Então eu choro. Choro até ter derramado todas as minhas lágrimas, e então choro de novo. Não sei quanto tempo fiquei nos braços de Chris, mas, quando me sinto mais calma, me afasto dele.

― Obrigada. – é tudo o que eu consigo dizer – Você sabe para onde levaram o Rafael?

― Para a UTI. Pelo que fiquei sabendo, o estado dele é bem grave.

― Meus pais já sabem?

Nem bem termino de falar, e, vejo meus pais se aproximando. Não perco tempo e abraço minha mãe, que se desmancha em lágrimas. Meu pai nos apoia de uma forma serena, como ele sempre fez. Sei que ele está tão preocupado com Rafael quanto nós, mas, ele se mantém firme, dando apoio para nós duas, como ele sempre fez.

― Tem alguma notícia dele? – ouço minha mãe perguntando.

― Não. – eu repondo, minha voz aflita – Mas eu vou subir a UTI para ver se consigo alguma notícia. Sugiro que vocês esperem lá em cima na sala de espera, não é bom que fiquem aqui.

― Regininha. – Christopher chama a minha atenção – Eu tenho pacientes para atender agora. Mas você sabe que, qualquer coisa que precisar, pode contar comigo.

― Eu sei, Chris, agradeço por isso.

Meu pai, minha mãe e eu seguimos para a ala da UTI, onde deixo os dois na sala de espera e, adentro a UTI, a fim de saber notícias de meu irmão.

A cada passo que eu dou, sinto o meu coração acelerar mais e mais. O medo tomando conta de mim, pois eu não quero perder meu irmão. Rafael tem apenas trinta e oito anos, ele tem uma vida inteira pela frente.

Deus, por que isso tem de acontecer com alguém tão bom quanto ele?

Chego a UTI e, a primeira coisa que nota é seu irmão prostrado naquele leito, entubado. Se aproxima dele e acaricia seus cabelos loiros, passando a mão devagar por seu rosto, na barba por fazer e, simplesmente não consegue deixar de derramar as lágrimas.

― Não morra, Rafinha. – me vejo sussurrando – Eu ainda preciso muito de você, meu irmão...!

― Regininha? – ouço uma voz masculina, me chamando.

Olho para trás e vejo o Doutor Fernandes, um dos melhores intensivistas do hospital e, pai de Christopher. Saber que ele está cuidando de meu irmão me deixa um pouco reconfortada.

Doutor Fernandes começa a conversar comigo acerca do estado de meu irmão, e, isso não me ajuda em nada, pois o estado de Rafinha é bastante grave e delicado. Só nos resta rezar para que ele fique bem.

Saímos juntos da UTI e, na antessala, logo vejo minha mãe e meu pai. Apresento o doutor Fernandes a eles e começamos a conversar sobre o estado de Rafael, e, é neste momento que meus olhos se encontram com aquele par de olhos azuis, que imediatamente se fixam em mim.

Edan Vasconcellos!

Melhor amigo de meu irmão e uma das últimas pessoas que eu gostaria de ver neste momento. Aliás, em se falando dele, não gostaria de vê-lo em momento nenhum, pois, a forma como ele me olha, como se fosse me comer com olhos me lembra outra pessoa, e eu jurei para mim mesma que jamais irei deixar homem nenhum se aproximar de mim novamente.

― Oi Regininha. – ele me cumprimenta.

― Para você é doutora Villa Lobos, senhor Vasconcellos. – eu fecho a cara imediatamente – Até onde eu sei não somos amigos, para você me tratar com tanta intimidade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Química do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.