Era Uma Vez... Uma Ilusão escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 26
25. O importante não é estar certo ou errado, mas sim ter uma existência pacífica e sadia nessa terra.


Notas iniciais do capítulo

Olá, antes de começar eu desejo explicar algo. Durante muitos séculos a Rússia usou o calendário juliano, que é atrasado em relação ao gregoriano. Sendo assim, quando eu estiver me referindo a datas russas, haverá um "*" no final da data que levará a uma explicação de que dia gregoriano é. Aqui isso não será necessário, afinal tudo acontece no mesmo dia.

* Um outro lembrete, o fuso-horário russo é três horas adiantados do britânico.



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20|06|1803* Peterhof, Império da Rússia

O Cais dos Mercadores na pequena Peterhof estava terrivelmente movimentado. Os operários trabalhavam incansavelmente desde muito antes do sol nascer, e sem descanso algum. O cais deveria estar no melhor estado possível, afinal... foi uma surpresa! Só deveria chegar mais tarde, muito mais tarde!

A pequena esquadra — pertencente à Frota do Báltico — trazendo a noiva anglo-austríaca do grão-duque Konstantin havia chegado em Peterhof ao nascer do sol, e como resultado em poucas horas a cidade foi tomada pelo alvoroço. Camponeses encheram o cais para verem a futura imperatriz, ao mesmo tempo que a nobreza também foi chegando ao local.

Eram pessoas de diferentes classes, russos separados por uma literal barreira de guardas imperiais, mas todos com um mesmo sentimento: a curiosidade, embora muito influenciada por boatos.

— Dizem que os traços da princesa são tão perfeitos que ela só pode ter sido desenhada por Deus! — Certos camponeses, principalmente os homens, já tinham até uma imagem idealizada na cabeça, criada por informações questionáveis. — É a imagem de um querubim!

— O grão-duque Konstantin quase caiu para trás assim que viu o retrato dela, foi amor à primeira vista! — Já entre as camponesas mais jovens e solteiras, prevalecia o conto de fadas. Embora... — Pelo menos foi o que disse um dos servos do Grande Palácio.

— Com certeza será um lindo casamento. — E havia conjecturas até mesmo entre os anciãos de Peterhof, que sorriam ao lembrar dos muitos nascimentos imperiais, alguns nem tão distantes assim. — Já consigo até ouvir os canhões e sinos anunciando o nascimento dos pequenos grão-duques!

— Serão tão belos quanto o imperador e a imperatriz! — E essa simples frase, cujo dono camponês era desconhecido, resumia toda a animação dos "inferiores".

Essa animação, porém, pouco era compartilhada pelos muitos nobres de São Petersburgo que vieram recebê-la. Embora se pudesse facilmente dizer que as expectativas deles fossem muito mais "variadas":

— Será um grande desastre, com certeza. — Abanando-se um leque, uma idosa condessa negou pesarosa, imediatamente recebendo alguns assentimentos. — Deveríamos ter ficado com a duquesa de Saalfeld, assim o desastre seria menor.

— Pergunto-me o quão bela a princesa realmente é? Afinal é uma autrichienne! — Porém, não muito distante desse pesaroso grupo, algumas princesas a serviço da imperatriz riam com desdém. — Será uma "aberração" como as primas napolitanas!?

— Amigos meus disseram que ela é tão arrogante quanto os primos austríacos. — Já um pouco mais distante dessas risadas, militares nobres mostravam-se desconfiados. — Não duvido nenhum pouco que, assim como a imperatriz austríaca matou a grã-duquesa Alexandra, ela mate nossa imperatriz.

— Esses austríacos são tudo, menos confiáveis! — Essa desconfiança, porém, confundia-se bastante com o rancor criado pelas coalizões anteriores. Um dos oficiais bufou negando. — Já vejo pequenas aberrações nos governando, isto é, se o demônio não... é ele!

Com essa estridente exclamação, a atenção de todos voltou-se ao nobre oficial olhando amedrontado para a carruagem... foi o suficiente para que os nobres, cujos olhos estavam assustados, voltassem ao silêncio extremo. Havia acabado de chegar a carruagem de Sir John Borlase Warren, o 1º baronete e... embaixador britânico!

Não tardou muito e Sir John, junto de Lady Warren, desceu da carruagem, recebendo assentimentos de reconhecimento dos nobres russos. O baronete, porém, não deu muita atenção, o foco dele estava única e exclusivamente no navio e na jovem criança que logo desembarcaria no inferno.

— Lembre-se da cortesia, John, essas pessoas são os olhos e ouvidos do imperador. — Apesar da censura de Lady Warren, sorrindo educadamente aos russos, Sir John continuou sério. Lady Warren suspirou extasiada. — Você não imagina a ansiedade que estou sentindo! Nunca estive tão perto assim de um deles.

— Não imagino, de fato, mas sei que sua ansiedade não é nada quando comparada a dela. — Lady Warren franziu o cenho em direção ao marido, mas o baronete simplesmente negou. — Isso não tem a mínima possibilidade de dar certo, Caroline. Estamos sacrificando inutilmente uma princesa!

— Alguma coisa boa haverá de sair desse casamento, John; temos que ter alguma esperança. — O baronete negou veemente, findando assim a paciência de Lady Warren, tanto que, também negando, ela voltou-se ao navio. — Quem garante que não dará certo?

Ela disse o quê!? Sir John virou-se a esposa, e franzindo tanto o cenho que foi impossível para Lady Warren não encará-lo de volta. Alguns dos nobres olhavam para eles, embora não entendessem nada do que era falado. Até que uma agitação instaurou-se no convés do navio...

— E você acha que dará certo? — ele ainda perguntou, mesmo que Lady Warren tenha arregalado os olhos e simplesmente virado o rosto. — Se nós não vemos a hora de voltar a Inglaterra, imagine ela que terá de viver nesse... inferno!

No mesmo instante que Sir John acabou de falar, o capitão Grigory Greig apareceu no convés do navio e estendeu uma mão, que nunca foi aceita. E então ela apareceu... a princesa Mary de Niedersieg, completamente vestida para a corte, apareceu no convés e encarou o cais, ou melhor, as pessoas no cais.

Nada, porém, foi dito. O torpor pareceu instaurar-se entre todos, torpor esse extremamente misturado com olhares impressionados. A princesa começou então a descer do navio, tão séria e régia que ninguém ousou se aproximar para recebê-la, a não ser Sir John, claro. Mary não era, ao mesmo tempo era, o que os russos esperavam...

— Mas ela é linda, mais até do que diziam! — um dos nobres observadores exclamou encantado.

— ... ela é alta, isso sim, alta até demais! — uma camponesa respondeu ao marido e aos filhos. — Se não fosse pelo rosto, poderia facilmente ser confundida com uma mulher completa!

— Olhem os diamantes da tiara dela, parecem até ovos de codornizes! — assim que a princesa pisou no cais, uma das damas de honra da imperatriz comentou. Logo, porém, a mesma franziu o cenho. — Mas por que ela segura o trem nos braços.

— Certamente que para não sujá-lo com nossa terra — respondeu uma carrancuda princesa idosa, que ainda acrescentou semicerrando os olhos: — Vejam só aquela faixa, não lembra de uma certa casa austríaca? É uma presunçosa!

— Talvez, mas a princesa é tão bela que torna-se perfeita. Parece até um anjo celeste! — um jovem, porém, ao lado da princesa, respondeu encantado, ganhando assentimentos.

Estava claro que a princesa Mary de Niedersieg não era o que a nobreza russa esperava, embora não estivesse muito longe dessa expectativa e fosse tudo e muito mais do que o povo esperava. De qualquer forma, Sir John e Lady Warren se aproximaram dela e fizeram uma longa mesura.

— É uma alegria ser recebida nessa terra tão longínqua por rostos tão conhecidos — falando com calma e doçura, Mary sorriu ao embaixador e embaixatriz. E bastou esse simples ato para fazer os mais próximos arfar encantados. — Espero não ter demorado muito, Sir John.

— Sua Alteza Sereníssima chegou no momento mais oportuno — Sir John, levantando-se com um educado sorriso, respondeu e apontou em direção a carruagem. — Creio, porém, que seu destino a espera em São Petersburgo.

O sorriso da princesa tremeu com essas palavras, mas ela assentiu e avançou vagarosamente em direção a carruagem do embaixador. Durante todo o percurso os nobres a receberam com respeitosas mesuras, que ela retribuiu com doces sorrisos e assentimentos.

Até que ela chegou e entrou na carruagem, sendo imediatamente seguidas pelos Warren. Logo uma grande fileira de berlindas cruzava Peterhof em direção a não tão distante São Petersburgo... em direção a capital do império. Fazendo com que Mary, olhando em total silêncio a paisagem russa, ficasse ainda mais ansiosa.

*****

02|07|1803 Palácio de Hampton Court, Londres

Os passos de Cathrine descendo a escadaria principal ecoavam por todo o hall, o que já era extremamente desconfortável, embora não tanto quanto ouvir os próprios passos na galeria. Mas isso eram apenas divagações, o fato era que Hampton Court foi ocupado pelo silêncio, e ele não dava sinal algum de que logo iria embora.

— Se ao menos houvesse alguma coisa no berçário, talvez o silêncio fosse menor. — Cathrine negou consigo mesma e, chegando no hall, foi para a sala azul.

Certamente que haveria alguém lá, porque esses corredores estavam praticamente vazios, sequer os criados eram vistos. O motivo seria por eles trabalharem bem, ou porque não trabalhavam? Cathrine, francamente, não queria saber a resposta, tanto que ela novamente negou e abriu as portas da sala.

— Há essa hora Mary já deve ter chegado em São Petersburgo, não? — Richard e Robert já estavam na sala, porém, embora essa pergunta tenha saído do marquês, a atenção dele estava em alguns documentos.

— Aham — e Robert respondeu curto e secamente, não surpreendendo ninguém, claro. Deitado no sofá, o príncipe abraçou o próprio corpo e virou em direção ao encosto, suspirando tristemente. — Mary faz tanta falta.

Seria esse o motivo de tanta melancolia? Saudades da irmãzinha, afinal os dois eram muito próximos? De qualquer forma, Richard e Robert estavam tão focados em seus próprios pensamentos que sequer notaram a presença de Cathrine, que fechou as portas atrás de si e respirou fundo.

— Nunca imaginei que um dia falaria isso, mas... — Só essas palavras foram o suficiente para trazer a atenção de Richard, que sorriu na direção dela. — sinto saudades de Anne, e de Mary também, principalmente dela.

— Alegra-me profundamente escutar isso, Catherine, mas peço-lhe que não mencione minha malfadada irmã. — Não mencionar Anne? A marquesa franziu o cenho... e lembrou porquê. Richard voltou aos documentos. — Lembrar dela me faz lembrar dele, e, francamente, não desejo quebrar as relações entre Niedersieg e Württemberg.

— Respeitarei seu desejo, afinal vivemos em tempos, no mínimo... curiosos — Cathrine suspirou cansada e adentrou mais ainda na sala. Mesmo logo parando e franzindo novamente o cenho. — Você está na minha mesa, sabia?

— Essa mesa já foi da minha mãe, avó, bisavó e tataravó... sabia? — sequer olhando para ela, Richard respondeu. Cathrine rir negando. — E nosso favo, ainda brincando no berçário?

— Está no ‘Jardim da Grande Fonte’, com Lady Pembroke. Você viu como ele estava fungando e o Dr. Markson disse que é bom o "ar puro''. — Afinal, o Tamisa não era tão sujo aqui. Aproximando-se do sofá onde Robert estava, Cathrine deu um tapinha na perna dele; sem resposta. — Por favor?

— Com tantos lugares para sentar, você escolhe justamente esse!? — O tom dele foi irritado e grosso, mas Robert afastou as pernas... estendendo-as sobre o encosto.

Cathrine não se ofenderia por causa disso. Porém foram essas palavras que prevaleceram antes do silêncio se instaurar na sala azul. Isso já havia acontecido antes, claro, mas nunca com apenas três pessoas na sala. O último mês foi tão agitado que eles sequer passaram algum tempo realmente juntos.

Encarando atentamente o marido do sofá, Cathrine observou Richard assinando um documento e pegando o seguinte de uma pilha, todos pareciam ter o brasão de Niedersieg e...

— O que são esses papéis, Richard? — Ela desconhecia o outro brasão. Richard virou-se sorrindo na direção dela... porém, sentindo os pés de Robert, Cathrine fitou irritada o cunhado. — Lembre-se que sou a esposa do seu irmão, ou seja, sua soberana! Não entendo essa sua tristeza, Robert!

A exclamação da marquesa, porém, não recebeu uma resposta. Na verdade, Robert simplesmente bufou e cobriu o rosto com o braço. Foi o bastante para fazer Richard e Cathrine se entreolharem preocupados, mesmo que... um sorriso malicioso logo tenha surgido nos lábios do marquês.

— Cathrine, é visivelmente por causa de uma mulher. Você não vê os sinais? — Richard zombou rindo divertido, fazendo a marquesa franzir o cenho.

— Não zombe do seu irmão assim, Richard! — A marquesa negou ao marido, que apenas fechou a boca e voltou aos documentos. O que a lembrou… — Você não respondeu a minha pergunta, sobre o que é isso?

— Assuntos de Niedersieg, ou seria de Ehreschöne? Bem, não importa muito. — Havia sentido nessa frase? Cathrine levantou e foi para junto do marido, que continuou: — O bicentenário de Ehreschöne é ano que vem e, em comemoração, eles planejam construir uma coluna no centro do Gethsemane Garten.

Uma coluna? Cathrine franziu o cenho e pegou um dos desenhos enviados, o que apenas aumentou a confusão dela. No topo haveria uma estátua de Cristo subindo aos céus, mas… seria essa a lógica da coluna?

— Esse principado gasta muito com obras — Cathrine afirmou negando e colocando o desenho no lugar. Pelo menos não era um arco.

— Eu não diria isso, Neipperhard parece mais preocupado com a segurança de Niedersieg do que com a do povo em si. — As palavras de Richard saíram mais críticas que preocupadas. Ele pegou um desenho e deu os ombros. — Para falar a verdade, eu nem lembrava do bicentenário de Ehreschöne.

— E quanto as outras cidades? Só me recordo do bicentenário de Niedersieg em 1800. — A nova praça-jardim que a cidade ganhou era extremamente linda. — Pelos desenhos, o Freyafelder parece até um paraíso.

— E como num paraíso, nós nunca estaremos lá. — Cathrine franziu o cenho com essas palavras de Richard e, afastando-se, negou. Ele, porém, respondeu: — Königsstadt comemorou 200 anos no ano que casamos, eles colocaram até uma estátua minha em frente a do imperador Friedrich III, enquanto Smaragdberg só fará aniversário em 1807.

E seria também um bicentenário, afinal todas as quatro cidades receberam o status de cidade no mesmo período. Era possível encontrar tudo nesses pequenos estados alemães. Cathrine novamente negou e começou a andar pela sala, tentando ao máximo encontrar algo para fazer. E o silêncio instaurou-se novamente.

Quando o café da manhã seria anunciado para que essa tortura acabasse? Casas vazias, ou quase vazias, eram um veneno para a alma! Cansando, porém, desse silêncio horrível, Cathrine virou-se em direção a Richard e... Lady Paston entrou na sala, fazendo uma mesura.

— Minha marquesa, o Sr. Gyldenpalm chegou para sua audiência. — Oh, o substituto do embaixador dinamarquês. Cathrine assentiu e aproximou-se da condessa, que acrescentou... receosa: — Ele diz trazer notícias da sua família.

— Notícias? — a marquesa repetiu confusa, fazendo Lady Paston assentir. Mas Juliane não escrevia desde de maio... Cathrine suspirou e sorriu para Richard. — Vejo você no café da manhã.

Ou daqui a alguns mínimos, afinal já passava das 10 horas. De qualquer forma, Cathrine beijou a bochecha de Richard, que sorriu, apesar de muito focado nos documentos, e deixou a sala azul.

Foi um tanto curioso o Sr. Gyldenpalm pedir uma audiência. Normalmente o "convite" saia de Cathrine, principalmente agora que Andreas Gyldenpalm estava atuando como embaixador na licença do conde Wedel. Eram dois homens diferentes, com pensamentos diferentes... e talvez Cathrine tenha se descoberto uma partidária do poder aristocrático.

Logo a marquesa chegou na sala de visitas e tentou colocar os pensamentos em ordem. Qualquer problema em casa seria dito por Juliane ou Christian, o Sr. Gyldenpalm nada tinha haver com isso. Muito bem, Cathrine pegou as maçanetas e abriu a porta...

— Sr. Gyldenpalm, o senhor é um mentiroso! — sentada à frente do diplomata, Lady Spencer exclamou rindo e virou-se na direção da marquesa. — Oh, minha princesa, que felicidade! A conversa do Sr. Gyldenpalm é divina, embora seja inacreditável ele afirmar que Londres lembra Copenhagen.

 

— Mesmo? Eu nunca havia percebido tais semelhanças — Cathrine, entrando lentamente na sala, retrucou em direção ao diplomata, sentado sorridente num sofá.

— Em alguns aspectos ambas as cidades são muito semelhantes. São capitais de reinos... numa ilha! — Nessa última parte, o diplomata começou a rir altamente, e Lady Spencer o acompanhou. Mas logo ele levantou e fez uma mesura. — Sua Alteza Sereníssima.

Eis aí o motivo de Andreas Gyldenpalm não gostar muito dela, e nem Cathrine dele. Ambos tinham personalidades extremamente diferentes. A marquesa, porém, assentiu e caminhou até o sofá.

— Tentarei prestar mais atenção, desejo ver essas "semelhanças". — Cathrine sentou no sofá, dando ao Sr. Gyldenpalm permissão para também sentar, e fitou Lady Spencer. — E quanto ao chá, milady?

— Os criados acabaram de trazer, minha princesa, está fumegando. — Lady Chartents respondeu trazendo a bandeja com chá. Foi o suficiente para que Lady Spencer se afastasse.

— Espero que Sua Excelência goste do chá inglês. — Porque ela mesmo não nutria amores por ele no início. O diplomata assentiu, então Cathrine começou a servir. — Mas creio que seja melhor irmos logo ao ponto, não? Logo o café da manhã será servido e... estou curiosa. Qual é a notícia sobre minha família?

Se esse era o motivo da audiência, não havia porquê enrolar. Cathrine entregou uma xícara de chá ao diplomata dano-norueguês, que aceitou e suspirou, antes de falar que:

— Seu pai, o príncipe Frederik, está doente.

As forças da princesa se esvaíram e a xícara com chá para ela quase foi derrubada. Doente...? O pai dela estava doente!? Cathrine fechou os olhos e respirou fundo. Mas doente do quê!?

*****

Nunca o silêncio foi tão profundo e instigante entre eles. Houve um momento de "alívio", claro, mas esse momento acabou e tudo voltou a ser como antes. Richard e Robert estavam calados e focados em seus próprios assuntos. O primeiro com assuntos de estado, e o segundo... bem, com seja lá o que ele estivesse fazendo.

— Não sei se algum dia vou me acostumar com isso — Richard, ainda focado nos documentos de Niedersieg, comentou sobre o silêncio. Robert, porém, nada respondeu, fazendo ele rir tensamente. — São tantos documentos que às vezes perco até a noção do juízo.

E novamente ele deu uma risadinha, que, novamente, recebeu apenas o silêncio como resposta. Pois então, que assim fosse. Richard voltou aos documentos, embora logo em seguida tenha franzido o cenho. Se preparar para a guerra? Não tinha guerra alguma acontecendo no continente! Porém, quando Richard menos esperava...

— Você não teria todos esses documentos para assinar se fosse mais responsável e menos procrastinador. — Richard imediatamente franziu o cenho para o irmão, ainda cobrindo o rosto.

— Vejo que sua doença não é tão incapacitante assim, afinal você ainda consegue ser você. — O tom dele foi desdenhoso, mas não o suficiente para trazer a atenção de Robert. Richard riu negando. — Mas o quão bom isso é?

— O suficiente para eu dizer o seguinte — Robert tirou o braço do rosto e encarou furiosamente o irmão — vai se foder, Richard!

O marquês paralisou com essas palavras, tanto que, dilatando as pupilas, deixou cair a pena que tinha nas mãos e... levantou-se abruptamente da cadeira, batendo ambas as mãos na mesa.

— Essa sua irritabilidade e falta de educação já está me dando nos nervos, Robert! Você não é melhor ou igual a mim e Cathrine para nos tratar assim! Lembre-se do seu status inferior! — Mas Richard não recebeu sequer um olhar do irmão. Ele voltou a sentar, suspirando. — O que lhe deixou tão abatido assim? É Mary...?

— É algo que diz respeito apenas e somente a minha pessoa! — Robert, olhando fixamente para o teto, respondeu… e suavizou a expressão. — Richard, você estaria disposto a me aconselhar? Me aconselhar não como soberano ou guardião, mas sim como meu irmão e... melhor amigo?

Melhor... amigo? Richard sentiu o coração apertar ao escutar essas palavras, sentir a angústia do irmão. Algo não estava certo na vida de Robert, e se escutá-lo fosse servir de ajuda...

— Tentarei não julgá-lo... como irmão, claro — o marquês respondeu sério, recebendo um débil sorriso de agradecimento do irmão. — Diga o que lhe aflige.

— Não posso dizer com todas as palavras o que foi, eu prometi guardar segredo, mas... — O príncipe hesitou um momento, porém fechou os olhos e virou-se ao irmão mais velho. — Richard, o que fazer quando você fere ou ofende uma pessoa, mesmo que sem querer?

— Quem você ofendeu, Robert!?

— Ninguém que lhe diz respeito! — Robert foi muito rápido e afetado ao responder, fazendo Richard arquear uma sobrancelha. — A questão é que ofendi alguém, e talvez com algo muito grave. Mas que fique muito bem claro que foi sem querer, e também que não houve aviso, sequer protesto! Agora essa pessoa não me quer ver nem pintado!

Dito isso, o duque de Kendal calou-se, não com o objetivo de ouvir uma resposta do irmão ou algo do tipo, mas sim para acalmar-se e colocar os pensamentos em ordem. O que foi bom, afinal... o marquês permaneceu calado, apenas fitando o irmão com pena.

— Que situação, hein? Não sei nem o que dizer exatamente — Richard disse abaixando a cabeça e suspirando. Embora rapidamente ele tenha voltado ao irmão. — Mas tenho certeza que se vocês pararem um momento e tentarem conversar...

— Eu já não disse que ela não me quer ver nem pintado!? — o príncipe rapidamente cortou, voltando a olhar para o teto. — A mágoa é grande demais para ser ignorada.

Mas que erro tão grande foi esse que Robert cometeu para causar sentimentos tão profundos? Richard, fracamente, não entendia isso... não tinha como entender. Porém, nessa situação, a obrigação de Richard não era entender, mas sim aconselhar.

— Raiva, mágoa e ressentimento são sentimentos limitados, Robert. Não duram para sempre. — O marquês fitou o irmão, ainda encarando o teto, e sorriu de lado. — Deixe passar um tempo e, então, vá pedir perdão.

— Mas eu não fiz por querer — sussurrando, Robert fechou os olhos.

— Mas ainda assim fez, você causou dor, Robert. — Apesar de sério, Richard não estava de forma alguma culpando o irmão, mesmo que essa tenha fechado dolorosamente os olhos. — O importante não é estar certo ou errado, mas sim ter uma existência pacífica e sadia nessa terra.

O mais importante era isso, apenas isso, enquanto o resto não passava de futilidade. De qualquer forma, o silêncio voltou a dominar na sala azul, Robert nada respondeu, e nem Richard buscou uma resposta. Ambos retornaram aos seus próprios assuntos. Até que Robert respondeu:

— Irei pensar sobre o que você disse. — E depois ele voltou a melancolia.

Que assim fosse então. O marquês assentiu e retornou aos documentos de estado. Porém, ao mesmo tempo que lia os apelos de Neipperhard por forças militares mais bem preparadas, Richard não parava de pensar em Mary e no casamento russo. Ela já teria chegado em São Petersburgo e conhecido a família imperial?

*****

Palácio de Inverno, São Petersburgo

Passando pela ortodoxa Catedral de Santo Isaac, a carruagem imperial trazendo a princesa Mary cruzou a Praça do Senado e virou ao leste do Aterro do Almirantado, rumo ao aterro do...

— Palácio de Inverno, o maior símbolo do Império Russo — Mary, olhando estóica pela janela, fechou os olhos e suspirou pesadamente. — Agora realmente sinto que estou na Rússia.

Não havia mais como negar ou pensar que era apenas um pesadelo. Depois de passar quase seis horas viajando, e ainda trocar de carruagem na entrada da cidade, Mary finalmente chegou em São Petersburgo... chegou no inevitável destino dela. Agora era apenas aceitar, afinal de um lado estava o destino e do outro o rio Neva.

Novamente suspirando, a princesa afastou-se da janela e fitou os calados Sir John e Lady Warren. Palavra alguma foi trocada entre eles durante toda a viagem, ou melhor, nada mais que o necessário foi dito. Mas Mary conseguia ver claramente pena nas expressões deles, e havia como não ter?

— São Petersburgo é, apesar de tudo, uma cidade impressionante, não? — Esse silêncio, porém, logo foi quebrado pelo embaixador, que fitou a princesa com expectativa.

— Creio que sim, embora Londres seja muito mais. — Afinal, eram mais de 1 milhão de pessoas habitando a mesma cidade. A carruagem começou então a passar pelo Palácio de Inverno, fazendo ela voltar à janela. — Mas esse palácio... não existe nada igual na Inglaterra.

O Palácio de Inverno, com sua tintura amarela pálida e estilo barroco russo, era "pomposo" demais para o gosto inglês, sequer Goldenhall exalava tanto poder e riqueza. Mas... um sorrisinho seco surgiu nos lábios de Mary, esses Romanov tinham que esconder a própria tirania com alguma coisa, não?

Mas esse sorrisinho de Mary teve vida curta, pois logo a carruagem parou numa entrada bem ao centro da frente norte do palácio. Foi o bastante para fazer a princesa voltar a postura régia e tomar uma expressão calma; só assim para aguentar tudo isso!

— Minha princesa, há um aviso que desejo dar-lhe antes de sairmos; é sobre a família imperial. — A menção dos Romanov pelo embaixador trouxe imediatamente a atenção de Mary. Sir John então limpou a garganta. — Imagino que já seja do seu conhecimento que eles não são... bem, normais.

— Nenhuma família soberana, seja imperial, real ou principesca, é "normal", Sir John. — Não no sentido próprio da palavra. Resposta alguma foi dada pelo baronete, fazendo a princesa sorrir e acrescentar calmamente: — Mas o senhor não está se referindo a isso, não é mesmo?

Novamente, nada foi dito pelo baronete. Sir John parecia até receoso com as próximas palavras que diria, e com razão, afinal ele era um diplomata. Mas Mary esperou, e esperou pacientemente, até que Sir John a encarou fixamente... extremamente sério.

— Os Romanov estabeleceram o seu poder na Rússia usando dois principais meios: a tirania e o assassinato... mesmo entre seus iguais. São pessoas frias, cruéis e sem coração. — Mary lentamente assentiu... ela já sabia disso. — Alexandre é sedento por poder, Elizaveta vive em ostracismo e depressão, enquanto Maria Feodorovna... é o Cérbero que guarda todo esse inferno!

— E quanto ao meu noivo, o que ele é? — ela então perguntou, sem qualquer expressão ou sentimento.

— Konstantin é o mais vil dos homens — Sir John respondeu frio e diretor. O coração de Mary quase parou, mas ela assentiu... isso também já era conhecido. — Tome cuidado, minha princesa, porque essa é, sem sombra de dúvidas, a mais terrível das cortes europeias.

— Todo o ouro e luxo serve apenas para esconder a intriga e depravação desse lugar — Lady Warren ainda acrescentou com seriedade, fazendo Mary novamente assentir. Então um lacaio abriu a porta da carruagem. — Está na hora, minha princesa.

De fato, e não havia como dar meia-volta. Sir John, descendo da carruagem, estendeu então uma mão a princesa, que respirou fundo e aceitou. Sendo que não havia mais como protelar, que ela fosse o mais perfeita possível... tal como todo homem e mulher Tudor-Habsburg.

Saindo da carruagem, Mary foi conduzida até a entrada do palácio, onde ela parou para arrumar o trem do vestido, bem como o cabelo e os diamantes. E, claro, que ela também arrumou a estrela e a faixa vermelha e branca da Felix-Austria-Orden, criada especialmente por Richard para que ela representasse perfeitamente uma imperial Habsburg.

E então ela entrou... a não ser pelos guardas, a portaria parecia completamente vazia. Porém, à medida que a princesa adentrava mais ainda no palácio, a presença de nobres e oficiais começava a ficar mais marcante, principalmente quando ela entrou numa galeria... cujo ambos os lados estavam ocupados pela corte.

Todos os cortesãos voltaram-se em direção a princesa, que ergueu orgulhosamente a cabeça e, soltando-se de Sir John, começou a sua lenta procissão pela abobadada galeria rumo a escadaria dupla no final, cuja brancura e mármores faziam Mary sentir-se em Versailles, talvez até Nápoles!

À medida que Mary avançava pela galeria, os cortesãos se curvavam e faziam mesuras. Principalmente quando no final do primeiro lance da escadaria surgiu... a família imperial... O coração de Mary quase saiu pelo garganta, nesse momento ela pensou que iria cair... mas então ela lembrou de algo, um algo muito simples: o nome da ordem que ela usava.

Felix Austria, o nome da ordem era o principal lema dos Habsburg. Alguns, como os Romanov, ganhavam poder por meio da guerra e do derramamento de sangue, mas não eles, o poder dos Habsburg era baseado em alianças de casamento... e havia algo mais forte que uma união inquebrável?

O imperador e sua família juntou-se na escadaria, ao mesmo tempo que Mary começou a subir os degraus e... sempre tendo na cabeça que ela era uma Habsburg, uma princesa nascida para sacrificar-se, uma Andrômeda... Mary curvou-se aos Romanov.

*****

Palácio de Hampton Court, Londres

Rindo alto e divertidamente, as criadas do berçário corriam e brincavam entre os teixos da alameda principal do 'Jardim da Grande Fonte'. Era sempre uma grande diversão quando o conde de Rivers era trazido aos jardins, principalmente para elas, mas não unicamente.

— ... nove, dieci, undici, dodici... eh... — Andando na 'Grande Fonte' como que numa corda bamba, Adam parou e fitou confusamente Lady Pembroke, segurando a mão dele.

Tredici, Adam; não é tão difícil assim. — Apesar do tom paciente dela, o príncipe ainda abaixou a cabeça e inflou as bochechas. A baronesa, porém, sorriu de lado e acariciou o cabelo dele. — Comece de novo, mas agora do início.

O príncipe inicialmente não obedeceu, mas o olhar doce de Lady Pembroke foi tão insistente que logo ele também sorriu e voltou a contar, bem como a andar em volta da fonte.

Uno, due, tre...

Lady Pembroke riu com toda essa alegria de Adam. Era impressionante como crianças, principalmente as mais jovens, não guardavam nenhum tipo de rancor ou raiva. Havia nelas uma pureza imensa, que acabava por perder-se em algum momento da vida... mas a baronesa logo negou e voltou a atenção ao príncipe, o trabalho dela não era filosofar.

Adam continuou contando e brincando na fonte, embora vez ou outra fosse muito para o limite da borda. De qualquer forma, a atenção de Lady Pembroke estava nele... até que uma risonha, bem como ofegante, criada aproximou-se dela com um leve mesura.

— A Sra. Wilson deseja falar com a senhora, milady. — A esposa do boticário? Lady Pembroke franziu o cenho e a criada continuou, agora mais "calma": — Creio que seja algo envolvendo os tônicos do príncipe.

— Mas que problema poderia haver em simples tônicos? — A criada deu os ombros, não que ela pudesse fazer muito, claro. Lady Pembroke suspirou e estendeu a mão de Adam. — Tome cuidado com o príncipe; lembre-se que a vida dele custará a sua... e ainda não será o suficiente para pagar.

Assentindo animadamente, a jovem criada pegou a mãozinha de Adam e sorriu na direção dele. Isso foi extremamente angustiante para Lady Pembroke, principalmente por ela o quão preciosa era essa criança. Adam, então, voltou a contar e andar, obrigando Lady Pembroke a ir trás da Sra. Wilson.

Tudo estava indo muito pacificamente, Adam contava em italiano, a criada segurava a mão dele e as outras se divertiam mais atrás. Calma maior que essa era impossível. Até que uma das criadas brincando escorregou na grama e caiu, gerando uma onda de gargalhadas.

— É muito da sua cara fazer isso, não é, Beatrice!? — a criada segurando Adam zombou da amiga, gerando mais risadas. — E depois dizem que eu sou desastrada!

Entre risadas e zombarias, a criada acabou soltando a mão de Adam, que continuou a andar na borda da fonte, cada vez mais distante da jovem.

— ... otto, nove, dieci, undici... — Um forte vento soprou no jardim, fazendo o príncipe inclinar em direção a fonte. — Mais que divertido, sou como uma folha!

O príncipe começou a rodar e correr na borda da fonte, imaginando-se como uma folha levada ao vento... incapaz de discernir o perigo ao qual estava sendo exposto. Até que a criada, instantaneamente arregalando os olhos, percebeu isso e gritou:

— Meu príncipe, mas o que...!?

Esse grito, junto com as exclamações das outras, acabou assustando o pequeno Adam, que tropeçou e acabou caindo...

Entrando abruptamente no apartamento dos Bristol, uma criada gritou pela marquesa e, tendo um lacaio respondido onde ela estava, correu em direção a sala de visitas. Havia um imenso desespero no rosto da jovem, que confundia-se com o medo nos olhos dela. Mas ela chegou e abriu as portas da sala, chamando imediatamente a atenção das damas de companhia.

— Não creio que seja tão grave assim, de qualquer forma — O Sr. Gyldenpalm disse, por fim, a marquesa, embora mais sério. Entre as damas, Lady Carlisle aproximou-se da criada. — Ele estava ótimo quando me convidou para caçar em Sorgenfri na última vez que estive lá.

— Talvez o senhor esteja certo, afinal nada me foi dito — a marquesa, inerente ao que acontecia atrás dela, suspirou melancolicamente e olhou para baixo. Enquanto Lady Carlisle arregalou os olhos. — Sorgenfri… fui tão feliz naquele lugar. Só tenho boas lembranças de lá.

Assentindo lentamente, o Sr. Gyldenpalm abriu novamente a boca para falar, porém Lady Carlisle aproximou-se da marquesa e abaixou-se ao ouvido dela. Cathrine franziu o cenho com essa ação, principalmente ao perceber o olhar preocupado da condessa, mas ela assentiu.

— É o príncipe Adam, minha princesa. — Adam? Cathrine imediatamente virou-se a Lady Carlisle, tão preocupada que assustou a condessa. — Parece que... ele caiu na Grande Fonte.

Os olhos de Cathrine arregalaram e... ela sentiu os olhos sendo invadidos pelas lágrimas. Adam... caiu na Grande Fonte!? A princesa gemeu dolorosamente, fazendo as damas, bem como o Sr. Gyldenpalm, tentarem se aproximar. Porém Cathrine imediatamente levantou e saiu correndo, indo atrás do filho dela! E foi tão angustiada que sequer tentou impedir as lágrimas de caírem.


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Notas finais do capítulo

* Vocês sabiam que os Habsburg eram uma família poliglota? Sim, isso é verdade. A Monarquia dos Habsburg, em meados do século XIX, compreendia territórios nas atuais Áustria, República Tcheca, Hungria, Itália, Croácia, Romênia, Sérvia, Polônia e Ucrânia, sendo que já compreendeu Luxemburgo e parte do que hoje é a Bélgica. Não era a toa que era chamado de "império multiétnico". Seria tolice afirmar que os Habsburg falavam fluentemente cada língua que fazia parte desse império, mas é sabido que eles faziam um grande esforço para aprendê-las, quando necessário, afinal essa era uma família conhecida pelo alto valor que davam a educação. Mas uma coisa é certa: eles sabiam, além de alemão, francês, italiano, latim e, possivelmente, inglês. As outras línguas do império não é certeza. Por isso coloquei Adam contando em italiano, para representar esse lado "multiétnico" deles. E os Tudor-Habsburg são um grande exemplo de muitas nacionalidades; eles moram na Inglaterra, reinam um principado alemão e se veem como austríacos.

* Ainda falando em Itália, houve um momento, algumas horas, no caso, que eu pensei seriamente em dar aos Tudor-Habsburg um estado na Itália para eles chamarem de seu. Foi logo no começo, e eu estava justamente pensando em justificar a igualmente do casamento de Mary e Konstantin; eu precisava de Tudor-Habsburg como "soberanos". Minha primeira opção foi dar a William, o primeiro marquês, o que eu sei hoje que seria um apanágio do Palatino Eleitoral, afinal o pai dele era o eleitor palatino, mas depois essa ideia declinou e eu pensei na Itália, que sempre teve uma grande conexão com os Habsburg, mas durou pouco. Então nasceu o "Fürstentum Niedersieg"; mas por que na Alemanha? Simplesmente porquê era uma terra sem lei, por assim dizer. O Santo Império me dava liberdades que nenhum outro lugar dava, então lá eu enfiei meu Niedersieg. Tornou-se muito lógico até, o Santo Império era cheio de "anomalias".

* Uma outra curiosidade: vocês sabiam que o imperador Ferdinand III sabia falar italiano fluentemente, bem como seus filhos? Mais uma conexão dos Tudor-Habsburg com seus ancestrais.

* Agora falando na Rússia... mas que lugar horrível para pesquisar. Na verdade, a Rússia, junto de Alemanha e Bristol, são os lugares que eu mais odeio pesquisar. Primeiro porque eu não entendo nada de russo, segundo porque em todos os lugares que eu pesquiso tem alguma coisa se contradizendo e terceiro, porque nada parece fazer sentindo. Só para se ter ideia, eu passei quase o dia inteiro pesquisando sobre as entradas do Palácio de Inverno no início do século 19, porque palácio sobre o qual estou escrevendo não é o mesmo que existe hoje, ele pegou fogo na década de 1830 e foi reconstruido, e também sobre a Escadaria do Jordão, que também já foi chamada de Escadaria Principal e Escadaria dos Embaixadores. É um grande quebra cabeça. E o mesmo referindo-se a Bristol e a Alemanha, pelo menos a Áustria é mais informativa sobre seus prédios famosos.

* Falando em Alemanha, vamos para Niedersieg. E sempre gostei de escrever soltando informações ao longo do caminho sobre a história do principado, e no futuro vocês terão coisas muito mais consistentes. Mas eu sempre pensem também eu postar "informações" sobre a história do lugar, não apenas da cidade de Niedersieg, mas também sobre a de Königsstadt, Smaragdberg e Ehreschöne. Eu, propositadamente, coloquei essas cidades em segundo plano, mas eu também criei uma história para elas. Sabiam que Königsstadt é o início de tudo? Que Smaragdberg fica nos alpes e foi comprada por Niedersieg? Que houve uma revolta em Ehreschöne na década de 1760...? Que Theodor Harold casou-se ilegalmente com uma atriz francesa? E como essas duas últimas perguntas são conectadas? Confesso que isso é um spoiler, eu já criei a sinopse de duas histórias que passam em Niedersieg. Uma contando a ascensão, e a outra a queda... de qualquer forma, vocês acham que seria interessante postar mais informações sobre o lugar? Principalmente agora que Niedersieg se tornará cada vez mais importante.

* Não se esqueçam de favoritar, acompanhar e, caso desejarem, comentar sobra a história, é uma grande motivação para mim.

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