Nevoeiro escrita por Alina Black


Capítulo 10
Renesmee- Pobre menina rica




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809487/chapter/10

— Então o marido da sua mãe ele? - Tentei fazer Ayla se abrir comigo sem que aquilo fosse desconfortável para ela, embora não houvesse uma maneira confortável de falar sobre aquilo.


Ela pareceu pensativa.


— Me desculpa eu não consigo falar sobre isso- Ayla se levantou da cadeira e eu segurei sua bolsa.


— Ayla espera.


Os olhos dela lacrimejaram- Eu não consigo, preciso ir.- Ela puxou a bolsa e saiu correndo.


— Ayla- Corri atrás dela porém ao passar pela porta a vi desaparecer nos corredores.


— Droga! Sussurrei e segui na direção do elevador, eu não teria mais aulas durante a tarde então precisava tomar algumas decisões importantes sobre a minha caótica vida.


A porta do elevador abriu e caminhei entre os demais alunos, minha conversa com Ayla havia me deixado preocupada, não haviam dúvidas que ela precisava da minha ajuda.


Sai do prédio e caminhei até o estacionamento, meus olhos se direcionaram para meu carro e encontraram os de Eliot que estava encostado no capô com ambas as mãos nos bolsos da sua calça jeans da Calvin Klein, a alguns metros seu irmão mais velho nos observava acompanhado da namorada em um Bugatti, me perguntei se eles eram herdeiros Elon Musk.


— Parece que seu hobby nas horas vagas é me seguir- Reclamei ao me aproximar do meu carro.


— Eu preciso falar com você - Ele respondeu dando um sorriso com o canto dos lábios.


— Meu agradecimento pela noite de ontem não foi o suficiente?


— Não precisa ficar na defensiva comigo Nessie, eu sou seu amigo.


Olhei novamente nos olhos dele , tinham um tom marrom que fazia contraste com os cabelos acobreados dele, a quem eu estava tentando enganar? Eliot era a personificação da perfeição humana e assim como as demais garotas da faculdade eu também me sentia "atraída" e isso era o que mais me incomodava.


— Tudo bem- tentei baixar minha guarda, afinal de contas ele não tinha culpa do fato de eu não saber lidar com alguns tipos de sentimentos - Sobre o que deseja conversar?


— Na verdade não é uma conversa, é um convite- Ele respondeu.


— Um convite?


— Quero convidá-la para jantar, na minha casa, amanhã? Aceita?


O olhei um pouco surpresa mas sorri tentando disfarçar - Está me convidando para ir a sua casa?


— É meu aniversário e eu sempre comemoro em família, mas gostaria que estivesse presente.


O encarei mais uma vez , realmente Eliot era um garoto muito diferente dos demais idiotas da faculdade - Geralmente os caras da sua idade comemoram seu aniversário com rodadas de bebidas na beira da piscina com os amigos.


Ele sorriu - Eu não sou como eles, prefiro comemorar com pessoas importantes.


— E eu sou importante?


— Não imagina o quanto.


— Está bem, eu vou.


O sorriso dele se alargou- Ótimo, te espero as dezenove- Ele respondeu abrindo a porta do meu carro para mim.


— Serei a convidada- Respondi entrando em meu carro, Eliot fechou a porta e se afastou, dei partida no veículo e sai do estacionamento da faculdade.


Eliot Cullen era uma incógnita e eu começava a me interessar em decifra-la.

....

Eu fiquei o restante do dia em casa verificando todo material que eu tinha sobre o desaparecimento de Riley e o acidente de meus pais, como haviam se passado mais de quinze anos tudo começava a ficar bem mais difícil, por mais que algumas situações colocasse dúvidas em minha cabeça eu estava começando a acreditar que talvez tudo fosse da forma que tio Matt sempre havia dito, uma sequência de fatalidades.


Organizei todo material sobre a mesa e levantei, o assunto Ayla Black ainda estava martelando em minha cabeça desde nossa conversa na faculdade, eu precisava insistir mais uma vez e foi isso que decidi fazer.


Peguei o aparelho celular e sentei em minha cama calçando minhas botas enquanto ligava para Eliot, eu havia pego o número dele no grupo de alunos do meu whatsapp, ele demorou para atender a minha ligação mas após os toques insistentes eu ouvi a voz dele.


— Nessie que surpresa- Ele falou ao atender.


— Como você sabia? Suspirei - Esquece, por acaso sabe o endereço da Ayla? Eu preciso conversar com ela pessoalmente


— Ham, claro, o endereço da Ayla- Eles respondeu- Vou enviar a você por mensagem, pode ser?


— Obrigada - Respondi .


Ele encerrou a ligação.


— Que estranho - Murmurei pegando minha bolsa e a chave do carro, Eliot parecia tenso na ligação e tinha absoluta certeza de ter ouvido uma voz feminina chamando por ele, mas como garotos era imprevisíveis decidi não pensar nisso.


Deixei um recado na secretaria eletrônica para meus tios e sai de casa, Eliot havia enviado o endereço de Ayla e minutos depois eu estava na pegando a avenida principal indo para Fremontt, após quarenta e cinco minutos eu parei diante da linda casa branca.


— Nossa, a Ayla mora bem! Sussurrei passando pelo jardim e toquei a campainha, olhei para o lado e um grupo de crianças brincavam com suas bicicletas, sorri lembrando de quando Riley me levava para andar de bicicleta nas noites dos finais de semana.
Ouvi o som do abrir da porta e em seguida a mulher loira saiu - Pois não - Disse ela educadamente.


— Oi, boa noite - falei dando um tímido sorriso- A Ayla está em casa?


— Sim, você é?


— Nessie, amiga da faculdade.


A mulher sorriu- Você é a Nessie? Ayla tem falado muito de você na última semana- Completou dando espaço para que eu entrasse- Muito prazer, Ane Miller , mãe dela.


— Muito prazer senhora Miller- Respondi entrando na casa.


— Ayla está no quarto, fique a vontade.


Concordei com a cabeça e caminhei pela luxuosa sala, era visível que a família Mills tinha posses por todo luxo daquela casa, com certeza o padastro pervertido era alguém importante e isso complicava um pouco as coisas, começava a entender porque Ayla tinha medo.


— Nessie!


A voz de Ayla me tirou de meu devaneio, a garota desceu as escadas correndo e veio ao meu encontro me dando um forte abraço - Que surpresa você aqui.


— Gosto de fazer surpresas - Respondi sorrindo.


Ayla afastou o corpo do meu e olhou para a mãe - Vem, vamos conversar no meu quarto.


Olhei para a senhora Miller e subi as escadas sendo puxada por Ayla.


— Eu estou tão feliz de você ter vindo! Disse Ayla ao entrarmos no quarto, em seguida ela trancou a porta e sorriu olhando para mim.


— Seu quarto é lindo- Falei olhando para as paredes em um tom lilás , as cortinas e os móveis, me senti em um quarto das princesas dos contos de fadas.


— Minha mãe exagerou, não preciso de tudo isso- Ela falou sentando na cama- Mas meu pai faz qualquer coisa se isso significa me ver feliz.


Ergui as sobrancelhas- Seu pai?


— Sim- Ela confirmou- Por acaso acha que essa casa é do Marco?


— Não seria o óbvio? Perguntei sentando na cama ao lado dela.


Ayla riu- Marco é um encostado, vive nas casas de apostas, meu pai banca isso tudo com a pensão exagerada da minha mãe.


As palavras da garota tinham tanta mágoa que apenas confirmei minhas suspeitas sobre o tal do Marco - E porque não mora com seu pai?


Ela sorriu- É o que mais desejo, ir para La Push, ficar com meu pai, Seth, meu avô...


— E porquê só diz isso ao juiz, a escolha é sua.


— Você quer sorvete, vou buscar- Ayla falou desconversando, eu apenas suspirei ao vê-la sair do quarto.


Continuei sentada na cama e esperei por Ayla, olhei para cada canto daquele imenso quarto e meus olhos pararam nos porta-retratos na mesa de cabeceira, uma deles era a foto de Ayla e Seth e na outra Ayla e um rapaz desconhecido, seria ele Jacob Black?


— Voltei!


Olhei para a porta e Ayla havia retornado ao quarto com um pote inteiro de sorvete- O que acha de fazermos a noite das garotas? Ela sugeriu.


— Seth é muito importante para você não é? Perguntei olhando para o porta retrato.


— Ele é meu melhor amigo- Respondeu ela- Sinto falta quando ele não está aqui- Ela sentou ao meu lado e me entregou uma colher.


Peguei a colher e sorri a observando abrir o pote de sorvete- Eu não vim aqui para forçar você a me falar sobre o marido da sua mãe, vim para mostrar que sou sua amiga Ayla.
Ela ofereceu o sorvete - É bom não estar sozinha.


— Você não esta - peguei uma quantidade de sorvete e levei a boca.


— Mudando de assunto- Ayla tomou um pouco do sorvete e lambeu a colher- Porque acredita que aconteceu algo com seus pais que não foi um acidente?


A olhei um pouco surpresa com a pergunta - Desde meus doze anos eu acreditei nisso, mas ultimamente não sei mas.


Ayla sorriu- Talvez precise deixar o passado para trás e viver o presente Nessie, pensar no futuro.


— Acredite eu tenho pensado nisso.


Ela sorriu e me sujou com sorvete - Noite das meninas.


Ergui as sobrancelhas - Você acaba de desencadear a guerra.


Ayla gargalhou e eu a sujei de sorvete em resposta, durante toda a minha vida pela primeira vez eu havia me sentido uma garota normal, vivendo coisas que garotas da minha idade faziam.


A noite com Ayla foi divertida, mesmo eu não tendo tido sucesso em arrancar dela o que estava acontecendo com seu padastro, eram aproximadamente vinte e uma horas quando cheguei em casa, tio Matt e Lily assistiam algo na TV da sala quando passei pela porta.


— Olha só, cumprindo os horários - provocou tio Matt e eu apenas sorri.


— Deixei seu jantar no microondas - Disse Lily.


— Obrigada, mas já comi na casa de uma amiga, noite das meninas.


— Isso é muito bom! Disse tio Matt.


— É, eu preciso dormir, boa noite.


— Boa noite querida, durma bem.


Me despedir de meus tios e fui para o meu quarto, após entrar tranquei a porta e olhei para as fotos e papéis sobre minha mesa, joguei minha bolsa no chão e caminhei até a mesa olhando todo aquele material.


Peguei a caixa e devolvi tudo para dentro, em seguida sai do quarto com a caixa nas mãos na direção da cozinha- Não ia dormir? Gritou tio Matt.


— Vou aceitar o jantar da Lily- Respondi entrando na cozinha, peguei um grande saco de lixo e coloquei tudo que eu tinha guardado por tantos anos.

" Hora de deixar o passado para trás e seguir em frente", falei a mim mesmo ao jogar tudo que eu havia guardado por anos na lata do lixo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nevoeiro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.