Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 30
Tirando a limpo




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Já era um pouco mais de uma da tarde quando saiu da casa de dona Ami. O almoço que ela preparou estava saboroso como sempre. Sem contar na sobremesa, que era uma de suas especialidades.

A refeição foi ótima, sem dúvidas, mas o que estragava algumas vezes eram as conversas estranhas que dona Ami começava. Ela falava coisas com tanta convicção que você até acreditava ter um pouco de sentido, mas logo despertava-se e via que nada do que ela falava fazia sentido.

Sem contar que, por hora, havia algo em sua cabeça que despertava sua curiosidade: quem era a tal de Mirella que vinha às noites na casa de Ami e fazia com que sua amiga acordasse no outro dia sem lembrar do que havia acontecido? Isso era muito suspeito e estranho. Apesar de você possivelmente ter uma teoria do que poderia estar acontecendo, preferiu não se apegar à ela e acabar se arrependendo depois.

Mas ainda sim, pensando nisso e em outras coisas que surgiam aleatoriamente em sua cabeça, continuou seguindo seu caminho até a direção de seu prédio.


⌚ 02:00 p.m.

Chegando na escola passeando pelo pátio, coincidentemente encontra-se com Stefan vindo junto com Lavínia sorrindo, se abraçando e fazendo algumas brincadeiras parecendo dois irmãos inseparáveis.

— Oi, S/N! — Lavínia diz lhe dando um abraço.

— Ei, não fique tanto tempo abraçando assim. Você sabe que eu tenho ciúmes — fala Stefan distanciando Lavínia de você.

— Esse doido deve 'tá achando que é meu dono agora. Me deixa abraçar S/N, caramba — Lavínia diz, risonha.

— Ah, você sabe que é minha coisa preciosa desse mundo. Não quero te largar hoje — fala Stefan abraçando Lavínia por trás.

— Tá, eu acho que tô perdendo alguma coisa — você diz estranhando a situação.

— Não tá perdendo nada. Ele que endoidou hoje — Lavínia diz.

— Então, S/N. Quais são as novidades? Já se desenrolou com Cris? — Stefan pergunta.

— Me desenrolei com Cris? Como assim? — você pergunta sem entender.

— Você não estava querendo saber qual era a de Cris?

— Como você 'tá sabendo disso?

Os dois não falam nada por alguns segundos e ficam lhe olhando. Lavínia parece querer dizer algo, pois do nada começa a ficar inquieta e a olhar para os lados nervosa como se tivesse algo urgente pra falar.

— Ai, tá bom. Eu falo o que foi. É que eu comentei um pouco com Stefan sobre aquele dia de você estar com interesse em Cris. Pronto, falei. Não ia conseguir esconder isso de você mesmo — ela diz, se explicando — Espero que não fique com raiva de mim.

— Não, eu não tô com raiva. Mas não entendo por que você disse que eu tô com interesse em Cris — você diz.

— E não tá? — ela pergunta.

— Não, eu só disse que queria saber mais sobre a pessoa. Você me falou coisas sobre Cris que me deixaram curiosx. E foi só isso.

— S/N tem razão. É preciso saber a reputação de alguém antes de fazer negócios com ela — Stefan comenta.

— Eu também já dei esse aviso — Lavínia diz.

— Vou fingir que não ouvi isso — você dispara.

— Tá, vamos mudar de assunto de vez e vamos para o que interessa, né? Hoje tem bastante coisa a ser feita — Stefan diz.

— Ai, nem me fale. Isso parece tortura. Não vejo a hora disso acabar. Tudo o que eu precisava era de uma festa — Lavínia reclama.

— Primeiro suas obrigações. Depois você vai ser recompensada — você fala.

— Mas...

— Mas nada. Deixa de drama e vamo' logo. Já brincou demais por hoje — Stefan diz dando uma bronca amiga.

Lavínia revira os olhos e mais uma vez faz bico parecendo uma criança com pirraça. Stefan põe as mãos nos ombros de sua amiga e começa a empurrá-la levemente conduzindo-a em direção até o refeitório onde em breve terá um pequeno anúncio da senhorita Meredith.


⌚ Após algum tempo...

Horas depois chega o intervalo. Ao saírem da sala, Lavínia, Stefan e você decidem ir para o refeitório da escola para pegar algum lanche e em seguida vão para a parte do jardim da escola onde há algumas mesas e bancos de cimento. Ficam por um tempo por lá conversando até alguém sair do trio. E esse alguém é você.

Com uma desculpa de que iria ao banheiro, você sai e se afasta e percorre a escola em busca do banheiro. Porém é mentira. Sua real intenção no momento é de falar com Cynthia que está passando acompanhada de um cara perto de onde está, pois aquela conversa do outro dia em que ela falou coisas instigantes ainda está a te perturbar frequentemente lhe causando o desejo de tirar logo essa história a limpo e saber como Cynthia sabe de tais informações. Esse é o momento crucial que tanto espera para agir.

Andando apressadamente para que não dê tempo de perder a chance, você chama por Cynthia na qual ela olha na mesma hora em sua direção. O rapaz que a acompanhava também olha, curioso.

— Preciso falar com você — você fala.

— O que é? Tô ocupada agora — ela diz olhando para o rapaz.

— Preciso falar com você. Quero saber uma coisa, mas tem que ser só nós.

— Não dá pra adiantar? — ela pergunta.

— Não. Vamo' logo, não vai demorar.

— Ai, tá.

Ela olha para o jovem acariciando os cabelos dele e diz:

— Gato, me espera lá que já vou indo.

— Tá bom, gatinha — ele diz logo saindo.

Cynthia fica observando-o com um sorriso no rosto e, quando ele some de vista, ela vira para você já com uma expressão irritadiça e diz:

— O que é?

— A gente pode se sentar primeiro, conversar normalmente?

— Tá, vamo' logo que eu tô com pressa.

— Ali — você diz apontando para uns bancos de cimento.


No local...

— Estou ouvindo.

— OK, eu vou direto ao ponto porque não gosto de enrolação e além disso tô com pouco tempo. Quero saber o que você sabe de mim — você fala sem hesitar.

Ela dá uma risada debochada que dura alguns segundos e diz:

— Ah, é isso? É pra isso que você roubou o meu tempo?

— Responde logo — você ordena.

— Bom, respondendo a sua pergunta: foi exatamente aquilo que você ouviu. Não tenho nada que explicar. Aliás, história interessante a sua.

— Você ainda não me respondeu — você diz, insistente.

— Tá bom. Já vi que você tá bem irritante hoje — ela inicia — S/N, você acha mesmo que ninguém vai se interessar em saber quando alguém novo surge na escola? A cidade não é tão grande. As pessoas logo notam quem é "nativo" daqui e quem é de fora. Com isso a curiosidade só aumenta — ela explica.

— E o que tem a ver uma coisa com a outra? Ainda não entendi.

— Não tem nada de assombroso em querer saber quando um alien vem parar aqui. Agora pelo que eu vejo, na sua cidade eles não fazem isso. A alta sociedade é bem protegida, não é? Os ricos e poderosos são como as estrelas de Hollywood.

— Alien? É assim que vocês chamam?

— A maioria. Essas pessoas quando costumam vir pra cá ficam mostrando de onde veio pelos seus modos. Caem aqui de paraquedas, reclamam a respeito da administração da cidade, quando você vai ver, querem dominar o território. Isso já aconteceu uma vez, eles não querem isso de novo.

— Eu não sou assim. Mas, o que tudo isso tem a ver? — você diz.

— Eu espero que não seja mesmo. Foi por esse motivo que fizeram uma investigação a seu respeito: pra saber quem você é e o que quer aqui. Mas não se preocupe, só algumas pessoas sabem da sua história — ela fala.

— E como você sabe?

— Digamos que eu tenho pessoas próximas com informações privilegiadas. Logo quando eu fiquei sabendo que uma nova pessoa 'tava aterrissando na cidade eu tratei logo de investigar. Isso é um máximo, não é? Eu sei. Só de pensar já me arrepio toda — ela diz passando seus dedos sobre os braços.

— Então é por isso que você trata as pessoas assim? Fica pegando no pé delas porque se acha com alguma importância?

— Não, isso veio depois. Eu sou assim porque gosto de ser assim. Eu não tenho paciência pra algumas pessoas e não escondo isso. Então não tem por que eu fingir algo que não sou. Isso me incomoda? Não. Eu sei que tem pessoas que me amam.

— Só se forem pessoas iguais a você, ou até pior — você responde.

— Bom, eu não me importo com o que você diz ou o que pensa. Pelo menos eu não sou falsa e meu pai não está preso por se meter com coisas ilícitas. Eu fico imaginando: será que seus amiguinhos vão continuar do seu lado quando souberem da verdade? Eu duvido muito. Então é por isso que você nem pense em ousar de se meter comigo, novatx — Cynthia lhe fala com um sorriso no canto da boca com um tom ameaçador enquanto se levanta. Rapidamente ela se afasta para se juntar com algumas garotas que passam por perto de onde estão.

Você pensa em responder no mesmo instante, porém quando se dá conta ela já havia ido.

No mesmo instante, Stefan e Lavínia vêm por outra direção seguindo até sua localização. Eles fazem expressões confusas em seus rostos ao verem Cynthia saindo daquele jeito.

— O que ela 'tava fazendo com você? — Lavínia pergunta.

— Ah, nada. Só veio fazer o que ela sempre faz com todo mundo — você responde.

— Nos perdoe por não ter chegado antes — Stefan comenta.

— Nós demos sorte, amigo. Principalmente você. Já S/N... — Lavínia brinca, sorrindo.

— Vocês já estão voltando para as atividades? — você pergunta.

— Nós viemos te chamar. O intervalo já vai acabar — profere Stefan.

— É — concorda Lavínia enquanto te analisa.

— Tá, eu já vou — você diz, levantando-se.

Ainda faltam três horas para finalizarem as atividades.

Depois dessa conversa poder ficar um pouco mais difícil se concentrar melhor depois de escutar o que ela falou sobre seu pai e você.

Mesmo não esquecendo as palavras que ela usou, o melhor a se fazer no momento é ficar o mais longe possível para não correr o risco de em alguma ocasião entrarem em contato novamente, causando uma possível discussão e assim as coisas saírem do controle.


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