Neo Saint Moon Ares escrita por OrochiYashiro


Capítulo 54
O poder da música




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No dia seguinte, mais algumas coisas se passavam no Parthenon. Mark Bennett, o único Cavaleiro de Atena a ser cristão, ensaiava uns toques com seu saxofone, entretanto, sentia que algo estava muito errado. As notas não saíam adequadamente, e o som do instrumento arranhava muito, o que o deixava irritado. 

 

MARK: Droga! O som do sax está muito ruim. Mesmo afinando corretamente, ainda está desafinado. Será que pode ser vazamento de ar? - indaga. 

BETH: Mark... o que está havendo, meu bem? Não está conseguindo afinar seu sax? 

MARK: Beth... pois é, eu acho que ele deve estar com algum vazamento. O único jeito de saber o que se passa seria levá-lo em algum luthier, para que possa ver o que está acontecendo. Mas onde vou encontrar um luthier por aqui? 

SEIYA: Mark, Beth... que bom ver vocês por aqui – diz. 

MARK: Seiya... por acaso você conhece algum bom luthier?  

SEIYA: Luthier... ah, sim, aquele que conserta e afina instrumentos musicais! Sim, lá em Rodorio tem um que é super profissional. Está com algum problema no seu instrumento? 

MARK: Pois é, meu saxofone está com o som muito esquisito, arranhando muito, e suspeito que isso possa ser vazamento nas suas colunas de ar. 

SEIYA: Então vamos até o Nikos, meu amigo lá de Rodorio, ele pode deixar seu sax novo em folha. 

 

E assim é feito! Seiya leva Mark até a oficina de luthier por ele indicada. Beth e Serena acompanham seus amados. Lua também os acompanha. No entanto, o que nossos heróis não imaginavam é que um outro par de olhos malvados os espreitava. Os berserkers de Ares cada vez mais estavam ousados, não lhes dando paz um só instante. 

 

???: Esses miseráveis... eles ainda terão o que é deles – diz, em voz baixa. 

 

Melhor eles ficarem bem espertos, pois o perigo surge por onde menos se espera. 

 

Minutos depois, ambos os casais de heróis chegam a Rodorio. Entram numa rua à direita, perto da feira do povoado. Mais adiante, uma porta com uns letreiros seguidos de notas musicais. Certamente ali deve funcionar a oficina de luthier que Seiya indicou. 

 

SEIYA: Chegamos! - diz. 

MARK: Ótimo, espero que o seu amigo consiga consertar meu instrumento... 

 

Ambos entram. 

 

SEIYA: Bom dia, Nikos, há quanto tempo! - diz. 

NIKOS: Bom dia, Seiya... realmente, já faz muito tempo, desde que você voltou ao Japão, da outra vez. O que o traz aqui de volta? 

SEIYA: Esse é o meu amigo, Mark Bennett, ele veio da América. E ele tem um problema no seu saxofone. 

NIKOS: Que tipo de problema? 

MARK: Pois bem, Sr. Nikos, meu saxofone está arranhando muito o som, além de travar os botões. Creio que seja vazamento, mas, como não é nada totalmente certo, por isso pedi ao meu amigo para me trazer aqui, ver se consegue encontrar o defeito, e consertá-lo. 

NIKOS: Tudo bem, deixe-me vê-lo. 

 

Higieniza o bocal do instrumento com pano embebido em álcool, seca em seguida, e toca umas notas. O som sai com uma péssima qualidade. Nisso, retira o bocal e introduz uma gambiarra com uma luz tubular, para checar melhor. Vê que as suspeitas de Mark estavam certas. 

 

NIKOS: Sim, o problema dele é vazamento. Por isso o som está saindo tão horrível. 

MARK: E tem como ajeitá-lo? 

NIKOS: É só trocar os botões defeituosos, já faço isso agora para você. 

 

Enquanto isso, Serena e Beth aguardavam do lado de fora da oficina de luthier, e falavam a respeito de seus amados. 

 

SERENA: Beth, por que não me fala sobre como você e o Mark se conheceram? - indaga. 

BETH: Bem... pra ser sincera... as coisas não foram bem do jeito que queríamos, a princípio... 

SERENA: Como assim? Vocês tiveram problemas no relacionamento? 

BETH: Quando nos conhecemos, tivemos problemas, sim. Estávamos de passagem por Paris, quando a WWE levou para lá o evento Wrestlemania, o maior do mundo. E nisso, a organização do evento, deliberadamente, botou a mim e a ele pra lutar um contra o outro. 

SERENA: O quê? - se espanta – mas... por quê? 

BETH: São eles que decidem, não nós. Nós, lutadores, somos apenas peões nesse tabuleiro. Mark, por sua vez, me venceu no ringue. Mas ele não ficou nem um pouco feliz com isso, pois não queria, no fundo, ter feito aquilo. Deixei a raiva me possuir, um vilão muito poderoso, conhecido por dominar a alma de pessoas frustradas e enfurecidas, me possuiu, fazendo de mim um demônio. Fui purificada por um outro grupo de heróis lá de Paris, mas eles acabaram derrotados e tiveram suas joias do poder, os Miraculous, roubadas. O vilão, o terrível Hawk Moth, mudou a realidade conforme sua vontade. Mark perdeu a memória e passou a ser morador de rua, vivendo de roubos e furtos para sobreviver, e eu, só odiando ele, cada dia que passava. Fui induzida a isso. Quando nos reencontramos, ele recuperou sua memória, e eu o desafiei para um novo duelo, que só foi interrompido com a chegada da polícia, que o prendeu por acusação de envolvimento com terrorismo. Mark conseguiu fugir da cadeia para provar sua inocência. Foi aí que ele adotou a alcunha de “Homem da Capa Preta”; para fazer justiça incógnito. Ele conseguiu recuperar os Miraculous e devolvê-los a quem de direito, e ainda contou com a ajuda do trapalhão do Chapolin Colorado. 

SERENA: Chapolin Colorado... o herói da América Latina? Nossa, eu me amarro muito nele – sorri com cara de 4 de Julho. 

BETH: Sim... o Chapolin, aquele trapalhão, porém, genial herói. E graças a esse trabalho conjunto de Mark, como o Homem da Capa Preta, os heróis Miraculous e o Polegar Vermelho, Hawk Moth foi vencido, e ainda de quebra, uma organização criminosa que tocava o terror em Paris foi retirada de circulação. Tempos depois, Mark e eu finalmente nos entendemos de forma cordial e sensata, e mais tarde, assumimos que nos amávamos. Poucos anos depois, ele encontrou o anel do Cruzeiro do Sul, perdido em algum lugar do Brasil, e desde então... 

 

Para Serena, aquela história toda era algo sensacional, apesar de maluco. 

 

SERENA: Nossa... é muita maluquice junta numa história só. Mas, ao menos, você e ele deixaram os ressentimentos do passado de lado, que é o que importa. 

BETH: Bem, isso é verdade. Você e o Seiya, como se conheceram? 

SERENA: Ah, isso foi casualmente, na rua, enquanto eu corria apressada para a escola. Sabe como é... às vezes sou muito preguiçosa... 

LUA: Às vezes... ou SEMPRE?! - indaga, demonstrando um certo tom de indignação com a inépcia de sua protegida. 

SERENA: Lua... que é isso? 

LUA: Só estou dizendo a verdade, nada mais que isso. 

SERENA: GRRRRRRRRRRRRR Ora, sua... 

BETH: Gente, sem escândalos! O que diriam os demais moradores daqui, se soubessem que a Lua é uma gata falante? 

 

*gotas* 

 

Enquanto isso, dentro da oficina, eis que o luthier conclui o conserto. Mas antes, faz uns testes, como afinar o instrumento, além de tocar umas notas, afim de se certificar que o vazamento acabou. 

 

NIKOS: Prontinho, amigo, o conserto do seu sax já está concluído. Acabou totalmente o vazamento que atrapalhava a boa performance. 

MARK: Ótimo trabalho! Quanto eu devo? 

NIKOS: São vinte euros. 

MARK: Fechado! - e paga pelo conserto. 

NIKOS: Obrigado, amigo, volte sempre que precisar. 

 

Conserto feito, pagamento efetuado, os heróis se retiram. E novamente o par de olhos malignos os seguia à distância. Quem será que os segue, afinal de contas? Mais um berserker de Ares? Ou será Shunrei, haja vista que ela ainda anseia ter sua vingança contra Lita, por causa de Shiryu? 

 

???: Lá vão eles... mas eles que se cuidem, pois ainda vão tombar diante das forças de Ares... 

 

Por que o inimigo misterioso não os atacou ali mesmo? Estranho aquilo... até o momento, todos os berserkers que os seguiram à distância, após algum tempo de perseguição, já chegaram dando o bote, até serem vencidos. Aquele ali deve ser do tipo analítico, deve estar estudando os passos dos heróis, visando atacar num momento de maior vulnerabilidade. Será que pode até mesmo ser um dos quatro generais de Ares oculto nas sombras? 

 

Instantes depois, Mark, Beth, Seiya, Serena e Lua estavam de volta ao Parthenon. Mark volta a dar uns últimos ajustes no saxofone. Estava satisfeito com o conserto que Nikos fizera nele.  

 

MARK: Ótimo, agora sim! Bem... hora de tocar um pouco, pois a música acalenta a alma. 

SEIYA: Mark... antes de mais nada, só queria saber... quais suas influências musicais? - indaga. 

MARK: Bem... posso dizer que são muitas. Stan Getz, Duke Ellington, Boney James... no entanto, minhas principais e maiores influências são Ivanildo, o Sax de Ouro, grande mago brasileiro do sax, e Altamiro Carrilho, o rei do choro. 

SHIRYU: Então você tem as melhores influências musicais do mundo! Todos esses que você citou são verdadeiras lendas. Eu sempre ouvia Ivanildo para relaxar, logo após meus árduos treinamentos diante da grande cascata de Rozan.  

MARK: Será que você ouvia, então, essa aqui? 

 

E começa a tocar os primeiros acordes de um dos maiores clássicos do lendário músico pernambucano; SIBONEY – PARA VIGO ME VOY. Ao ouvir a música, Shiryu se lembra dos seus tempos como aprendiz de Cavaleiro, quando treinava diante da cascata de Rozan, e na mata nos arredores. Nisso, eis que chama por sua amada Lita. 

 

SHIRYU: Minha flor... gostaria de conceder a honra de... 

LITA: De dançar? Ora, claro que sim, meu amor – sorri. 

 

Todos ali ficam surpresos com tal cena.  

 

HYOGA: Meu floco de neve... - olha para Ami. 

AMI: Sim, meu bem, já sei o que deseja – e o abraça. 

 

Logo, todos os casais formados pelos nossos heróis estavam a dançar, embalados pela suavidade da música que Mark tocava com seu sax. No seu templo, Shion, o Patriarca, que lá ficava o tempo todo, de olho nos movimentos de seus comandados, sente que o clima por ali estava mais leve que nunca, graças à música tocada por Mark. 

 

SHION: Essa música... está conseguindo trazer alegria a todos os Cavaleiros. Esse jovem cristão realmente é incrível! 

 

Enquanto Mark tocava seu sax, e os casais formados pelos nossos heróis bailavam alegremente, alguém os observava à distância, e com os olhos duros e cheios de inveja. Era Shunrei! 

 

SHUNREI (pensando): Esses panacas... como é que podem estar felizes? Esse saxofonista meia-boca se acha o tal, só porque é acrobata e tem aquela esposa que mais parece um homem, tão feia e bombada... e o Shiryu? Por que ele está tão feliz com aquela mocreia gigante? Isso tem que acabar! 

 

Como dizia um sábio, os invejosos, além de ingratos, são também infelizes. Pena que uma criatura com tamanha pobreza espiritual como Shunrei não consiga enxergar isso... 

 

Instantes depois, todos aplaudem Mark Bennett pela sua bela performance com seu sax. 

 

 

SAORI: Muito bem, Mark, você é um músico incrível! - elogia. 

DARIEN: Poderia tocar só mais uma, por favor? - pede.

MARK: Pedido feito, pedido aceito. Prontos? 

 

E toca mais uma música de Ivanildo, o Sax de Ouro, sua grande influência, dessa vez, mesclando choro e samba. Novamente os casais formados pelos nossos heróis se põem a dançar ao som do sax de Mark. Pelo visto, o grande às dos ringues e do picadeiro, além de justiceiro de rua, e agora, Cavaleiro do Cruzeiro do Sul, o único cristão dentre os Cavaleiros de Atena, conquistou de vez o respeito e o reconhecimento de todos ali.  

 

Minutos depois, todos voltavam à sua rotina normal, porém, mais felizes que nunca. Aquele momento musical ajudou a trazer mais alegria ao ambiente até então monótono do Parthenon. Todos os casais formados pelas Sailors com alguns dos Cavaleiros de Atena, mais que nunca, estavam felizes pelo amor existente entre eles. Mas sabem que Ares, em breve, lançará um ataque mortal, e pra isso, devem estar preparados. Em Libra, Shiryu, o líder da Irmandade do Zodíaco Planetário, estava a observar pela janela o céu azul. Encontrava-se um tanto pensativo. 

 

SHIRYU (pensando): A batalha final contra Ares, cedo ou tarde, há de acontecer. E nessa batalha, muitas vidas poderão se perder. A minha, talvez... preciso nomear um novo líder, caso alguma coisa terrível me venha a acontecer. E já sei quem pode ser esse novo líder... 

 

Um novo líder? Quem Shiryu tem em mente substituí-lo na liderança da Irmandade, em caso de morte sua? 

 

LITA: Meu amor... em que você está pensando? - eis que ali chega. 

SHIRYU: Minha flor... em breve, teremos nossa batalha final contra as forças de Ares. Sei que ele virá com tudo, querendo a vida de Atena, e também o Cristal de Prata e sua joia irmã, a Cruz do Hyoga. Muitas vidas poderão se perder nela, e temos que estamos preparados para o pior... 

LITA: Ah, que isso, meu amor! Não pense dessa forma. Vamos vencer Ares, de forma que o pior não recaia sobre nenhum de nós.  

 

Shiryu sorri com as palavras de sua amada, embora ainda se preocupe com o que está por vir adiante. 

 

SHIRYU: No entanto, há algo que ainda não me cheira bem... 

LITA: Do que está falando? 

SHIRYU: Shunrei... ela tem estado quieta demais, e isso não é bom. Cobra mata silenciosamente, ao contrário do leão, que já chega no grito.  

LITA: Sim, isso é verdade. Esse silêncio todo por parte de Shunrei é o que intriga. Sabe, Molly disse recentemente que o ex dela também estava aqui na Grécia, procurando por ela, mas o Kanon, com seus poderes dimensionais, o mandou de volta pra casa. Espero que o Kelvin, ao menos, tenha aprendido sua lição, e deixe a Molly em paz de vez. 

 

“Ex” é sempre um pé no saco mesmo! 

 

Em Aquário, outras coisas se passavam. Hyoga olhava pela janela em direção ao céu. Pensava em sua mãe, Natassia, no dia em que ela foi para o fundo do Ártico, e no pesadelo que tivera com ela, onde via novamente o navio afundar com sua progenitora, seguido da voz maléfica de Ares. 

 

HYOGA (pensando): Mamãe... será mesmo possível que Ares possa estar por trás de sua morte? Aquele miserável... preciso acabar com ele o quanto antes. 

AMI: Meu belo cisne... o que se passa? - indaga. 

HYOGA: Meu floco de neve... bem, é que eu estava pensando no sonho que tive com a minha mãe... o navio a afundar... e a voz maléfica de Ares ao fundo...  

AMI: Você acha que a tragédia ocorrida com sua mãe pode ter dedo do Ares no meio? - indaga, demonstrando preocupação com seu amado. 

HYOGA: Se for verdade, mais uma boa razão para que esse desgraçado seja destruído - diz, cerrando os punhos. 

AMI: Mas pra que Ares ia fazer essa crueldade tão terrível com sua mãe? 

HYOGA: Ele sabe que a minha lembrança materna, que eu lhe dei naquele dia, é uma joia irmã do Cristal de Prata. Ares também quer os artefatos do poder do antigo Milênio de Prata para concretizar seus ideais nefastos. 

SAEKO: Anime-se, Hyoga – diz sua futura sogra, chegando ali - você ainda tem a todos nós aqui, para compensar esse vazio que a morte prematura de sua mãe deixou. O importante é não fraquejar nunca. 

HYOGA: Obrigado, Senhora Mizuno – sorri – obrigado por todo o seu carinho. Vejo na senhora a imagem de uma segunda mãe, em respeito a meu Mestre, a quem muito eu devo, e a meu floco de neve, que tanto amo. 

 

Ao fundo, Camus, acompanhado de sua amada Michiru, observa sua mãe e sua irmã a dar amparo a Hyoga. 

 

MICHIRU: Meu gelinho, realmente, sua família é maravilhosa – sorri – ainda bem que seu discípulo, aliás, nosso discípulo, conta com o apoio de Ami e de sua mãe, num momento tão turbulento como esse. 

CAMUS: É verdade, minha ninfa. Ares resolveu atacar com tudo, se fazendo valer de pesadelos, e mais que nunca, devemos todos ajudar um ao outro a não se deixar levar por esse sentimento de medo. 

 

Ares, de fato, está cada vez mais covarde como nunca, se fazendo valer de pesadelos para tentar vencer seus inimigos. Mas nossos heróis, mais que nunca, estão dispostos a lutar firme contra a sanha maligna do deus da guerra e seus berserkers. Qual será o próximo passo dos bandidos? E qual será também o próximo passo de Shunrei, agora que ela resolveu sair de sua toca, após “hibernar” por algum tempo? Seja lá o que vier pela frente, será não apenas físico, como também psicológico, pois Ares vai mexer com a psique dos heróis o tempo todo. 


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Notas finais do capítulo

Abaixo, duas músicas de Ivanildo o Sax de Ouro (1932-2022) que Mark Bennett toca neste capítulo.

Siboney - Para Vigo Me Voy
https://www.youtube.com/watch?v=Uube4o_5s5Q

Kazarão
https://www.youtube.com/watch?v=xmcKStdoO4I



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