Mais tarde, Serena e seu grupo estavam no colégio de Juuban.  Rei, que estudava numa outra preparatória, se transferira para a outra, na intenção de ficar mais perto de suas amigas.  Na hora da pausa para a refeição, estavam juntas num canto, e conversavam sobre os encontros casuais que tiveram com certos rapazes mais cedo, sem saber se tratar dos Cavaleiros de Atena. 

SERENA:  Meninas, vocês não vão adivinhar o que me aconteceu – diz, sorrindo. 

REI:  Você tirou dez??  Nossa, vai chover! - caçoa. 

SERENA:  Muito engraçadinha, Rei! - range os dentes. 

REI:  Ora, não sabe brincar, não desce para o play – ri. 

LITA:  Ah, já chega vocês duas! - impõe ordem - Só sabem ficar brigando...  não tem um dia que não estejam às turras uma com a outra?   

*gotas*

Serena e Rei, diante do sermão de Lita, baixam as cabeças. 

MINA:  Bem, voltando ao assunto...  o que você queria nos dizer, Serena? 

SERENA:  Enquanto estava a caminho de cá, trombei por acidente com um rapaz muito lindo.  Tem um aspecto meio esportivo, e é bem sorridente – diz, em meio a um clima de de fogos de 4 de Julho.  

MINA:  Sabem, eu também me esbarrei com um rapaz a caminho de cá.  Ele é muito lindo e educado, mas notei que parecia também um tanto tímido. 

REI:  Também me deparei com um rapaz bem alto e forte, que estava a orar diante do altar externo do meu templo.  Tem um aspecto robusto e bem durão, e também notei em seu olhar um certo sentimento de tristeza.  Talvez estivesse a orar pela alma de um ente querido já finado. 

AMI:  Nossa, é muita coincidência - diz - também me deparei com um jovem de cabelos loiros, de aspecto eslavo.  Muito educado e gentil, um semblante bem sereno. 

LITA:  Também cruzei com um rapaz bem alto e cabeludo, de aspecto chinês, estava até vestindo um quimono de tai chi chuan.  No entanto, ele sentia uma profunda tristeza.  Parecia não querer muita ideia, por isso o respeitei.   

SERENA:  Puxa vida, por que toda essa tristeza por parte desses rapazes?  Só o que trombou comigo tinha um ar de alegria. 

Logo você e suas amigas saberão o que está acontecendo. 

Num outro canto da cidade, mais precisamente num lugar que parecia ser uma espécie de orfanato, os rapazes com quem as Sailors trombaram mais cedo lá se encontravam.  Foram visitar as crianças residentes no local, que estão no aguardo de aparecerem casais interessados em adota-las, além de relembrar seus tempos de internos ali.  Seiya e todos os demais ficam chocados com o que Shiryu lhe dissera. 

SEIYA:  O quê??  A Shunrei...  ela...  ENGANOU VOCÊ?? - indaga, perplexo. 

Resignado, acena positivamente com a cabeça, ainda cabisbaixo. 

SHUN:  Mas como...  como ela pôde fazer isso, depois de tanto ter cuidado de você, quando voltou ferido de todas as batalhas anteriores? 

SHIRYU:  Foi um duro golpe para mim...  ela estava aos beijos com um turista sérvio.  Se não fosse pelo Mestre Dohko... 

HYOGA:  Mestre Dohko??  Mas...  todos os Cavaleiros de Ouro estão mortos, incluindo meu Mestre. 

SHIRYU:  Não, Hyoga, eles foram trazidos de volta pelo poder do espírito da Rainha Serena, do antigo Milênio de Prata. 

IKKI:  Rainha Serena?  Milênio de Prata?  Nunca ouvi falar – diz. 

SHIRYU:  Eu sim!  Meu Mestre já me contara a respeito há muitos anos, quando eu ainda era um aprendiz.  Um belo e pacífico reino que havia na lua... 

TODOS:  NA LUA??? 

SHIRYU:  Exato!  No entanto, forças malignas conhecidas como Negaverso a destruíram e mataram todo seu povo.  Entretanto, por trás do Negaverso, havia uma outra força maléfica mais poderosa ainda; Ares, o deus da guerra! 

SEIYA:  Como...  Ares??  Marin já me falou a respeito dele, certa vez.  Será...  será que ele pode, algum dia...  querer nos atacar? 

HYOGA:  Então temos que estar bem preparados, se isso acontecer. 

Nisso, eis que chega Seika, a irmã mais velha de Seiya. 

SEIKA:  Olá, maninho, olá pessoal, o que estão conversando? - indaga. 

SEIYA:  Olá, mana...  bem, estamos tentando levantar o astral do Shiryu, ele está muito ferido por dentro. 

SEIKA:  Puxa vida...  mas o que houve, afinal de contas? 

Deixam a jovem a par de tudo. 

SEIKA:  Meu Deus...  sério isso?  Mas como uma moça como a Shunrei, até então tão recatada, foi fazer uma coisa tão baixa assim? 

SHIRYU:  Infelizmente confiei na pessoa errada.  Esses anos todos, sem me dar conta, eu dormia com o inimigo – diz, derramando umas lágrimas. 

SEIKA:  Coragem, homem.  Você merece coisa melhor.  Ela ainda não era a pessoa certa para você.  Alguém melhor ainda há de aparecer para ti.  Espere e verá tudo mudar na hora certa. 

SHIRYU:  Obrigado, Seika, mas ainda há de levar um tempo para isso fechar por completo. 

SEIKA:  Por isso; dê tempo ao tempo.  Logo estará melhor – sorri. 

Sabendo que Seika tem razão, Shiryu procura levantar a cabeça para continuar com sua vida, mesmo sabendo que terá um caminho bastante pedregoso a trilhar.  Naquele instante, o sol já estava se pondo.  Logo seria noite.  Nisso, não se sabe por que cargas d’água, o Dragão se lembra da moça que com ele trombara mais cedo. 

SHIRYU (pensando):  Aquela moça de hoje cedo...  me parece tão familiar...  qual o seu nome mesmo...  ah, sim...  essa disse se chamar Lita. 

Pelo visto, parece que nosso herói está prestes a ter um novo amor para acabar com sua amargura. 

Em Juuban, outras coisas se passavam.  Na residência dos Tsukino, Serena estava em seu quarto, ainda pensando no ocorrido daquele dia.  Pensava no jovem com quem trombara acidentalmente.  Ou seja, em Seiya. 

SERENA (pensando):  Será que ainda hei de ver novamente aquele rapaz de hoje cedo?  Como é lindo... 

Em Hikawa, Rei fazia suas preces diante da fogueira, vestida a caráter.  Também pensava a pensar em Ikki. 

REI (pensando):  Tomara que ele volte a aparecer...  é tão lindo... 

Em sua casa, Mina, que estava a ler, também pensava em Shun. 

MINA (pensando):  Que lindo...  espero poder vê-lo novamente... 

Em seu apartamento, Lita estava também a pensar em Shiryu, e no semblante de tristeza que o mesmo tinha. 

LITA (pensando):  Espero que ele esteja bem...  que possa superar o que está passando... 

Mal sabe nossa amiga que Shiryu já estava, mesmo que de forma tímida, procurando ter ânimo para prosseguir. 

Em seu apartamento, Ami estava a estudar como sempre.  Sua mãe, que é médica, estava em mais um plantão no hospital, sempre ocupada com trabalho.  Mas, mesmo ausente, não deixa de pensar e se preocupar com a filha.  Nisso, a jovem nerd acaba por pensar em Hyoga, com quem tivera um encontro casual mais cedo. 

AMI (pensando):  Será...  será que eu posso...  voltar a vê-lo? 

Nisso, eis que vira rapidamente para o lado, e vê um quadro com um retrato na parede.  Era a foto de um garoto a andar no meio da neve, tinha longos cabelos turquesa, que nem os dela.  Mas espere...  esse aí não é...? 

AMI (pensando):  Camus...  meu querido e amado irmão...  por que você se foi naquele acidente?  Por que você e papai nos deixaram? - não consegue conter umas lágrimas. 

Camus?!  Esse é o nome do irmão de Ami?  E por sua vez, Camus de Aquário estava a ter a sensação de que a irmã caçula, a quem julgava estar morta, possa estar viva.  Será...  será possível...?  Ou será que não?  E agora?  Mesmo assim, é uma coincidência e tanto. 

Enquanto isso, algumas coisas aconteciam num lugar bem luxuoso, cheio de pompa.  Uma espécie de jantar, com direito a recepção, era realizado entre os membros da mais alta aristocracia nipônica.  Cada vez mais chegavam pessoas vestidas em trajes bem chiques, vindas de várias partes do Japão, outras até mesmo vieram do exterior, principalmente de Israel, EUA, África do Sul e Europa Ocidental, países governados por políticos de direita (ou até mesmo de extrema direita, em alguns casos).  Num outro canto, estava uma bela e jovem moça de longos cabelos cor púrpura, acompanhada de um homem alto e careca, já meio envelhecido, e com cara de muito poucos amigos. Tratava-se de ninguém menos que Saori Kido, atual líder da família, desde a morte de seu avô, Mitsumasa Kido, alguns anos atrás.   

SAORI:  Tatsumi, embora eu devesse ficar na Grécia, agradeço por me ter trazido de volta ao Japão.  Já nem me lembrava mais que tenho assuntos referentes à Fundação Graad a tratar – dizia. 

TATSUMI:  Oh, sim, Senhorita Saori, por isso tive que buscar a senhorita em Atenas e trazê-la de volta a Tóquio.  Há negócios importantes a tratar com o pessoal da aristocracia japonesa, bem como de outras partes do globo, que conheciam seu avô. 

SAORI:  Sim, é verdade.  Embora não me agrade muito estar no meio de tanta gente...  mas tenho que honrar a memória e o legado de vovô.   

E começa a cumprimentar todos os convidados, um por um.   

Nesse momento, havia um outro rapaz ali presente, que parecia não ser nenhum aristocrata, mas estava muito bem vestido.  Era bem alto, de curtos cabelos pretos, um ar de serenidade. 

??? (pensando):  Um jantar de gala...  e realizado pela última descendente de Mitsumasa Kido.  Interessante...  embora não seja chegado a multidão, como o Senhor Kido foi como um avô para mim, quando perdi meus pais, não pude deixar de vir, como forma de gratidão por tudo que por mim ele fez. 

Enquanto isso, o jovem misterioso andava para o outro lado servido de suco, apreciando a movimentação daquela recepção, porém, sentia que, cedo ou tarde, teria que ir embora, pois tinha outros compromissos futuros.  Do outro lado, Saori, a anfitriã daquela recepção, estava a ter outros pensamentos. 

SAORI (pensando):  Shiryu, Shun, Seiya, Hyoga, Ikki...  como será que estão eles?  Faz tanto tempo não os vejo...  e os Cavaleiros de Ouro...  que saudade deles...  mas eles...  se foram... 

Engano seu, querida!  Eles estão de volta, revividos pela Rainha Serena. 

Nisso, o jovem misterioso caminha para um lado, e de repente, acaba esbarrando em alguém.  Era Saori! 

???:  OOOOOO  minha nossa...  me perdoe...  não se machucou? 

SAORI:  Ah...  não...  comigo tudo OK... 

Quando ambos olham um para o outro... 

SAORI (pensando):  Nossa...  que rapaz lindo... 

??? (pensando):  Como...  como é linda...  será ela a anfitriã? 

SAORI:  Você deve ser novo por aqui.  Sou Saori Kido, a anfitriã dessa recepção. 

???:  Saori Kido...  a neta do Sr. Mitsumasa Kido?  Prazer em conhecer...  me chamo Darien Chiba.  E eu conhecia seu avô... 

SAORI:  Você...  conheceu o vovô? - indaga. 

DARIEN:  Sim!  Ele foi como um avô para mim, quando perdi meus pais, ainda na infância. 

SAORI:  Puxa vida, sinto muito por seus pais.  E fico feliz em saber que vovô foi também um avô para você. 

Ao fundo, Tatsumi vê Saori acompanhada de Darien. 

TATSUMI:  Quem é aquele rapaz que está com a Senhorita Saori?  Espero que não seja nenhum mulherengo querendo dar em cima dela, ou então... 

Melhor ele não se precipitar! 

Nisso, após alguns instantes de conversa... 

DARIEN:  Bem, Senhorita, foi um prazer poder conhecer-te pessoalmente, bem como estar presente à sua recepção, mas agora preciso ir.  Ainda vou trabalhar amanhã cedo, e tenho que ir ao estágio na faculdade de medicina. 

SAORI:  Hum...  que pena que você vai ter que ir embora, mas agradeço pela sua honrosa presença. 

Darien, educadamente, beija-lhe a mão, e se retira, já que terá muito que fazer no dia seguinte.  Saori, por seu turno, que antes parecia resignada e desconfortável por ter que voltar ao Japão, agora estava com outro sentimento por dentro.   

SAORI (pensando):  Darien...  é muito elegante e educado...  e lindo também.   

TATSUMI:  Senhorita Saori... - chamava. 

SAORI:  Sim, Tatsumi? 

TATSUMI:  De onde a senhorita conhece esse moço? - indaga, todo intrometido. 

SAORI:  Daqui mesmo.  Disse se chamar Darien, e ele foi ajudado por vovô na infância, após ficar órfão. 

TATSUMI:  O Senhor Kido...  ajudou esse rapaz?  Como é que eu nunca soube de nada, nesses anos todos que trabalhei para seu avô? 

SAORI:  Parece que há mais coisas sobre vovô que nem nós dois aqui sabemos, Tatsumi.  Mas tudo há de vir no tempo certo. 

A caminho de seu apartamento, Darien, em sua moto, pensava em Saori. 

DARIEN (pensando):  Linda...  a neta do Sr. Mitsumasa, realmente, é uma linda moça.  Nunca antes, em minha vida, conheci uma moça tão bela... 

Pelo visto, Saori tem agora um admirador.  Será o prenúncio de um futuro novo amor? 

Enquanto isso, mais tarde, no orfanato da Fundação Graad, onde os Cavaleiros de Bronze estavam alojados, todos já estavam recolhidos.  Em um dos quartos estava Shiryu, já deitado, e adormecido.  No entanto, enquanto dorme, eis que ele sonha com o dia em que flagrou Shunrei aos beijos com um turista sérvio.  Ainda se atormenta com aquele dia, foi como se uma parte dentro dele tivesse morrido. 

SHIRYU:  AAAAAAAA  Não...  não...  não pode ser verdade...  Shunrei...  sua traidora... 

E acorda afobado. 

SHIRYU:  AFF  AFF  outra vez...  isso já está me deixando totalmente atormentado...  será que nunca mais terei paz de espírito em minha vida? - indaga, ainda assombrado. 

Acende a luz do abajur para olhar a hora no relógio da mesa de cabeceira, eram quase quatro da manhã.  E se deita novamente, tentando dormir, e não ter outro pesadelo com o dia da traição de Shunrei.  Nisso, ao deitar e fechar os olhos, tem um outro sonho.  Dessa vez, sonha com uma moça bem alta, de cabelos castanhos presos, usando um longo vestido verde folha, rodeada por trovões e pétalas de rosas.  Era muito parecida com a moça com quel trombara mais cedo.  Então...  será que ele está a sonhar com...  LITA?? 

Nesse momento, em seu apartamento, Lita, por seu turno, também já estava adormecida.  Tinha mais um dia de aula pela frente no dia seguinte.  Enquanto estava adormecida, eis que a moça de aspecto gigante sonha.  E sonha com um homem alto e forte, bem cabeludo, a vestir um traje estranho, que mais parecia ser uma armadura toda reluzente, com detalhes em verde e metal, e um enorme par de asas nas costas, como se fosse um dragão.  Mas espere...  o moço dos sonhos de Lita se parece com...  Shiryu?? 

LITA:  Um guerreiro do dragão...  com um traje desse...  

Nisso, ambos acordam ao mesmo tempo, dizendo a mesma coisa: 

LITA e SHIRYU:  Que sonho foi esse? 

Tal sonho pode ser o prenúncio de algo ainda maior para ambos.   

Na Mansão Kido, após o fim da recepção dada aos aristocratas que conheciam seu finado avô, Saori também estava a dormir.  Enquanto dorme, eis que a bela jovem – que nada mais é que a reencarnação da poderosa deusa espartana Atena – estava a ter um sonho.  Sonha com um rapaz alto, de cabelos negros, muito parecido com Darien, a quem conhecera na festa.  Porém, o rapaz estava vestido de forma muito mais elegante, até mesmo nobre, como se fosse um príncipe, ou até mesmo um rei.  Fica impressionada com a beleza do jovem. 

Em seu apartamento, Darien também dormia.  Durante o sono, tem uma espécie de sonho.  Nele, vê uma jovem bela, de cabelos púrpura.  Na verdade, era a própria Saori Kido, porém, usava um longo vestido branco, e ainda empunhava um cetro dourado brilhante.  Depois, em meio a um brilho, ela aparece usando um outro traje, dessa vez, uma armadura.  Armadura essa que lembra as kamuis, os trajes poderosos usados por Zeus e seus comandados.  Ambos acordam perplexos. 

SAORI e DARIEN:  Que sonho será esse? - indagam. 

Era um prenúncio de que mais um casal estava a se formar em meio àquela jornada contra Ares.