Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 26
Respeitando as regras... ou não




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809320/chapter/26

 

Katsuki quer muito saber de quem foi a brilhante ideia de fazer uma prova em conjunto com os figurantes. Não é possível que o All Might realmente pensou numa merda dessas. Não, isso tem cara de ter dedo do Aizawa, ele até consegue imaginar os dois conversando na sala dos professores e o All Might quebrando a cabeça pra formular a prova deles, aí vem o Aizawa com aquele sorriso bizarro dele e joga uma ideia dessas como quem não quer nada. Não quer nada, hein? Ele quer é foder com a vida de todo mundo aqui, principalmente a de Katsuki.

Porque trabalhar em grupo é um saco. Não é tão horrível quanto costumava ser pra ele ano passado, mas se alguém perguntasse se ele prefere fazer todas as provas em grupo e nunca mais ter que fazer prova na vida ou fazer prova individual todo dia, Katsuki não tem dúvida, pode mandar prova diária que ele encara numa boa! É uma merda ter que ficar explicando o que quer e vai fazer pra cada membro do grupo, já é uma bosta ter que fazer isso só com esse povo da A, imagina os figurantes da B! 

Pelo menos ele tá com o Kirishima, que pode até ser um idiota, mas é um idiota com quem não precisa nem falar pra deixar claro o que planeja, então até vai. Quanto aos figurantes…

—  Parece que somos o time rosa. Boa prova pra nós! —  a menina sorri, Katsuki não lembra o nome dela, mas é a garota que tava no aniversário do Deku junto da Rabo de Cavalo. Ah… é essa que faz as mãos crescerem, não é um negócio assim? Ele quer perguntar pro Kirishima, mas não pode, porque a Uraraka nunca faria isso, ela conhece a individualidade de todo mundo, e é simpática com todo mundo, e é só dar um sorrisinho besta que todo mundo fica de joelhos pra ela, inclusive e principalmente ele próprio, que merda! —  Anda, Monoma, cumprimenta os nossos companheiros de equipe!

— Eu espero que vocês sejam cautelosos e não atrapalhem nosso desempenho com essa necessidade patológica de atenção de vocês da turma A. —  o merdinha cruza os braços e os encara com nariz em pé. Babaca! — Dito isso, eu… hã… desejo boa sorte a você, Uraraka-san, espero que possamos… fazer um bom trabalho. —  ele desvia o olhar, corando. Tsk, que otário!

—  Opa! Boa sorte pra nós todos! Vamos dar nosso melhor!  — o Kirishima o agarra pelo ombro — Certo, Uraraka?

—  Hã… é. —  Katsuki o olha de cima a baixo, desde quando esse idiota tem tanta liberdade pra ficar pondo a mão na Uraraka assim? É quase como se… ele tivesse agindo como se estivesse com o Bakugou… bom, ele até tá, mas não sabe disso. De qualquer forma, foda-se, porque a cara do merdinha vendo o Kirishima assim tão perto do corpo da Uraraka é impagável! Tão boa que Katsuki precisa provocar um pouco mais.

Olhando ao redor, ele procura a Ochako e… ela caiu no time do nerd maldito?! Porra, não é possível! Deve ter algum tipo de conspiração que sempre põe esses dois juntos, mesmo quando ela nem é ela! Tsk, um puta de um casalzinho perfeito, que merda! É melhor esse maldito do Deku não atrapalhá-la, se não ele vai ver o dele! 

Porra, porra, porra, ela lá com o parceiro dos sonhos dela, e ele aqui com esse merdinha da turma B que fica olhando pra esse uniforme colado de um jeito esquisito, tsk… é por causa dessas merdas que Katsuki não quer saber dessas besteiras de namoro, porque desconcentra pra caralho! 

Era pra ele estar pensando em como vai quebrar a cara dos vilões, de olho na Ochako só pra ter certeza que ela vai saber o que fazer com a individualidade dele nessa prova, e é claro que ela vai, porque pode até parecer, mas Ochako não é uma imbecil, ela sabe se virar mesmo sendo meio arregona, é boa de improviso e trabalha bem em equipe, aí é que fode, porque se tem o Deku no time, ela vai trabalhar bem até demais e… tsk, dane-se, ela não fodendo com a nota dele já é o bastante, é só isso que importa!

Ah é, e provocar esse merdinha da turma B também, Katsuki abre um sorriso e o olha rapidamente, virando-se pra onde a Uraraka tá.

—  BAKUGOU-KUUUUN! Boa sorte na prova! Tô contando com você!  — ele dá um joinha pra ela, que fica olhando-o, confusa e aparentemente envergonhada. Ha, tirar uma com a cara dela também vale a pena.

—  Ora, não… sabia que você era tão amiga daquele selvagem, Uraraka-san. —  o merdinha da B diz em um tom constrangido, lançando um olhar feio na direção do suposto Bakugou.

—  Não somos, eu só o admiro muito, Monoma-kun! Ele é… tão incrível… —  ele faz sua melhor imitação meiguinha de Uraraka, suspirando um pouco.

—  Ah… sério mesmo? —  ele dá um sorriso amarelo. Hahaha.

—  Hehehe, então tá, né? —  o Kirishima dá uma risada, apicando um tapinha nas costas dele. Quem vê até pensa que ele entendeu o que tá acontecendo aqui, panacão.

—  Bom,vamos tomar nossas posições, já podemos ir pensando na nossa estratégia. —  a menina põe a mão no ombro do merdinha e sutilmente o empurra pra frente, ele obedece sem questionar. Hum, assim é melhor.

—  Vamo mandar ver, Uraraka! Eu te dou cobertura no que precisar, mas você também tem que colaborar e não afobar, valeu? —  o Kirishima dá um daqueles sorrisos gigantes dele.

Katsuki começa a andar atrás dele rumo ao enorme portão que em breve abrirá para que a prova comece, ele dá uma olhadinha nessas mãos com essas bolinhas cor-de-rosa que mais parecem botões, é uma puta de uma individualidade, e ele conseguiu dominar quase que inteiramente, só não é perfeito porque ele ainda sente vontade de gorfar depois de um tempo, mas dá pra fazer muita coisa, e se a Ochako se contenta com pouco e não mostra todo o potencial que tem, é problema dela, Katsuki vai mostrar como é que se faz.

Porque que se foda o Deku e o que ela sente por ele, que se foda esse drama todo, tanto ele quanto ela tão aqui pra serem heróis, Katsuki tá aqui pra ser o maior herói de todos.

Ele já é o melhor, independente de em qual corpo esteja.

***

Ochako está se sentindo vigiada, ela ficou tão aflita ao notar que estava no mesmo time do Deku que nem percebeu qual seria a perspectiva de quem está de fora dessa bagunça toda: Bakugou e Midoriya estão na mesma equipe. 

Ela consegue sentir os olhares curiosos de seus colegas, tanto da A quanto da B, a rivalidade deles já tão lendária que não tem ninguém que olhe pra essa dupla e não fique preocupado, inclusive e principalmente a outra metade dessa equipe: Komori Kinoko e Kodai Yui.

—  Boa… boa prova pra nós! —  o Deku se curva, mais vermelho que um pimentão. Ela olha rapidamente pras duas meninas e apenas acena com a cabeça, Ochako quer muito cumprimentá-las decentemente, mas sabe que não pode.

—  Vamos nos esforçar. —  a Kodai diz em um tom tão neutro que passa a impressão de que é irônico, mas todo mundo sabe que é só o jeito dela mesmo, meio como o Todoroki, só que… menos assustadora. Já a Komori é difícil de dizer, ela parece muito animada, embora um pouco intimidada, provavelmente por se tratar do “Bakugou”.

—  A-ah, certo! Hã… vocês têm alguma ideia do que querem fazer? Preferem ir atrás dos vilões ou ajudar no resgate?

—  Tanto minha individualidade quanto a da Kinoko-chan são bem versáteis, podemos usar para lutar ou resgatar.  — a Kodai explica — Já as de vocês são melhores para atacar, temos um grupo bem equilibrado.

—  É, mas acho que não podemos nos separar, ainda mais essa separação entre A e B, vamos perder pontos. —  Ochako sugere, pensativa, só aí percebendo que o Bakugou nunca faria uma observação dessas nesse tom cauteloso.

—  Curioso que isso venha de você, Bakugou-kun, já estávamos preocupadas se você nos abandonaria para ir atrás dos vilões sozinho. —  a Komori sorri levemente.

—  Tsk, eu… eu só fazia isso no primeiro ano, e se é pra trabalhar em grupo pra ganhar nota, eu vou trabalhar em grupo! Tão pensando o quê? —  ela se defende com muito mais energia do que necessário, porque o comentário realmente a incomoda, o Bakugou é difícil sim, mas é esperto e aprende com seus próprios erros, ele não se separaria do grupo a não ser que fosse parte de uma estratégia já discutida e planejada —  Vamo entrar em posição logo.

—  Certo, todos em posição! —  o All Might anuncia, já devidamente alojado em uma cabine suspensa, tendo visão privilegiada de todo o cenário de simulação.

Os portões se abrem para uma cidade, lembra muito o ambiente criado para a segunda etapa do Exame de Licença Provisória ano passado, a diferença é que o cenário não parece tão destruído. Ainda. Porque no minuto que o All Might dá o sinal, explosões eclodem em pontos diferentes da cidade, derrubando prédios e instalações de metal, levantando fumaça e criando um incêndio. 

—  Um herói não precisa de comando para agir, vocês já sabem quando são necessários!

Essa é a deixa, Ochako corre rumo ao cenário com sua equipe, observando o caos para todo lado, tentando localizar dummies, há muitos visíveis pelo que era pra ser asfalto, então esses são os primeiros a serem salvos.

Seu grupo avança sem dificuldades, traçando uma rota perpendicular para se afastar do tumulto das outras equipes e procurar por vítimas em outras áreas.

—  Tem algo escrito nos dummies. —  a Komori observa, Ochako não entende como ela consegue ler com a franja no rosto assim —  “Escoriações leves, porém em grande estado de choque. Sua frio e tem pupilas dilatadas”

—  Ah, é o estado da vítima, temos que levar essas informações em consideração, Hã… estado de choque…

—  Suor frio e pupilas dilatadas… a gente precisa aquecer a vítima e tirá-la daqui. O time da Yaomomo com certeza já deve ter montado uma base de primeiros socorros… —  Ochako diz, pensativa — Deku-

—  Eu vou pular e ver onde eles estão. —  ele diz antes que ela precise pedir pra ele, ativando a individualidade em suas pernas e saltando para cima, Deku se apoia nas paredes entre os prédios para diminuir o impacto de sua queda quando volta para o solo —  Uns 2 metros nessa direção. A Yaoyorozu-san não falha mesmo!

—  Certo, eu vou levar essa aqui e volto logo. Komori-san, você pode vir comigo?

—  Hã… claro, eu posso crescer cogumelos para remover alguns escombros e procurar mais vítimas.

—  Legal! —  Ochako faz que vai sorrir, mas se lembra quem ela supostamente é —  Vamo logo, então, não podemos perder tempo! A gente volta logo!

—  Ok, vamos tentar resgatar o máximo de pessoas! Tem muitos prédios aqui, então devem ter vítimas! —  Deku diz — A sua individualidade vai ajudar bastante pra tirar escombros do caminho, certo, Kodai-san?

—  Sim —  ela se vira para Ochako —  Não sei se você sabe, mas eu posso diminuir e aumentar objetos quando toco neles com os cinco dedos.

—  Ah, eu sei! —  a Kodai arregala os olhos, e Ochako quer se dar um tapa na cara por estar vacilando tanto —  S-sei porque… funciona como a individualidade da Cara de Lua, eu acho, sei lá. Quem liga? Vamo logo! —  ela dá as costas e sai andando, sabendo que é exatamente o que o Bakugou faria se ficasse sem-graça. É o que ele faz, e é bem fofo… às vezes.

Ochako apoia o dummy em suas costas, carregando como se fosse uma pessoa real, o corpo do Bakugou é bem quente, então deve ser o suficiente por enquanto. Ela olha ao redor, tentando achar mais vítimas, mas tudo que ela nota são as câmeras filmando as ações deles para avaliação. Ela engole em seco, pensando que não está agindo nem um pouco como o Bakugou. Ele faria a equipe dele ir atrás dos vilões na hora! Ele é afobado e ia querer resolver o maior problema primeiro antes de se apegar aos detalhes como ferimentos de vítimas em específico… mas o que ela vai fazer? Não é o seu estilo  de fazer as coisas, ela não vai sair criando explosões pra atrair os vilões só porque sabe que já tem gente demais ajudando nos resgates…

—  Eu devo dizer que estava preocupada em trabalhar com você e o Midoriya-kun, mas vocês são surpreendentemente eficientes.

—  Muito tempo de prática, só isso. —  ela murmura, lembrando-se de todas as vezes que foi pareada com o Deku e como eles trabalham juntos tão facilmente que parece ser parte de suas individualidades. 

Ochako suspira baixinho, repreendendo-se mentalmente por ter ficado tão tensa em ter que formar time com o Deku por causa da conversa mais recente deles, isso é tão antiprofissional! Não importa que ele tenha deixado no ar que pretende rejeitá-la… ou não… vai saber… porque isso não importa agora! Nem Midoriya, nem Uraraka, agora eles são Deku e Uravity, uma dupla infalível salvando as pessoas quando não estão salvando um ao outro...

Ok, ela não é Uravity, ela é Dynamight, mas… enfim, o que conta é a ideia.

***

Katsuki aperta o capacete desse uniforme ridículo para não respirar fumaça, apertando os olhos diante do denso nevoeiro de fuligem oriundo de um incêndio. Ele ouve o barulho do vento próximo à sua orelha quando uma mão gigante abana a fumaça pra trás e pra frente.

—  Com essa fumaça, eu não sei nem de vilão nem de vítima. —  o Kirishima tosse.

— E só vai piorar se o incêndio não for apagado. —  o merdinha comenta, abanando-se levemente — Acho que nos precipitamos um pouco vindo até aqui sem plano. —  Katsuki fecha o punho em irritação, esse bosta só tá falando isso porque não teria coragem de jogar na cara da Ochako que ela que veio correndo pra cá e forçou o grupo a segui-la. 

Se ele tivesse na equipe do Bakugou, falaria isso sem problemas, mas como acha que é a Ochako, ele mede as palavras. Otário.

—  E quem disse que eu não tenho plano? —  Katsuki  pergunta, forçando um sorriso.

—  Você… você tem? —  a menina da mãozona pergunta.

—  Eu não vim correndo pra cá igual a uma barata tonta, a gente tá aqui pra apagar o incêndio. —  ele avança à esquerda — Aqui!

Katsuki espera os outros três se aproximarem, e tenta não rir da cara de tonto deles ao verem o que ele viu assim que a segunda explosão foi detonada: a caixa d’água teve um de seus pilares arrancados com o impacto, mas não tombou.

—  Hã… Uraraka? Eu tô com medo de perguntar, mas a sua ideia não é derrubar essa caixa d’água, é? —  o Kirishima pergunta, coçando a cabeça enquanto observa a altura dos pilares de metal que sustentam o grande contêiner de água.

—  Claro que não, né? Além do incêndio, a gente ainda ia ter que salvar esses bonecos de uma enchente!

—  Não são bonecos, Uraraka-san, são vítimas, lembra? —  a mãozona o corrige.

—  Tá, tá, que seja! Não, meu plano não é esse! Você hã… Kendou-san, quanto peso você consegue erguer com essas mãos aí?

—  Hum… eu nunca testei um limite de peso, mas acho que consigo levantar vocês três em uma mão só tranquilamente. —  caralho, essa menina! Já sabe até o que ele tá pensando!

—  Hum. Então o que a gente vai fazer é o seguinte. Você e eu vamos subir, eu vou precisar que você controle a trajetória da caixa d’água com sua mão porque eu não tenho controle disso. Você vai copiar minha individualidade e levitar o Kirishima até a base. Kirishima, você vai endurecer seus dedos e furar a caixa d’água por baixo.

—  Hã… acho que tô entendendo, mas… e você… Uraraka?

—  Não é óbvio? Eu vou transformar essa caixa d’água no meu balão. —  ele sorri maniacamente.

—  Ô, Uraraka, aguenta aí! Você… vai erguer esse negócio inteiro sozinha? Você… isso daí não é meio perigoso? —   o Kirishima arregala os olhos.

—  Com a Kendou controlando a trajetória da caixa d’água, ela pode pegar o contêiner que já vai estar leve e colocar no chão de volta com segurança, a Uraraka-san só precisa levitar e desativar a individualidade para voltar ao chão, é um plano… bem elaborado, de fato. —  o merdinha sorri enquanto analisa o cenário. O cara pode ser um babaca, mas não é burro.

—  Eu entendi essa parte, mas… Uraraka, esse negócio deve pesar umas 2 toneladas!

—  Eu aguento até 3, Kirishima-kun. —  ele dá de ombros.

—  Eu… eu sei, mas… você não vai passar mal? Tem que tomar cuidado, você não- —  ele coça a cabeça, como se tivesse se segurando pra falar alguma coisa.

—  Eu dou conta, Kirishima-kun, pode confiar em mim. —  ele diz firmemente. Katsuki não tem ideia de porque ele tá tão preocupado, o Cabelo de Ouriço é sempre o primeiro a topar qualquer ideia dele quando eles trabalham em grupo, será que é porque… ele acha que a Uraraka não dá conta? Tsk, ele vai ver só, então.

—  Kirishima-kun, o tempo tá correndo e a gente não vai conseguir resgatar ninguém nesse incêndio. —  a mina da mãozona fala num tom gentil, mas dá pra entender que ela tá tentando apressá-lo — Se você tiver outra ideia, nós podemos tentar.

—  Não, eu… —  ele suspira —  Vamo nessa, quando essa daí bota uma coisa na cabeça, ninguém tira. —  Katsuki não sabia que o Kirishima e a Ochako já tiveram discussões nesse ponto para ele achar que ela é teimosa… bom,  isso ela é mesmo, ele só não sabia que o Kirishima sabia disso também.

— Vamo lá que a gente só tem cinco minutos, que é o tempo que a individualidade desse daí funciona, bora logo! Kendou-san? Vamo subir? Eu vou diminuir o peso na sua mão pra gente não quebrar o resto do pilar.

A primeira parte é tranquila, essa menina aqui manja muito de usar uma mãozona pra escalar o pilar e a outra pra segurá-los, a única merda é ficar grudado no idiota do Kirishima e nesse merdinha, que tá tão vermelho que parece que vai explodir, e deveria mesmo pra parar de ser trouxa, a Uraraka é areia demais pro caminhãozinho dele, nem adianta ficar todo animadinho que o máximo que ele vai ficar perto dela é isso aqui mesmo, babaca!

Eles param um pouco abaixo do contêiner, observando a base. É grande pra caralho, o Kirishima pode abrir uma porrada de buraco aqui que ainda não vai faltar espaço pra ele se segurar com as unhas fincadas. Bom.

—  Uraraka-san, pode deixar que eu te levito até lá em cima, você passa mal quando usa sua individualidade em si mesma, não? —  o merdinha pergunta.

—  Só esse pouquinho não vai me fazer passar mal.

—  Eu sei! Só… é melhor guardar energia para todo o trabalho que você terá. —  ele sorri, e é assustador pra porra porque Katsuki nunca viu esse moleque com uma cara assim, ele tá sempre se fazendo de espertão com uma cara metida, mas agora… parece um sorriso… sincero. Que nojo desse moleque e da paixonite dele por ela! —  Se me permite... — ele estende a mão para tocar no ombro dele e copiar a Gravidade Zero. Ah, pra ela ele pede, quando Katsuki era ele mesmo, esse moleque aqui só foi roubando na maior cara de pau, cretino do caralho! O babaca pressiona a mão sobre o ombro dele (um pouco mais de tempo do que o necessário) e se afasta com um aceno de cabeça. Katsuki fica de costas pra ele e se prepara pra subir —  Ok, boa sorte, Uraraka-san.

—  Não é questão de sorte. —  ele murmura, irritado com a gentileza desse otário quando ele o toca nas costas.

Katsuki sobe, observando brevemente os outros três ficarem cada vez mais distantes. Assim que ele alcança o topo, faz um sinal para o otário liberá-lo. Correndo até o meio da tampa da caixa d’água, ele esfrega as mãos uma contra a outra brevemente, sabendo que isso não tem utilidade nenhuma, só fez por fazer, e toca na superfície com ambas as mãos, o brilho rosa do poder dela surge e ele berra para a mina das mãozonas começar a empurrar. Ele não pode se desconcentrar disso aqui se não vai acabar gorfando mais cedo do que deveria, então agora é contar com os outros pra fazer dar certo lá embaixo.

Katsuki enche essas bochechas enormes de ar pra tentar controlar o enjoo crescendo no estômago. Tsk, que merda ele tá fazendo? Era pra ele estar descendo a porrada no Eraserhead ou no Vlad King, ou melhor ainda, nos dois! 

Mas é perda de tempo porque todo mundo vai atrás dos dois, então vai ficar um bando de idiotas atrapalhando uns aos outros enquanto tentam brigar com os vilões só pra se mostrarem de fodões pro All Might, é uma perda de tempo e de energia, tem muito mais vítima que vilão, então é melhor salvar os bonecos primeiro. Ele se fodeu bastante no Exame de Licença Provisória ano passado, que foi meio parecido com essa prova aqui, então não vai cometer um erro desses de novo. 

Katsuki queria muito usar a Gravidade Zero pra lutar e mostrar pra todo mundo que a Ochako pode cair na porrada com qualquer um, inclusive com heróis profissionais, mas se é um professor, ainda mais o Aizawa, é melhor deixar quieto. O cara não é bobo e sabe que eles tão trocados, Katsuki não tem domínio total dessa individualidade, então um vacilo e já era pra ele e pra Ochako. Se fosse só por ele, tudo bem, Katsuki iria se virar, mas é por ela também, não dá pra vacilar com ela, nunca!

Erguendo a cabeça, ele nota que eles se movimentaram um pouco, estando a alguns metros do incêndio, eles devem ter uns três minutos até o babaca perder a Gravidade Zero, mas se o Kirishima for esperto, vai conseguir se segurar na base mesmo sem estar sem peso. 

A fumaça negra chega até aqui em cima, embora bem mais fina do que lá embaixo, então eles estão próximos, Katsuki não consegue ver, mas sente algumas vibrações sob seus pés,  o que significa que o Kirishima já deve estar posicionado. Seu estômago parece estar dando saltos mortais, mas ele precisa se segurar, eles tão bem perto do foco de incêndio.

A visão dele fica turva, o gosto de vômito bate no fundo da língua. Agora não, porra! Só mais um pouco! Ugh, é porque ele não tá acostumado a levantar coisas tão pesadas, porra, nem mesmo a Ochako já deve ter tentado erguer um negócio assim, porque ela é uma puta de uma arregona que não vê o quão incrível ela é, o quão sensacional esse corpo é! 

Katsuki engole o vômito de volta, esse corpo não é nem um pouco frágil, ela não tem nada de frágil, nunca teve, é uma das poucas pessoas que bateu de frente com ele e poderia vencer, uma das poucas pessoas que pode cuidar do corpo dele, ela é foda, pode não saber disso, mas Katsuki sabe,  e vai provar.

A fumaça começa a rarear, sinal de que deu certo: o time rosa faz chover na cidade.

Arrastando-se até a borda da superfície para dar uma olhada, Katsuki observa o fogo ceder pouco a pouco. Um problema já foi, agora vem o maior: fazer essa porra descer sem causar ainda mais estrago, ele nunca trabalhou com essa menina da mãozona, mas vai ter que confiar nela, a Ochako confiaria sem nem piscar, então lá vai ele.

—  Liberar.

Ele imediatamente se agarra em uma das escadas laterais para não sair voando pelos ares, lembrando de deixar um dedinho em riste, a caixa d’água obviamente cai rápido pra caralho, fazendo-o observar tudo de cabeça pra baixo com as pernas pro ar enquanto o chão se aproxima. Com muito esforço, ele leva a outra mão ao degrau, sentindo um tranco que o joga pra frente e o faz soltar a escada, partindo em queda livre rumo ao chão. Porra!

Katsuki toca em sua coxa, flutuando um pouco antes de dar de cara no chão.

—  Urarakaaaaa! —  ele observa o Kirishima correndo na direção dele, o idiota tá quase chorando —  Essa foi por pouco! Você tá bem?

—  Lógico que tô! Estica os braços aí!

—  Hã… assim? —  Katsuki se move desajeitadamente no ar, ajustando a posição antes de juntar as pontas dos dedos e desativar a gravidade, aterrisando quase que perfeitamente nos braços do Kirishima —  Eita! Avisa antes de fazer uma coisa assim, eu quase te derrubei!

—  Tsk, eu sou levinha, você que precisa ficar mais esperto! —  o Cabelo de Ouriço arregala os olhos, mas logo sorri enquanto o põe no chão como se ele fosse um filhote de cachorro —  Você tá só o pó!

—  A Gravidade Zero do Monoma acabou antes de eu terminar de furar, tive que pular por minha conta.

—  Tsk, você é descuidado com essa p- com esse endurecimento, e se desse ruim?

—  Não deu, eu tô inteirão! Os outros dois também tão bem, o Monoma copiou a individualidade da Kendou  pra ajudar a segurar a caixa d’água. — porra, então o tranco era pra ter sido pior se fosse só a menina, o merdinha ainda “amorteceu” a queda desse negócio, Katsuki sabia que o maldito pensava rápido, só não imaginou que fosse tanto. Maldita troca de corpos, faz ele ver as coisas com os olhos da Ochako, agora ele tá quase achando que o figurante nem é tão otário assim.

Os dois observam a garota instruir o merdinha a colocar a caixa d’água cuidadosamente no chão e correr até eles.

—  Uraraka-san… você tem umas ideias bem malucas e que só funcionam em situações de emergência assim! Você sabe que a gente não pode simplesmente ir arrancando propriedade do governo, certo?

—  É, é, eu sei. Depois você briga comigo, vamo salvar os bonecos, quer dizer, as vítimas. —  ele diz em um tom bem condescendente, o que parece ser o suficiente para lembrá-la de que a prova ainda não acabou. Na verdade, nem começou direito.

—  Ok, hora de salvar as vítimas! —  o Kirishima ergue os braços, com muito mais animação que a situação pede.

Os quatro começam as buscas por entre os escombros do prédio queimado, o merdinha o ajuda a tirar um boneco com uma etiqueta onde pode-se ler “Cadeirante. A cadeira de rodas foi destruída no incêndio.”

—  Pode deixar que eu levo, Uraraka-san, evite pôr mais peso no seu ombro. —  ele arregala os olhos, surpreso pelo cretino ter notado já que Katsuki fez de tudo pra disfarçar. O ombro tá doendo pra porra, deve ter machucado um pouco na hora em que ele e a Uraraka se comeram na porrada, e terminou de machucar quando ele se segurou na escada da caixa d’água —  Você… você foi incrível… — o babaca murmura, corando quando nota que Katsuki o encara atentamente— Q-quero dizer… incrível pra… alguém da turma A, foi algo exagerado e imprudente, mas foi bem útil para nosso grupo. Então… bom trabalho, mas… tome mais cuidado, eu sei que você é muito mais resistente do que parece, mas não se ponha em perigo, pessoas estão… contando com você e… se importam com você, então… cuide-se.

—  Pode deixar, eu não vou me machucar à toa.

Porque tem horas que Katsuki se importa mais com esse corpo do que com o dele próprio. Ele sabe que não precisa se preocupar, ela tá cuidando muito bem do dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oioi!
É com esse capítulo que desafia muitas leis da física e da engenharia que digo que amo esse arco e me orgulho muito dele.

A vida ainda segue muito difícil e eu nunca sofri tanto com ansiedade, mas tenho esperança de que as coisas melhorem em breve. Sigam torcendo por mim!

Obrigada por ler! Espero que esteja curtindo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eu no seu lugar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.