Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 13
Quebrando as regras




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Katsuki quer muito berrar e mandar o nerd ir se foder, ele até poderia, mas sente que não deveria. Querendo ou não, a culpa é dele mesmo por ter decidido contar tudo pro merda do Deku. E por “tudo”, é tudo mesmo. O pivete com a individualidade esquisita, a troca de corpo, os exames que não apontaram nada de estranho,  as regras que eles criaram e o treino pra se adaptarem à individualidade um do outro. Mas como esse nerd é um imbecil que não consegue ficar quieto, aqui está Katsuki sentindo a veia de uma das têmporas saltar de raiva enquanto tenta focar no pôr do sol atrás deles e ignorar o som inconfundível dos murmúrios do nerd de merda.

—  Uma individualidade que faz pessoas trocarem de corpo… a individualidade fica no corpo original… o que muda é a consciência das pessoas afetadas… um menino no corpo de uma menina… uma menina no corpo de um menino… Kacchan pode remover a gravidade… Uraraka-san pode criar explosões pelo suor das mãos… foi o Kacchan que me pediu os cadernos… e a Uraraka-san que me ajudou a carregar as compras...

—  Aí, Deku! Fecha essa matraca, porra!

—  A Uraraka-san falou “porra”, não, mas não é ela… é por isso que o Kacchan me chamou de Deku-kun esses dias… porque era a Uraraka-san… é igual ao filme que a gente viu no verão passado… K-Kacchan, vocês ficam alternando de corpo a cada dois ou três dias igual ao filme?

—  Não sei de que porra de filme você tá falando, seu bosta, mas não tem alternação, a gente tá trocado assim há duas semanas.

—  DUAS SEMANAS! —  o nerd repete com olhos esbugalhados e começa a rir nervosamente igual a um idiota —  Vocês tão assim há duas semanas?! Mas… mas… como mais ninguém percebeu?

—  Aquela pirralha lá percebeu…

—  Pirralha…? A Eri-chan! —  o merda esfrega as mãos nos cabelo histericamente —  A gente ficou rindo dela, e ela tava certa! Imagina o quanto ela ficou confusa! Tadinha dela, Kacchan!

—  Tá, tá! Agora vê se se apruma e para de tagarelar, seu bosta!

—  É só que… Kacchan, você há de concordar que isso tudo é… muito esquisito! Vocês tão assim há duas semanas, você… você… tá no corpo dela! Você… como você faz com a individualidade dela? É tão diferente da sua! E como você… você… troca de roupa? E pra tomar banho? Ir no banheiro?

—  Até parece que eu vou te falar, seu tarado de merda!

—  Eu… eu não entendo, por que vocês não falaram nada pra ninguém? Por que não pediram ajuda? Q-quer dizer, você, Kacchan, eu até entendo, mas a Uraraka-san-

—  Ela sabe tão bem quanto eu que essa merda só atrairia aqueles urubus da imprensa pra U.A. e seria mais um escândalo, fora que os velhos dela iam ficar preocupados e, ah, você sabe, essas merdas.

—  Sim… é bem a Uraraka-san mesmo… —  o nerd olha pra baixo — Coitada, deve ser tão difícil pra ela… e eu… quero tanto fazer algo pra ajudar...

— Nem fodendo, seu merda! Você fica longe dela! Nem sonha em contar pra ela que você sabe se não eu te mato!

—  M-mas K- Kacchan, ela precisa saber que não está sozinha, que eu descobri e que quero ajudar no que for preciso!

— Vai se foder! Você não descobriu porra nenhuma! Se eu não tivesse te contado, você ia tá achando que essa merda é por causa de algum vilão invasor de mentes usando o corpo da Cara de Lua pra me… seduzir, que merda, Deku! — porra, esse é um plano muito ruim, sem falar que nunca ia funcionar, ele sendo “seduzido” pela Cara de Lua? Que bosta! O imbecil do Deku parece ficar vermelho, mas logo arregala ainda mais esses olhos de cachorro abandonado e o encara.

—  Ah, Kacchan, pelo que eu entendi, vocês tinham combinado de não contar pra ninguém, certo? Então… por que você… me contou? —  porra, a única pergunta que ele não queria ouvir, que bosta de moleque!

Porque a resposta é ridícula: se esse nerd maldito continuasse achando que era um vilão, ele ia vir com tudo. Se Katsuki estivesse no próprio corpo, ele trocaria porrada com o Deku numa boa, mas esse corpo não é dele, ele se lembra de como ela pediu pra eles tomarem cuidado um com o corpo do outro e a cara de alívio que ela fez quando viu que a queimadura causada na luta contra o Todoroki não era tão grave. Ele… se sentiria o maior filho da puta do mundo se esse corpo se ferisse seriamente por causa dele.

—  Tsk, se eu não te contasse, você ia fazer um escândalo e ia acabar chamando atenção dos professores e ia foder com esse segredo. A Cara de Lua ia ficar puta, ela ia dar um chilique pior que —  Katsuki se lembra de como ela quase chorou quando ele descobriu sobre a confissão dela pra esse imbecil aqui, só de imaginar, o estômago dele dá um nó — Foi pra te impedir de fazer merda, seu idiota! Então vê se não faz nenhuma besteira e continua tratando ela como se fosse eu! Entendeu ou eu vou ter que te descer a porrada pra você entender?

—  Eu… entendi. —  o nerd suspira —  Eu quero muito ajudar vocês no que for preciso, mas… o melhor que eu posso fazer por enquanto é guardar segredo, certo? Eu… te devo essa já que você guarda meu segredo tão bem, não é, Kacchan? —  ele não responde, apenas dá as costas e caminha rumo aos dormitórios.

—  Só mais uma coisa, seu merda: você sempre me stalkeou igual a um perturbado,  como você percebeu que ela não era ela, mas não percebeu que eu não sou eu?

—  A-ah, é que… eu… é que comigo o Kacchan ainda parece mais ou menos o mesmo, ela… tá fazendo um ótimo trabalho em fingir que é você, Kacchan, pelo menos perto de mim.

—  Você tá falando que eu não sei fingir ela, seu bosta!?

—  N-não, não é isso! É que… eu… hã… eu não sei explicar isso de um jeito que não soe esquisito. 

 

— Você sempre foi esquisito, de qualquer jeito. Que diferença ia fazer agora? — ele dá de ombros — Desembucha.

 

— É que… — ele respira fundo — Eu percebi, sim, algo de diferente no Kacchan, que no caso é ela, só que… o jeito dele, ou dela, me lembra de quando a gente era criança, antes da sua individualidade se manifestar, eu achei que… o Kacchan tava mudando por influência da Uraraka impostora. Algo mais ou menos assim, entendeu?

 

—  Tsk, foda-se isso! Era melhor nem ter perguntado. — Katsuki sai andando novamente, não tendo a mínima noção de como responder uma merda dessas, mas então se vira novamente para encará-lo—  Se você contar pra alguém ou chegar perto dela, Deku, eu juro que desço essa mãozinha dela na sua cara que você vai voar até Plutão. —  ele ameaça uma última vez. — E não pensa que eu já não vi como você olha pro meu corp-, quer dizer, pra esse corpo aqui! Pode ir parando, seu tarado do caralho!

— E-eu não tava olhando, Kacchan! —  o merda choraminga — É que… é muito esquisito, eu não tô acostumado em ver a Uraraka-san assim tão… nervosa! — ele aponta com as mãos exasperadamente.

Katsuki também não, e ele não quer nem imaginar o tanto que ela ia ficar puta se descobrisse que o Deku, justo ele, sabe. Ou pior, o quão triste ela ia ficar se soubesse que foi ele mesmo que contou. Ela com certeza iria chorar, e porra, tem várias coisas insuportáveis nesse mundo, mas pensar na Uraraka chorando tem um peso tão grande no peito dele que nem essas bolinhas nesses dedinhos conseguiriram diminuir. Que merda!



***

Ochako quer chorar, de verdade. Ela quer pegar esses livros todos, fazê-los flutuar pra bem longe e chorar até soluçar. Estivesse ela no próprio corpo, ela já teria, sim, lançado os livros pro alto —  só pra desestressar por um segundo, logo ela os liberaria e voltaria a estudar — mas nem isso ela pode fazer, os livros são caros e importantes, não dá pra explodi-los (embora a ideia seja tentadora…) chorar então, nem pensar! Não existe uma explicação lógica para Bakugou Katsuki ser flagrado aos prantos nas mesas de estudos porque não entende matemática nem pra si mesmo, que dirá pra ajudar o Kirishima, o Kaminari e o Sero a entenderem. As provas semestrais são em duas semanas, e provavelmente ela já terá recuperado o próprio corpo até lá, mas isso não muda o fato de que a matéria é impossível de se entender agora, nesse exato momento!

—  Se nem você, que é o bichão em todas as matérias tá entendendo, Bakubro, imagina eu! —  Sero assobia baixinho e choraminga.

—  Tsk, cadê o Kirishima e o Kaminari pra ajudar a gente a… decifrar essa equação? —  ela resmunga, folheando o caderno de matemática — Eles tão demorando no banheiro, né?

— Ai, Bakubro, não acredito que você é tão inocente, eu fico até emocionado com tanta pureza! —  o Sero finge limpar uma lágrima — Eles não vão voltar, cara. Todo mundo sabe que tá na hora da pegação da noite deles.

Ochako sente as bochechas queimarem. Ela sabe do namoro deles, mas o Kirishima não fala muito sobre o assunto, e normalmente os dois não agem como namorados quando estão na frente de todo mundo, então é a primeira vez que ela ouve algo tão… direto sobre o relacionamento deles… e é difícil não se sentir culpada. Ela não sabe como o Bakugou é, exatamente, mas não parece certo ele ser sempre o centro das atenções nas conversas enquanto o Kirishima e os sentimentos dele ficam de lado… é, ela vai se esforçar pra ser uma amiga decente pra eles.

—  Entendi. E você… Fita Crepe? Como é que vai?

—  Vai o quê? —  o Sero parece chocado com a pergunta.

—  Ah, sua vida… sei lá, como é que tá… você, as… hã… as meninas? Você… gosta de meninas?

—  Ahã. Gosto muito. —  ele ergue uma sobrancelha como se não tivesse entendendo —  Por que… por que você quer saber?

—  Eu… —  Ugh… ela não devia ter perguntado nada, né? Péssima ideia!  — Esquece.

—  N-não! Se você tá perguntando, é porque… te falaram alguma coisa? A… Mina veio te falar alguma coisa?

—  A… Rosinha? Não. Por quê? —  o Sero fica corado, e Ochako tenta não sorrir —  Você gosta dela, Fita Crepe?

—  Ha… haha… gostar é… bom, eu não… hahaha, é esquisito demais falar disso com você, Bakubro! —  ele coça a cabeça, todo desconcertado — Ainda mais sobre a Mina.

—  Ué, por quê?

—  Por quê? Porque… é a Mina! Ela é tipo, praticamente um dos bros, só que… rosa e com peitos… se ela ficar sabendo que um bro não vê ela mais como bro… ela não vai querer sair com os bros, entende?  — Hã… mais ou menos — Além disso, ela não é pro meu bico.

—  Hum… mas eu lembro que ela falou pra… hã, pra Cara de Lua, que te achava fofinho e engraçado…

—  Ah é? A… A Uraraka te falou isso?

—  É, ela… me conta um monte de coisa, cê sabe, essas besteiras de menina, na maior parte do tempo eu só finjo que escuto. —  ela explica, imaginando que é exatamente o que o Bakugou faz quando ela começa a falar — Enfim… você nunca vai saber se não tentar.

—  Hum… é, acho que sim, eu… eu vou pensar nisso, Bakubro! Valeu! —  ele dá um sorriso iluminado, e Ochako se esforça muito pra não sorrir de volta —  Cara, já pensou eu saindo com a Mina? Mano, ela é tão… urgh, tão gata!

—  Tá falando de gata e nem me chamou, meu camarada? —  tanto Ochako quanto Sero olham pra baixo pra ouvir o dono da voz: obviamente, Mineta.

—  E aí, cara? É, tava falando da Mina.

—  Mina, hein? Os peitos dela são 10, mas sei lá, no geral eu dou um 8 pra ela. —  Ochako olha pra frente, tentando focar nos livros de matemática, porque até equações são mais interessantes e menos incômodas que esse tipo de conversa —  Não é assim uma Yaoyorozu, mas dá pro gasto.

—  Coitado, você ainda tá nessa de Yaoyorozu, cara? A mina já tem outra mina e você fica aí igual um idiota.

—  E daí? Nada me impede de ser convidado pra participar nesse lance delas!  — ela não está olhando, mas Ochako só pode imaginar o quão asquerosa é a expressão do Mineta —  Ela é meu tipo, não tem nada que eu possa fazer.

—  Achei que seu tipo fosse qualquer uma que te desse trela, mas ok.

—  Ah sim, eu gosto é de mulher, mas lógico que tem algumas que são mais gostosas que outras. Fala aí, Bakugou-kun!

—  Hum? —  Ochako se faz de boba, realmente não querendo entrar nesse assunto.

—  Nada de “hum”, Bakugou-kun! Diz aí, qual seu tipo? —  o Mineta a cutuca nas costelas com o cotovelo, e ela sente que ninguém a julgaria se ela simplesmente ameaçasse explodir o Mineta e tirá-lo pra longe daqui, é algo que o Bakugou faria, é o que ela quer fazer, mas…

É uma coisa que ela tem pensado desde o dia em que ele disse que não gosta de ninguém. Qual é o tipo de menina que o Bakugou gosta? Ele gosta de meninas, aliás? Bom… aparentemente, sim. Ela… pode ter visto algumas coisas que indicam que ele gosta, sim, de meninas, ao abrir o laptop dele na casa dos pais pra ver o email que ele mandou. Ela não tinha intenção de olhar, mas tava nas abas recentemente fechadas, ué. Ochako mal viu direito, tamanho o constrangimento, e fechou a aba assim que entendeu que se tratava de um site pornô, mas até onde ela se lembra, tinha garota no vídeo. Garotas, na verdade.

—  Pra falar a verdade, eu também fico curioso quanto a isso... —  o Sero admite, pondo a mão no queixo.

—  Meu tipo é gente que não atrapalha os estudos, porra. —  ela desconversa, voltando a encarar os livros.

—  Ah, qual é, Bakugou-kun? Pode falar pra gente… você tá muito menos… escroto esses dias, só pode ser pra pegar alguém. Fala aí, quem é? É alguém da sala? —  o Mineta pergunta empolgadamente

—  É cara, tem seis gatinhas na nossa classe. Qual delas é mais seu tipo? —  e o Sero encoraja — Não é a Mina, é?

—  Não!  — ela prontamente tenta tranquilizar o Sero —  A Rosinha é… ela é muito engraçada e forte, mas… não, ela é muito escandalosa. —  É, parece algo que o Bakugou diria, não? Pelo menos a parte de ser “escandalosa”.

—  Hum, ok… e que tal a Jirou?

—  Ah, ela é descolada e estilosa, né? Mas… não acho que ela se interesse por meninos… —  Ochako responde, pensativa.

—  Ok, então isso exclui a Yaomomo também… então… Hagakure?

—  Ela tem namorado. —  Ochako responde secamente.

—  Ah, então… Tsuyu ou Uraraka, hein? —  o Mineta diz num tom sugestivo — A Tsuyu tem peitos melhores, mas a Uraraka tem uma bunda que tá louco! Fora que ultimamente ela tá toda tsundere, é tão sexy! Você é um cara de bom gosto, meu rapaz! —  ela se sente corar e tenta enfiar a cara nos livros.

—  A Tsuyu é… uma boa pessoa, ela fala na cara e é super fofinha às vezes, mas… não, não dá pra ver ela mais do que como am- hã, colega. —  Ochako se corrige, sabendo que nem adianta porque ela já falou demais — Agora a Uraraka? Pfff, ela é uma idiota! Ela não é meu tipo, nem fodendo!

—  Hummm… jura? —  o Sero sorri maliciosamente —  Hum, que pena… porque ultimamente vocês tão sempre juntos e quando não tão, ela fica te encarando…

—  Pode crer, inclusive ela tá de olho em você agora… —  o Mineta aponta disfarçadamente na direção da cozinha, e Ochako tenta olhar o mais discretamente possível, notando que o Bakugou nem pisca, olhando-a com cara feia.

Porque ele deve estar puto que ela não tá estudando e de papo com o Mineta, de todas as pessoas. E tudo bem, não é certo da parte dela, mas poxa… ele precisa ser mais discreto, as pessoas percebem e vão sair falando besteira. Ela conseguiu acalmar o Deku, mas ainda assim, se o Bakugou continuar desse jeito, quem vai sair mal falada é ela, né?

— Tsk, a Cara de Lua gosta do nerd de merda, todo mundo sabe disso. —  ela murmura.

—  Mas…

—  Mas nada! Cabeça de Amora, se você vai ficar por aqui, então pega a porra do caderno de matemática e vem estudar, se não, para de atrapalhar e vaza antes que eu exploda sua cara! —  ela esbraveja em sua melhor imitação de Bakugou.

—  A-ah, ok! Esquece! N-não tá mais aqui quem falou! —  o Mineta sai correndo.

Ochako encara o Sero, e ele imediatamente corrige a postura, voltando a atenção para as equações.

Sim, equações! O tipo do Bakugou não é importante agora! Quer dizer, nem agora nem… nem nunca! Esquece isso e foca nas equações, Ochako!



***

— É sério que esse é o seu plano genial, Cara de Lua? —  ele bufa de raiva, evitando encará-la diretamente enquanto eles caminham lado a lado após deixarem a estação do metrô.

— A gente não pode investigar como heróis com licenças provisórias, mas nada nos impede de dar uma passada pelos arredores enquanto vamos passear numa sorveteria que coincidentemente fica perto do prédio. —  ela sorri entusiasmadamente — Quer dizer, dois quarteirões não é exatamente perto, mas… foi o lugar menos suspeito que eu achei na minha pesquisa, uma sorveteria é um lugar onde dois estudantes podem estar passeando num belo sábado à tarde, não?

—  Tsk, só não sei porque a gente teve que sair da escola escondido como se a gente fosse bandido. —  ele resmunga.

—  Ah, porque… você sabe, se alguém visse a gente saindo junto, iam fazer mais comentários…

—  Não sei quem é mais idiota, o povo da sala que fica se metendo onde não foi chamado, ou você, que liga pro que eles falam.

—  Não é questão de ligar ou não, Bakugou-kun, é só que eu quero minha vida o mais perto possível do que era antes de isso acontecer. Eu não quero que saiam falando coisas sobre mim que não só são injustas porque não era eu, como também não são verdade. —  ela diz seriamente.

—  Tipo?

—  Tipo as pessoas acharem… que eu e você… somos mais que amigos… quando todo mundo sabe que eu me declarei pra outra pessoa e… ainda não fui rejeitada. Não é justo nem comigo, nem com você, nem com o Deku-kun. Concorda?

Ele responde com um “humpf” zangado e olha na direção oposta a ela. Nenhum dos dois entende a fundo porque ele está tão irritado quando ambos sabem que essa é a primeira vez que ela soa totalmente sensata desde que essa loucura toda começou.

—  Você não tem que se preocupar com o Deku. —  ele murmura.

—  Por que?

—  Não interessa, só… esquece ele e foca no que é importante. Essa merda toda vai acabar logo.

Ochako o encara e sorri serenamente, respondendo com um “Ok” enquanto os dois caminham em direção à infame sorveteria.

Embora eles estejam aqui numa missão, ela aproveitou, sim, a chance de experimentar sabores diferentes e, mesmo que só por alguns minutos, ser uma adolescente normal se divertindo como uma adolescente normal presa no corpo de um adolescente normal. Ele? Emburrado desde a hora que a garçonete veio anotar os pedidos e praticamente o ignorou, focando completamente no “garoto” da mesa.

—  Aqui está o seu. E aqui está o da sua namorada.

—  Eu não sou-

—  Ela não é minha namorada!  — Ochako ri nervosamente —  A gente não tá namorando, a gente é só amigo!

—  Nem isso. —  ele resmunga.

—  Ah… não são? —  a garçonete dá um risinho e ruboriza —  Me desculpe, ah… aproveitem o sorvete, e me chamem se precisarem de mais alguma coisa.

—  Isso porque você não queria ninguém entendendo errado, hein, Cara de Lua?

—  Como é que é?

—  O que você acha que isso aqui parece? A porra de um encontro, sua imbecil!

—  O q- o que? —  ela cora violentamente —  Isso não é um encontro, é uma missão, Bakugou-kun! E… e se você quer saber, a garçonete ficou bem felizinha em saber que a gente não é… você sabe.

—  E daí? —  ele fecha a cara.

—  Daí que ela gostou de você, Bakugou-kun. —  ela sorri maliciosamente, tentando disfarçar o próprio embaraço —  Bom, do seu corpo, pelo menos.

—  Vai… vai se foder!

—  Ela deve ter mais ou menos minha idade… ela é bonita, hein?

—  C-cala a boca! Eu já te falei que eu não tenho tempo pra essas merdas! —  ele se recusa a olhar pra ela, pegando uma colherada do sorvete de café e permanecendo em silêncio pelo resto do encontro que não é um encontro. Ou… pelo menos até a hora de pagar.

Ele nota quando ela abre a carteira e conta as moedas, aparentemente fazendo um monte de contas. Não é bem uma regra, mas foi meio que uma condição em que os dois concordaram: em público, eles devem usar a carteira um do outro. Para ele, até que não foi um problema tão grande, é só um saco não poder comprar lamen bem apimentado como ele gosta após os treinos. Agora ela, que não tem costume em ter mais dinheiro que o necessário, parece culpada e se recusando a gastar o dinheiro dele.

—  Tsk, deixa que eu pago essa merda.

—  Mas, Bakugou-kun, você- —  ele a ignora, pegando parte do dinheiro que a mão dele deu para o suposto Katsuki e colocando na conta, fazendo questão de encarar a garçonete pra mostrar que sim, quem pagou a conta nessa mesa foi a menina.

Ela ainda protesta e reclama por mais alguns minutos, mas para quando se lembra que agora o papo é sério. Assim que os dois partem dois quarteirões abaixo, ambos sabem que é hora de focar na missão.


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Notas finais do capítulo

Oioi, aqui estamos com o Deku se tornando um cúmplice huahuahsush
Relendo pra corrigir, eu lembrei que esse é um dos meus capítulos menos favoritos, só que tanto agora quanto na época que escrevi, não sei dizer o porquê, exatamente.
Mas sinto que dei uma melhoradinha agora porque mudei algumas coisinhas na conversa entre o Deku e o Bakugou. Depois de 5 anos, eu finalmente achei uma resposta de porque o Deku percebeu que tinha algo errado com a "Uraraka", mas não com o "Bakugou": ele só teve um lapso de julgamento causado por nostalgia, é a vida, fazeroq
Enfim, vocês tão lendo o mangá? Acho bom que estejam, a Ocha tá brilhando demais, do jeito que ela merece! Mas vendo a história canon rolando assim, eu só consigo pensar que gostaria de ter inspiração e ideias boas pra escrever togachako um dia... na verdade, eu queria escrever mais ochaships sáficos, mas principalmente togachako no momento, alguém tem sugestões?

Obrigada por ler! Nos vemos semana que vem!



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