A Essência do Dever escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 34
De volta à missão




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Ao saber da terceira gravidez de Spock, o Dr. McCoy sentiu a necessidade primal de alertar o casal de amigos de que aquela tinha que ser a última vez que tinham filhos. Apesar de usar um tom bastante irritado, ele estava preocupado e apreensivo. Amanda tinha puxado mais à mãe, tendo bastante características dos vulcanos, inclusive as orelhas pontudas e as sobrancelhas arqueadas. Georgina era um equilíbrio entre os dois, com orelhas menores porém não totalmente humanas, agora a terceira criança, tinha mais DNA humano do que Vulcano, o que era um tanto arriscado para sua mãe com biologia mais vulcana que humana.

Assim, McCoy acabou se mudando para perto dos Kirk, acompanhando o desenvolvimento da terceira criança Kirk de perto, conquistando a gratidão de seus amigos.

—Eu agradeço por tudo que fez por nós, por meus filhos – Spock fez questão de dizer uma vez, o que gerou apenas um sorriso humilde do médico, sem mais sarcasmos ou críticas.

David Kirk nasceu em São Francisco, Terra, cinco anos mais novo que Amanda e três anos mais novo que Georgina. Seu nome foi cuidadosamente escolhido por seus pais.

—Um antigo rei poderoso – Spock explicou a escolha do nome.

—Um rei israelita, o mais famoso de toda história judia – Jim ponderou – quer que o nosso David seja um homem poderoso?

—Não poderoso, mas sábio e humilde de coração – ela reformulou.

—Concordo com você – seu marido assentiu, beijando sua testa, voltando a admirar o pequeno David, que parecia um anjo.

Olhos azuis, cabelos loiros encaracolados, uma imagem muito parecida com seu pai. Jim esperava que o garotinho fosse muito melhor que ele em tudo. Olhando para todo aquele cenário, com Amanda e Georgina observando o irmãozinho com curiosidade, ele percebeu que tinha bem ali o que tinha procurado por muito tempo e nem sabia.

A família Kirk prosperou em São Francisco por um tempo, onde as crianças cresceram com a influência natural que vinha de seus pais, oficiais da Frota Estelar, e por estarem não muito longe da própria academia. Tanto Jim como Spock acabaram enchendo o imaginário dos filhos com histórias de suas aventuras pelo espaço, o que os incentivou a ingressar na Academia.

David como a mãe, na área de Ciências, Amanda em Comando e Georgina em Operações, dividindo-se bem em tudo que a Frota Estelar poderia oferecer. Com os filhos na Academia, Spock também pôde se dedicar a um pedido certamente especial.

Convocada à Academia, a capitã atendeu o chamado e acabou sendo apresentada a uma jovem vulcana chamada Saavik.

—É uma grande honra conhece-la, capitã – disse a mais jovem depois da saudação vulcana, sua fama e suas façanhas a precedem.

—Imagino que agora você queira viver tais experiências – Spock respondeu – digo por experiência própria que, elas são certamente fascinantes, mas uma coisa me intriga, você é a segunda em Vulcano a ingressar na Academia da Frota Estelar, imagino que houve algum conflito quanto a isso.

—Não muito, senhora – confessou Saavik – o que acontece é que eu sou órfã, não havia exatamente quem me apoiar ou me contrariar, estou tentando encontrar propósito significativo, assim como você um dia encontrou.

—É uma sábia decisão, quero que saiba que estarei disponível, para que o que precisar, em sua jornada, seria um prazer e um verdadeiro dever me tornar sua mentora – Spock ofereceu toda sua ajuda.

—Muito obrigada, senhora, certamente que aceitarei – Saavik se sentiu lisonjeada com a proposta.

Assim, Saavik se juntou à Frota Estelar como alferes no tempo devido. Jim viu de perto o olhar sutil, mas muito orgulhoso que Spock e Saavik trocaram. O momento o fez se lembrar de alguns alferes que passaram pela Enterprise nos seus tempos de capitão, e certamente era gratificante um oficial promissor avançar em sua carreira.

Não demoraria muito para que assim como Saavik, Kirk e Spock voltassem à uma nave estelar, mais precisamente sua querida Enterprise depois de anos sem vê-la.

A convocação chegou ao casal ao mesmo tempo, Jim era esperado para acompanhar mudanças nas estruturas da Enterprise e Spock, sua oficial de ciências competente e inseparável, estava responsável como supervisora de toda área científica na missão que a nova tripulação da Enterprise enfrentaria.

Dava para se notar a agitação na sede da Frota Estelar, enquanto Kirk e Spock se preparavam para embarcar para a Enterprise mais uma vez em suas vidas. Tudo parecia intimamente familiar, mas ao mesmo tempo, completamente novo. Inclusive, a própria nave que tinha sido o lar deles por um bom tempo.

—Almirante, capitã! Que prazer em revê-los - Scotty os recebeu de forma entusiasmada.

—Igualmente, sr. Scott - Spock respondeu de forma cordial. 

—Sentimos sua falta - Jim acrescentou.

—Bom, essa velha dama me ocupou bastante nos últimos meses - comentou o engenheiro, com orgulho - mas creio que ela merecia e valeu muito a pena.

Depois de conversarem mais um pouco sobre a missão, a visão da Enterprise preencheu o horizonte, imponente, brilhante, convidativa. Também familiar, mas também diferente. Estar de volta ali trazia lembranças múltiplas ao casal, lembranças essas que formavam sua experiência para lidar com o que estava por vir.

Antes que a nave auxiliar atracasse, um arrepio perpassou por Spock. Uma presença rápida, estranha e eletrizante, tão rápida e forte que ela não conseguiu se conectar a ela, assim como chegou, também se foi.

—Spock, está tudo bem? - Jim perguntou ao lado dela, notando as pequenas, mas perceptíveis mudanças em sua expressão impassível.

—Estou - ela respondeu de forma séria, decidindo seguir um princípio científico, não diria mais nada até entender o que estava acontecendo. 

Jim por sua vez, guardou o momento em sua memória, disposto a ficar em alerta sobre isso. Os membros de sua antiga tripulação o receberam com toda alegria e receptividade, o que foi o oposto da reação do capitão atual da Enterprise.

Spock fez questão de acompanhar James até a engenharia, onde William Decker ainda tentava resolver problemas técnicos com a equipe de engenharia. Como esperado, o capitão não ficou nada feliz em ser rebaixado.

—A situação poderia ter sido melhor - Spock comentou de forma serena e quieta, mas seu marido podia perceber o tom de repreensão na voz dela.

—O que queria que eu fizesse? Eu apenas disse o que foi decidido e os motivos para isso - ele se voltou para ela, um tanto irritado.

—Ainda assim deixou que ele fosse embora de forma irritada - ela continuou apontando.

—Achei que as emoções humanas fossem confusas para você - ele rebateu.

—Esse é um velho fato, James, casar-me com você me ajudou muito em compreender tais emoções - ela argumentou de volta.

Vendo que não houve mais resposta de James, Spock voltou a insistir, como sua constante e fiel conselheira.

—Criar animosidades entre a tripulação, ainda mais nesse tempo de crise, não é nem um pouco útil – ela explicou – além disso, você mesmo citou os motivos para estar aqui, toda sua experiência, não deve deixar que suas emoções o conduzam nesse momento, ainda assim deve considerar as mudanças na Enterprise que Decker conhece muito melhor que você.

—Está bem, compreendo tudo isso e agradeço pelos conselhos – Jim respondeu, reconhecendo que era melhor ter a sensatez que ela estava pedindo, afinal havia uma missão e um perigo desconhecido muito maior do que eles.


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