Lost: O candidato escrita por Marlon C Souza


Capítulo 9
Capítulo 9 - Todos a bordo parte 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809104/chapter/9

O dia começou agitado no porto de Sydney. Estavam todos presentes. Os tripulantes estavam empolgados com a missão. Charlie observava tudo aquilo em uma certa distância com seu cigarro na boca quando Ji Yeon chegou, abraçando-o.

— Tem certeza de que não vai? — Perguntou ela.

— Por que está me abraçando? — Perguntou ele, desconfiado.

— Seu pai me viu ontem à noite. Não tem porque mantermos esse segredo. — Disse ela, Charlie sorriu, balançou a cabeça e disse:

— Não entenda errado. Nós só transamos aquela vez porque eu tinha interesse que você participasse da missão.

— O que quer dizer?

— Esquece. É melhor assim. Boa missão para você. — Disse Charlie, saindo. Ji Yeon ficou chateada com a atitude do rapaz, Clementine vendo aquilo de longe se aproximou dela e disse:

— Amiga, não fique assim, homens são idiotas.

Ji Yeon revirou os olhos e saiu em direção ao navio. Clementine vendo a ignorância dela, bufou e partiu na mesma direção para puder chegar aos seus aposentos.

Enquanto isso a rinha entre Clementine e Ji Yeon aumentava, Aaron estava com sua mãe, conversando. Ambos estavam sentados num banco que havia próximo ao cais.

— Mãe, eu conheci um homem nos Estados Unidos chamado James e ele me contou muita coisa sobre o que aconteceu em 2004. — Disse Aaron.

— Me desculpe por esconder tudo isso de você, Aaron. — Disse ela, olhando fixamente para seu filho. Claire se sentia desolada naquele momento, mas não fazia mais sentido esconder as coisas de Aaron.

— Quem é Kate Austen? — Perguntou Aaron, visivelmente intrigado.

— Aaron, essa mulher. Ela roubou você de mim. — Disse Claire, de forma dura, apesar de Kate ter salvado seu filho, ela não entendia assim, e guardou esse rancor por anos.

— James me contou que você havia sumido, e por isso, ela me levou.

— Aaron, me escuta. Eu não estava bem naquele dia. Eu juro para você que encontrei meu pai na ilha, e ele me convenceu a ir e deixar que você fosse levado para a adoção — dizia Claire, tentando convencer seu filho que ela era a vítima da história — mas eu errei e sei que deveria ter feito diferente. Se eu pudesse voltava ao passado só para resolver esse mal que causei. — Completou ela, com lágrimas nos olhos.

Aaron não parecia acreditar nas coisas que sua mãe dizia, portanto, logo perguntou: — Teu pai estava no voo?

— Ele estava morto. O caixão dele estava no avião.

— Você é louca. — Disse Aaron, levantando-se, já indignado com toda aquela falação de Claire.

— Aaron, por favor, tente me entender. Aquela não é uma ilha comum. — Disse Claire.

— Todo mundo diz isso. Isso só desperta a minha curiosidade.

— Por favor, filho, volte para mim. — Disse Claire, levantando-se para abraçar seu filho, que rejeita o abraço de sua mãe.

Querendo mais informações, Aaron perguntou: — Quem era meu avô, mãe?

— Seu avô era Christian Shephard. — Respondeu Claire, com a voz trêmula.

— Shephard? — Indagou Aaron. Aquele sobrenome bateu como um martelo em sua mente. — Ele é parente daquele neurocirurgião que morreu na tal ilha?

— O que mais James te contou?

— Eu sei que você vai enrolar bastante para falar a verdade, mas eu te entendo, mãe. Desculpe te encher de pergunta.

— Filho, eu não quero te perder. Por favor, eu já não sei mais o que dizer.

A cada nova revelação, Aaron se sentia mais motivado a saber mais sobre seu passado. O rapaz sorriu vendo que aquela viagem era mais que uma expedição da Widmore, mas também, uma descoberta de quem ele era. Rapidamente, deu um beijo em sua mãe e disse: — Se cuida.

— Filho, eu te amo.

Aaron não respondeu e apenas seguiu seu rumo, deixando Claire para trás. Ela enxugou suas lágrimas e cruzou os braços, quando, sorrateiramente, Penelope chegou.

— Ele vai se cuidar, não se preocupe. Ele te ama. — Disse Penelope.

— Se cair um fio de cabelo do meu filho nessa missão, eu encho a Widmore de processo. — Disse Claire, com tom ameaçador.

— Não precisa chegar a esse ponto.

— Não duvide. Sei de muita coisa sobre aquela ilha e sobre o que seu pai fez no passado. Falsificou nossa morte para ninguém saber sobre ela. Imagine se essas informações caem em mãos erradas. — Ao dizer isso, Claire virou-se bruscamente, irritada com Penelope por envolver o filho dela naquela loucura. Penelope ficou apenas olhando enquanto Claire se afastava dela. Pensativa, afinal, aquilo poderia se tornar um problema para a Widmore.

Enquanto isso, Yan observava Roger que liderava sua tropa de tripulantes que pareciam dispostos a tudo por aquela missão, quando, Bryan, um dos tripulantes aproximou-se de Yan e perguntou: — Sua primeira vez num navio?

Bryan era um jovem latino-americano. Possuía cabelos negros e olhos castanhos expressivos. Sua aparência refletia sua herança cultural.

— O quê? — Perguntou Yan, tentando entender o rapaz.

— Perguntei se era sua primeira vez em um navio.

— É sim.

— É, vejo seu entusiasmo, cara. Sou Bryan, piloto de helicóptero.

— Sou Yan.

— Bom, “Yan”, é bom que eu possa conversar com alguém aqui.

Yan riu, afinal, estava realmente entusiasmado com a missão. Roger, vendo os dois rapazes, logo olhou para Bryan e perguntou: — Por que não está em forma?

— Desculpe, senhor. — Respondeu Bryan, voltando para fila.Todos já haviam subido ao navio. A despedida foi intensa e o navio partiu.

Algumas horas depois, Clementine estava sozinha encostada na bancada do navio, olhando o mar. Aaron passava ali por perto e viu a garota. Talvez aquela fosse a oportunidade perfeita para ele se desculpar pelo ocorrido na noite passada, e então, o rapaz se aproximou dela e disse:

— Não estou acostumado a viajar de navio.

A garota revirou os olhos e disse: — Escuta, você quer alguma coisa comigo?

— O quê? Não. Eu estava brincando ontem à noite.

— Sei.

— Quer dizer... Você é bonita, mas não faz meu tipo.

— Entendi. Olha, cara, por que você não se manca? Sinceramente, que idiota. — Disse Clementine, visivelmente irritada com o rapaz. Logo saiu dali. Aaron bufou e saiu em seguida em direção contrária.

Enquanto isso, Juan e Roger estavam na cabine de navegação e observava os dois. Com um sorriso sarcástico, Roger comentou:

— Ele é muito fraco, irmão.

— É, mas eu vejo que ela também não é fácil. — Comentou Juan, rindo.

O tom da conversa mudou bruscamente, afinal, Roger precisava manter a pose de seriedade.

— São quantos dias de navegação? — Perguntou Roger, intrigado.

— Não faço ideia, na verdade, estamos seguindo uma coordenada que não faz nenhum sentido.

— Como é? — Indagou Roger, franzindo sua testa.

Juan pegou o mapa, abriu na mesa e mostrou para Roger.

— Veja. Estamos indo em direção ao nada. É uma ilha fantasma ou não foi catalogada.

— Ou não existe. — Disse Roger, completando a fala de Juan.

— Pois é. — Comentou Juan.

— Desmond não pregaria essa peça em nós. Espero que não.

— Não sabemos para onde estamos indo, mas devemos seguir com a missão. — Disse Juan, deixando Roger preocupado.

Enquanto isso, Ji Yeon estava no alojamento feminino olhando recortes de jornais sobre o Oceanic 815, onde seus pais estavam sendo mencionados. Todas as postagens estavam em coreano. As lembranças que ela tinha deles era quase nulas, afinal, ela era apenas um bebê quando eles “sumiram”.

Clementine chegou logo em seguida, batendo na porta: — Estou entrando — comentou ela.

— O que você quer? — Perguntou Ji Yeon.

— Ei, esse também é meu alojamento, garota.

— Escuta aqui, não quero arrumar problema com ninguém, muito menos com uma caipira igual você.

— Caipira? Quem você pensa que é garota?

— Sou dona de uma grande empresa de automóveis. E você, quem é?

— E como uma patricinha asiática foi parar dentro de uma missão da Widmore a uma ilha deserta? — Indagou Clementine, com olhar de desprezo.

— Olha, eu não quero ter problemas, é sério.

— Eu muito menos. Nem te conheço de verdade.

— Desculpa a forma que falei com você, ta legal?

Clementine sorriu de canto, desprezando a atitude de Ji Yeon, pegou algo em sua mochila e saiu andando pelos corredores, quando esbarrou em Bryan que vinha na direção contrária da garota.

— Olá. — Disse ele, e passou direto. Clementine ficou olhando, estranhando a atitude do rapaz, mas logo deixou para lá e seguiu seu rumo.

Os dias se passaram em alto-mar. Era noite e o silêncio era visível, afinal, a maioria dos tripulantes já estavam dormindo. Bryan estava sentado no convés do navio, próximo ao helicóptero, fumando, quando Yan chegou de fininho.

— A noite é mais estrelada no oceano, sem aquelas luzes da cidade. — Disse Yan, sentando-se ao lado de Bryan.

— Concordo, irmão. — Disse Bryan. — Aceita? — Perguntou ele, oferecendo um cigarro à Yan.

— Não, obrigado. Não fumo.

— Escuta aqui, você é o enfermeiro do navio. Certo?

— Exatamente.

— No caso, se eu me ferrar vou depender de você.

Yan riu. — Temos uma médica no navio. Mas sim, eu vou cuidar de você.

— Isso foi estranho. — Disse Bryan, franzindo a celha, enquanto olhava para Yan.

Aaron chegou logo em seguida. — Tem espaço para mais um? — Perguntou ele.

— Tem sim, senta-se aí. — Respondeu Bryan.

— Sou Aaron. — Disse Aaron, estendendo a mão para Bryan.

— Bryan. — Disse ele.

— Escuta, você seria o administrativo, correto? Tipo o RH?

— Por aí. — Disse Aaron, rindo.

— Eu tenho uma queixa. Por que tem tão poucas mulheres? — Perguntou Bryan, rindo.

Todos riam ali. Juan via os três da sala de controle pela janela, quando, o GPS começou a apitar freneticamente, apontando que havia algo à frente. Mas julgando pelo mapa, nada havia ali. Juan começou a pensar que estava ficando louco e o ponto Norte do GPS estava mudando, fazendo eles perderem a direção.

— Ei! — Gritou Juan, para o soldado que estava na porta, fazendo a segurança.

— O que houve? — Perguntou o soldado.

— Chame o Roger para mim. — Disse Juan.

Alguns momentos depois, Roger chegou.

— O que houve? — Perguntou Roger.

— Olha isso. — Disse ele, apontando para o GPS.

— Deve está quebrado. — Disse Roger, vendo que o GPS estava agindo de forma estranha.

— Não, não é possível. O GPS do meu celular também está mostrando o mesmo problema.

De repente, um dos soldados de Roger adentrou a sala gritando e disse: — Senhor, alguns tripulantes estão ficando loucos.

— Do que você está falando? — Perguntou Roger.

— Estão falando coisas esquisitas como se estivessem vivendo no passado deles. — Disse homem, apressado.

— Como assim, no passado? — Perguntou Roger, assustado.

Rapidamente ele acompanhou aquele homem até o local onde estavam os soldados. Grande maioria deles estavam querendo sair daquele lugar, outros, gritavam desesperadamente. Um deles se aproximou de Roger, segurou a camisa dele e disse:

— O que estou fazendo aqui? Preciso voltar rápido. Ainda há feridos nos escombros. — Disse.

— Do que você está falando? Solte minha camisa. — Perguntou Roger.

— O acidente com o World Trade Center. Como não sabe o que aconteceu? Foi agora há pouco.

— O que? Isso já faz mais de 28 anos. — Disse Roger.

— Eles estão com a mente embaralhada. Esse era um dos bombeiros que ajudou resgatar as pessoas no 11 de Setembro. — Disse o homem que levou Roger até aquele local. Roger estava tenso e não sabia como lidar com aquela situação, então, caminhou até a sala de Juan e disse:

— Algo aconteceu com meus homens. — Disse Roger, intrigado.

— Como assim algo aconteceu?

— Estão loucos. Não sei o que está acontecendo com eles.

Juan acionou Jessy que chegou imediatamente.

— O que houve? — Perguntou ela.

— Temos um problema. A maioria dos homens que vieram comigo estão ficando louco. Parece que estão vivendo no passado. Algo assim. Não sei como explicar. — Disse Roger.

Ele, Juan e Jessy correram até o local onde os homens estavam e tudo lá estava uma loucura. Alguns deles, inclusive, já se encontravam em estado de choque. Outros, retornavam do estado do choque automaticamente e diziam coisas do passado deles, como se estivessem vivendo aquele momento novamente. Jessy ficou horrorizada. Colocou a mão na boca, pois não sabia de fato o que fazer sobre aquilo.

— Vamos trancá-los aí. — Disse Roger.

— Está louco? — Perguntou Juan. — Esses homens vão se matar.

— Você tem alguma ideia melhor, bigodinho? — Disse Roger, aos gritos.

Juan se calou. Jessy disse: — Não podemos agir de forma desumana. Precisamos pensar no que devemos fazer.

— Enquanto isso, mantemos eles aí. Isso pode ser contagioso. — Disse Roger.

Jessy e Juan se entreolharam, mas realmente não havia muito a se fazer. Juan foi até a sala de controle para tentar se comunicar com a Widmore, mas quando chegou lá, percebeu que toda a comunicação estava destruída e os dois soldados que faziam ronda lá estavam caídos no chão, desacordados.

— Como assim? O que houve aqui? — Perguntou ele para ninguém especial, desnorteado.

Yan e Aaron estavam sozinhos naquela parte do navio. Não faziam ideia do que estava acontecendo, então, Bryan chegou novamente.

— Trouxe cerveja, rapaziada. — Disse Bryan.

— Rapazes, voltem para dentro. — Gritou Juan, pela janela. Eles se entreolharam e Bryan perguntou:

— Por quê?

De repente, Aaron começou a suar frio. Olhou para todos os lados e ficou desesperado. Correu e se escondeu atrás de um barril que tinha ali. Yan olhou aquilo e ficou espantado.

— Aaron, o que foi? — Perguntou Yan.

— Quem são vocês? Cadê a minha mãe? — Indagou Aaron, com a voz manhosa.

— Do que você está falando? Você deixou sua mãe em Sydney. — Disse Yan.

— Por favor, me leve para a casa. Eu to com medo. — Disse Aaron.

Bryan observava tudo aquilo desnorteado. Juan percebeu a situação e logo desceu para ajudar os rapazes. Aproximou-se de Aaron e disse:

— Ei rapaz, não tenha medo.

— Quem é você? Cadê a mamãe? — Dizia Aaron, ainda escondido.

— Claire ficou em Sydney. — Disse Juan.

—Minha mãe é essa. É a Kate. Eu quero ir para casa.

Todos ficaram espantados. Yan achava que tudo aquilo era brincadeira do Aaron, mas Juan sabia que não era e aquela situação estava completamente crítica. A realidade é que eles não sabiam com o que estava lidando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por favor, ao ler, comente, siga e favorite. Ajuda muito.
Qualquer dúvida pode perguntar nos comentários.
Próximo capítulo: 16/05/2023 às 09:30



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lost: O candidato" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.