Lost: O candidato escrita por Marlon C Souza


Capítulo 23
Capítulo 23 - O homem da Turbina




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Era o fatídico dia de 22 de setembro de 2004, um momento carregado de expectativa e emoção no aeroporto de Sydney. O voo Oceanic 815 se preparava para decolar com destino a Los Angeles, nos Estados Unidos. Cindy Chandler, uma comissária de bordo com cabelos dourados e olhos radiantes, encontrava-se em uma sala privativa ao lado de seu namorado, Gary Troup, um homem misterioso e atraente.

Envolvidos em um beijo apaixonado, suas almas se entrelaçavam. Cindy, com os olhos ainda cerrados, suspirou contra os lábios de Gary, criando uma conexão mais profunda. Ela sentiu o coração acelerado de Gary batendo em perfeita harmonia com o seu. Gary era alto e esbelto, com olhos profundos que pareciam esconder segredos insondáveis. Seus cabelos escuros caíam de maneira descontraída sobre a testa, dando-lhe um ar enigmático.

Cindy, afastando-se lentamente de Gary, sussurrou, olhando profundamente em seus olhos: — Gary, precisamos nos apressar. O voo partirá em breve.

Gary, com um sorriso travesso, a puxou de volta para um último beijo ardente e murmurou: — Ah, deixe esse avião partir. Pegamos o próximo.

Ela riu, mas insistiu: — É sério.

Mostrando sua paixão, Gary abriu sua mochila e revelou o manuscrito de seu livro "Bad Twin". — Estou te dando o manuscrito do meu livro — disse ele, entregando os papéis a ela.

Cindy hesitou por um momento e, com carinho, respondeu: — Gary, é muito gentil da sua parte, mas você sabe que não sou uma grande leitora.

Gary a encarou intensamente. — Isso não muda o fato de que estou profundamente apaixonado por você. Se alguém deve guardar este manuscrito, é você.

Cindy, tocada pela sinceridade de Gary, murmurou: — Gary, não tenho como levar todos esses papéis.

Ele tomou uma decisão e declarou com determinação: — Vou carregá-los em minha mochila por enquanto. Em Los Angeles, eu vou entregá-los a você.

Em um último beijo cheio de promessas, Gary partiu da sala, deixando Cindy com um sorriso nos lábios. No corredor, James, um observador silencioso, assistia à cena com um sorriso malicioso nos lábios. Cindy revirou os olhos, fechou a porta com força e se preparou para embarcar no misterioso voo Oceanic 815, sem saber que aquele gesto generoso de Gary Troup marcaria o início de uma série de eventos que mudariam suas vidas para sempre.

No presente, na ilha, após o clarão, Clementine abriu seus olhos e tirou lentamente as mãos dos ouvidos. Tudo ao seu redor mudou drasticamente, e, apesar de parecer no mesmo local de antes, o dia tinha virado noite de maneira repentina após o clarão e o estrondo ensurdecedor que perturbou sua mente. Zack e Emma se aproximaram dela, atônitos, enquanto Zack comentava:

— Ben moveu a ilha.

— Como é? — indagou Clementine, intrigada.

Cindy, com um olhar perplexo, caminhou até eles. — Aquele desgraçado fez mesmo o que disse que iria fazer.

— Como assim ele moveu a ilha? O que está acontecendo? — indagou Clementine, completamente atônita com a ideia. Nada parecia igual ao que conheciam. Diante deles, a estação Orquídea estava de pé, apesar de envelhecida e, provavelmente, desativada com o passar do tempo.

— Não sabemos em que época estamos. Mas, julgando pela aparência da Orquídea, diria que entre 2000 e 2004. A ilha simplesmente se moveu na linha do tempo — explicou Zack.

Clementine ficou paralisada por alguns segundos. Apesar de todos os estudos feitos em Oxford parecerem teorias insanas, elas começavam a fazer sentido naquele momento.

— E agora, o que faremos, Zack? — perguntou Emma.

— Vou descer e garantir que a ilha não fique pulando no tempo como da última vez — respondeu Zack.

Cindy interveio, preocupada. — Não é uma boa ideia. Você sabe que, quando move a ilha, é expulso para fora.

Zack encarou todos com seriedade. — Se a ilha continuar se movendo assim, em breve, todos estaremos mortos.

O peso das palavras de Zack deixou todos atônitos. Emma, com lágrimas nos olhos, disse:

— Mas isso significa que poderemos nunca mais nos ver.

Zack abraçou sua irmã com firmeza. — Fique tranquila, irmã. Eu voltarei por você.

Cindy, emocionada, segurou a mão de Emma. — Vou cuidar de você enquanto ele estiver fora.

Zack partiu em direção ao interior da Orquídea, deixando todos ansiosos. Cindy sentiu algo escorrendo de seu nariz e, ao tocar, percebeu que era sangue.

— O que aconteceu? — perguntou Clementine, preocupada.

Cindy tentou minimizar a situação. — Não é nada.

Clementine sabia que não era apenas "nada" e sabia que as coisas estavam prestes a ficar muito mais complicadas naquela ilha.

Não muito longe dali, o grupo de Hugo também acordou do fenômeno que moveu a ilha. Todos estavam em choque com a mudança repentina de dia para noite.

— O que aconteceu? — Roger perguntou, com confusão.

— Parece que Ben moveu a ilha de novo. — Hugo explicou, tentando entender a situação.

— Como assim? — Roger não conseguia processar a informação.

— Gente, Aaron desapareceu. — Jessy apontou, com olhos arregalados. — E o homem que estava com ele também sumiu. Como isso pode ter acontecido tão rapidamente, de dia para noite?

— Pessoal, tentem manter a calma. A ilha provavelmente se moveu no tempo. Não sabemos em que época estamos, por isso é crucial que fiquemos juntos. — Hugo tentou acalmar a situação.

— Você está falando um monte de bobagens, seu gordo. — Roger estava nervoso.

— Ele está certo. Não é seguro ficar vagando por aí sem saber em que época estamos. — Walt tentou concordar com Hugo, mas Roger não estava disposto a aceitar isso.

— Cale a boca. Ninguém pediu sua opinião. Até onde sei, você é inimigo. — Roger estava irritado, e Walt se calou para evitar mais confrontos.

— Roger, por favor, se acalme. Precisamos manter a calma e ficarmos juntos. — Hugo tentou apaziguar a situação.

— Qual é o plano, balofo? — Ji Yeon perguntou, buscando alguma orientação.

— Primeiro, chega de piadinhas sobre meu peso. — Hugo estava claramente irritado. — Vocês precisam me ouvir. Não importa se acreditam ou não, é mais seguro ficarmos juntos e evitar contato com qualquer pessoa da ilha, não importa quem seja, nesta época.

— Como podemos descobrir em que época estamos, cara? — Walt perguntou, buscando respostas.

— A época não importa. Vamos para a praia. — Hugo começou a caminhar em direção à praia. Ele parou e olhou para trás, percebendo que ninguém o havia seguido. — Pessoal, isso é sério.

Finalmente, o grupo seguiu Hugo em direção à praia. Frank, que estava com eles, balançou a cabeça, lamentando estar novamente naquela ilha.

Do outro lado da floresta, Cindy caminhava junto com Clementine e Emma em direção ao acampamento de Rose e Bernard.

— Para onde estamos indo? — Clementine perguntou, curiosa.

— Estamos indo para algum lugar familiar. — Cindy liderou o pequeno grupo em direção à praia, enquanto seu olhar recaía sobre a mancha de sangue em sua mão.

No passado, em 2007, após o emocional enterro de Jack, Cindy surgiu misteriosamente no antigo acampamento dos sobreviventes do voo 815. Ela se aproximou da casa de Rose e Bernard, acompanhada por Zack e Emma, ainda crianças. Rose a reconheceu imediatamente e se aproximou com gentileza.

— Você não é a comissária de bordo do voo? — Rose perguntou, curiosa.

Cindy confirmou, um misto de alívio e preocupação em seu olhar. — Rose Nadier, certo? Eu preciso ficar por esta região, não posso ficar sozinha na floresta com essas duas crianças.

Rose, com um sorriso caloroso, respondeu: — Claro. Pode ficar conosco.

Cindy agradeceu enquanto entrava na casa de Rose. Acomodou-se na improvisada sala de estar junto com as duas crianças e suspirou aliviada.

— Obrigada. — Disse Cindy, com gratidão em sua voz.

Rose mostrou compreensão. — Nada, minha querida. Sinto muito que não conseguiu escapar junto com o pessoal no avião.

Cindy respondeu com um sorriso tingido de tristeza. — Chegamos atrasados.

Rose fez um gesto para que as crianças a acompanhassem, oferecendo-lhes um lugar seguro, e Cindy logo adormeceu, exausta.

Naquela noite, Cindy se encontrou repentinamente no caos do acidente do voo 815. Pessoas corriam desesperadas, Jack ajudava os feridos, e uma garota loira gritava em meio aos destroços. Cindy se aproximou de um local próximo à turbina e, para sua surpresa, viu Gary Troup, seu falecido namorado.

— Gary? Saia daí! — Gritou ela, mas suas palavras não alcançaram os ouvidos de Gary. Antes que ela pudesse alcançá-lo, a turbina o puxou para si, causando uma terrível explosão.

— NÃO! — Gritou Cindy, lágrimas nos olhos. De repente, a cena ao seu redor desapareceu, e Gary apareceu ao seu lado.

— Olá, meu amor. — Disse Gary, com um sorriso caloroso.

— Gary? É realmente você? — Cindy perguntou, incrédula.

— Peço desculpas por ter te mostrado aquela cena horrível, mas você precisava vê-la antes de nosso reencontro. — Disse ele, com pesar em seus olhos.

— Gary, isso não é justo. Sinto tanto a sua falta. — Cindy murmurou, com a voz embargada.

Gary continuou com um ar sério. — Jack Shephard destruiu o manuscrito do livro que eu escrevi, mas no futuro, alguém irá te entregar uma cópia. Esteja preparada para esse momento.

Cindy, confusa, indagou: — Do que você está falando?

— Eu preciso que você esteja preparada, meu amor. Uma guerra ainda maior, entre o bem e o mal, está prestes a eclodir. Deixei informações cruciais sobre isso em uma das cópias do "Bad Twin." Alguém no futuro trará esse livro para a ilha. Eu preciso ir. — Disse Gary, desaparecendo diante dos olhos de Cindy.

— Espere! Para onde está indo, Gary? Por favor, eu te amo. Há tanto que quero te dizer. — Cindy implorou, mas, subitamente, acordou com um sobressalto, percebendo que estava deitada na casa de Rose e Bernard, com as crianças dormindo ao seu lado, todos abraçados no chão, e uma sensação estranha de que a alma de Gary ainda estava próxima. Decidida, ela se levantou e saiu da cabana, como se pudesse seguir essa ligação invisível em busca de respostas e conforto, explorando as sombras da ilha em busca do destino que a aguardava.

No presente, Yan e Bianca estavam se aproximando da praia. O boat em que estavam foi pego pelo clarão, deixando-os desorientados.

— O que terá acontecido? — Comentou Bianca, preocupada, enquanto tentava entender a situação.

— Não faço ideia. Mas de repente, o dia virou noite. — Yan estava intrigado com a rápida mudança.

Bianca conseguiu avistar um homem acenando desesperadamente para eles na praia. Era Bernard, e eles logo perceberam que se aproximavam da ilha.

— Quem é aquele homem? — Indagou Bianca, enquanto observava a figura distante.

— Não consigo ver direito. — Disse Yan, acelerando o boat para se aproximar mais rapidamente. Bernard, percebendo que estavam chegando, entrou rapidamente na água para ajudá-los.

Ao desligar o boat, Yan gritou: — Ei! Quem é você, senhor?

— Meu nome é Bernard. Vocês estão com o pessoal novo? — Perguntou Bernard, visivelmente apreensivo.

— O que o senhor está dizendo? — Indagou Yan, se aproximando de Bernard.

— Vocês chegaram com Aaron e os outros? — Bernard. O nome de Aaron fez Yan e Bianca se sentirem aliviados.

— Sim. O senhor conhece Aaron? — Perguntou Yan.

— Eles entraram na floresta. Estavam conosco alguns minutos atrás. De repente, o céu ficou branco e um barulho estranho nos trouxe até aqui. Minha casa desapareceu, e minha esposa também. — Comentou Bernard, apreensivo.

— Como assim sua casa e sua esposa desapareceram? — Indagou Bianca, perplexa com a história.

— Parece que a ilha viajou no tempo. — Comentou Bernard, triste, enquanto eles retornavam para a praia. — Preciso encontrar minha esposa. Ela é tudo o que tenho.

— Nós iremos ajudar. — Disse Yan, com um sorriso solidário.

Bianca puxou Yan por um momento e sussurrou para que Bernard não ouvisse: — Você está louco? Não conhecemos esse homem. Ele não estava no barco conosco e está dizendo coisas estranhas.

— Olhe para ele, Bianca. Ele está desesperado. Não podemos deixá-lo sozinho. — Disse Yan.

— O que vocês estão cochichando? — Perguntou Bernard, tentando ouvir a conversa deles.

— Precisamos obter mais informações sobre o que está acontecendo, senhor. — Comentou Yan com um sorriso no rosto — e depois, ajudaremos o senhor a encontrar sua esposa.

Não muito longe dali, Hugo liderava o grupo em direção à praia, incluindo o grupo de Roger e o grupo de Walt. Mantinham distância para evitar um contato direto.

Hugo se aproximou de Walt e o questionou: — O que aconteceu com você, cara? Por que se juntou ao Wilbert?

— Prefiro não falar disso. — Comentou Walt, sem olhar para Hugo. Frank observava a conversa dos dois, mantendo sua postura neutra. Sua maior vontade era não estar ali.

Logo atrás, o grupo de Roger caminhava. Jessy olhou para Ji Yeon e comentou: — Depois de tudo o que vi, estou convencida de que este lugar não é comum.

— Não descarto a possibilidade de ser um pesadelo. — Comentou Ji Yeon, completamente perturbada. Roger caminhava logo atrás, irritado com a situação, mas mantendo a calma. Ele já estava convencido de que aquilo não era um lugar comum.

De repente, barulhos vindos dos arbustos chamaram a atenção de todos. Todos ficaram alerta.

— Fiquem quietos. — Disse Roger.

Os soldados que estavam com Walt prontamente apontaram suas armas na direção dos barulhos, preparados para atirar.

— Pessoal, quem quer que seja, não interaja. Lembrem-se de que não estamos em nosso tempo. — Alertou Hugo.

Cindy, Clementine e Emma emergiram dos arbustos, surpreendidas com as armas apontadas para elas.

— O que está acontecendo? — Indagou Cindy, surpresa.

— Baixem as armas. — Gritou Frank.

— Pessoal. — Comentou Clementine, com um sorriso, até avistar Walt, o que a fez mudar de expressão. — O que ele está fazendo aqui?

— Calma, ele está do nosso lado. — Explicou Hugo.

— Quem é você? — Indagou Clementine, direcionando sua pergunta a Hugo.

Todos ficaram atônitos. A confusão era evidente. De repente, o nariz de Cindy começou a sangrar.

— Seu nariz está sangrando. — Comentou Emma, preocupada.

— O quê? — Indagou Cindy, perdendo as forças. Ela desmaiou, e toda a atenção se voltou para ela.

— Cindy. — Gritou Emma, desesperada.

Em 2010, Cindy perambulava pela ilha, desesperada por encontrar alguém que pudesse entregar o livro chamado "Bad Twin". Ao saber da chegada de Walt à ilha, ela se apressou em direção ao local, acreditando que ele poderia ser o tal mensageiro. Caminhou até o outro lado da ilha, determinada a se encontrar com o jovem.

Ao se aproximar da antiga estátua de Taweret, Cindy notou uma fogueira e decidiu investigar. Encontrou Walt dormindo, com Ben próximo a ele. Ela se aproximou lentamente, mas foi surpreendida por Hugo.

— O que está fazendo aqui? — Indagou ele, surgindo de repente.

— Como você fez isso? — Perguntou Cindy, surpresa.

— Eu sou o novo guardião da ilha. Tenho algumas habilidades. Foi assim que trouxemos Walt para cá.

— Só quero conversar com ele.

— Ele não pode ter contato com ninguém da ilha, o que inclui você, Cindy.

— Por favor, reencontrei meu ex-namorado em um sonho alguns anos atrás, e ele me disse que alguém me entregaria um livro escrito por ele. Só quero saber se esse alguém é Walt.

— Seu ex-namorado?

— Sim. Na verdade, ele está morto.

— Se ele está morto, posso tentar me comunicar com ele e descobrir isso para você. Mas não posso permitir que fale com Walt.

— Como assim você pode se comunicar com os mortos?

— Tenho uma habilidade para isso, mas ela se manifesta às vezes e não quando quero. Preciso saber exatamente de quem estamos falando.

— Gary Troup.

— Espera, o quê? O autor daquele livro que o James estava lendo? — Indagou Hugo, com um sorriso. — Li uma parte desse livro. Bem, James ficou com o restante, não consegui terminar porque Jack o jogou no fogo.

— Por favor, Hugo, isso é muito importante para mim.

— Farei o possível para ajudar, mas meu poder se manifesta de forma imprevisível. Vamos sair daqui. Walt não pode te ver. — Comentou Hugo, guiando Cindy para a floresta, em busca de respostas e conexões que poderiam mudar o curso de suas vidas.

No presente, o grupo estava em pânico, tentando reanimar Cindy, que permanecia desacordada. Quando finalmente acordou, estava completamente transtornada e começou a fazer perguntas freneticamente:

— O que aconteceu? Quem são vocês?

Emma segurou a mão de Cindy e disse com voz preocupada:

— Cindy, sou eu, Emma.

Cindy parecia confusa e agitada, indagando em um tom de desespero:

— Emma? Que Emma? Onde está Gary?

A tensão no grupo aumentou à medida que todos olhavam para Cindy, sem saber como explicar o que tinha acontecido. Clementine percebeu a situação rapidamente e murmurou, aumentando a apreensão de todos:

— A crise de Faraday.

Roger, já irritado com a situação, não conseguiu conter sua raiva e explodiu:

— Era só o que faltava. De novo?

Hugo tentou explicar, com pesar em sua voz:

— Pessoal, sabíamos que alguns de nós seriam afetados pela mudança temporal. Sinto muito pelo que está acontecendo.

Mas Roger não aguentou mais e, sem pensar, correu em direção a Hugo e desferiu um soco poderoso, fazendo Hugo cair no chão.

— O que está acontecendo? — Gritou Jessy, desesperada.

Hugo ficou perplexo com o soco, enquanto os soldados de Walt tentavam separar a briga. Roger, ainda furioso, retirou uma pistola do bolso e disparou um tiro para o alto, assustando a todos. Ele então se afastou e disse com raiva:

— Finalmente fiz o que eu tinha que fazer. Esse gordo desgraçado é o culpado de tudo. Não estaríamos aqui se não fosse pela ideia dele. Ele planejou tudo isso. Quantos já morreram desde que chegamos aqui?

Clementine tentou acalmar a situação:

— Roger, por favor, se acalme.

Mas Roger a interrompeu com raiva:

— Cala a boca, garota. Eu já estou exausto. Me deixem ir. Vou arrumar um jeito de sair desta ilha.

Hugo tentou argumentar:

— Roger, você não entende. Não sabemos em que época estamos. Se sair agora, não sabe em que ano vai parar.

Roger não quis ouvir e simplesmente disse:

— Foda-se essa porra. Não me sigam.

Ele saiu apressadamente, deixando o grupo perplexo. Frank se acompanhou Roger, e Walt tentou impedi-lo:

— Aonde vai? — Indagou Walt.

Frank respondeu com determinação:

— Vou segui-lo. Vou garantir que ele não faça nenhuma besteira. E não quero mais me envolver nisso.

Walt olhou para Hugo, que acenou para que o deixassem ir. Enquanto isso, Cindy, com um sorriso no rosto, murmurou:

— Gary?

A simples menção do nome de Gary despertou a curiosidade de todos, que observavam Roger se afastar. Todos estavam exaustos e confusos com toda aquela loucura. Walt pegou Cindy e a colocou nas costas, preparando-se para levá-la com o grupo.

Hugo tomou a liderança:

— Vamos para a praia.

Hugo disse aquilo, mas estava completamente abalado. Iria surtar se continuasse ali. O grupo, já cansado e abalado, seguiu Hugo em direção à praia. Cindy estava transtornada, e aquilo deixava todos os outros pensativos. Jessy, preocupada, perguntou a Clementine:

— Quem será a constante dela?

Hugo, sem rodeios, respondeu:

— Não importa mais. Ele já morreu.

Hugo, que não aguentava mais, estava irritado com toda a situação. Passou por elas e seguiu em uma direção diferente, deixando o grupo se perguntando sobre o que o futuro lhes reservava. O desconhecido e a incerteza dominavam o momento, enquanto continuavam sua jornada na ilha.

Em 2010, Hugo e Cindy estavam em uma cabana improvisada, tentando desesperadamente estabelecer comunicação com Gary Troup. Os esforços eram em vão, e Cindy estava claramente desanimada.

— Nada? — Indagou Cindy, com tristeza evidente em sua voz.

Hugo suspirou, balançando a cabeça.

— Sinto muito. Às vezes, essa habilidade não se manifesta quando eu quero.

Cindy baixou o olhar, perdida em pensamentos. Após um momento de silêncio, ela finalmente decidiu fazer uma pergunta que a intrigava:

— Escuta, o que você quis dizer com ser o guardião da ilha?

Hugo olhou para Cindy com uma expressão séria.

— Fui escolhido por Jack para assumir o papel de resguardar o mundo do mal que está nesta ilha.

Cindy ergueu uma sobrancelha, parecendo cética.

— Que conveniente. E você realmente acredita nisso?

Hugo deu de ombros, sua confiança nas palavras de Jack inabalável.

— Descobri que tenho algumas habilidades especiais desde que assumi esse papel. Por que não acreditaria?

Cindy, com um suspiro, resolveu mergulhar mais fundo na conversa.

— Não sente falta de casa? De sua vida anterior?

Hugo olhou para Cindy, refletindo sobre sua pergunta.

— Sou o guardião, mas já não quero mais esse fardo. Acredito que Walt irá me substituir em breve, por isso, trouxemos ele de volta. Lá fora, ele estava ficando louco.

Cindy assentiu, compreendendo o peso do papel de Hugo.

— Entendo. Você promete que manterá todos nós seguros aqui enquanto for guardião?

Hugo a encarou com seriedade e emoção em seus olhos.

— Eu prometo.

Cindy reforçou sua pergunta, expressando sua preocupação com o destino de todos na ilha.

— Estou falando sério, Hugo. Eu, Emma, Zack, Rose, Bernard, Desmond... Todos estamos nessa ilha. Agora, esse é o nosso lar. Você promete mesmo que iremos estar seguros do mal enquanto você estiver neste cargo?

Hugo ficou em silêncio por alguns instantes, olhando profundamente nos olhos de Cindy. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto enquanto ele finalmente compreendia a responsabilidade que o cabia como guardião da ilha e a importância de sua promessa.

No presente, o grupo chegou à praia em meio a uma mistura de emoções. Abraços e sorrisos marcaram o reencontro de Bianca e Yan com Clementine, Jessy e os outros, após os desdobramentos confusos e a separação que haviam enfrentado. Bernard, no entanto, permanecia afastado, com o olhar perdido e o coração pesado pela ausência de sua esposa.

A atmosfera estava tensa. Hugo ainda não havia retornado, e Roger e Frank estavam desaparecidos. Enquanto isso, Cindy recuperou a consciência e olhou diretamente para Bianca. Ela cochichou algumas palavras a Frank, que gentilmente a colocou no chão ao lado de Bianca.

Bianca, confusa e surpresa, encarou Cindy, sem reconhecê-la.

— Quem é essa mulher? — Indagou Bianca, uma pitada de temor em sua voz.

Cindy, com um sorriso misterioso e constante, respondeu:

— Você tem algo para mim, querida?

A resposta de Cindy deixou todos no grupo perplexos. Bianca olhou para ela, atônita, sem entender o que estava acontecendo.

— Quem é você? — Perguntou Bianca, ainda confusa.

Cindy continuou com seu sorriso enigmático, como se soubesse de algo que os outros não compreendiam.

— Meu nome é Cindy Chandler. O livro em sua bolsa pertence a mim. — Cindy disse, suas palavras ecoando como uma revelação. Aquele nome, aquele encontro, pareciam estar de alguma forma conectados aos mistérios da ilha.

Bianca ficou completamente atordoada com a afirmação de Cindy. Seu nome era mencionado no livro que ela havia encontrado, e aquela coincidência a deixou perplexa. Com um gesto hesitante, Bianca retirou o livro de sua bolsa e entregou-o nas mãos de Cindy.

— Toma. É seu. — Bianca disse, perplexa e emocionada, enquanto Cindy recebia o livro com um sorriso constante, como se estivesse prestes a se reconectar com algo de imenso significado, algo que transcendia o tempo e o espaço. A alma de seu amado estava ao seu lado, ajudando-a passar por aquele momento de dor.

Em 2010, Hugo fixou seus olhos em Cindy, e o brilho das lágrimas preencheu seu olhar. — Enquanto eu for o guardião desta ilha, vou garantir que todos vocês estejam seguros. Pode confiar em mim. — Disse ele com um sorriso sincero. Cindy respondeu com um sorriso, e a confiança mútua que compartilharam naquele momento aqueceu seus corações.

No presente, o grupo se reuniu em torno de Cindy, emocionado com o que tinha acontecido com ela. Enquanto Cindy estava deitada, Bianca se aproximou e acariciou seu rosto, sussurrando palavras de conforto.

— Cindy, você está segura agora. Nós estamos aqui com você.

Cindy sorriu para Bianca e, com a voz fraca, começou a compartilhar algumas informações no ouvido da jovem. Bianca ouviu atentamente e concordou com a cabeça. As duas pegaram o livro "Bad Twin" e começaram a folheá-lo juntas, encontrando uma página marcada com anotações de Gary Troup.

Enquanto isso, o restante do grupo se manteve a uma distância respeitosa, deixando-as em paz para lidar com o que estavam descobrindo. Cada um deles estava absorvendo o impacto do que havia acontecido, e a atmosfera estava carregada de tensão e tristeza.

Na floresta densa, Hugo estava prostrado, seu coração dilacerado pela dor e o peso esmagador da responsabilidade. As lágrimas rolavam, como gotas de chuva de um céu sem fim, um grito de socorro lançado na vastidão silenciosa da ilha.

— Não suporto mais! Por favor. Não quero mais ser o guardião. — O brado ecoou, um apelo fervoroso pela libertação do fardo que o consumia.

De repente, um lampejo no tempo e Hanbal emergiu, um farol de sabedoria vindo das eras passadas, aproximando-se de Hugo.

— Hugo, seu papel ainda não terminou. A ilha clama por você. Há força dentro de você para seguir em frente. — Hanbal encarou Hugo, suas palavras como um raio de luz na escuridão.

Lágrimas ainda manchavam o rosto de Hugo quando ele fitou Hanbal. A confusão dominava sua expressão, mas uma chama de confiança começava a se acender em seu coração.

— Você é... Aaron Littleton? — A pergunta escapou dos lábios de Hugo, revelando sua surpresa e admiração.

— Sim, sou eu. É reconfortante revê-lo, meu amigo. Agora compreendo a complexidade de tudo, cada angústia, cada perda, cada pessoa que passou por aqui. — Aaron, ou melhor, Hanbal, revelou, envolvendo Hugo em uma atmosfera de maravilha e compreensão.

— Sou um guardião terrível. Só cometi erros. — Hugo expressou sua dor. Mas, de repente, uma voz familiar ecoou por trás dele.

— Isso não é verdade, meu amigo. — Um homem de terno estava ali. Hugo se virou rapidamente, encontrando o semblante familiar de Jack, ou melhor, sua alma.

— Jack! — Hugo exclamou, a voz embargada pela emoção.

— É bom revê-lo, Hurley. — Jack sorriu.

— Olá, tio. — Aaron se juntou à conversa.

— Vejam só. Como você cresceu, Aaron. Quem poderia imaginar que, no fim, seria você o guardião primordial da ilha? — Jack comentou, revelando a conexão surpreendente entre eles.

— Como vocês acham que seus nomes foram parar na parede de Jacob? Fui eu quem o influenciou, mesmo que inconscientemente. — Revelou Aaron.

De repente, a alma de Jacob surgiu. — Quem diria.

— Jacob? — Hugo indagou, perplexo.

— Estamos todos conectados, afinal. — Jack sorriu.

— Conectados? Como assim? — Hugo parecia confuso.

— Hannah, minha mãe adotiva, era filha de Hanbal, que é Aaron. Não é incrível, Hugo? — Jacob revelou, trazendo Hannah ao seu lado, ambos com sorrisos calorosos.

— Estamos sempre com você, Hugo. Não pense que não estamos observando. Cada passo seu, cada momento. Estaremos sempre observando. — Todos os presentes ecoaram para Hugo, trazendo um sorriso aos lábios dele.

Todos então desapareceram diante dos olhos de Hugo, restando apenas Aaron, sorrindo para ele.

— Assim, meu amigo, tudo já foi traçado para acontecer. Você não é culpado de nada. Compreenda sua posição agora e será recompensado no momento certo.

Hugo sorriu. — Está bem mais velho, Aaron.

Aaron riu. — Vivi entre os decalos por mais de 20 anos. Tudo agora depende de nós. Não podemos deixar que Taurus vença essa batalha.

— Obrigado, Aaron. Eu realmente precisava desta conversa com vocês. — Hugo expressou gratidão.

— Vamos, precisamos nos reunir com o pessoal. Todos serão úteis na batalha iminente. — Aaron sorriu, guiando Hugo em direção ao que estava por vir.

Na praia, Cindy sorriu uma última vez para o grupo, e então seus olhos se fecharam. Ela havia partido, deixando todos tristes e abalados. Emma chorava perto do corpo de Cindy, sentindo a perda de sua amiga e mentora.

Yan aproximou-se de Bianca e a indagou: — O que ela disse?

Bianca comentou, em choque: — Ela disse que viu uma parte do futuro e lá não havia mais humanidade.

Aquela revelação deixou todos atônitos. Afinal, será um enigma ou realmente algo relacionado ao tempo em que eles estavam vivendo? A realidade era que o mistério não parava de martelar a mente do grupo que se viam imerso em um paradoxo sem saída.


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