Teal was the color of your shirt

When you were sixteen at the yogurt shop

You used to work at to make a little money

A primeira vez que Hugo pensou que havia algo de errado consigo, ele tinha dezesseis anos e tinha acabado de sair de um encontro. Já havia um tempo que entendera que não gostava de garotas e estava bem com isso. Um primo francês de tia Fleur estava em uma pequena festa no chalé das conchas e, com ele, seu irmão mais novo. Adrien era excepcionalmente bonito, com olhos verdes e cabelos castanhos encaracolados. Além disso, o garoto era engraçado e inteligente, parecia sempre saber o que dizer.

Entretanto, nada disso encantava Hugo. Ele era interessante, claro, mas nada que realmente chamasse sua atenção. Eles não eram próximos, não tinham intimidade para conversar nada além da diferença do tempo britânico para o francês, o que era entediante. 

Quando Adrien o chamou para sair, Hugo pensou em não aceitar. Estava com medo de não se divertir, daquilo ser só mais uma situação em que ambos ficariam constrangidos procurando uma desculpa para ir embora. Por outro lado, pensava que talvez desse certo. Não custava nada tentar mais uma vez. 

Mas custou. O encontro foi péssimo e não porque Adrien era péssimo. Hugo simplesmente não estava confortável com beijá-lo e tocá-lo. Percebeu tarde demais que, na realidade, não queria estar ali, nunca quis. Quando estavam se despedindo, o Weasley não sabia como agir. Então, apenas deu um abraço de braços folgados no outro garoto.

— Hugo, eu fiz algo que você não gostou? – Adrien perguntou, estranhando a rapidez com que o ruivo ia embora.

— Não, você é ótimo. Eu acho… – que o problema sou eu. — que não deveríamos mais nos ver. Desculpa.

Saiu tão rápido, tentando deixar os sentimentos para trás, que não percebeu que estava na rua da loja onde Lorcan estava trabalhando. Só se deu conta disso quando sentiu uma mão apertar seu cotovelo.

— Hugo? Está tudo bem? – A preocupação brilhava nas orbes azuis. – O que aconteceu?

O Weasley balançou a cabeça, não querendo falar. Achava que o amigo não compreenderia. Lorcan o puxou para dentro da sorveteria, sentando-o no banquinho junto ao balcão. Sem dizer nada, preparou um milkshake de morango, o favorito de Hugo. Sorrindo com o gesto, ele colocou o canudinho na boca, sentindo o sabor gelado inundar sua boca e refrescar sua inquietação. Quando percebeu, já estava desabafando.

— Acho que tem algo de errado comigo, Lorcan.

— O quê? Isso tem a ver com o encontro com Adrien? – Lorcan fez uma pequena careta. – Não me diga que ele é um idiota. Domi me disse que ele era ótimo.

— Ele realmente é – Lorcan arqueou as sobrancelhas. – mas… acho que o problema sou eu.

— Por quê? Isso é um absurdo!

— Porque eu não gosto disso! Não gosto desses encontros, como a maioria das pessoas gosta.

Ele achou que aquela seria a melhor forma de se expressar e torceu para que Lorcan não achasse estranho ou pior: sugerisse que ele fosse em mais encontros e conhecesse mais gente. Porém, a resposta do amigo aliviou o aperto em seu coração.

— A maioria das pessoas é idiota, Hugo. Não tem nada de errado com você. – Lorcan o abraçou pelos ombros. – Se você não curte esses encontros, simplesmente não vá. Você não precisa dar satisfações a ninguém.

Aquela foi a primeira vez que Hugo se sentiu realmente acolhido. Para sua sorte, a maior constante em sua vida era a presença e o apoio de Lorcan, junto com seus abraços apertados na medida certa e confortáveis como ele nunca experimentou.